Papo de homem - Estilo

29 dicas para se inspirar nos caras mais estilosos do cinema

Mais do que qualquer passarela de moda, o que ajudou a construir o estilo de muitos homens ao longo dos anos foi a indústria dos filmes. Quem nunca se sentiu um James Bond com um terno alinhado ou ficou com vergonha alheia daquele cara com a costeleta do Wolverine andando na rua (sim, ele veio do gibi e ninguém andava assim antes dos filmes)?
As referencias são inúmeras, mas normalmente os clássicos mais antigos são os que nos vem à memória quando o assunto é estilo: Os embalos de sábado à noiteTop GunO Selvagem de MotocicletaBullit,  Juventude Transviada e por aí vai.
Pensando nisso, resolvi escolher só personagens de filmes feitos após 1980. Desta maneira, você  recebe mais informações que desconhece ou que passaram batidas em qualquer primeira olhada.
É chegada a hora de (re)conhecer alguns dos caras mais “presença” que passaram pelo cinema nos últimos 35 anos!
A lista está em ordem decrescente e tem 29 nomes porque o trigésimo será escolhido por vocês e adicionado aqui na lista na sequência. Sim senhor. Aqui, a interatividade transborda.
O personagem sugerido que tiver mais votos, 48 horas depois do artigo publicado, será devidamente adicionado e comentado! Não é a invenção da roda, mas uma maneira simpática de trocarmos uma ideia e não se tratar apenas de mais uma lista engessada da internet. Se der certo, acrescentarei também nas listas futuras, inclusive aumentando este espaço.
Ah! Vale ressaltar que o onipresente James Bond está fora desta lista. Sinto muito, hors concours.
Sem mais delongas, vamos aos escolhidos:

29. Remy (Jude Law) – Repo Men, 2010

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A primeira manga curta presença de um filme de ação a gente nunca esquece! Finalmente, um filme que se passa no futuro com uma evolução de vestuário que faz sentido!

28. Mills (Brad Pitt) – Se7en, 1995

28 - Ô-Morgan, t† molhando tudo meu cabelo, cara!Ô
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Isto, senhores, são os anos noventa dizendo “olá!”.
A essência toda reunida da maneira mais cool possível: detetive durão, cabelo começando a arrepiar, gravatas yuppies, jaquetas quase esportivas por cima das camisas e, de quebra, o cavanhaque que moldou o queixo de uma geração.

27. Loki (Jake Gylenhaal) – Prisoners, 2013

27 - Ô-Putz, com esse trÉnsito eu n∆o chego na hora do jogo.Ô
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Eis a geração de detetives dos anos 10!
Com seu jeito psicótico de ser, camisa abotoada até em cima sem gravata (isso sempre dá o “grau freak”), a jaqueta que evoluiu para um blusão acompanhado de gorro para cobrir o cabelo zerado nas laterais e grande e penteado na parte de cima.
Anéis e tatuagens aparentes fecham o policial deslocado contemporâneo.

26. Jerome (Jude Law) – Gattaca, 1997

26 - E assim Ç que se passa uma Bad com estilo!
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O cadeirante mais presença da história do cinema, tão presença que o Ethan Hawke passa o filme todo querendo ser ele. Se a tristeza blasé fosse estilosa, ela se chamaria Jerome.
Suas roupas estão sempre de acordo com a paleta de cores do ambiente, sua roupa formal evita ao máximo o preto, algo que só é feito por quem sabe muito sobre harmonia de cromática.

25. Jack Sparrow (Johnny Depp) – Pirates of the Caribean, 2003 – 2011

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Finalmente um pirata original no Cinema!
Sujo, traiçoeiro, afeminado e absurdamente carismático. Este é Sparrow, que mais tarde viria a se tornar o traje de festa a fantasia mais tradicional desde a invenção da roupa hippie (não estou brincando, o bucaneiro tem até site só de dicas de como montar a coisa toda)

24. Bodhi (Patrick Swayze) – Point Break, 1991

24 - Keanu Reeves tentando descobrir onde ele comprou essa regata loka
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Lembra o estilo surfista que dominou o mundo nos anos noventa?
Conheça um dos principais culpados. Roupas sem saturação para ressaltar o bronzeado maneiro e as madeixas de ouro. Esse era Bodhi, o vida mais loka do surf.

