Uma coisa é a torcida, outra muito diferente é a realidade. Quando fui repórter político no Rio de Janeiro, início da década de 60, logo aprendi que se deve guardar uma boa distância da opinião pessoal do fato político em toda a sua amplitude e complexidade. Nessa crise que envolve o Senado, a cobertura da mídia esteve, não raro, envolvida com o desejo pessoal deste ou daquele comentarista. Qualquer análise concluiria que o afastamento do senador José Sarney entregaria o cargo à oposição e sujeitaria Lula e o país a uma crise político-institucional imprevisível.
A bancada do PT foi envolvida pelo clima de moralismo que domina uma boa parcela dos senadores, todos eles sabedores de que se aproxima um encontro fatal com eleitores e urnas. Chegou a procurar Sarney para propor seu afastamento, por 30 dias, até que se concluísse uma investigação devassadora no Senado. Esqueceu-se de que o governo perderia o controle da Casa e ficaria sujeito a todo tipo de ação de envergadura da oposição. Em Trípoli, na Líbia, onde se achava, o presidente Lula condenou o PT, sustentando que a oposição queria ganhar o Senado no tapetão...
No encontro de quatro horas que teve com os ilustres senadores petistas, Lula lhes disse claramente que o afastamento de Sarney entregaria a Casa aos cuidados da Oposição e abriria as portas para uma crise institucional daquele tamanho. Instou o partido a que reexaminasse sua posição, ao mesmo tempo em que fazia com que o seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, e a ministra Dilma Rousseff, sua candidata a presidente da República, defendessem Sarney. Foi a virada com que a oposição não contava, esperando-se que a bancada do PT se reúna hoje para redefinir sua posição.
No encontro de quatro horas que teve com os ilustres senadores petistas, Lula lhes disse claramente que o afastamento de Sarney entregaria a Casa aos cuidados da Oposição e abriria as portas para uma crise institucional daquele tamanho. Instou o partido a que reexaminasse sua posição, ao mesmo tempo em que fazia com que o seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, e a ministra Dilma Rousseff, sua candidata a presidente da República, defendessem Sarney. Foi a virada com que a oposição não contava, esperando-se que a bancada do PT se reúna hoje para redefinir sua posição.
Lula manifestou-se a favor de uma investigação em regra para apurar irregularidades praticadas no Senado e punir os seus responsáveis.
A bancada do PT vai reformular a sua posição, mas espera obter um compromisso público do senador José Sarney com a averiguação de supostos malfeitos praticados. É uma posição delicada, depois que o PT decidiu investir contra a posição de Sarney.
Pragmático, o presidente Lula deixou claro que considera indispensável o apoio do PMDB ao governo e sua presença na grande coligação a ser construída em torno de Dilma Rousseff.
A política, ensinou Maquiavel, é a arte que conjuga e administra os conflitos de interesses. Não se faz e nem se analisa a atividade política só com a torcida pessoal. É necessário, antes de mais nada, um certo desligamento dos fatos e personagens para fazer uma avaliação desapaixonada da disputa política e de seus possíveis desfechos. Não raro, estes surpreendem os mais atilados observadores. Não há dúvida de que a situação no Senado chegou a tal grau de liberalidade que reclama um urgente e necessário saneamento, além de uma adequada reestruturação administrativa.
A oposição imagina que o povo acredita nos escândalos que ela patrocina em beneficio proprio. O povo sabe que foram eles que desgovernaram o Brasil desde 1500.
ResponderExcluirDá-lhe Lula, dá-lhe Dilma.