Rodrigo Viana - Decisão será por margem estreita, e governo só terá votos pra barrar golpe com estados nordestinos no fim da sessão

Alerta: haverá uma primeira impressão de vitória avassaladora do impeachment. Quando os deputados de São Paulo (décima quinta unidade da federação, na ordem prevista por Cunha) votarem, a oposição provavelmente estará ganhando por 75% a 25%.  Só então é que entrarão em cena estados nordestinos onde se projeta que o governo levará vantagem: Maranhão, Ceará e Bahia. Nesse momento final é que devem surgir os votos definitivos contra o golpe.
por Rodrigo Vianna
As última 48 horas foram de intensas mudanças e articulações no cenário político. Até o meio da tarde de sexta-feira (dia 15), a contabilidade dos votos mostrava que o pêndulo se inclinava decididamente em favor do golpe de Temer/Cunha.
Mas àquela altura, os governadores do Nordeste já trabalhavam freneticamente nos bastidores, para virar votos em favor da democracia. E isso deu resultados.
Na noite de sexta, surgiu o fato que pode ter sido o grande trunfo contra o golpe: o vice-presidente da Câmara, Valdir Maranhão (PP-MA), declarou que depois de ouvir o governador Flavio Dino (PCdoB-MA) havia decidido se posicionar contra o impeachment, contrariando a direção de seu partido.
O anúncio de Maranhão foi seguido pela formação de maiorias firmes nas bancadas do Ceará e da Bahia – contra o impeachment. E pelo anúncio de que ao menos 12 deputados do PP votariam contra o golpe, especialmente no Nordeste.

Governadores chegam a Brasília, se unem a Lula e criam "onda a favor" do governo

De sexta para sábado, deputados do PP e do PSB começaram a mudar de voto, muito em razão do desembarque de governadores aliados na capital federal

Por Wilson Lima, para Revista Brasileiros

A entrada de governadores da região Nordeste e a intensificação das negociações comandadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criaram uma espécie de "onda a favor" do governo federal. Desde quando nomes como o dos governadores Flávio Dino (PCdoB-MA), Rui Costa (PT-BA), Wellington Dias (PT-PI) e Ricardo Coutinho (PSB-PB) chegaram a Brasília para tentar convencer deputados a votar contra o impeachment, alguns votos já foram revertidos.

Dentro do PP, o governo alega que conseguiu obter pelo menos 12 votos a partir da influência do deputado Flávio Dino em parceria com o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), um dos aliados remanescentes do governo federal. Os deputados do PP, entretanto, alegam que Fonte e Dino não vão conseguir entregar os 12 votos. Um deles é certo: o do vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (MA), que declarou voto contra o impeachment um dia após ter se manifestado a favor da saída da presidenta da República.

No caso específico do maranhense, a negociação envolveu a promessa de apoio por parte do governo do Maranhão para que ele lance uma candidatura ao Senado em 2018. O deputado também recebeu a indicação de que poderia assumir o Ministério da Integração Nacional, conforme interlocutores do deputado. 

Outro cenário que começa a ser revertido pelo governo, segundo aliados do Planalto, é a adesão do PSB ao impeachment. Lula tem convencido aliados do PSB a não apoiar o afastamento de Dilma e pelo menos dois votos da bancada socialista já foram revertidos: Júlio Delgado (MG) e José Reinaldo (MA).

Os governadores também estão pedindo a parlamentares de seus Estados que se ausentem da votação de domingo (18). A estratégia é clara: criar dificuldades para a oposição obter 342 votos a favor do impeachment. Até o momento, dizem interlocutores do governo, a tática tem dado certo. De todas as sessões de debate já realizadas pela Câmara no processo de impeachment, a com o maior quórum foi a da noite de ontem (15), que contou com a presença de 490 parlamentares. Na manhã deste sábado (16), a sessão registrou a presença de 286 deputados.

Em defesa de Dilma, por Paulo Nogueira


Há um clichê sobre Dilma que deve ser rebatido.

Muita gente diz ser contra o impeachment, embora Dilma seja ruim, péssima, incompetente etc.

Falta reflexão a este tipo de consideração.

Dilma sequer teve a chance de ser uma má governanta. Nem saíra o resultado da eleição e ela começou a ser sabotada brutalmente.

Uma aliança imediata entre Aécio e Cunha no Congresso inviabilizou qualquer iniciativa de Dilma.

A mídia se dedicou a desestabilizá-la desde antes da vitória nas urnas. Na véspera da eleição, a Veja deu uma capa que afirmava que um delator dissera Dilma e Lula sabiam de tudo no escândalo da Petrobras.

Era mentira, era crime jornalístico, ficaria demonstrado quando se soube do teor da delação invocada pela Veja.

Mas a revista saiu impune deste que pode ser classificado como o marco zero no processo de desestabilização do governo pela imprensa.

A Globo com suas múltiplas mídias logo passou também a fazer uma guerra aberta contra Dilma.