23. Aragorn (Viggo Mortensen) – The Lord of the Rings, 2001 – 2003

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Um cavaleiro errante que, na verdade, é um rei. As mina pira num desajustado com futuro.
Aragorn vagava sozinho, somente ele, sua espada e a maquininha de aparar barba número 3, até encontrar Frodo e sua turma e resolver radicalizar a Terra Media. Um dos grandes trunfos aqui é apostar em um cavaleiro nobre, porém vestido sempre de cores escuras e constantemente sujo, este contraste dá o tom exato do anti-herói desejado.

22.  Jacob (Ryan Gosling) – Crazy, Stupid Love, 2011

22 - Coma pizza com as m∆os e arranque suspiros, se puder
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Será que todo Jacob precisa mostrar o abdômen no cinema? Jamais saberemos.
O que podemos dizer é que este senhor nos dá uma aula de combinações de roupa. Pra nós e pro virgem do Steve Carrel.
Além de fazer escolhas pouco óbvias (como um terno vinho), Jacob também prova que é possível se vestir com roupas sociais e não ficar nem um pouco mauricinho. Aprenda aqui que ternos não precisam de gravatas e seja feliz.

21. Harry Angel (Mickey Rourke) – Angel Heart, 1987

21 - N∆o Ç s¢ na linha vermelha que o trem Ç velho!
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O personagem mais suado do cinema, até ser ultrapassado por Matthew Mcconaughey em Tempo de Matar, é também um dos mais estilosos. Roupas claras para aguentar um calor dos infernos em busca de respostas em uma Nova Orleans recheada de vodus e misticismo.
Como a barba é por fazer e o cabelo é oleoso e penteado, mas não muito, Harry usa aqui um bom truque para não cair no clássico estilo cafetão de terno: sua camisa de gola mais mole (provavelmente de linho) e o principal: constantemente abotoada até o topo.

20. Daniel (Daniel Day-Lewis) – There Will Be Blood, 2007

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Não se trata de ser mocinho ou vilão, mas de sobreviver. E ninguém sobrevive com mais presença do que nosso transtornado Daniel que, até na última cena do filme, está absurdamente bem vestido.
Um dos grandes segredos: até quando aparece extremamente sujo, ele costuma estar vestido formalmente. Isso acaba criando o contraste perfeito para exaltar literalmente quem é Daniel, um homem de negócios selvagem.

19. Saito (Ken Watanabe)  - Inception, 2010

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O filme inteiro é um festival de caras presença, mas ninguém consegue ser tão cool quanto nosso samurai moderno, Saito.
Fala sério, jovem, você já jantou com tanto estilo?

18. Rick Deckard (Harrison Ford) – Blade Runner, 1982

18 - Por mais filmes de ficá∆o futurista sem roupas metalizadas
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Digam o que quiserem, mas nunca vi uma camisa tão estranha e tão legal ao mesmo tempo (e olha que eu faço camisas!). De quebra, um sobretudo marrom para dar aquela pegada noir e criar uma composição clássica, mas ao mesmo tempo diferente de tudo que já vimos antes.

17. Steve Zissou (Bil “Fucking” Murray) – The Life Aquatic with Steve Zissou, 2004

17 -o autor do texto aceita um gorro semelhante de presente
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Poucos souberam ser tão estranhos e tão bacanas quanto este herói. E menos ainda souberam usar um gorro vermelho com tanta panca.
Assim como o gorro, tudo nesse filme parece muito estranho e surreal, mas dá certo no final. E o fator mais importante de todos: é o Bill Murray.

