Fhc não tem moral para cobrar ninguém

O ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso não tem autoridade nenhuma para pedir investigações. No seu governo nada era investigado. Portanto suas declarações, diretamente de Nova York, onde esteve para apresentação da Comissão Global de Políticas sobre Drogas (presidida por ele) só mostram o desespero e destempero do tucanato diante do baixo índice e do despencar contínuo nas pesquisas, de seu candidato ao Planalto, o senador Aécio Neves (coligação PSDB-DEM), o que já o alijou do 2º turno da disputa presidencial.

Em Nova York e sem ter o que dizer ontem, FHC apelou para achincalhar o PT, afirmando que a corrupção é "quase uma regra" no governo petista e que a Petrobras – a estatal que em seu governo quase foi privatizada, ele até tentou mudar o nome da empresa para Petrobrax – "caiu nas mãos da política partidária".

"O que eu sempre quis é que a Petrobras fosse uma empresa e não uma repartição pública. Por isso achei que era importante quebrar o monopólio para ter competição, para ela poder aparecer como uma empresa e não estar nas mãos de política partidária. Política de Estado sim, mas não política partidária. E isso deu margem a essa corrupção que é inaceitável. Precisamos ir mais fundo", bradou o ex-mandatário tucano.

Com o governo que comandou, ele tem a ousadia de falar em ética…

FHC disse ainda que o "escândalo" da Petrobrás é outro "mensalão" e que a campanha presidencial "torna outra vez a ética como tema de campanha. "Não vejo que os candidatos têm responsabilidade direta nessa questão, é muito mais atitude. Temos que ser mais restritivos, não aceitar tanta leniência. Por enquanto (sobre a questão Petrobras) são afirmações, vai chegar um momento da documentação. Eu não sou precipitado, não vou julgar antes de ver o que se trata, mas está visto desde já que se trata de um escândalo de grandes proporções", julgou FHC (sem julgar, segundo ele).

Nós estamos publicando aqui junto com esta nota a lista de 45 escândalos, um mais escabroso que o outro, dos oito anos de tucanato (1995-2002) comandado pelo ex-presidente FHC. É para lembrança de vocês e para refrescar a memória dos tucanos, par alistar os "telhados" que eles têm, conforme lembrou ontem a presidenta Dilma Rousseff.

FHC não tem autoridade nenhuma para pedir investigações. No seu governo nada era investigado. O Ministério Público Federal (MPF) não investigava nada, não tinha autonomia nenhuma, era apêndice do Palácio do Planalto e, naqueles anos, o Procurador Geral da República nos anos de governo dele até ficou com o apelido de "Engavetador Geral".

Vem ai, dia 15, o balanço do Estado desmontado pelo tucano

A Polícia Federal não investigava, não fazia nada. Nem a Controladoria Geral da União existia. Ele, é verdade, criou um simulacro de Controladora só para inglês ver. Se nós da oposição e o Brasil à época, tivéssemos levado ao pé da letra, só a compra de voto no Congresso Nacional para aprovar a emenda constitucional para sua reeleição – é, lembrem-se, ele foi o 1º beneficiário da medida -  bastaria para seu impeachment.

A compra de votos para aprovar a emenda da reeleição foi tão acintosa e tão escandalosa que os deputados que venderam voto, na iminência da instalação de um CPI e do processo investigatório, amedrontados, renunciaram aos mandatos depois de confessarem via mídia – vários deles – que haviam realmente vendido o voto e a consciência para aprovação da medida.

Isso sem falar na privataria tucana, agora de novo na pauta e que todos podem acompanhar com a nova edição do livro O Brasil Privatizado – um balanço do desmonte do Estado (o relançamento é no próximo dia 15), do falecido jornalista Aloysio Biondi uma das radiografias mais perfeitas e acabadas daquele processo comandado pelo governo FHC.

45 escândalos sob o tucanato

Já que a discussão desencadeada pelo ex-presidente nessa entrevista em Nova York foi foi sobre leniência e ética, infelizmente se esqueceu de mencionar a Petrobrax. Tampouco, falou sobre nenhum dos graves acidentes ambientais que, por falta de gestão e investimentos, a Petrobras protagonizou durante seus oito anos no poder, além da proeza de afundar a Plataforma P-36 na Bacia de Campos, levando 11 trabalhadores à morte. E a Petrobras a prejuízos correspondentes ao dobro da valor de compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. 

