Diretas Já - umas das grandes manipulações da Rede Globo

Há exatos 30 anos, cerca de 300 mil pessoas foram à Praça da Sé, em São Paulo, para reivindicar eleições diretas para presidente; no palanque, políticos, artistas, sindicalistas e estudantes; mas o foco da reportagem que o telejornal de maior audiência do país, o Jornal Nacional, da TV Globo, levou ao ar naquela noite, era a comemoração pelos 430 anos de São Paulo; leia reportagem de Najla Passos, da Carta Maior

Por Najla Passos, na Carta Maior

Brasília - Há exatos 30 anos, cerca de 300 mil pessoas foram à Praça da Sé, em São Paulo, para reivindicar eleições diretas para presidente. No palanque, políticos, artistas, sindicalistas e estudantes. Era o maior ato político ocorrido nos primeiros 20 anos da ditadura brasileira, com todo o seu saldo de mortes, torturas, desaparecimentos forçados, censuras e supressões dos direitos individuais. Mas o foco da reportagem que o telejornal de maior audiência do país, o Jornal Nacional, da TV Globo, levou ao ar naquela noite, era a comemoração pelos 430 anos de São Paulo.

O histórico comício da Praça da Sé ocorreu em um momento em que o Brasil reunificava suas forças para tentar por fim ao regime de exceção, em um movimento crescente. Treze dias antes, um outro ato político realizado em Curitiba (PR), com a mesma finalidade, havia sido completamente ignorado pela emissora. Mesmo a chamada para o ato que os organizadores tentaram veicular na TV como publicidade paga não foi aceita pela direção. O Jornal Nacional nada falou sobre o comício que levou 50 mil pessoas às ruas da capital paranaense. Antes dele, outros, menores, já ocorriam em várias cidades brasileiras desde 1983. Nenhum mereceu cobertura.

Em 1982,  a entrada em vigor da Emenda Constitucional nº 22 permitiu eleições diretas para governadores. Entretanto, previa que, em 1985, fosse realizada eleição indireta para o novo presidente, a ser escolhido por um colégio de líderes formado por senadores, deputados federais e delegados das assembleias legislativas estaduais. Os brasileiros, porém, queriam enterrar de vez os anos de arbítrio. Oposição e movimentos sociais se uniram para pedir Diretas Já.

Aliada inconteste da ditadura civil militar, a TV Globo demorou a acertar na análise da conjuntura. Acompanhando a leitura rasa dos militares que ocupavam o Palácio do Planalto, acreditou que os atos por eleições diretas não passariam de "arroubos patrióticos", como depois definiria seu então diretor de Jornalismo, Armando Nogueira. Mas a estratégia de ignorar as diversas manifestações que pipocavam em várias cidades do país já estava arranhando sua credibilidade. Decidiu mudar.

Quando a multidão ocupou a Praça da Sé, a Globo optou por maquiar o ato e alterar suas finalidades. No telejornal mais visto do país, o apresentador Sérgio Chapelin fez a seguinte chamada: "A cidade comemorou seus 430 anos com mais de 500 solenidades. A maior foi um comício na Praça da Sé". A matéria que entrava a seguir, do repórter Ernesto Paglia, evidenciava os 30 anos da Catedral da Sé e os shows artísticos pelo aniversário da cidade. Só no finalzinho, o repórter dizia que as pessoas pediam a volta das eleições diretas para presidente, como se aquilo tivesse sido um rompante espontâneo no evento convocado para outros fins.

Apesar da postura da maior rede de TV nacional, a campanha Diretas Já ganhava o país. No dia 24 de fevereiro, um novo grande comício foi realizado em Belo Horizonte (MG), e reuniu um contingente ainda maior de pessoas do que o de São Paulo. No mesmo Jornal Nacional, apenas rápidas imagens da multidão que saiu às ruas e dos muitos oradores que pediam o fim da ditadura, acompanhados de um texto que desvirtuam o sentido do ato.

A hostilidade com que os manifestantes tratavam a emissora só fazia aumentar. Foi nesta época que os protestos de rua passaram a bradar o slogan ouvido até hoje: "O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo". Foi nesta época também que os repórteres da Globo passaram a ser achincalhado nas ruas. Alguns sofreram agressões físicas.