16. John Dilinger (Johnny Depp) – Public Enemies, 2009

16- Ô- Ei gata, vamo ali fazer uma contravená∆o (interrogaá∆o)Ô
JOHNNY DEPP is John Dillinger in Public Enemies.
O mocinho até tenta, mas não é páreo para o combo de composições classudas de Dilinger.
Mais uma vez o que cria o grande destaque de presença é o contraste. Um homem impecavelmente arrumado, vestido sempre com o que de melhor havia na época e, ao mesmo tempo, em oposição, zombava destas mesmas formalidades ao ser um homem que não seguia nenhum parâmetro legal e, quase todas as vezes, moral.
Vilões dos anos 30: impossível superá-los.

15. Léon (Jean Reno) – Léon: The Professional, 1994

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Óculos redondo de psicopata, toquinha de pescador irlandês e roupas de padeiro pobre francês.
Tinha tudo para dar errado, mas dá certo! Acrescente um vasinho de planta e finito, está feito o matador mais gente fina da vizinhança. Quer saber? Dê um jeito e veja todo este estilo em movimento, assista esta semana se possível o trio de protagonistas mais estilosos da história.

14 – Vic Vega aka Mr Blonde (Michael Madsen) – Reservoir Dogs, 1992

14 - Ô-T† olhando oq pra minha geladeira nova, fera (interrogaá∆o)Ô
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Ele é grande, ele é mal, ele é Mr. Blonde.
Bem alinhado como todos de seu bando, Mr. Blonde se destaca pelos óculos mais bem encaixados no rosto e pelas mangas bufantes da camisa, que dão a ele um ar aristocrático estranho e magnético. Um pergunta para entreter os desavisados: o personagem Vic Vega é irmão de outro grande personagem de outro filme do Tarantino, você sabe qual é? (Sim, sim, o Tarantino é um cara estranho).

13. Denton (Matthew Mcconaughey) – Reign of Fire, 2002

13 - Ô-Mais um dia aqui, na moral, explodindo o mundo.Ô
13- Ô-D† licenáa jovem, s¢ vou explodir algo com a minha basuca rapidnho aquiÔ
Denton, neste que, para mim, é o melhor visual militar apocalíptico já criado, esbanja cabreirismo.
Tattoo cabreira, careca cabreira, machado cabreiro, jaqueta cabreira. E atenção para o “truque” da jaqueta: ele a usa constantemente com uma espécie de lenço no pescoço ou então com a gola levantada. Ambas as coisas dão a sensação de que ele é mais forte do que realmente é (pescoços e trapézio grossos são um dos primeiros chamarizes de força. Sim, mais perceptíveis e impactantes que os bíceps).
Obs: de quebra o melhor filme de dragão da história.

12. Rusty (Brad Pitt) – trilogia Ocean’s,  2001 – 2007

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O George Clooney bem que tentou, mas sua cara de “vai um nescafé, princesa?” não foi páreo pro rei do terno claro, Brad Pitt.
Ok, vamos dar alguma mérito ao George! Não tenho dúvida que este pedaço de tatuagem aparecendo na mão tem a ver com o longiquo e divertido Drink no Inferno.
É importante dizer que a postura sempre ereta no estilo “galo de briga” ajuda a deixar o terno menos almofadinha e sua cartela de cores é pensada exatamente para funcionar bem com uma pessoa caucasiana loira. É possível notar muitos verdes, alguns tons terrosos e muitas variações de cinza.

11. Luke (Ryan Gosling) – The Place Beyond the Pines, 2012

11 - Ô-Hey Girl, vocà n∆o t† vendo, mas j† t† gostando, nÇÔ
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Luke pode até tomar todas as decisões importantes da sua vida de maneira errada, mas ele não dá bola fora na hora de escolher o que vestir antes de sair destruindo sua existência. As tatuagens são um excesso controlado pelas camisetas puídas de quem está sempre envolvido em alguma coisa muito física (as minas piram nas coisas muito físicas).
Sujo, bandido, sem causa e com uma jaqueta vermelha, ele é a juventude transviada que curte Metallica.