FHC passou longe, também, de uma reflexão sobre os 45 escândalos que marcaram o seu governo. Mas, nós aqui da Equipe do Blog lembramos, fazemos questão de refrescar a memória dos leitores, por meio de um post publicado neste diário em agosto de 2010, intitulado "O Brasil não esquecerá".

Dilma: O que eles querem aplicar aqui não dá certo no mundo

Hoje quarta-feira (10), a Presidenta Dilma Rousseff fez duras críticas aos planos para a economia dos candidatos adversários na disputada pela Presidência. "O que querem aplicar aqui não dá certo no mundo", disse a petista em coletiva no Palácio da Alvorada, para completar: "Fizemos uma política diferente. Não desempregamos, não reduzimos salários e não paramos de investir".

Questionada sobre a autonomia do Banco Central, que aparece nas propostas da candidata Marina Silva (PSB), Dilma ressaltou, indiretamente: "Esse povo da autonomia do Banco Central quer é voltar à política anterior, que é reduzir salários", afirmou para prosseguir: "Eu li o relatório do Banco Mundial que diz: o mundo vive uma crise de desemprego. São 100 milhões de pessoas desempregas. Os únicos países que não tiveram esse desempenho foram Brasil e China."

A Presidenta, munida de dados, enfatizou que a política econômica adotada no seu governo colaborou para que a crise econômica não prejudicasse tanto o desempenho brasileiro. "Temos feito superávit primário. Do G-20 (Grupo dos 20 países mais ricos do mundo), quanto a superávit primário, só ficamos atrás da Arábia Saudita. Nós tivemos uma redução da crise por inúmeros motivos, mas (eles) fingem não enxergar", explicou. "Porque nós olhamos pra América Latina ? O maior país da região precisa olhar pra região. Há uma redução de mercados de consumo de manufaturados", completou a candidata.

Dilma, que anunciou sua proposta para o micro empreendedor, voltou a comentar o assunto bolsa banqueiro, dessa vez em relação a parte da imprensa. "Disseram que eu criei uma bolsa banqueiro. A imprensa é engraçada, às vezes a pergunta que me fazem não aparece, só a resposta. Eu não criei bolsa banqueiro e nunca recebi bolsa banqueiro", falou.

Por fim, ela comentou o desejo da oposição de fechar ministérios. "Eu gostaria muito que meus adversários falassem quais ministérios tem que reduzir".

A seguir outras frases de Dilma na coletiva:

"Quero falar sobre uma coisa que acho muito importante, que é a micro e pequena empresa"

"Com a criação da micro e pequena empresa tivemos um ganho enorme"

"O simples unifica 8 tributos e reduz tributação. Além de limitar o faturamento pra ser enquadrado no simples"

"O micro empreendedor pode ser um profissional liberal. Um jornalista, por exemplo"

"Pra pequena empresa, nós elevamos pra 120 mil por ano, caso ele exporte também"

"Em 2010 era um pouco mais de 700 mil micro empreendedores, hoje passa de 4 milhões"

"Hoje os brasileiros estão realizando um sonho, que é ter o próprio negócio"

"Hoje a mãe fica mais tranqüila, já que seus filhos não ficam na rua, vai estudar e podem se tornar micro empreendedores"

"Minha proposta é fazer a rampa da transição do sistema simples nacional para outros sistemas tributários"

"O microempreendedor não pode ter medo de crescer"

"O MEI (Micro Empresa) tem que ter incentivo pra virar micro. A micro incentivo pra se tornar pequena e a pequena incentivo para se tornar média"

"Eu gostaria muito que meus adversários falassem quais ministérios tem que reduzir"

"Muita gente fala mal do Ministério da Pesca"

"É muito cedo para você falar em extinguir o Ministério da Pesca"

"Parceiro privado é fundamental"

"Disseram que eu criei uma bolsa banqueiro. A imprensa é engraçada, às vezes a pergunta q me fazem não aparece, só resposta"

"Eu não criei bolsa banqueiro e nunca recebi bolsa banqueiro"

"Temos as menores taxas de juros reais"

"Quem quer autonomia do BC não sou eu. Quem quer é que tem que explicar porque quer"

"Temos feito superávit primário"

"Do G20, quanto a superávit primário, só ficamos atrás da Arábia Saudita"

"Tenho certeza que a economia vai melhorar"

"Eu li o relatório do Banco Mundial que diz: o mundo vive uma crise de desemprego. São 100 milhões de pessoas desempregas. Os únicos países que não tiveram esse desempenho foram Brasil e China."

