Caracas - Em entrevista à TV Telesur, da Venezuela, a presidente afastada Dilma Rousseff criticou o desmonte na Petrobras executado pelo governo de Michel Temer e diz que hoje o Brasil assista à "ampliação da desigualdade" com as medidas como o congelamento dos gastos públicos e flexibilização das leis trabalhistas. Sobre Temer, diz é categórica: "Ele não tem uma política própria. Ele apenas respalda a política do PSDB. O grupo político dele está sendo desmantelado com as investigações de corrupção". Dilma voltou a aponta as eleições diretas como única saída para a crise; "O Brasil só vai se recuperar desta crise se houver eleições diretas para presidente. Porque só a eleição direta pode repactuar o País", afirmou.
Michê e Ranieri, dois trapaceiros imorais
Por Eugênio Aragão
O que estes dois homens têm em comum? Michel Temer e Ranieri Mazzilli foram premiados pela mesma circunstância excepcional para chegarem ao poder: a situação de emergência política. A breve passagem de Ranieri na presidência interina a partir de 2 de abril de 1964, após o golpe desferido contra o Presidente constitucional João Goulart, rendeu-lhe o curioso apelido de "presidente-modess", aquele que fica no melhor lugar, nos piores dias, só para evitar o derramamento de sangue. O destino não foi clemente com Ranieri. Em menos de duas semanas, premido pela junta militar, deixaria o lugar para o General Humberto Castelo Branco, "eleito" pelo Congresso Nacional. Já para Michel Temer, o destino se fez ébrio: premiou sua traição e lhe entregou uma responsabilidade muito além do que seu minúsculo tamanho pode suportar. Permitiu-lhe corromper o exercício do poder republicano, vangloriando-se de que ser impopular, para ele, seria uma vantagem, porque poderia empurrar à sociedade medidas amplamente rejeitadas, sem se preocupar com a opinião pública. Além de traidor, golpista e indigente intelectual e tecnicamente, mostrou um caráter autoritário que lhe dispensa repassar o poder aos militares. Mas, assim como Ranieri, sentou-se, por um golpe e uma trapaça, numa cadeira que o voto popular não lhe franqueou.
Lava jato
As mentiras de Azevedo, por Janio de Freitas
À falta de resposta no Painel do Leitor, volto aos depoimentos contraditórios do ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo.
Seu advogado, Juliano Breda, disse em carta à Folha que "a mudança no seu [de Azevedo] depoimento perante o TSE ocorreu em razão da análise de uma prestação de contas dos partidos que se mostrou equivocada, e não em razão de um fato do qual ele teria conhecimento direto".
O despacho 84/2016 da Procuradoria Geral Eleitoral, de 16.12.2016, diz que no depoimento para a Justiça Eleitoral em 17.11.2016 Azevedo "apresentou versão com traços divergentes em relação às afirmações feitas no depoimento prestado em 19.9.2016", à Lava Jato.
Neste depoimento, Azevedo apresentou a história de um encontro seu com Edinho Silva e outro petista para acertar a doação de R$ 1 milhão à campanha de Dilma. Nas palavras da Procuradoria Geral Eleitoral (PGE), está claro que são duas declarações explícitas e contraditórias.
A segunda, quando em novembro Azevedo foi indagado pela PGE sobre a divergência, depois que a defesa de Dilma desmentiu-o e apresentou cópia do cheque de R$ 1 milhão nominal a Michel Temer. A Azevedo só restava desdizer-se.
Breda diz ainda que "os encontros com Edinho Silva realmente aconteceram, fato que o próprio ex-ministro já admitiu".
O plural não estava no artigo. E o encontro para Edinho Silva pedir (e receber) R$ 1 milhão foi inventado por Otávio Azevedo: Edinho e seu acompanhante o negaram e, mais importante, a negação está implícita no reconhecimento de Azevedo de que o dinheiro não foi dado para Dilma, mas a Temer.
O despacho 84 foi mais longe, ao questionar a possibilidade de "desatendimento aos termos daquele acordo" (de delação premiada, com a Lava Jato). Por isso, e por ser assunto criminal, não eleitoral, remeteu a ação contra Otávio Azevedo "à Procuradoria da República em Brasília, para a adoção das medidas que entender cabíveis", e à Procuradoria Geral da República.
Ainda há o caso da declaração de Otávio Azevedo, aos procuradores da Lava Jato, de doação a Aécio Neves de R$ 12,6 milhões, que depois reconheceu serem, na verdade, R$ 19 milhões. O primeiro valor dava cobertura ao declarado na (também falsa) prestação de contas da campanha de Aécio.
Gênio total, by Neno Cavalcante
Dois tipos de pessoas amam o financismo, os rentistas e o midiotarios,
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Você é dentista?
Fhc, um Corrupto Golpista e escorregadio
O ano de 2016 foi aquele em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso venceu, mas perdeu. Depois de ver seu partido ser derrotado em quatro eleições presidenciais consecutivas em razão do sucesso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu principal rival, FHC conseguiu concretizar seu maior projeto: a derrubada do PT, por meio de um golpe parlamentar do qual foi um dos principais articuladores.
O resultado está aí: o governo Michel Temer, chamado por FHC de "pinguela", é reprovado por 77% dos brasileiros e já não há mais quem diga, sem corar de vergonha, que a presidente Dilma Rousseff foi afastada por pedaladas fiscais. Todos sabem que 2016 foi o ano em que o Brasil causou perplexidade no mundo ao promover o golpe dos corruptos contra a presidente honesta, causando sua própria autodestruição econômica – desde que o golpe começou a ser articulado pela aliança PMDB-PSDB, a economia brasileira, que com Lula e Dilma conheceu o pleno emprego, já recuou mais de 10%.
Convidado a fazer um balanço do ano para a revista Veja, FHC produziu um texto melancólico, no qual confessa que os generais dos golpes do passado foram substituídos pelos juízes do presente. Eis um trecho do texto "Futuro escorregadio":
De toda maneira, fortalecemos as instituições democráticas. Há trinta anos, diante do desmantelamento socioeconômico e político em que nos encontramos, estaríamos balbuciando o nome de generais que "poriam ordem nas coisas"; hoje, não os conhecemos e, em compensação, sabemos de cor o nome de ministros do Supremo Tribunal Federal e o de alguns juízes mais ativos de outras cortes. Um tremendo passo adiante.
FHC é, sem dúvida, um dos principais responsáveis pela tragédia atual do Brasil – um país que, de admirado, se transformou num fracasso produzido por suas próprias elites. O ex-presidente tucano, no entanto, termina o ano como um grande derrotado. Neste 2016, o fato mais marcante para ele foi o protesto de 499 intelectuais que o impediram de participar de um debate acadêmico em Nova York, em razão do seu apoio ao golpe (leia mais aqui).
Propaganda analógica, por Fernando Rodrigues
Com Michel Temer, revistas em alta
Nas contas de quem acompanha os gastos de propaganda estatal, as verbas destinadas a revistas impressas já aumentaram algo como 900% sob Michel Temer. Nas últimas décadas, essa plataforma vinha recebendo pouca ou nenhuma atenção da publicidade oficial federal."