10. Nikolai (Viggo Mortensen) – Eastern Promisses, 2007

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A definição de sobriedade. Sério, sempre vestido formalmente e muito discreto. Só não passa desapercebido pois toda esta formalidade acaba servindo pra acentuar ainda mais suas tatuagens de símbolos e signos da máfia russa.
O cara é tão estilo que com certeza se trata do primeiro cara que você vê lutando pelado e pensa “puta, que nego presença, hein?”. Todos os seus trajes, embora alinhados, são consideravelmente discretos. É por isso que ele pode abusar de outros “reforços” de personalidade: tatuagens, relógios, gel no cabelo penteado e tudo mais, sem que fique parecendo um gigolô.

09. Bateman (Christian Bale) – American Psycho, 2000

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Com certeza o papel que fez Bale ganhar o Batman.
Yuppie, almofadinha ao extremo que tem um alter ego secreto bem estranho. Te lembra algo? Limitado cromaticamente, as combinações de vestuário não são tão inusitadas, na verdade são todas clássicos da época. O segredo aqui está na execução, o limite da perfeição e do detalhe planejado, tudo estudado à exaustão. É isso que compõe a essência de um dos serial killers mais peculiares da história.

08. Frank Lucas (Denzel Washington) – American Gangster, 2007

08 - Ô- Vai, tira logo. Vou fingir que n∆o to vendo.Ô
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Não sei se a justica é cega, mas se for, está perdendo uma lição e tanto.
O réu que governou as ruas do Harlem nos anos 70 já transbordava muito estilo bem antes de ser pego. Impecável e implacável, este era Frank Lucas, sempre ligeiro na hora de combinar roupas com seu tom de pele, optando por cores quentes e com predominância de tons terrosos.
Obs: rara trilha sonora, nada óbvia e a altura da panca monstro do chefão.

07. Katsumoto (Ken Watanabe) – Last Samurai, 2003

07 - n∆o d† nem pra colocar legenda nisso.
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Ok, se Watanabe já parecia um samurai quando era um executivo em A Origem, agora que ele é mesmo um samurai e se parece com uma entidade. Eis aqui as vestes de samurai mais robustas que as telas já mostraram. Como uma força da natureza, Katsumoto segue, agora sendo água, ora fluindo, ora colidindo.
Monstro.

06. Mr o’Brien (Brad Pitt) – The Tree of Life, 2011

06 - harmonia em composiá∆o, croma e atmosfera. ê realmente para poucos, senhores.
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O filme com o pior final já filmado rende mais do que isso, ora lá. Rende o melhor que os anos 50 já produziram de harmonia entre cabelo, lifestyle, vestuário e ambiente.
Quase monocromático, Brad ensina que o estilo (e Deus) está(ão) nos detalhes. Mais uma vez, as apostas são em composições que se camuflam nas cores do ambiente, explorando sempre a sutileza do uso de baixas saturações.

05. Jep Gambardella (Toni Servillo) – La Grande Bellezza, 2013

05 - Ô-Ser† que deixei a janela aberta (interrogaá∆o)Ô
CINEMA: CANNES; OGGI E' IL GIORNO DI SORRENTINO
Alguém que existe para seduzir não só as mulheres, mas a vida.
Este é Jep. Entre uma avaliação da vida e outra, ele desfila seu hall de combinações inusitadas e matadores, com a maestria dos raros que têm segurança para fazê-lo. Roupas formais em cores inusitadas destacam este personagem deslocado do mundo. Se todos estão coloridos ele veste preto e branco, se o mundo é sombrio, Jep aposta em colori-lo, tudo isso, é claro, com um nível altíssimo de harmonia cromática.

4. Gatsby (Leo DiCaprio) – The Great Gatsby, 2013

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Extremamente ousado e ainda assim inocente. Este é Gatsby.
Suas roupas são apenas uma extensão de sua personalidade. Aliás, nunca vi retratarem tão bem a condição psicológica de alguém por meio do vestuário. É possível ver a todo instante quem é Gatsby, um bom garoto ingênuo procurando causar boa impressão em seu primeiro bailinho da puberdade.
De maneira clara, mas sem se tornar chamativo, entendemos todas as nuances desse segundo, mas solitário, Romeu, vivido por Leonardo DiCaprio.