Roberto Marinho, o fundador da emissora, era comprometido com a ditadura até o pescoço. Afinal, foram os militares que encobriram as irregularidades que marcaram a inauguração da TV Globo, investigada por uma CPI Parlamentar por conta de ter recebido injeção ilícita de capital estrangeiro, no escândalo conhecido como Caso Time-Life. E também foram os militares que ajudaram a emissora a se tornar a maior do país, em troca de apoio sistemático ao regime de exceção.

Mas Marinho não era burro. Viu que era impossível conter a nova força política que se tornava hegemônica no país e, de uma hora para outra, virou seu jogo. No dia 10 de abril, duas semanas do Congresso votar a proposta de eleições diretas já, ele autorizou que sua emissora cobrisse à campanha. O comício realizado aquela noite, no Rio de Janeiro, que reuniu mais de 1 milhão de pessoas na Candelária, enfim ganhou espaço devido no Jornal Nacional.

A emenda que previa as Diretas Já, apresentada pelo até então quase desconhecido Dante de Oliveira, não foi aprovada. Mas Marinho já estava aliado comas forças que venceriam a eleição indireta: Tancredo Neves, o presidente eleito que morreu antes de tomar posse, e José Sarney, que por uma contingência do destino, iria assumir o posto. Naquela época, a família Sarney já controlava a mídia no seu estado de origem, o Maranhão. Reza a crônica política que, de olho em uma parceria de sucesso com a Globo, o novo presidente da república submeteu até mesmo o nome de seu ministro da Fazenda, Mailson da Nóbrega, à aprovação de Roberto Marinho.

Erro histórico

O erro histórico da Globo de manipular a campanha Diretas Já até hoje assombra a emissora. Em setembro do mesmo ano de 1984, em matéria publicada pela revista Veja sobre os 15 anos do Jornal Nacional, Roberto Marinho já tentava minimizar o fato: "Achamos que os comícios poderiam representar um fator de inquietação nacional, e por isso, realizamos num primeiro momento apenas reportagens regionais. Mas a paixão popular foi tamanha que resolvemos tratar o assunto em rede nacional", justificou.

Não foi suficiente. A história continuou rendendo acusações, livros e teses acadêmicas, além de correr mundo. No documentário "Muito Além do Cidadão Kane", da emissora pública britânica Channel 4, de 1993, um trecho da matéria exibida pelo Jornal Nacional sobre o comício da Praça da Sé ajuda a comprovar a tese expressa no título pelo diretor, Simon Hartog. No filme Cidadão Kane, de 1941, considerado a melhor produção cinematográfica de todos os tempos, o genial Orson Wells narra a historia de um magnata das comunicações que, para assegurar lucro e poder, não tem escrúpulos em apoiar governantes diversos, indepentendes de partidos e ideologias.

Um trecho da polêmica "cobertura" da Globo pode ser conferida no documentário Muito além do Cidadão Kane (a partir de 1h17m40s)

Foram necessários muitos anos de democracia e, principalmente, de pressão popular, para que a emissora voltasse a enfrentar o assunto. Depois que as primeiras edições do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS), colocaram o debate sobre a manipulação da imprensa na agenda nacional, outros caciques da Globo tentaram apaziguar a história. Em depoimento gravado em 2000, o ex-diretor da emissora, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, admitiu a fraude, ainda que apresentando motivações enviesadas. "Enquanto as outras emissoras cobriam isso, nós ficamos limitados, pelo poder de audiência que a Globo tinha, a cobrir isso como se fosse um show de cantores".

Um ano depois, foi a vez do ex-diretor de Jornalismo da Globo, Armando Nogueira, revisitar a polêmica, em outro vídeo: "As passeatas, as manifestações, aquilo acabou se transformando em uma avalanche. E a Rede Globo, com o instinto de sobrevivência que sempre teve seu patrono, Roberto Marinho, não poderia ficar insensível a isso, embora tivesse duramente pressionada pelo Palácio do Planalto a não prestigiar o que se supunha, lá no Palácio do Planalto, apenas uns arroubos patrióticos, quando na realidade era a manifestação irresistível da consciência nacional".