O Jornal Nacional se transformou numa Veja eletrônica. Protestos contra o governo e pelo impeachment começaram a ser promovidos descaradamente pela Globo. O objetivo era dar a impressão – falsa, como se vê hoje – de que o país estava unido contra o governo.

A cobertura das operações da Lava Jato foi um capítulo à parte na tentativa da Globo e o restante da mídia em derrubar Dilma.

A crise econômica mundial foi ignorada. Os problemas nacionais foram tratados como se fossem uma coisa apenas do Brasil. Éramos, segundo a imprensa, patinhos feios em meio a cisnes maravilhosos em todo o mundo.

A pergunta que faço, diante de tudo isso, é: como governar?

Não dá. Simplesmente não dá. Já é difícil administrar um país quando você não é boicotado todos os dias e todas as horas. Quando é, fica impossível.

Qualquer pessoa que tenha ocupado uma posição executiva numa empresa sabe do que estou falando. Você não consegue fazer nada, numa companhia, se a seu redor conspiram incessantemente contra você.

Acabou acontecendo uma coisa patética. Os golpistas paralisaram o país, e não se pejaram em colocar a culpa da paralisação em Dilma. Foi o triunfo do cinismo. Eu imobilizo você. E depois o acuso de não se mexer.

Steve Jobs não conseguiria administrar o Brasil nas circunstâncias enfrentadas por Dilma no segundo mandato.

Se fôssemos um time de futebol, Guardiola fracassaria se submetido a uma situação como a de Dilma.

Repito: ela sequer teve a chance de ser ruim no segundo mandato.

Isso tudo quer dizer o seguinte.

Não é apenas injustiça acusar Dilma de inépcia. É ignorância.

Xeque mate


O golpe foi derrotado. 

A democracia venceu.

E por que venceu?

Porque a democracia e a liberdade são almas gêmeas, e o Povo ama a duas e não abre mão de nenhuma delas.

Quanto ao placar?

Vai depender basicamente do número de deputados que não comparecerem a votação. Quanto maior esse número, menor será a diferença entre os golpistas e os democratas. O que afirmo com convicção é que não será surpresa para mim os governistas virarem o placar.

Ah, agora me lembrei de um comentário que fiz ao post 

Michel Temer: jogando xadrez com a esfinge, de Sérgio Saraiva 


Arquivei, porque sabia que um dia iria publicar. Esse é o dia. Lê:

[Se o povo quisesse qualquer um desses quadros pintado aqui...não teria reeleito Dilma Roussef.
Portanto, é bom ao analistas políticos que se lembrem da gente (o zé povinho) quando estiverem fazendo conjecturas surrealistas. 
A realidade é que Se Dilma Rousseff (não morrer antes de 2019) ela passa a faixa presidencial a seu sucessor, escolhido por ela/Lula e apoiado pelo PT]

Foi escrito no dia 02 de Agosto de 2015

Brizola Vive - a Rádio da Legalidade está no Ar

:

  Um grupo de estudantes e voluntários de São Paulo decidiu recriar a RÁDIO DA LEGALIDADE – iniciativa tomada por Brizola em 1961 quando, após a renúncia de Jânio Quadros, os militares tentam impedir a posse de João Goulart.


As transmissões são feitas via web e todo o material é disponibilizado para que rádios comunitárias por todo o país possam retransmitir os ideais legalistas em defesa da democracia em nosso país.



No próximo dia 17, com uma rede de colaboradores por todo o país, eles pretendem fazer um cobertura ao vivo do golpe e mostrando o panorama em tempo real de todas as regiões do país.



Para obter o material disponível acesse o site: www.radiodalegalidade.blogspot.com



A Rádio da Legalidade também está disponível para ser ouvida em smartphones pelos seguintes endereços:






Aos parlamentares que decidirão o futuro do Brasil

É a eles que tu vai entregar o país dos teus filhos e netos?

