Impítiman, tua tumba

Semanas de campanha, construída dia a dia. Um comentário aqui, um parecer jurídico ali, um artigo acolá, uma sucessão de depoimentos à imprensa, manchetes especulativas, pronunciamentos parlamentares – e a ideia do impeachment já estava se instalando.
Para mero “debate”, evidentemente, e não com ânimo golpista – asseguravam próceres do movimento, uns democratas inarredáveis…
Eis que, então, do principal adutor do humor nacional – o Ceará – vem a reação imprevista ao “debate” que não ousa dizer o verdadeiro nome.
Uma única frase, enfiada de “contrabando” por papagaios de pirata em reportagem de afiliada da Globo, viraliza nas redes sociais e vira a febre do Carnaval 2015. Uma avalanche de piadas sepulta no ridículo a trama para derrubar Dilma.
O grande equívoco dos donos da voz no Brasil é achar que podem ganhar no berro, porque conseguem dominar todos os ouvidos para a sua pregação monocórdia. Esquecem que o povo enxerga.



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Os pecados de Dilma, por Mino Carta



Adhemar de Barros levou para casa as urnas marajoaras do museu. Ernesto Geisel, os vasos chineses presenteados por autoridades estrangeiras em visita oficial. Exemplos daquele patrimonialismo que o ministro Levy parece desconhecer. Mas há formas piores.
O presidente da Petrobras aos tempos da ditadura do acima citado Geisel, Shigeaki Ueki, foi o primeiro grão-mestre da corrupção na empresa criada por Getúlio Vargas. Certo Barusco de quem muito se fala é destacado executivo da Petrobras desde meados dos anos 90, aquele período abençoado pela mídia deliciada, em que reinou Fernando Henrique, quando ainda não havia comprado os votos para conseguir no Congresso o seu segundo mandato, debaixo dos aplausos midiáticos.
A corrupção é endêmica no Brasil porque muitos políticos enxergam o poder alcançado pelo voto como de sua propriedade privada, assim como se dá com servidores do Estado, nomeados, os Barusco, os Duque, os Costa, os Cerveró e companhia. Mas, a bem da sacrossanta verdade, o espírito nacional tende, frequente e naturalmente, à tramoia, ao passa-moleque, à falcatrua, ao comércio do gato por lebre.
É também do conhecimento do mundo mineral que este é o país da impunidade. A quantidade de imponentes corruptos que vivem, ou viveram à larga antes de passar à outra vida, é infinda, além de certa e sabida, assim como acontece que rico não vá para a cadeia. Há mais de duas décadas, paira por trás dos lances mais duvidosos, quando não francamente criminosos, a marcarem a vida do poder à brasileira, a figura, fugidia e ao mesmo tempo de nitidez implacável, do banqueiro Daniel Dantas. Desde a privatização das comunicações, a maior bandalheira da história pátria, até os chamados mensalões e a Operação Satiagraha.
Não falta lenha para a fogueira da corrupção brasileira, cada vez mais abundante e de todas as procedências. Há quem escape, porém, na visão e no uso do poder, ao andamento comum. Em primeiro lugar, neste momento, Dilma Rousseff. O resultado da recente pesquisa Datafolha, pela qual 47% dos brasileiros acreditam que a presidenta está envolvida em corrupção, representa um equívoco clamoroso, adubado pelas ferozes interpretações do jornalismo nativo.
O que não há como pôr em dúvida é a honestidade de Dilma. Pode-se alegar sua ingenuidade diante do engano de que foi vítima, urdido por quem lhe era tão próximo. Pode-se alegar falta de experiência para lida complexa, ou da desejável vigilância. A presidenta, além de cultivar as melhores intenções, não daquelas que pavimentam o caminho do inferno, é moralmente inatacável. Ao contrário de Fernando Henrique, por exemplo.
As falhas de Dilma são de outra natureza e dizem respeito à prática da política. Ela não é mestra na matéria, embora saiba bastante de economia. Infensa à negociação, comunica-se com transparente dificuldade. Daí as relações difíceis com o Congresso e com o empresariado. Grave, deste ponto de vista, o afastamento de Lula, imbatível no trato político, mestre no assunto. Por mais compreensível que seja o propósito de se afirmar por conta própria, a presidenta errou ao se distanciar de quem seria seu melhor conselheiro.
Raros os momentos de aproximação, e sempre por mérito do ex-presidente, preocupado com as dificuldades da sucessora. Se ele estivesse nas imediações, é certo de que a presidenta não se rodearia de colaboradores nota 10 em incompetência, de efeitos deletérios tanto mais em tempos de crise gravíssima. Outros seriam os comportamentos dos parlamentares, enquanto os empresários teriam mantido um resquício de esperança.
As causas da crise têm origens diversas e Dilma não é, certamente, a responsável número 1. Muito antes do que ela e seus erros, surgem as consequências do neoliberalismo globalizado, a debacle do PT, a corrupção desenfreada dentro da maior empresa brasileira no quadro de um mal crônico, emblema da predação como característica inata. E a empáfia tucana, e a costumeira, irreversível prepotência da casa-grande, amparada pela desonestidade orgânica da mídia nativa. Mas Dilma, sinto muito, tem suas culpas em cartório. Nada a compartilhar, está claro, com a culpa alegada por Ives Gandra Martins na sua peça de delírio onírico confeccionada a mando tucano para demonstrar a viabilidade do impeachment. A todos aconselha-se a simples leitura da Constituição.