3. Vincent (Tom Cruise) – Collateral, 2004

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Ele não precisa de detalhes como cinto ou gravata, apenas um conjunto de tons de cinza fazem dele o assassino mais cool da história do cinema. Impossível não associá-lo a figura de um lobo solitário, cada vez mais só e ferido, embora ainda orgulhoso de sua majestade, procurando no corvo Max um pouco da própria humanidade.

2. Tyler Durden (Brad Pitt) – Fight Club, 1999

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Fight Club
Transtornado, a soma de todos os desejos reprimidos aflora neste que é o personagem mais insano de todos os tempos. Ele utiliza um casaco de pele como quem veste o escalpo de uma presa, Imagino que a representação social do casaco sirva exatamente pra isso.
Ele é extremamente saturado, poluído e harmônico, é a coerência do caos. Senhores, como todos sabem, ele dispensa apresentações, nosso ídolo da adolescência, com vocês, o subversivo e amado: Tyler Durden!
E agora com vocês, o senhor supremo do estilo cinematográfico:

01. Dickie Greenleaf (Jude Law) – TheTalented Mr. Ripley, 1999

01 b - um pouco mais de estilo
01 c - e mais um pouco
01 d - e agora estilo em close
01 estilo, estilo e estilo
Jude Law realiza aqui sua obra-prima. Se este não é o melhor filme já feito (e com certeza não o é), ele tem mérito de ser o filme que mais tornou tátil um sentimento.
É possível, durante toda a película, entender o desejo que Ripley tem por Dickie. Não só de sê-lo, mas de querê-lo. Dickie é amado pelos amigos, desejado por homens e mulheres e parece querer a todo momento rivalizar com a grandeza da vida, em um momento a desafiando aos berros num bar em outro conseguindo tornar simples o que é complexo e triste.
Seu estilo tem toda a atmosfera da vida que leva: displicente, mas harmoniosa. Simples, mas intensa. Mais uma vez, as imagens não fazem jus ao personagem, sendo este um raro caso onde a harmonia do estilo se realiza não só no corpo, mas no ambiente e em sua composição com a vida que o cerca, enciumada com tamanha plenitude.

Relembrando

O homem de número 30 vai ser escolhido por vocês. Basta colocar o nome do estiloso e questão (e, claro, expliquem o por que) para fazermos o update depois de 48 horas.
E é isso meus amigos. Como sempre, espero que tenha sido útil ou, ao menos, divertido!

Mecenas: Dafiti

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A cada quinze dias, pelos próximos seis meses, Dafiti vai ser mecenas de conversas sobre estilo e moda sem frescuras. Com artigos práticos e conceituais vamos explorar a fundo esse território. Enquanto isso, aproveita pra colocar em prática o que aprendeu na loja deles.
Bruno Passos

Estilista e dono da Conto Figueira. Ama livros, filmes, sol e bacon. Planeja virar um grande pintor assim que tiver um quintal.

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O Tinder não torna as pessoas prosmíscuas