Michel Temer: jogando xadrez com a esfinge, por Sérgio Saraiva

Um jogo de xadrez com uma peça a mais, a esfinge. É nisso que se tornou a precoce sucessão do Governo Dilma.
Nesse jogo de xadrez de múltiplos competidores participando ao mesmo tempo – todos contra todos, as pedras são movidas aleatoriamente segundo o interesse de cada competidor. Michel Temer é o favorito a vencê-lo, mas a passagem para seu nome é guardada pela Esfinge. E essa esfinge tem um nome: fim da reeleição. Decifrar seu enigma ou ser devorado por ela é o dilema de cada um dos jogadores.
A “solução Temer” para o caso Dilma vem sendo aventada tal como foi a “solução Itamar Franco” para o caso Collor. Uma saída consensual que acomodaria todas as questões envolvidas na atual crise e daria o tempo necessário para que as forças políticas se reorganizassem. O impeachment de Dilma seria, portanto, a decisão mais racional.
Ledo engano.
Além de ser um golpe de difícil execução, que demandaria só para se viabilizar institucionalmente da conivência de dois terços da Câmara e do Senado além de, pelo menos, seis ministros do STF, Dilma não é Collor e Temer não é Itamar.
Dilma tem atrás de si o PT e uma forte base popular de apoio, ainda que momentaneamente silenciosa. Mas, principalmente, Temer não está na posição de Itamar, ou seja, de aceitar um mandato tampão sem ambições maiores ao término desse mandato.
A ascensão de Temer à presidência antes da definição de que fim dar ao monstrengo criado por Eduardo Cunha, a PEC do fim da reeleição, cria um candidato poderoso a sua própria reeleição. Temer chegaria ao poder com a aura do “salvador da Pátria”. O mediador íntegro e experiente, nada do que acusá-lo, no comando da máquina administrativa por mais três anos, presidente do partido mais poderoso, no momento, podendo, inclusive, manter um PT forte no governo com as coligações necessárias no Congresso. Como derrotá-lo em 2018?
Temer adiaria os planos de Alckmin para 2022. E Alckmin é o delfim da plutocracia brasileira que forma com a mídia mainstream e com setores da magistratura a verdadeira e poderosa oposição.
À possibilidade de um Michel Temer forte em 2018, muito mais interessante uma Dilma sangrando pelo restante do seu 2º mandato.
Essa é a esfinge que questiona quem está por trás das movimentações pró-impeachment. Elas são necessárias para manter o governo federal acuado. Elas não podem sair do controle. Eduardo Cunha deve ameaçar constantemente com a abertura do impeachment. Eduardo Cunha não pode iniciar o processo. Mas quem bota povo na rua e Eduardo Cunha no poder sabe que maneja uma faca sem cabo – só lâmina. Tirar Cunha do poder, talvez seja perder poder. Constrangê-lo é a melhor opção, se ele não desvairar de vez e se o PGR aceitar participar do aperto a Cunha sem lhe dar consequências finais. A esfinge tem muitas faces. Inclusive a do juiz Sergio Moro e seu véu de interesses, vaidade e ambições.
Michel Temer só interessa se não puder se reeleger. Mas o futuro da PEC do fim da reeleição está nas mãos de Renan Calheiros. Trair Temer amputando-lhe um possível segundo mandato e viabilizar o golpe do impeachment de Dilma e a eleição de Alckmin, esse é o poder e o dilema que estão postos nas mãos de Renan Calheiros, é sua esfinge. O seu possível indiciamento por Janot deveria ser olhado com cuidado por quem se interessa pelo jogo político.
Aécio joga por fora.
Seu tempo é curto. Em 2016, se perder as eleições em Minas, corre o risco se tornar insignificante fora do cenário político de Claudio-MG. Seu maior adversário, hoje, é Alckmin que já se viabilizou como o candidato do campo conservador.
Sua única esperança está depositada no STE. Na ação de abuso do poder econômico contra a chapa Dilma-Temer. Aécio espera que o STE casse Dilma e Temer e o emposse. Ou que o TSE determine a realização de novas eleições. Mas a decisão por novas eleições deveria ocorrer até o início do 2º semestre de 2016. Eduardo Cunha, se ainda for deputado, assumiria por 90 dias. Aécio teria feito Cunha presidente e concorreria à sua sucessão contra Lula. A partir de janeiro de 2017, no impedimento da chapa Dilma-Temer, o sucessor de Eduardo Cunha assumiria até o fim do mandato. Aécio também tem a sua esfinge.
O STE já mandou arquivar a ação duas vezes e reabriu o caso em função das pressões da Lava Jato.
A tese de Aécio é fragilíssima. As doações para Dilma-Temer feitas pelas empreiteiras envolvidas na Lava Jato seriam fruto de propina e as doações feitas pelas mesmas empreiteiras para Aécio seriam legais. Nada além de outro golpe cuja consecução em nada interessa às forças de apoio de Alckmin. É útil mantê-lo, no entanto, como mais uma das formas de tirar o sono do governo federal.
Por fim, a esfinge pode assumir o rosto de Lula. Não o Lula candidato, mas o Lula articulador político.
Creio ser difícil a volta do crescimento econômico no governo Dilma. Mesmo que o ambiente político melhore, a conjuntura econômica internacional não deve se resolver a tempo. O segundo governo Dilma vai, a cada dia, ficando mais parecido com o segundo governo FHC. Com o PT inviabilizado, uma derrota em 2018 é um risco que Lula não tem nenhum motivo para correr. A candidatura à sucessão de Dilma por uma chapa invertida em relação a atual – PMBD e PT, com Temer presidente e, por exemplo, Jaques Wagner vice pode ser sim a “solução Temer” de Lula.
Aliás, a declaração de FHC de que Dilma é uma pessoa honrada com certeza nada tem de senilidade. Uma pessoa honrada não deveria estar sujeita a um impeachment. Ela faz parte do jogo de morde-e-sopra de quem está tentando interpretar a esfinge antes de mover a próxima peça.

PS: para entregas em domicílio, consulte a oficina de concertos gerais e poesia.