Política

Quem tem medo da participação popular?


A proposta do governo da formação de Comitês de Participação Popular foi seguida por editoriais furibundos da mídia, como se se estivesse atentando contra os fundamentos essenciais da democracia brasileira. Os mesmos editoriais e colunistas que passam todos os dias desqualificando os políticos e a política, o Congresso e os governos, reagem dessa forma quando se busca novas formas de participação da cidadania.

O que está em jogo, para eles, é o formalismo da democracia liberal, aquela que reserva para o povo apenas o direito de escolher, a cada dois ou quatro, quem vai governá-los. É uma forma de representação constituída como cheques em branco pelo voto, sem que os votantes tenham nenhum poder de controle sobre os eleitos,  no máximo puni-los nas eleições seguintes. Um fosso enorme se constitui entre governantes e governados, que desgasta aceleradamente os órgãos de representação política. Cada vez menos a sociedade se vê representada nos parlamentos que ela mesma escolheu, com seu voto.

Acontece que as formas atuais de representação política colocam, entre os indivíduos, a sociedade realmente existente, e seus representantes, o poder do dinheiro, mediante os financiamentos privados de campanha. Grande parte dos políticos são eleitos já com a missão de representar os interesses dos que financiaram suas campanhas.

Criou-se assim um círculo vicioso: processos viciados de eleição de políticos já nascem desmoralizados. A direita adora porque é fácil desgastá-los. E política, governos, Estados fracos, significa mercados fortes, onde reina diretamente o poder do dinheiro.

Os Conselhos de Participação Popular são formas de resgatar e fortalecer a democracia e não de enfraquecê-la. Toda forma de consulta popular fortalece a democracia, dá mais consistência às decisões dos governos, permite ao povo se pronunciar não somente através do processo eleitoral, mas mediante seus pronunciamentos sobre medidas concretas dos governos.

Quem tem medo da participação popular é quem consegue neutralizar o poder da democracia mediante sua perversão pelo poder do dinheiro, do monopólio privado e manipulador da mídia. Tem medo os que se apropriam dos partidos como máquinas eleitorais e de chantagem política para obtenção de cargos, de favores e de benefícios.

O povo não tem nada a temer. Tem que se preocupar que esses Conselhos sejam eleitos da forma mais democrática e pluralista possível. Que consigam a participação daqueles que não encontram formas de se pronunciar pelos métodos tradicionais e desgastados da velha política. Especialmente daquela massa emergente, dos milhões beneficiados pelas políticas sociais do governo, mas que não encontram formas de defendê-las, de lutar por seus interesses, de resistir aos que tentam retorno a um passado de miséria e de frustração.

Só tem medo da participação popular quem tem medo do povo, da democracia, das transformações econômicas, sociais e políticas que o Brasil iniciou e que requerem grande mobilizacoes organizadas do povo para poder enfrentar os interesses dos que se veem despojados do seu poder de mandar no Brasil e bloquear a construção da democracia política que necessitamos.

por Emir Sader na Carta Maior

Charge do Duke

Pessimismo

Há greves e greves, por Josias de Souza

Há greves e greves. A dos metroviários de São Paulo começou como um legítimo movimento de servidores públicos por melhorias salariais. E virou um desafio à Justiça, à ordem pública e à paciência do contribuinte. Uma esculhambação.
Os metroviários pediam um reajuste salarial cenográfico de 35,47%, logo rebaixado para 12,2%. O governo de São Paulo oferecia 8,7%. Deu-se o desacordo. E a corporação cruzou os braços. Até aí, tudo legítimo.
No domingo, a Justiça do Trabalho tachou a paralisação de abusiva. Por quê? Quando trabalhadores de uma empresa privada fazem greve, prejudicam o patrão e a clientela. Quando a paralisação afeta um serviço público essencial, é preciso garantir um atendimento mínimo à população que paga a conta.
O Tribunal Regional do Trabalho endossou o reajuste oficial de 8,7%, mandou cortar os dias parados, ordenou a volta ao trabalho, suspendeu a estabilidade no emprego e impôs à desobediência uma multa diária de R$ 500 mil.
Em assembleia, os servidores decidiram dar de ombros para a Justiça. Empurraram a greve para o seu quinto dia e organizaram protesto em coligação com o Movimento Catraca Livre e a turma dos sem-teto. Fizeram isso sabendo que levavam à mesa as arcas do sindicato, a legitimidade da greve e os empregos.
Ainda no domingo, o presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino Prazeres, riscou o fósforo. Munido de autocritérios, disse que a greve tinha apoio popular. E soprou a labareda:
“Tem uma Copa do Mundo aqui, é o maior evento esportivo do mundo. O governo do Estado tem eleições no fim do ano. Tem que negociar. Temos que enfrentar o governo”, disse, sob a proteção da imunidade sindical.
Ao “enfrentar o governo”, o companheiro Prazeres empurrou o governador Geraldo Alckmin para uma encruzilhada. Ou agia ou desmoralizava-se. Optou passar o ponto na lâmina e mandar ao olho da rua quatro dezenas de grevistas.
“O governador joga gasolina no fogo”, reagiu o sindicalista Prazeres, antes de participar, nesta segunda, de reunião em que os grevistas pediram água. Ensaiaram uma concordância com o reajuste 8,7%, desde que os dias parados fossem pagos e as demissões anuladas.
Consultado por seus prepostos, Alckmin bateu o pé. Mandou dizer que não faria concessões ao aparelho do companheiro Prazeres. Em nova assembleia, os metroviários suspenderam a greve por 48 horas.
Avisaram que, desatendidos, podem retomar a paralisação na quinta-feira, dia do início da Copa. Beleza. De grevistas, passaram a chantagistas. Ninguém é obrigado a reverenciar o bom senso. Entre os privilégios do sindicalismo está o poder de escolher o caminho de suas corporações para o inferno.
Agora, já está entendido que há greves e greves. Servidor que cruza os braços à custa do sossego do público, à margem da lei, com remuneração dos dias parados e sem o risco do desemprego, esse servidor não faz greve. Inscreve-se numa colônia de férias.
Num penúltimo esforço para evitar confusões, o Tribunal Regional do Trabalho determinou, na noite desta segunda-feira, o bloqueio dos bens e das contas bancárias do Sindicato dos Metroviários de São Paulo.
Com essa decisão, o tribunal instalou, por assim dizer, uma catraca nas arcas da casa sindical. Uma maneira de evitar que a multa de R$ 500 mil por dia de desobediência seja levada no beiço. Se tudo continuar assim, os atores vão acabar apelando para a sensatez.
Comentário
Há Jornalistas e jorna-istas. Josias de Souza é um jornalista. Se a greve for num Estado ou Cidade administrada por um petista tudo bem, vale tudo. Se o Estado ou Cidade for administrada por um tucano, aí são outros quinhentos.