"Fizemos uma política diferente."

"Não desempregamos, não reduzimos salários e não paramos de investir"

"O que querem aplicar aqui não dá certo no mundo"

"A mim parece que temos que avaliar bem as propostas que estão fazendo nessas eleições"

"Crise de desemprego é crise social profunda"

"Há uma redução de mercados de consumo de manufaturados"

"Nós tivemos uma redução da crise por inúmeros motivos, mas nós (eles) fingem não enxergar"

"Porque nós olhamos pra América Latina? O maior país da região precisa olhar pra região"

"Esse povo da autonomia do Banco Central quer é voltar à política anterior, que é reduzir salários"

Alisson Matos, editor do Conversa Afiada

Mensagem da Vovó Briguilina




Pessoas iluminadas
Tem um sol dentro de si.
E
Não temem tempestades
Não temem escuridão.
E
Ainda fazem questão de iluminar os outros.



E se a rua fosse um espaço de aventura e exploração?

Às 20h30 em ponto estava na praça da Barra Funda, portando o estranho relógio de bolso que seria meu convite para a aventura, conforme orientado pelo email recebido um dia antes.

Famílias se amontoavam aguardando a partida dos vários ônibus encostados nos arredores, todos com destino a um presídio próximo. Aquelas eram as famílias dos detentos, me explicava o sujeito de chapéu e blazer que desceu de uma kombi branca para me levar ao começo da experiência.

Junto comigo estava minha namorada – o convite dava direito a levar consigo outra pessoa, enfatizando que seria importante não ter medo de altura e estar com calçado próprio para aventura.

Dentro da kombi, recolheram nossos celulares e nos instruíram a sentar no chão do veículo – cuja traseira havia sido modificada e continha apenas um assento dos três originais – para não sermos vistos. A instrução curta não parecia conter dúvidas, apesar de nos gerar várias outras sobre o que viria a seguir.

Após alguns sacolejos e longos minutos, o carro parou e a porta se abriu. Uma mulher esguia vestida de preto, cabelo curto, com um walkie-talkie em mãos, fez com o dedo para ficarmos em silêncio e que a seguíssemos. Os dois homens de chapéu manobraram a kombi e partiram. À nossa esquerda, havia uma espécie de galpão industrial e um enorme esgoto à ceu aberto, que avançava até um grande muro, na base do qual havia uma grade de ferro impedindo a passagem.

À direita, um matagal bastante escuro e uma suspeita trilha de terra, pela qual nossa guia se apressava a deslocar antes que houvesse tempo para qualquer pergunta.

Em poucos minutos estávamos em mato fechado, descendo um pequeno morro em direção ao esgoto, com seu fedor invadindo nosso olfato. Parecia que o caminho era, quer meu senso de nojo gostasse ou não, por dentro dele. No último momento a guia se esgueirou por entre um pedaço de grade aberto e sumiu de nossa vista. Atravessar aquela passagem foi um voto de confiança no desconhecido.

Do outro lado, retomamos contato com a guia e precisamos sujar as mãos para subir o trecho a seguir, nos enfiando em uma mata ainda mais fechada, na qual avançamos por mais alguns minutos, para depois atravessarmos uma pesada portinhola de ferro que dava acesso a um amplo terreno baldio.

Aquilo não tinha cara de diversão e ninguém estava sorrindo. Estávamos atentos a cada passo dado e ao caminho, apenas.

Ela parou por alguns instantes, pouco antes de uma clareira, checando o movimento de guardas(?!) do outro lado do esgoto, cujas luzes de suas lanternas podíamos ver se mexendo ao longe. Nos deu um sinal para avançarmos com rapidez no momento exato e retomamos a trilha, que se tornava progressivamente mais fechada e perigosa, com buracos, espigões de ferro e o escuro engolindo as últimas nesgas de claridade.