Analisando os movimentos da oposição na fala de Joaquim Barbosa

POR J.BERLANGE 

No último depoimento do doleiro Alberto Youssef, no I.P. da Lava a Jato, ficou registrado que o esquema de corrupção com as empreiteiras teria começado no governo de FHC-PSDB. 

A mídia parece ter feito um acerto para esconder essa informação da audiência brasileira.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, na entrevista que concedeu, em seguida, ao jornal O Globo sinalizou que a Lava a Jato atinge a todos os partidos competitivos, sem exceção.

Nota publicada na coluna do jornalista Ilimar Franco, em O Globo, veio com o título que denota medo: "Apreensão.  Os tucanos não sabem o que vem pela frente, na carona da Operação Lava-Jato. Diante de recente entrevista do ministro José Eduardo Cardozo, eles não sabem se o ministro tem bala na agulha ou está só blefando. As insinuações de possível envolvimento de tucanos no caso Petrobras os deixa inquietos."

Advogados de réus da "Operação Lava a Jato" pediram audiência para denunciar, em esfera de proteção de direitos humanos lesados na fase do Inquérito Policial, o que eles interpretariam como tortura ou maus tratos executados com o fim de obter confissão ou delação premiada.

Em nota divulgada neste sábado, José Eduardo Cardozo declarou que recebe advogados sempre na agenda oficial e que todos têm o direito de relatar eventuais violações de direitos: "Advogados têm o direito de serem recebidos por autoridades públicas". Correlativamente a esse direito, "o ministro da Justiça e os servidores do Ministério têm o dever legal de recebê-los".

Em seguida, Joaquim Barbosa entra em cena, atuando no interesse dos medrosos protegidos pela mídia oposicionista: 

É mais um esforço de manipulação. Primeiro, porque só se exige direitos mediante a provocação da ação do Poder Judiciário.  O Ministério da Justiça, como está claro, é um órgão subordinado à Presidência da República.

Joaquim Barbosa foi chamado a fazer esse pronunciamento com base numa suposta ¹ingenuidade do povo e eventual ²medo de José Cardoso. Sua postagem tem, claramente, um sentido de propaganda e de ameaça; toma carona no rastro da campanha midiática que, desde 2013, vem prolongando - através de recorrentes 'novas fases' - a marketagem que tem por fim colar no PT e na esquerda a imagem de corruptos. É para isso se identifica como "honesto" e se inclui no rol dos moralistas autoritários.

José Cardoso, na posição de Ministro da Justiça, não parece ter praticado nenhuma imoralidade ou ilegalidade.  Pelo contrário, terá apenas cumprido seu dever de autoridade do Poder Executivo.  E é aqui que entra mais uma ponta tática da manipulação: a maioria do povo pensa que o Ministério da Justiça tem alguma conexão hierárquica ou funcional com o Poder Judiciário e com o Ministério Público.  Assim, a postagem usa a personagem justiceira Joaquim Barbosa para 'dar discurso' de justificação: será usado para contestar eventual inclusão de políticos do PSDB na lista de corruptos da Lava a Jato: o juiz, o Tribunal ou o Ministério Público Federal, 'estariam sendo submissos às imposições do Ministro da Justiça', ou seja, ao 'chefe da Justiça'.

Estamos, culturalmente, muito distantes da última ditadura.  Não existe a menor possibilidade de um ministério ligado à Presidência da República exercer esse tipo de influência na autonomia, na liberdade e na independência dos membros de outros poderes no ambiente republicando do Estado Democrático de Direito.