Em 2003, o diretor executivo de jornalismo da emissora, Ali Kamel, reabriu a polêmica ao colocar no ar uma chamada em comemoração aos 34 anos do Jornal Nacional que evidenciava o pequeno trecho da matéria em que o repórter falava em "eleições diretas para presidente". E no artigo "A Globo não fez campanha; fez bom jornalismo", publicado na sequência no jornal O Globo, ainda teve a ousadia de afirmar que a chamada servia "para rechaçar de vez uma das mais graves acusações que o JN já sofreu: a de que não cobriu o comício das diretas, na Praça da Sé, em São Paulo".

Os muitos autores que, até então, publicaram obras rechaçando a postura da emissora contra-atacaram, evidenciando a desproporção com que o tema foi tratado no telejornal. Ninguém nunca conseguiu saber, ao certo, se a vinheta de Kamel exibia a reportagem que, de fato, fora levada à época ao Jornal Nacional ou se era uma das tais "reportagens regionais" a que Roberto Marinha se referiu na entrevista à Veja de 1984. De certo, ficou apenas que o assunto não teve, no principal veículo de informação da emissora, o tratamento que merecia. E que o Brasil verdadeiramente democrático jamais engoliu a manipulação.

Copa não

Conhece um brasileiro que tenha sido contra o Brasil sediar a Copa de 2014?
- Não!
- Nem eu!
- Então, a serviço de quem estão os "contras" de hoje?
- Estão a serviço da direita raivosa. Mas, são da esquerda odiosa.

Mensagem da noite

Filho de Joaquim Barbosa continua mensaleiro

Antes recebeu mesada de Marcos Valerio.
Agora recebe dos filhos de Roberto Marinho.

Comigo é assim:

Peso e meço com a mesma balança e régua com quais sou pesado e medido.

Você é competitivo?

Competimos para buscar o melhor emprego e, depois que conseguimos, o novo objetivo é conquistar reconhecimento e uma possível promoção. Disputamos uma vaga na universidade com milhares de outros estudantes. Queremos ser o campeão do jogo de tabuleiro e torcemos para nosso time do coração golear na partida de domingo. Competitividade é, sim, uma palavra que assusta boa parte das pessoas, mas pode ser extremamente saudável. "Antes mesmo de nascermos, os espermatozoides disputaram o óvulo da mãe para apenas um vencer", brinca Liamar Fernandes, Master Coach licenciada pela Sociedade Brasileira de Coaching.

A competitividade pode ser encarada como algo positivo.
A pessoas assim têm foco para alcançar seus desejos

Competir é um comportamento herdado evolutivamente – desta forma, os mais competitivos conseguiam sobreviver e ter vantagens sobre grupos. José Roberto Marques, Master Coach Senior e presidente do Instituto Brasileiro de Coaching, afirma que na maioria das vezes ser competitivo é útil, porque quem tem essa característica costuma ser mais produtivo. "Geralmente são pessoas positivas, focadas e com a força interna muito grande para estarem nos primeiros lugares". E quando se mostra uma alta performance, é normal que se tenha cargos maiores.

Competitivos x Competidores

O especialista reforça, no entanto, que existe uma grande diferença entre os competitivos e os competidores (também chamados de competitivos extremos ou doentios). As empresas querem os profissionais que fazem parte da primeira categoria, não da segunda, "porque são altamente motivados, engajados, pacientes, persistentes, realistas, mais sensíveis e resilientes, não difamam, ficam felizes com as conquistas alheias e têm autoconfiança", enumera Marques.

Não são apenas vendedores e analistas de marketing que se encaixam neste perfil, mas também atletas. "Esportes exigem tensão para que a atividade se mantenha ativa e o praticante se sinta estimulado a ter o melhor desempenho possível. Ele se prepara física e mentalmente, mas é fundamental ter flexibilidade para superar a derrota, avaliar onde errou e transformá-la em motivação. Não pode ficar paralisado – isso, na realidade, se aplica a todos", diz Fabiano Fonseca da Silva, professor de Psicologia no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

É importante tomar cuidado com a ganância%3A será que vale tudo para alcançar seus objetivos%3F
Já os competidores podem ser considerados egoístas, narcisistas, individualistas, solitários, tensos nas relações e, ao mesmo tempo, inseguros. Não admitem o fracasso e são capazes de apelar para recursos antiéticos. "O problema é querer ganhar a qualquer custo. Quando se pensa em alcançar o topo, e não na experiência adquirida ao longo da trajetória, perde-se o sentido. Por isso é comum o recém-líder sentir um vazio logo depois que consegue o que almejava, afinal, seu único fim era competir", explica Ana Bock, professora de Psicologia Social e Educação da PUC-SP.