Não sabia há quanto tempo caminhávamos, mas já suava bastante quando demos de cara com uma imensa árvore, na base da qual havia uma pequena escada de madeira. Subimos até alguns galhos mais acima e nos apoiamos em uma superfície de madeira instalada por alguém naquele local.

Em frente se colocava uma ponte feita de rede, como se usa na prática de arvorismo. Se estendia até o outro lado do esgoto, com cerca de vinte metros de comprimento e uns bons quinze metros acima do rio cheio de esgoto.

A ponte dependia do peso do corpo e de tranquilidade para se estabilizar. Ficar nervoso no meio da travessia não parecia nem um pouco aconselhável.

O pequeno sorriso da guia, como que dizendo “confia”, foi o sinal para respirar fundo e atravessar.

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Do outro lado era possível escutar alguns sons. Escalamos uma outra escada rumo ao topo da árvore, escutando o que agora distinguimos como música, ganhar mais vida. Luzes emitidas por algum tipo de chama bamboleavam por entre os galhos e folhas. Ao fim da escada, uma mão nos puxa para o alto e somos recebidos por um homem de fraque, bigode, cartola e sorriso acolhedor.

Outras seis pessoas estão lá, nessa improvável casa na árvore, sem teto ou paredes.

Encarrapichada num canto, uma simpática dama tira o agradável som de acordeon que escutamos momentos antes. Há velas, uma decoração com objetos indecifráveis e bebida é servida à medida em que nos instalamos no banco improvisado.

Respiro fundo e tiro o casaco. Dou uma golada farta enquanto absorvo a paisagem e recobro o fôlego, sem ter a menor ideia de onde estamos.

Aliás, o que é mesmo que estava acontecendo?

* * *

N. D. Austin foi criado por seus pais em uma pequena ilha isolada no Alaska, distante centenas de milhas do centro urbano mais próximo. Ele acredita que seu trabalho é levar um pouco de amor para partes esquecidas das cidades, é criar experiências que possam tocar as pessoas.

Sentado à minha frente na Merceria São Pedro, ele era também o acolhedor sujeito de fraque a nos receber no alto da árvore e criador da experiência na qual eu estava poucos dias antes.

Trata-se do The Night Heron (é o nome em inglês para o pássaro “savacu”, comum no estados unidos), um projeto trangressivo de exploração urbana, intimidade e aventura.

Parte do que me manteve intrigado, no entanto, foi o modo como rigorosamente nada além do mínimo necessário nos foi explicado antes, durante e após. Atravessar a experiência, em certa medida, foi um ato de fé – em especial na pessoa que me permitiu estar lá.

O trajeto claramente envolvia riscos físicos, parecia flertar com a ilegalidade ao nos levar por zonas proibidas, não tinha marcas ou corporações por trás e com certeza não gerava dinheiro suficiente para se pagar – são um grupo de dez envolvidos e um mês de trabalho para tornar o percurso viável, e cerca de cem pessoas viveram a edição realizada em São Paulo.

Não é arte, não é negócio, não é entretenimento. O quê então?

Nathan diz que prefere apenas oferecer a experiência às pessoas e deixar que cada uma a interprete como achar melhor. “É claro que nos importamos com a cidade, com os rios, com a poluição, com a política e com o espaço urbano, mas não dizemos nada disso para as pessoas. Achamos melhor não condicionar as percepções.”, explica.

O intuito é deixar os convidados presentes no momento, não super-intepretando o contexto ao invés de estar ali, com os cinco sentidos.

* * *

Após uma hora de conversas e festa no alto da árvore, era chegado o fim.

O anfitrião nos perguntou se gostaríamos de oferecer a experiência a outra pessoa. Caso sim, pagaríamos duzentos reais para receber um pequeno relógio de bolso com um número inscrito à mão, ele seria o acesso de outro convidado junto a um acompanhante. Quem desejasse, não precisava pagar nada por ter estado ali.

Descemos, circundamos a base da árvore, caminhos até uma grade de frente pra rodovia, com um buraco aberto no local onde se juntava à parede. Alguns metros adiante, a kombi branca e os dois motoristas de chapéu igualmente branco e blazer estavam nos esperando. O anfitrião e sua equipe ficaram do lado de dentro da grade, se despedindo de nós com um breve aceno e um largo sorriso.