...apenas revela quem é

O Tinder tem sido muito comentado ultimamente. É um aplicativo para smartphone que te ajuda a conhecer gente. Funciona assim: você determina um raio desejado de distância. “Eu quero conhecer pessoas num raio de 2 km”, por exemplo. Vai de 2 a 150 km.
Você também diz se é menino ou menina, interessado em meninos ou meninas. Ele faz a matemática para você (nem sempre acerta, mas em geral, sim).
Isto resolvido, ele funciona assim: vai aparecer uma foto de uma pessoa. Você aperta o coraçãozinho ou o X, que significam o óbvio. Se você apertou coração para a pessoa e a ela também apertou coração pra você, abre um bate papo entre vocês.
É mais ou menos isso. Mas na prática, o Tinder é um bar. Nada mais que isso.
Voltemos para o começo: a maior parte das pessoas acha que vai a uma pista de dança para dançar. Não vai. É para sentir prazer sexual, em qualquer nível de consciência e de intensidade que seja.
A dança livre, essa que a gente dança sozinho com os movimentos que dá vontade de fazer, é uma simulação inconsciente de sexo. É por isso que dançar no quarto não é a mesma coisa que dançar numa pista. A pista oferece proximidade humana, troca de feromônios, troca de olhares e tudo mais que tem a ver com sexo, e é isso que vai te deixar com a sensação de satisfação na hora de ir embora.
Por mais que no nível consciente a pessoa realmente não tenha interesse em sair para pegar ninguém (isso pode perfeitamente ser verdade), existe essa questão inconsciente. Do nosso lado animal, isso é basicamente comandado pela possibilidade de reprodução.
Senão, como já disse, nós dançaríamos em casa.
E então aparecem os sites e aplicativos de encontros, e algumas pessoas começam a dizer que nós estamos ficando mais promíscuos por causa deles. Um deles é o Tinder.
Não!
Mas nem de perto.
Nós sempre fomos promíscuos. Apenas temos uma ferramenta que nos ajudam a ser o que sempre fomos.
O Tinder faz exatamente a função de um bar, uma balada, uma antessala de cinema, uma livraria.
Dez anos atrás, se você tivesse algum impulso sexual (por mais inconsciente que fosse) você ia a um lugar desses. Um bar, digamos. O bar nunca existiu para que você tomasse cerveja. Cerveja é mais barata no supermercado. Ele é um agenciador de pessoas. É um lugar onde elas se encontram, ou se conhecem, ou ambos.
Então, com sorte, você conhecia uma pessoa nesse bar, se dava bem com ela, e ia para casa se fosse o caso.
Na era do Tinder, o agenciador é o aplicativo. Mas a pessoa que está na outra ponta é exatamente a mesma. Tem as mesmas aspirações, inseguranças e desejos. A pessoa que está no Tinder provavelmente é aquela que passa por você na rua, senta ao seu lado no metrô, espera atrás de você na fila do supermercado.
Porque é legal conhecer alguém num parque, num vernissage e não no Tinder? O fato é que não é pior, por mais que pareça. Só ainda não é romantizado. Nosso cinema, nossas músicas, nossas artes ainda falam sobre bares, restaurantes, parques, etc. Algum dia, vão falar sobre os Tinders.
Mas voltemos à promiscuidade: no Tinder, você tem contato com muito mais gente. Agora responda: é mais fácil encontrar uma pessoa que tenha o mesmo desejo que você num grupo de um bar ou no grupo de um bairro?
Assim, não duvido que se faça mais sexo através do Tinder do que sem ele. Mas não é porque você se tornou um puto. Você sempre foi. Só que não encontrava uma pessoa com fetiche por pés em todo lugar que queria. Agora, você encontra.
É verdade que, de algum forma, isso banaliza o sexo. Mas que ótimo, afinal. Isso é muito mais próximo da natureza humana do que todos os costumes que há anos imperam nas nossas sociedades – a começar pelo hábito de usar roupas.
O Tinder não nos torna anormais. Nos torna muito mais normais do que nós jamais fomos.
Somos todos putas. Ainda bem.
Sobre o Autor
Emir Ruivo é músico e produtor formado em Projeto Para Indústria Fonográfica na Point Blank London. Produziu algumas dezenas de álbuns e algumas centenas de singles. Com sua banda, Aurélios, possui dois álbuns lançados pela gravadora Atração. Seu último trabalho pode ser visto no seguinte endereço: http://www.youtube.com/watch?v=dFjmeJKiaWQ

Eleição 2014 - Eduardo Campos se aliou ao atraso em Pernambuco pela “nova política” no Brasil


Por Gregório Silva*, de Recife, especial para Escrevinhador

É infortúnio afirmar que política não é futebol. Observar as movimentações, estratégias e táticas é um exercício instigante. Pena, também, que a esquerdinha brasileira não joga como o time do Chile, que ao observar o modelo de jogo da Espanha, atacou. A Espanha perdeu para ela mesma. Perdeu para o modelo e a permanência no errôneo modelo.

A política com p minúsculo tem uma movimentação própria, às vezes presumíveis, às vezes surpreendentes. O rei sem trono Eduardo Campos não consegue emplacar o filho na Presidência da Juventude do seu partido… É o jogo neste feudo.