De acordo com a psicóloga, essa forma de competição é uma questão cultural constituída na sociedade capitalista, que precisa da concorrência. "Foi implementada pelo sistema e incorporada como valor, cuja proposta é aliar-se ao outro quando útil e combatê-lo quando for necessário tomar seu lugar", diz. Muitos veem o concorrente como um adversário a ser massacrado, mas não se dão conta de que tudo é possível justamente porque ele existe. Porém, pode acontecer de o sujeito roubar ideias ou puxar o tapete em situações de pressão – como é comum vermos em reality shows como o "Big Brother" ou em companhias onde a demissão em massa é uma realidade, porque o objetivo é apenas salvar a própria pele.

Ética e moral

A coach Liamar Fernandes recomenda dois pontos de reflexão para evitar se tornar um competidor: "qual é minha missão de vida?" e "quais são meus valores?" Algumas pessoas simplesmente enxergam o poder como status e gostam de estar em evidência de qualquer jeito, enquanto outras desenvolvem princípios fincados em contribuição social. "Não podemos falar que um está errado e o outro, certo. Mas esses competidores extremos vão encontrar problemas e serão considerados invasivos e desagradáveis". Marques concorda. "Com o tempo, o sistema exclui. Quem quer um líder arrogante, insensível e que não sabe ouvir?"

Na escola ou até mesmo depois de adultos, na faculdade ou em cursos de pós-graduação, não é raro ver aqueles alunos com a necessidade de tirar 10 em todos os exames – e que sofrem copiosamente ao se depararem com um 7,5. "Tem mesmo que ser o melhor? De quem é essa exigência? Pondere o que o faz feliz ou não", recomenda.

Fora do âmbito profissional, também não é saudável competir com amigos, irmãos, cônjuge ou filhos – seja para ver quem tem o emprego mais bem remunerado, a casa mais bonita, o carro do ano ou pela ânsia de ser mais jovem ou o filho mais amado. Neste caso, a angústia e a frustração por essa busca infindável – provavelmente fruto da imaginação e da baixa autoestima – são garantidas.

Ontem x hoje

Para bons resultados, é preciso, sim, ser competitivo, mas do tipo motivador. Eline Kullock, consultora de carreiras especialista em RH e Geração Y, traz uma curiosidade: os nascidos após a década de 1980 até meados de 1990 aprenderam a colaborar. "É uma cultura que cresceu com a internet e compreende a importância de compartilhar e cooperar. As legendas de palestras no Youtube e o conteúdo da Wikipedia são produzidos sem retorno financeiro nenhum, assim como as dicas no Foursquare, no Trip Advisor e em vários aplicativos e sites de viagem".

Como consequência, trabalham melhor em grupo. Quanto mais pessoas pensando, mais alternativas e menos medo de errar. "Os jovens estão acostumados com o videogame, em que o jogador precisa cometer algum equívoco para aprender com ele e, assim, completar a fase. Em outras gerações, enganar-se era quase o fim do mundo", conclui Eline. Não mais.
Por Larissa Drumond

