Servidores de gabinetes do DEM e do PP usaram e-mail funcional para distribuir mensagens difamatórias contra Dilma
Além disso, aliados de Serra distribuíram ofícios com timbre da Casa contendo orientação a parlamentares sobre temas para discursos
VALDO CRUZ e ANDREZA MATAIS
A oposição usou a estrutura da Câmara para orientar deputados a defender as ideias do tucano José Serra nos debates da campanha. Além disso, servidores de dois gabinetes, do DEM e do PP, repassaram por e-mail funcional mensagens com ataques à pré-candidata petista Dilma Rousseff.
A oposição usou a estrutura da Câmara para orientar deputados a defender as ideias do tucano José Serra nos debates da campanha. Além disso, servidores de dois gabinetes, do DEM e do PP, repassaram por e-mail funcional mensagens com ataques à pré-candidata petista Dilma Rousseff.
Documentos obtidos pela Folha mostram que ofícios com timbre da Câmara, assinados pelo líder do DEM, Paulo Bornhausen (SC), distribuíram “paper” para a campanha do tucano, com a orientação de que parlamentares da oposição deveriam utilizá-lo em discursos e entrevistas.
A reportagem também teve acesso a cópias de e-mails que servidores dos gabinetes de ACM Neto (DEM-BA) e de João Pizzolatti (PP-SC) repassaram com mensagens dizendo “Dilma Rousseff e suas vítimas fatais”, acompanhadas de fotos de militares que teriam sido “assassinados pelo grupo terrorista” da petista.
Os ofícios distribuídos por funcionários do DEM foram parar, por engano, em gabinetes de deputados petistas, que também receberam os e-mails repassados com os ataques.
O líder do governo na Casa, Cândido Vaccarezza (PT-SP), pediu abertura de sindicância ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), para apurar a “divulgação de campanha difamatória contra a senhora Dilma Rousseff”, por meio de uso “indevido do serviço de correio eletrônico”.
Vaccarezza criticou também o uso ilegal da estrutura do gabinete da liderança do DEM para distribuição de material de campanha de Serra.
Procurados pela Folha, os deputados reconheceram os desvios e anunciaram providências como a exoneração dos servidores que repassaram os e-mails e a devolução do dinheiro gasto na distribuição do “paper” da campanha do tucano. Os servidores exonerados negaram intenção política.
“Além de devolver o dinheiro, eu aguardo um pedido de desculpas público do líder do DEM, que participa da campanha do tucano José Serra, pelo uso indevido da estrutura da Câmara”, cobrou Vaccarezza.
As mensagens repassadas por servidores do PP e do DEM citam a participação da candidata na luta armada durante o regime militar. “Ela teve amnésia e não se lembra dos assaltos a banco, dos sequestros, delação de colegas e tudo o mais. Só lembra que foi torturada”, diz um dos e-mails, sobre fatos sempre negados por Dilma.
A mensagem contra Dilma causou desconforto no PP porque o partido, apesar de apoiar o governo Lula, está dividido entre Serra e a petista.
A mensagem contra Dilma causou desconforto no PP porque o partido, apesar de apoiar o governo Lula, está dividido entre Serra e a petista.
“Paper”
No ofício encaminhado aos deputados da oposição, o líder Paulo Bornhausen diz que a “coordenação de campanha de José Serra à Presidência produz, todos os dias, “papers” sobre temas a serem abordados pelos parlamentares dos Democratas, PPS e PSDB” em discursos, entrevistas e artigos.
“Esta é uma maneira efetiva de participarmos da dura campanha que se prenuncia”, diz o documento, que acabou sendo entregue por engano também nos gabinetes dos deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP) e Luiz Sérgio (PT-RJ).
“Esta é uma maneira efetiva de participarmos da dura campanha que se prenuncia”, diz o documento, que acabou sendo entregue por engano também nos gabinetes dos deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP) e Luiz Sérgio (PT-RJ).
Anexado ao papel timbrado da Câmara, o “paper” produzido pela campanha de Serra e enviado de São Paulo ao líder do DEM orienta os aliados do tucano também a não usar a expressão “continuidade”, mas “avanço”.
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