A política com p minúsculo ficou igual à plástica do futebol plástico. Um jogo de patrocínios canalizados por grupos econômicos com interesses próprios, que utilizam a regra do jogo como meio para adquirir um poder exclusivo de administrar o Estado. Quando as regras são alteradas com o jogo acontecendo, dá a moléstia dos cachorros.

Em Pernambuco, esse jogo é mais claro. A candidatura de Eduardo Campos é uma tragédia. Começa e logo vem uma greve da Polícia Militar e um assessor de comunicação publica uma foto do candidato em um jatinho; outro no twitter escreve “vai ter coca Aécio” e é demitido.

Paulo Câmara, candidato imposto por Campos ao governo de Pernambuco, concede uma entrevista e faz propaganda da construção de três hospitais e seis UPAs.

Logo depois, o ex-secretário de saúde de Pernambuco, Antonio Carlos Figueira, foi questionado sobre os detalhes dessas ações na área de saúde. E afirmou que não sabia da construção dessas unidades de saúde…

E por último, para ficar aqui, com a frase “podemos apoiar qualquer um ou nos abster”, a prima Marília Arraes deixa transparecer o nível de contradição interna que vive o PSB hoje.

Pode isso, Arnaldo? Pode. Pode porque a regra é clara quando se vende e se compra o patrimônio político como quem compra e vende o voto. É a lógica do mercado: se tem quem compre, tem quem venda. Nas eleições, são moedas distintas como cargos e tempos de TV.

Eduardo Campos representa uma tragédia porque se aliou com o que é mais atrasado do Velho Mundo, em nome da “nova política” no Brasil. Leia a matéria completa »

Álbum de figurinhas

Para Francisco, a Copa não existe mais

Postado ao lado da cratera onde há pouco mais de duas semanas ficava a escadaria da Rua Guanabara, à beira da Via Costeira de Natal, o comerciante Francisco Gomes de Souza observa o trabalho da Defesa Civil e evita fazer contas. A casinha verde de dois quartos, sala, cozinha, banheiro e um barracão que alugava para duas famílias de inquilinos não existe mais – assim como outras 34 de seus vizinhos no bairro Mãe Luíza.
As chuvas ininterruptas dos dias 13 e 14 de junho tiraram a alegria das ruas decoradas da vizinhança em que vive há 44 anos logo após o pontapé inicial da Copa do Mundo. O que começou com o vazamento de uma manilha de água e esgoto se transformou numa erosão que consumiu casas, carros, motos, móveis e eletrodomésticos, apesar de não causar nenhuma vítima fatal entre as famílias da região. A Prefeitura decretou estado de calamidade.
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Abrigado na casa que possui na rua Atalaia, imediatamente acima do desastre, o potiguar decidiu manter abertas as portas do Mercadinho Irmã Rejane, que funciona no mesmo local. Mas os parentes foram embora. Disposto a permanecer para guardar o estoque, os freezers e tentar diminuir o prejuízo, mandou a mulher, os quatro filhos, a nora e os três netos para o Conjunto Cidade Satélite, a 13 quilômetros de distância.
E apesar da camisa amarela com detalhes em verde, do calção azul e dos chinelos na mesma cor ornados com a bandeira do Brasil, a torcida de Francisco não poderia estar mais longe dos gramados. Tudo o que ele espera é que seu comércio e as dezenas de casas interditadas que agora povoam a região não sejam tragados por novas chuvas e possíveis deslizamentos de terra.
Eu fiz um voto com Deus. Para que Ele resolvesse esse problema aqui, eu não vou assistir nem um jogo da Copa não. A pior Copa que eu já vi na minha vida foi essa, só trouxe azar pra nós.
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***
Uma Copa do Mundo se faz com pessoas.
As que entram em campo, as que viajam para testemunhá-la, as que enchem as ruas, as que se voluntariam, as que torcem e as que veem no evento uma oportunidade para garantir seu sustento ou para extravasar.
A seção “Álbum de Figurinhas” pretende contar, com um microrrelato artesanal e um retrato por dia, a história de algumas dessas pessoas, muitas vezes invisíveis, que povoam os bastidores da Copa do Mundo do Brasil.
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Para ler todos os textos, basta entrar no nosso Álbum de Figurinhas.
Ismael dos Anjos


É mineiro, jornalista, fotógrafo, devoto de Hunter Thompson e viciado em internet. Quanto mais abas abertas, melhor.