Lula em cena, por Ruy Fabiano

Um dos temas da semana foi a reaparição de Lula no centro do poder – do qual, diga-se, jamais se afastou. Mas o simples fato de se ter exibido sem qualquer discrição, participando de reunião no Palácio da Alvorada com a presidente Dilma e alguns ministros, mostra que fazia questão de ser visto, no papel que exerce desde que transmitiu a faixa presidencial: o de tutor da presidente.
Não foi uma reunião qualquer. Durou cinco horas e, ao final, anunciou-se a troca de guarda na Casa Civil: saiu a senadora Gleisi Hoffmann, entrou o senador Aloizio Mercadante.
A saída de Gleisi estava prevista, já que deve se candidatar ao governo do Paraná. Mas a nomeação de Mercadante, que jamais se incluiu entre os favoritos de Dilma, é sinal de que Lula quer dar cunho mais político que administrativo à Casa Civil e quer se fazer mais presente na antessala da presidente.
Mercadante, assim como Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, é de seu staff pessoal. Com eles, Lula está agora no Palácio. A presença no encontro de Franklin Martins, que dá expediente no Instituto Lula, é outro sinal de que o presidente prepara-se para assumir papel mais ativo no governo, nesse período. É o PT no efetivo comando.
As relações do partido com Dilma sempre foram meio esquizofrênicas. Dilma não é petista histórica. Sua carreira na administração pública começa no Rio Grande do Sul, pelas mãos de Leonel Brizola, que a filiou ao PDT. Seu ingresso no PT deu-se posteriormente, pelas mãos de Lula.
É uma história conhecida, no relato de Lula, que disse ter se impressionado quando a conheceu, admirando seu jeito afirmativo. Trouxe-a para seu governo, deu-lhe o importante cargo de ministra de Minas e Energia e, depois, na crise do Mensalão, que fulminou a carreira de José Dirceu, colocou-a na chefia da Casa Civil.
De lá, à revelia do partido, tornou-a candidata à sua sucessão. Dilma chegou ao Planalto pela vontade pessoal de Lula – e contra a do PT. No auge de sua popularidade, Lula dizia, nos palanques e no horário eleitoral, que, na cédula eleitoral, “onde se lê Dilma, leia-se Lula”. Deu certo, mas

Com vocês, um analfabyte

Às vezes, acho que sou o único no mundo a não usar celular, a não ter página no facebook, a não acessar blogs e a nunca ter enviado ou recebido uma mensagem por Twitter, o que não me impede de eventualmente aparecer nessas redes dando opinião, recomendando produtos, ditando regras, dizendo coisas aceitáveis e até bobagens que muita gente curtiu.
Já tuitei, por exemplo, o elogio rasgado a um artista que admiro, tudo bem. Mas, e se eu tivesse falado mal dele? Pior foi a descoberta, que já contei aqui, da existência do que chamei de meu “fakebook”. Depois de não sei quanto tempo e de algum sucesso junto a inúmeros e desprevenidos seguidores, soube da fraude, reclamei e a página foi retirada do ar.
E se um amigo não tivesse me avisado? Como adivinhar o que é falso em meio a informações corretas e outras que poderiam ser? Censura, nem pensar. Mas não haverá um filtro para impedir esses e outros contos do vigário virtuais? É um dos problemas que a internet ainda não resolveu e que tira dela a credibilidade.
No entanto, não é por isso que sou um analfabyte, é por incompetência mesmo, o que me deixa “desconectado”, isto é, isolado de um mundo em que as pessoas cada vez mais passam horas diante dessas redes sociais vendo a vida passar. Foi-se o tempo do contato direto, do boca a boca, do olho no olho. É como se toda comunicação hoje tivesse que ser mediada por uma tecnologia: internet, TV, rádio.
Por isso, e porque não aguento mais o desprezo por não saber lidar com as novas ferramentas, estava decidido a me atualizar e entrar para o facebook. Mas aí li que uma pesquisa da Universidade de Princeton chegou à conclusão de que essa rede está em declínio e perderá 80% de seus usuários até 2017. O mais curioso é que o estudo usa o “modelo epidemiológico”, ou seja, trata o hábito ou mania como uma infecção, que se adquire por contágio, pelo contato com outras pessoas. Ou seja, como uma doença.
Eu já desconfiava, pelo menos nos casos crônicos, mas não disse nada com medo de que o doente fosse eu.
Duas cenas chamaram a atenção no acidente com o trem que descarrilou no Rio na quinta-feira. A primeira foi a foto do secretário estadual de Transportes às gargalhadas, enquanto as pessoas, num sol de 50 graus, caminhavam desesperadas pelos trilhos em busca de condução alternativa. De que será que ele ria tanto?
A outra foi a declaração do presidente da SuperVia elogiando a “rapidez” com que o tráfego foi restabelecido: “Nosso pessoal está de parabéns.” Ele se referia ao fato de que os trens voltaram a circular 13 horas depois. Será que estava falando sério ou era para rir também?