A Marta é velha, por Carlos Souza

Semana passada, em pequeno artigo aqui publicado, premonitoriamente afirmei que Marta Suplicy quando chamada a votar não decepcionaria ao Cunha, ao Bolsonaro, ao Temer e aos golpistas em geral e certamente se posicionaria a favor do golpe.

Essa semana o GGN perguntou aos 81 senadores como votariam a questão do impeachment e Marta, como previsto, não decepcionou aos seus aliados golpistas.

O título acima, obviamente, não se refere à idade cronólogica de Marta. A senadora tem, e aparenta, mais de 70 anos, mas ninguém é velho por causa disso. Chico Buarque, Gilberto Gil, Gal Costa e tantos outros, só para ficar no exemplo de pessoas muito conhecidas, também já viveram sete décadas ou mais, e nem por isso envelheceram.

Quando afirmo que Marta é velha, me refiro à tudo que ela hoje representa. Marta é velha por estar ao lado do que há de pior na velhaca política nacional.

Marta é velha por trair ao PT que sempre a prestigiou e sem o qual ela jamais se destacaria na política.

Marta é velha por trair seus eleitores (sinto muito Fernando Morais) que pensavam votar em alguém dígno e progressista.

Marta é velha por estar do mesmo lado de Bolsonaro que apoia a volta da ditadura e defende os torturadores.

Marta é velha por estar do mesmo lado desse e de tantos outros políticos que não respeitam as mulheres e nem querem permitir a elas avanços ou conquistas.

Marta é velha por estar do lado da bancada BBB (Boi, Bala e Bíblia) que é contra o aborto e a liberdade sexual, a favor do preconceito e contra os homosexuais.

Marta é velha por que trai de forma despudorada, seus próprios declarados ideais.

Marta é velha por por praticar o que há de mais velho na política, que é a infidelidade e a traição.

Marta é velha pela traição à Presidente Dilma. Foi ministra prestigiada desse governo que agora ela acusa de ter praticado crimes de responsabilidade.

Marta é velha por apoiar esse futuro governo que antes de assumir já demosntra que virá para acabar com as poucas conquistas obtidas em anos recentes.

Marta vai estar do lado daqueles que acabarão com o Bolsa Família, com o Mais Médicos, com o ProUni, com o FIES, com o Minha Casa Minha Vida e com os reajustes do salário mínimo.

Como escrevi semana passada, Marta que sempre posou de moderninha e a favor da emancipação feminina, vai votar a favor do golpe, para tirar o mandato da primeira mulher eleita presidente no Brasil. Não sei do que posará e que aparência terá daqui prá fente.

Aspectos estéticos, que são relativos e pessoais, não tem nada a ver com política. O excesso de botox pode deformar e tirar a naturalidade de um rosto, mas ainda assim não influi na honestidade e na honra de uma pessoa. Ninguém vira canalha ou fica velho pelo excesso de botox.

Mas Marta pratica a velha política, e por isso Marta é Velha.

Briguilinks


Dilma - eleitores estão sendo roubados

Roberto Stuckert Filho/PR: <p>27/04/2016. Presidenta Dilma Rousseff durante cerimônia de abertura da Conferência Nacional de Direitos Humanos e encerramento das Conferências Nacionais dos Direitos da Criança e do Adolescente, da Pessoa Idosa, de LGBT e da Pessoa com Deficiência</p>


"Vou lutar até o fim para garantir que a democracia seja respeitada. Este é um processo de eleição indireta, daqueles que não têm voto, para se colocar numa disputa e receber os votos do povo brasileiro, que é o único caminho correto para alguém chegar ao governo. Nós não vamos deixar que encurtem o caminho ao poder, através de uma eleição indireta, falsificada de impeachment. O que está em questão não é apenas 54 milhões de votos. É mesmo aqueles que compareceram às eleições, que são 110 milhões de brasileiros. Eles também serão roubados, porque mesmo quando você participa, você tem que respeitar seu adversário. E só tem um vencedor, que é o povo brasileiro. Não podemos desrespeitar eleições diretas no Brasil. Se aceitar isso, estaremos desrespeitando o povo brasileiro", Dilma Rousseff.