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Distribuição de renda

Uma controvérsia voltou à tona nas últimas semanas. Afinal, o ciclo lulista distribuiu ou concentrou renda? De acordo com reportagem publicada nesta quinta (26) pelo "Valor" (bit.ly/vecdes), a fatia apropriada no Brasil pelo 1% mais rico da população não caiu entre 2000 e 2010. Tal faixa abocanhava cerca de 17% da renda nacional no início do século 21, e continuava a fazê-lo uma década depois. Estaria provado, então, que não houve redistribuição no período petista?
O primeiro impulso é responder que sim, mas a questão é mais complicada. A depender do lugar em que se decida fazer o corte estatístico, aparecem aspectos contraditórios da realidade. A reportagem, assinada por Denise Neumann, mostra que se tomarmos a renda dos 10% mais ricos, veremos que caiu de 51% para 48% do total no período considerado.
Mais ainda. A proporção subtraída do que se convenciona chamar de classe média tradicional parece ter ido parar no bolso dos pobres. A jornalista indica que os 60% pior aquinhoados tiveram os seus rendimentos elevados, indo de 18% para 22%. Desse ângulo, houve ou não distribuição de renda? O impulso é responder que sim.
Uma hipótese plausível é que tenham ocorrido as duas coisas ao mesmo tempo: enquanto a imensa massa dos pobres via a própria renda crescer, ainda que de maneira moderada e a partir de um ponto inicial muito baixo, a classe média perdia algo, produzindo-se, assim, um efeito distributivo, ainda que seja visível a desproporção: 10% detêm 48% da renda; 60% ficam com 22%.
Por outro lado, os mais ricos dentro da classe média (o 1%) não perderam nada. Pode-se supor até que no interior do segmento rico houve concentração, ou seja, os megarricos ficando ainda mais poderosos.
Um exemplo interessante, embora posterior ao período até aqui observado: apenas em 2013 o número de bilionários brasileiros aumentou em 50%, passando de 43 para 65, de acordo com a revista "Forbes". Ou seja, o patrimônio estaria se concentrando na ponta da ponta da ponta.
É possível, assim, que a mesma tendência detectada por Thomas Piketty em escala mundial tenha se dado por aqui, embora simultaneamente houvesse ocorrido um movimento distributivo do meio para baixo. Em resumo, teria havido uma melhora nas pontas, com uma piora relativa no setor intermediário. Note-se que enquanto de um lado cresceu o número de bilionários, de outro a renda dos 10% mais pobres aumentou 106% entre 2003 e 2012 (Marcelo Neri, "Valor", 26/6, bit.ly/mneri2606). Trata-se apenas de uma hipótese, mas admita-se que o raciocínio é compatível com a ira da classe média tradicional em relação ao lulismo.
de André Singer

Reflexão dominical

"Nós já dialogamos naturalmente com Deus, através da oração. Rezar é quebrar o silêncio. E a necessidade de reconhecer e ser reconhecido. Rezar é o som criado pelo mais profundo de nossos sentimentos".
"Eu não estou falando apenas das preces formais que costumamos dizer na igreja ou no quarto, antes de dormir. Eu falo daqueles vestígios, fragmentos de oração que as pessoas usam, mesmo dizendo que não acreditam em nada, sem sequer se darem conta de que estão rezando. Algo inesperado acontece, e as pessoas dizem 'Meu Deus!', ou então, 'Nossa Senhora!', e ali está uma prece, muitas vezes escondida, proferida com vergonha, medo do ridículo, escondida sob a forma de blasfêmia".
"A oração é um instinto humano de se abrir naquilo que tem de mais profundo. É impossível evitar este instinto. De uma maneira ou de outra, todas as pessoas rezam e rezaram deste o início dos tempos".
de Frederik Buechener