Em carta, presidente dos EUA disse que troca de urânio criaria confiança
Apesar das duras críticas das autoridades americanas ao acordo nuclear com o Irã mediado por Brasil e Turquia, o presidente dos EUA, Barack Obama, tinha estimulado o presidente Lula a procurar um entendimento com o país, numa carta enviada 15 dias antes. Em trechos divulgados ontem pela agência Reuters, Obama diz que o acordo criaria um clima de confiança:
“Do nosso ponto de vista, uma decisão do Irã de enviar 1.200 quilos de urânio de baixo enriquecimento para fora do país diminuiria as tensões regionais por meio da redução do estoque iraniano”, afirmou Obama.
Foi exatamente este o acordo fechado em Teerã, mas o presidente americano já alertava Lula de que os EUA insistiriam na aprovação de sanções, medida que tomou no dia seguinte e que provocou irritação no governo brasileiro.
O Planalto confirmou a carta de Obama a Lula, mas evitou comentar o conteúdo.
Os EUA sabotam a paz
ResponderExcluirO acordo com o Irã é uma vitória histórica da diplomacia brasileira, quaisquer que sejam seus desdobramentos. A mídia oposicionista sempre repetirá os jargões colonizados de sua antiga revolta contra o destaque internacional de Lula.
O governo de Barack Obama atua nos bastidores para destruir essa conquista. É uma questão de prestígio pessoal para Obama e Hillary Clinton, que foram desafiados pela teimosia de Lula. Mas trata-se também de uma necessidade estratégica: num planeta multipolarizado e estável, com vários focos de influência, Washington perde poder. E a arrogante independência do brasileiro não pode se transformar num exemplo para que outros líderes regionais dispensem a tutela da Casa Branca.
Em outras palavras, a paz não interessa aos EUA. E, convenhamos, ninguém leva a sério os discursos pacifistas do maior agressor militar do planeta. Será fácil para os EUA bloquear a iniciativa brasileira, utilizando a submissão das potências aliadas na ONU ou atiçando os muitos radicais de variadas bandeiras, ávidos por um punhado de dólares. Mas alguma coisa rachou na hegemonia estadunidense, que já não era lá essas coisas.