Os seis convidados entraram na kombi e fomos embora.

Uma impossibilidade urbana
Em minha opinião, o mais poderoso de todo o processo foi ser “sequestrado” sem saber a que me propunha, se eu deveria ir com minha identidade que busca se entreter, com a que busca aventura, com a que quer mostrar que é antenado e participa de algo supostamente raro ou, ainda, com aquela engajada politicamente no futuro da cidade.

Me senti torto e sem rumo e isso é uma coisa ótima. Normalmente se pergunta a alguém o quão divertido ou útil foi certa atividade, pra saber se vale ou não à pena irmos também.

The Night Heron me deu boa noite com uma gigantesca interrogação.

Foi um alivío ver como a experiência não se deu em mais um espaço cool, inovador e disruptivo de São Paulo, com as mesmas pessoas cool, inovadoras e disruptivas falando as mesmas coisas para o mesmo grupinho. Fomos para um esgoto fedido e terrenos abandonados. E os convidados seguintes dependeriam dos anteriores.

Questionei N. D. Austin se era um projeto feito pensando em exclusividade e fiquei feliz em escutar que “não, de modo algum, é acima de tudo sobre confiança e abertura. Você não iria em uma experiência desconhecida se não confiasse em quem o convidou antes. É disso que estamos falando aqui, pessoas se relacionando diretamente com outras pessoas.”

Em sua visão “turistas são chatos, eles ficam escutando outras pessoas dizendo a eles como é viver onde vivem e fazer o que fazem. Mas não é real (para os turistas), não é a vida deles.”. Pior, diz também que nós somos como turistas apáticos em nossas próprias cidades, andando pelos lugares sem nos importar com eles, tratando os locais públicos como se não pertencessem a ninguém.

Nassim Taleb, em seu livro “Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos“, nos apresenta o termo “turistificação“:

“Turistificação castra sistemas e organismos que apreciam a incerteza ao sugar deles toda a aleatoriedade enquanto gera a ilusão de benefício. (…) Esse é o meu termo para um aspecto da vida moderna que trata humanos como máquinas de lavar, com respostas mecânicas simplificadas e um manual do usuário detalhado.

É a remoção sistemática de incerteza e acaso das coisas, tentando torná-las cada vez mais previsíveis em seus menores detalhes. Tudo em prol do conforto, conveniência e eficiência.”

Esse fenômeno tem invadido todos os cantos de nossas vidas e faz com que os espaços urbanos se tornem locais transacionais, nos quais vamos basicamente para gastar dinheiro (nos entreter) ou ganhar dinheiro (trabalhar).

Ao enxergarmos a cidade de modo tão seco e utilitário, ela de fato se torna hostil e pouco acolhedora.

“Transformação na cidade não vai acontecer com alguém chegando e dizendo, “aqui está como resolver seus problemas de trânsito”, vai acontecer com as próprias pessoas mudando seu comportamento, o modo como vivem e se movimentam fisicamente dentro das cidades.”, N. D. Austin contextualiza.

“Mas é claro que não dá pra garantir transformação nenhuma. O ponto é: se a experiência puder ser intensa o suficiente para deixar uma marca com a qual a pessoa se relacione e questione como ela vê os espaços por onde caminha com outros olhos, meu dever estará feito.”, ele completa casualmente.

Encerramos a conversa, pagamos a conta e nos despedimos.

Obrigado, Nathan e a todos seus amigos sem os quais nada disso teria acontedio, por me levarem numa aventura em minha própria cidade.

Estamos acostumados a frequentar passivamente sempre os mesmos lugares, com as mesmas pessoas e as mesmas expectativas. Mas que tal trocar sua lente? A Heineken faz um convite para nós explorarmos um lugar que pode surpreender: a nossa cidade

Se você mora em São Paulo, a Heineken te encoraja a descobrir novos lugares com o Guia #OpenSP.

Explore sua própria cidade.

GUILHERME NASCIMENTO VALADARES
Interessado em boas conversas, desenvolvimento humano, em criar negócios que não se pareçam com negócios e no futuro do conteúdo. Trabalha com comunidades digitais há nove anos. Nessa encruzilhada surgiram o PdH, o Escribas e o lugar. No G+ e no Twitter.