Vendas dos supermercados crescem 8,44% em Março

Os supermercados de todo o país faturaram em março 8,44% mais do que em fevereiro último com valores já deflacionados pelo IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-. Sobre março de 2015, houve alta de 4,16% e, no acumulado do primeiro trimestre de 2016, de 1,18%.

Os dados são da pesquisa Índice Nacional de Vendas Abras, calculado pelo Departamento de Economia e Pesquisa da ABRAS - Associação Brasileira de Supermercados-.

Negam o golpe como negaram a tortura, por Washington Luiz Araújo

“A história não se repete, ela só transforma em personagens de farsa aqueles que acreditam que não há nada de novo sob o sol. Os exemplos de ontem tanto podem ser um acúmulo quanto um obstáculo. Temos que decifrar urgentemente a esfinge do momento presente. Só assim, talvez, o leque volte a se abrir.” A declaração é de Julian Boal, filho do dramaturgo Augusto Boal e de Cecília Boal, feita à revista “Carta Capital” em novembro de 2014, por ocasião dos 50 anos do golpe militar. Quase dois anos depois dessa manifestação de Julian, muita coisa aconteceu no país – e para pior. O golpe está aí, arrombando nossas portas. O pai de Julian Boal foi uma das vítimas de um outro golpe que, sim, também negavam que era golpe, o civil-militar tristemente inaugurado em 1964 e só enterrado em cova rasa em 1985.

Augusto Boal foi preso e torturado em 1971, tendo se exilado posteriormente. Um dos motivos para a sua prisão foi este: enviar correspondência para o exterior denunciando o golpe e as práticas de tortura no Brasil. Falecido em 2009, Boal sempre recordava o surrealismo de sua prisão. Um dos interrogadores lhe disse que ele estava sendo torturado pelo fato de manchar a imagem do governo militar ao denunciar para o exterior que havia tortura no Brasil. Mesmo passando por uma sessão de choques elétricos, Boal não deixou de rir da situação.

Era verdade: Boal, sempre que podia, antes e na cadeia, informava os colegas escritores e dramaturgos estrangeiros sobre a situação no Brasil. Em razão disso, vários intelectuais, entre eles Arthur Miller, assinaram manifestos contra a ditadura brasileira e contra prisão do dramaturgo.


Era verdade: Boal, sempre que podia, antes e na cadeia, informava os colegas escritores e dramaturgos estrangeiros sobre a situação no Brasil. Em razão disso, vários intelectuais, entre eles Arthur Miller, assinaram manifestos contra a ditadura brasileira e contra prisão do dramaturgo.

Como disse Julian Boal, “a história não se repete, ela só transforma em personagens de farsa aqueles que acreditam que não há nada de novo sob o sol”. Recentemente, os golpistas desta nova intentona à democracia brasileira ficaram alvoroçados com a possibilidade da presidenta Dilma Rousseff ir à ONU denunciar o golpe em franca marcha. Enviaram até dois deputados federais golpistas para tentarematrapalhar o que consideravam uma ameaça. Dilma respeitou a liturgia da reunião da ONU e não falou explicitamente sobre o golpe naquele momento, mas à tarde, numa entrevista coletiva na Embaixada do Brasil nos Estados Unidos, deixou claro que, sim, estamos sendo vítimas de um golpe.

Incomoda muito aos golpistas serem chamados de… golpistas, bem como incomodava demais aos torturadores serem tachados de… torturadores.

Numa guerra, a primeira vítima é a verdade. Outra vítima da ditadura militar, esta fatal, foi a figurinista Zuzu Angel, que fez campanha internacional denunciando o assassinato, nas mãos de torturadores, do filho, Stuart Angel. Zuzu também foi assassinada, pelo simples motivo de expor ao mundo a ditadura que matou seu filho.

Neste momento, no Brasil, os golpistas sentem a porrada com a reação internacional ao golpe. Não contavam com essa, pois já tinham aqui entre seus aliados a grande mídia nacional, que tenta ludibriar a população brasileira com a falácia de que o impeachment não é golpe.

