Onde vocês se enfiam, onde vocês se metem quando o torturado e morto é um pobre?
Quando o pobre coitado não lutou contra a ditadura?
Que democracia é esta?
"Eles ficaram batendo nele meia hora e depois o enforcaram na minha frente".
"Podiam ter prendido por desacato, mas não precisavam matar. Ele comprou a moto com tanto sacrifício e ia emplacar na terça-feira".
"Eu tentava segurar a mão do policial e pedia pelo amor de Deus para que parasse".
"Diziam que meu filho era vagabundo, e que eles podiam fazer o que quisessem porque eram policiais".
"Eu ainda tinha esperança de que tinham dado alguma injeção, mas depois vi o pescoço mole, a baba escorrendo, a poça de sangue crescendo".
São trechos do relato de Maria Aparecida Menezes. Ela viu o filho Alexandre dos Santos, de 25 anos, ser espancado até a morte por policiais na porta de sua casa, em Cidade Ademar, região pobre no extremo sul paulistano. Hoje, o filho deveria estar emplacando a moto que havia comprado "com tanto sacrifício". Mas ele foi enterrado anteontem, no Dia das Mães.
Alexandre trabalhava como entregador de pizza. Era casado e tinha um filho de 3 anos. A polícia diz que ele trafegava na contramão e não parou ao ser abordado, na madrugada de sábado. Diz também que no hospital foi encontrada uma arma na sua cintura. Soa como uma impostura grosseira para atenuar as circunstâncias boçais do crime.
Discordo do Presidente Lula quando ele diz que não importa o candidato que ganhe que não haverá retrocesso. Se o Serra ganhar, haverá muito retrocesso, sim. Essa barbárie que ocorreu é só uma amostra.
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