A blablarinagem do dia




"Vamos criar um comitê de busca de quadros, de homens de bens. Teremos quadros competentes, honestos e independentes no nosso governo e não apenas apaniguados de partidos", declarou a candidata.

Marina disse, ainda, que pretende garantir a “governabilidade com uma base de homens de bem e não na distribuição de pedaços do Estado para os partidos”. E que, dentro da gestão pública, “vamos priorizar os quadros de carreira nas estatais e nas agências de governo”.

"Vamos governar com os nomes que estão no banco de reservas do PT e do PSDB. Os homens e mulheres de bem virão para nosso governo", disse Marina.



Conheça o novo relógio inteligente da Apple

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Após muitos boatos e especulações, a Apple enfim revelou o seu relógio inteligente hoje. E sabe de um negócio? Valeu a espera. Ele ficou bonito e funcional. Suspeitava-se que ele chamaria iWatch, seguindo o exemplo de outros produtos da marca. Mas o nome escolhido foi simplesmente Apple Watch. Confira a seguir 8 fatos que você precisa saber sobre ele:
1# Compatibilidade
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O Apple Watch não trabalha sozinho, ele precisa estar sempre conectado a um iPhone para funcionar. Se você tem um celular com Android ou Windows Phone, então, pode esquecer. E não basta ter qualquer modelo da Apple: ele é apenas compatível com o iPhone 5 em diante.
2# Preço
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Ainda não há uma data exata para ele chegar às lojas, sabe-se apenas que será no começo de 2015. O preço, no entanto, já foi definido: a partir de US$ 350, cerca de R$ 800 sem contar os impostos. Mas como bem sabemos, no Brasil os eletrônicos chegam bem inflacionados. Então ele deve sair pelo dobro disso.
3# Design
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Os rumores diziam que o Apple Watch teria uma tela redonda, como o Motorola 360. Eles estavam errados. Apesar dos cantos arredondados, o relógio ficou quadrado e lembra mais os modelos da Sony ou Samsung. O Apple Watch não é um exemplo de beleza e elegância, mas também não chega a fazer feio.
4# Modelos
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Há três versões disponíveis: a tradicional, uma esportiva mais resistente e outra de ouro 18 quilates, batizada de Watch Edition. Há dois tamanhos para cada. Todas terão um sensor para medir batimentos cardíacos e acelerômetro. GPS? Não, ele usará o do iPhone.
5# Comandos de voz
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A Siri estará presente no relógio. Você poderá ditar mensagens, perguntar sobre o tempo, marcar compromissos e assim por diante. Além disso, o Apple Watch também funcionará como walkie talkie entre donos do aparelho.
6# Resistência
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O Apple Watch terá uma tela de safira, o segundo material mais resistente da Terra, que só pode ser riscada por um diamante. Não falaram no evento se ele será resistente a água, mas é presumível que sim.
7# Display
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Assim como o iPhone, o relógio da Apple terá um display onde você pode colocar seus aplicativos preferidos. Na maior parte do tempo, a tela fica preta em descanso. Mas quando você faz o movimento de checar as horas (sabe, aquela torção clássica no pulso?) o display acende automaticamente.
8# Funcionalidade
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Com tela sensível ao toque, o Apple Watch sente diferença de pressão. Toques mais fortes ou sutis, portanto, ativarão diferentes comandos. Outro detalhe interessante é um de seus botões laterais. Ele te auxilia a interagir com o relógio sem precisar colocar o dedo nele e tapar a tela.
Sobre o Autor
Nosso applemaníaco Pedro Cohn assiste aos eventos de tecnologia como se fossem a final da Copa do Mundo. E diz que, se o Céu não for Wi-Fi, prefere ir para o inferno quando morrer.



Lewandovski: a sagração de um homem justo, por Luis Nassif

Daqui a pouco o Ministro Ricardo Lewandowski assumirá a presidência do STF (Supremo Tribunal Federal). Para sua posse, estima-se um público recorde; e um respeito recorde pela sua pessoa. Os jornais o tem tratado com deferência surpreendente, entre seus pares há uma sucessão de elogios e um sentimento de alívio, pela volta da presidência do STF aos trilhos do bom senso e da fidalguia.