O personagem Joaquim Barbosa, espertamente – do mesmo modo que escondeu as provas naquele IP 2474 –, não exibiu os motivos que justificariam a demissão imediata do ministro da Justiça.  José Eduardo Cardoso citou os dispositivos de lei que alega lhe darem autorização para receber qualquer advogado que seja portador de denúncia sobre o trabalho da Polícia Federal, esta sim, subordinada administrativamente ao Ministério da Justiça.  Judicialmente, está subordinada ao presidente do Processo Penal.

Consulta no Google será útil para julgar facilmente quem está com a razão:  digitar "Lei Nº 10.683, Art. 27, Inciso XIV" e conhecer os assuntos que constituem áreas de competência do Ministério da Justiça.  Digitar "OAB Lei Nº 8.906, Art. 7º" e conferir especialmente os incisos I, VI (e alíneas), VII, VIII e XI.

Aprenda a diferença entre romantismo e amor genuíno

Não tem jeito, somos ensinados que amor de verdade é estar junto faça chuva ou faça sol, sacrificar, não querer mais ninguém, esquecer do mundo, descobrir "a" pessoa que vai nos fazer feliz até o fim dos dias após nossas almas se encontrarem num lindo pôr do sol ao som de uma trilha melosa.

O amor romântico não é necessariamente ruim. É importante, entretanto, entendermos que se trata de uma construção, reforçada pelas histórias que contamos a nós mesmos e aos outros em rodas de papo, almoços de família, filmes, livros, músicas...

O final das histórias românticas reais tende a ser interpretado como infeliz justamente por nossa fixação em aspirar por finais felizes da Disney.

Melhor do que eu, Jetsunma Tenzin Palmo nos explica a diferença entre o amor romântico e o amor genuíno, em vídeo que gravamos pelo lugar:


O apego excessivo, tão apreciado pelo amor romântico, diz:

"Eu te amo, por isso eu quero que você me faça feliz."

Já o amor genuíno diz:

"Eu te amo, por isso quero que você seja feliz."

O ponto de impasse surge quando aquilo que era livre, poderoso, generoso e amplo se torna apegado, medroso, estreito, controlador, obsessivo. Não raro as ações e comportamentos desse último pacote são justificadas como "amar demais".

No limite, isso se expressa em casos como esse, no qual um homem matou a ex-namorada e se suicidou, deixando um bilhete com o seguinte trecho:

"Então deixo bem claro MORRI E MATEI AMANDO AINDA (sic)"

O quão distante, em sua motivação, tal ato é de escolhas triviais que fazemos em nome do apego e controle? Quais perversidades do cotidiano cometemos ainda "amando"? 

Creio que mais do que gostaríamos de admitir.

Cheque se suas relações têm maior base de amor romântico ou genuíno

Essa é a prática do dia.

Contemple suas relações (antigas e atuais, com esposas (os), namoradas(os), amigos e família…) e se pergunte:

"Eu quero que essa pessoa seja realmente feliz, não importa com quem ou como?

ou

"Eu quero que ela seja feliz e tal, mas no fundo prefiro mesmo é que ela seja feliz comigo e de um certo jeito?"

Seja honesto. Procure refletir sobre as ações que um e outro tomaram e o que elas representam. É muito fácil falar algo da boca pra fora e agir de modo contrário, na prática.

Se estiver hoje em uma relação amorosa, pode até abrir um vinho e criar uma ocasião romântica para debater como o amor romântico pode estar aprisionando, ou não, o relacionamento de vocês. Pode confiar, se feito de peito aberto e enxergando o outro além da identidade usual de namorada(o)/esposa(o), é uma conversa libertadora, que pode fortalecer a conexão de vocês por caminhos inesperados.

Após pensar e conversar sobre, procure cultivar posturas e ações concretas de amor genuíno com as pessoas que gosta. É um exercício infinitamente mais difícil do que parece, com o qual venho me debatendo há anos.

Vou gostar de ler alguns relatos nos comentários.

Grande abraço e boa sorte!

* * *

Nota: esse texto faz parte da coleção "23 dias para um homem melhor". Você pode ler o primeiro texto que explica o contexto e a proposta aqui e pode ver a lista com todos os artigos já publicados aqui.

Nota 2: Pretendemos fazer um encontro na sede do PapodeHomem, na Rua Monte Alegre, 1370 – São Paulo, no dia 27 de fevereiro, às 19hrs, para discutir essas práticas e ouvir de quem aceitou os desafios quais os impactos gerados. E aí, topam? 

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