Vamos continuar denunciando e agindo contra o golpe. Vejam as palavras de Augusto Boal, em 2003, a respeito da importância da divulgação de atrocidades como essa: “A campanha contra a ditadura fez bem internamente. Os presos se sentiram apoiados; e a ditadura, com medo. Porque, se eles (os militares) fizessem o que fizeram, e todo mundo ficasse calado e não tivesse havido repercussão internacional, eles iriam continuar”.

Frase para vida inteira


O que fizeram conosco meu Deus?

É certo que sempre tivemos o famoso jeitinho brasileiro, a malandragem, no bom sentido, para resolver na lábia, o que em outro lugar qualquer daria demanda judicial ou homicídio.
O jeitinho que nos permite furar filas sem confusão e conseguir um favor por conta da simpatia, o jeitinho para driblar a pobreza fazendo gatos de água e energia elétrica, jeitinho que começa na infância, nas colas escolares, na “bizoiada” na prova dos colegas, na matéria escrita nas belas coxas da estudante, e que o professor não ousará pedir para conferir, em papeizinhos, gestos codificados, palavras senha, e que o brasileirinho desenvolverá com esmero, para usar a vida toda, seja para dobrar o gerente do banco, conseguir emprego ou conquistar a pessoa amada.
Até aqui, entre iniciativas lícitas e outras nem tanto, criamos um sistema legal paralelo, por acordo tácito, onde cada um de nós se tornou acusador, réu, promotor, defensor e juiz, ao mesmo tempo, nos adequando à realidade e às próprias necessidades.
Só que esse jeitinho foi explorado à exaustão, até se tornar o embate de malandros, cada um se julgando mais esperto que o outro, incentivado pela mídia mostrando bandidos como heróis, os senhorezinhos Malta, os bicheiros, os gangsteres, os que fazem jogo duplo, os falsários, banalizando o ilícito, fazendo-nos confundir, ver no criminoso uma manifestação do jeitinho brasileiro, e nos acanalhamos, desenvolvendo a tolerância ao crime como instituição legítima e organizada.
Deixamos de ser espertos para sermos expertos, conhecedores de tudo por intuição, adivinhação ou inpiração divina, inaugurando uma pátria de medíocres, com a opinião substituída pelo palpite.
É esse jeitinho canalha de ser que justifica afirmações, feitas na vida real e nas redes sociais, do tipo “Cunha é um mal necessário”, “a gente reclama, mas se estivesse lá estava roubando também”... O que dá legitimidade aos ladrões chapa branca, sejam nomeados, concursados ou eleitos, espelho de uma sociedade que se deixou corromper e por isso tolerante com a corrupção.
A política ganhou clima de futebol, onde não se conhece nada das regras, do histórico do clube, mas ama-se de paixão, e aí tornou-se lugar comum perguntarmos “mas você concorda que fulano é ladrão, está indiciado, beltrano construiu aeroportos com dinheiro público na terra da família, sicrano faliu o país mais de uma vez e os apóia?” para ouvir a resposta de torcedor, nenhum cérebro e muita emoção: “mas eu odeio o PT”.


Esta superficialidade, a irresponsabilidade, está em todos os cantos, mais disseminada que dengue e ladrões.
Até a religião, a da moda me diz que só está salvo quem aceitá-lO, com a vaidade divina substituindo o amor e a misericórdia divinas, o que se agrava quando a salvação deixa de vir por esforço pessoal, para ser uma bênção, uma dádiva, e aí este bando de pastores ladrões, de comandos e falanges orando antes do assalto, pedindo proteção, e depois, agradecendo pelo sucesso da empreitada, a chamada bancada evangélica em culto, para agradecer pela propina recebida.
Perdemos a vergonha, o pudor, e rendemos culto ao cinismo, levando-o tão a sério que sem consciência disso, achando tudo muito natural.
Quando aparece a oportunidade de curar o aleijão, os aleijados se insubordinam, já acostumados às deficiências que os fazem felizes.
Destoar disso é ver-se perseguido nas ruas, restaurantes, bibliotecas, redes sociais... Como cães leprosos.
Os senhorezinhos e seus capatazes convenceram-nos que na senzala é melhor, e o brasileiro acreditou.
A vontade é voltar para os contos, poemas e romances, longe dos sábios da hora.
Francisco Costa
Rio, 27/04/2016.
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