São dois tempos distintos: o da repercussão inédita do julgamento da AP 470 e os novos tempos, pós Joaquim Barbosa. Parece que tudo mudou. Ministros boquirrotos retornaram à discrição, o espírito alucinado de linchamento esgotou-se, aposentou-se o Torquemada do Supremo.

Apenas o discreto Lewandoski não mudou. É o mesmo agora e dos tempos de tempestade, quando se viu no meio de um turbilhão inédito, atacado por uma turba de linchadores alimentada pela mídia, uma atoarda tão selvagem que intimidou a todos.

De um lado a turba sendo insuflada por colunistas alucinados, com os jornais cooptando advogados oportunistas, oferecendo-lhes visibilidade, utilizando todas as armas, do desrespeito amplo aos Ministros que não se enquadravam às suas ordens, à lisonja mais abjeta àqueles que se curvavam à sua orientação, querendo submeter tudo ao seu poder avassalador.

Valeram-se de todos os recursos. Os que se enquadravam no jogo - como Celso de Mello, na primeira fase - eram premiados com holofotes e promessas de entrar para a história. Tolo!, julgando que o passaporte para a história estaria na manchete vã de um jornal ou na capa de uma revista escatológica. Os que não se enquadravam - como Celso de Mello na segunda fase - punidos com capas e manchetes desabonadoras.

Quase todos vacilaram, cederam, calaram-se. Procuradores, desembargadores, Ministros, advogados assistiam à explosão da selvageria, ao atropelo dos princípios básicos da sua profissão, dos seus valores, e nada faziam. Alguns até se indignavam nos ambientes restritos, mas nenhum ousou insurgir-se contra o clamor dos bárbaros.

A Justiça ficou indefesa, sendo estuprada em público por vândalos de toda espécie.




Nesse vendaval de baixarias, sobressaiu a figura extraordinária de Lewandowski, não cedendo, não se rebaixando mesmo sendo ofendido em público, em aeroportos, nas ruas, sendo atacado por reportagens da infame revista Veja.

Não tinha o perfil dos heróis ou vilões que a mídia traça para seus personagens, o bufão explosivo, o vingador de capa preta, o vilão a ser destruído. Tinha o ar tranquilo de lente dos velhos tempos, educado, cerimonioso.

Os estúpidos julgavam que a coragem está no grito, na bazófia. Não entendiam que os verdadeiramente corajosos são os mansos, que se escudam em princípios e na força interna.

Lewandowski foi o único que resistiu. Agarrou-se à sua bóia emocional - a família -, mas não esmoreceu. Enquanto alguns dos seus pares esbaldavam-se em banhos de sol públicos sob os refletores da mídia, em um deslumbramento incompatível com a idade e com o cargo, Lewandowski não abriu mão de seu direito de julgar de acordo com sua consciência. Enfrentou as vaias, o deboche, as insinuações. E não cedeu.

Naqueles tempos bicudos, a cara do Supremo tornou-se a de Gilmar Mendes, de Luiz Fux, de Joaquim Barbosa, o último pelo menos tendo o álibi de uma obsessão não oportunista.

Nem se pense que, no julgamento da AP 470, Lewandowski foi benevolente para com os acusados. Condenou quando julgou que devia condenar e acatou atenuantes, quando sua consciência assim recomendou. Acima de tudo, defendeu a dignidade da Justiça.

Agora, assume a presidência do Supremo sob aprovação geral.

Varre-se para baixo do tapete, guarda-se no baú da vergonha nacional - e lacra-se para que seu fedor não se espalhe - o massacre a que foi submetido nesses tempos de obscurantismo.

Dia desses, seu colega Luís Roberto Barroso proferiu uma aula sobre a mídia, no Tribunal de Justiça de São Paulo. Abordou temas diversos de privacidade, a atriz flagrada na praia, o ator que teve a vida devassada e outras banalidades da indústria do entretenimento. Passou ao largo do episódio Lewandowski.

O tabu continua. Mas a opinião pública sabe que, na presidência do STF, agora, existe um Ministro que não se curva ao clamor das ruas e às capas das revistas.