Corrigindo Drumond

Vamos, *ria
Ganhei a infância.
A mocidade também.

Ganhei a vida!

O primeiro namoro passou.

O segundo passou.
O terceiro passou.
Veio o amor.

Lú!


Não perdi o melhor amigo.
Fiz muitas viagens.
Já possui moto

Nunca possui carro, navio, avião.
Mas dois cães e uma  cadela me possuiram.

Muitas palavras duras - demais - 
Golpeei 

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado...

Viva!

 


'Alckmin quer apagar o fogo com gasolina', diz líder dos metroviários de São Paulo

Boletim de notícias da Rede Brasil Atual - nº60 - São Paulo, 09/jun/2014
http://www.redebrasilatual.com.br/trabalho/2014/06/alckmin-quer-apagar-o-fogo-com-gasolina-diz-presidente-do-sindicato-dos-metroviarios-4743.html

'Alckmin quer apagar o fogo com gasolina', diz líder dos metroviários de São Paulo

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http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/copa-na-rede/2014/06/mexico-campeao-da-copa-do-mundo-de-2014-em-obesidade-7233.html

México campeão da Copa do Mundo de 2014. Em obesidade...

http://www.redebrasilatual.com.br/ambiente/2014/06/apos-feijao-embrapa-prepara-alface-transgenica-8343.html

Após feijão, Embrapa prepara alface transgênica

http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2014/06/chefe-da-seguranca-da-selecao-de-1970-era-um-torturador-diz-jornalista-em-seminario-8633.html

Chefe da segurança da seleção de 1970 era torturador, diz jornalista

http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2014/06/a-peleja-entre-a-fidelidade-aos-fatos-e-o-jornalismo-de-aquario-3279.html

A peleja entre a fidelidade aos fatos e o jornalismo de aquário

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Eleonora Menicucci: 'violência contra a mulher ainda é uma questão cultural e patriarcal'

http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2014/06/mulheres-protestam-contra-revogacao-de-portaria-que-regula-o-aborto-no-sus-1458.html

Mulheres protestam contra revogação de portaria que regula o aborto no SUS

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Vou mudar de vida...amanhã

Se o teu livro ou filme predileto é sobre largar tudo e ir para a roça.  Mas, tu não largou -nem larga nada - e vai morar no mato, o que isso diz sobre tu?

***

um gênero narrativo que deveria ter nome mas não tem:
“obras protagonizadas por personagens pretensamente rebeldes & subversivas, feitas sob medida para se tornarem as obras favoritas de pessoas reprimidas & cooptadas que dizem amar a obra acima de tudo, mas nunca mexem a bunda da cadeira para fazer nada parecido com as personagens rebeldes & subversivas que tanto dizem admirar.”
principais expoentes: na literatura, “o apanhador no campo de centeio”; no cinema, “sociedade dos poetas mortos”, “beleza americana”, “na natureza selvagem”.
* * *
se eu consumo uma obra sobre enfiar o dedo na tomada & levar choque, e digo adorar tudo, é minha obra preferida!!, mas depois disso nunca mais na vida eu enfio o dedo na tomada (pois já sei que vou fatalmente levar um choque!), então essa é uma obra profundamente conformista & conservadora.
se ela é vendida & recebida, percebida & celebrada, como uma obra “rebelde” & “original”, “corajosa” & “libertadora”, etc & etc, então além de conformista & conservadora, ela é perigosa & traiçoeira.
* * *
leia o texto completo: vou mudar de vida... mas não hoje!

Charge do dia