A oposição na avenida do desencanto
Perguntam os tucanos: fazer o quê com Índio da Costa? Substituí-lo, só por vontade própria e, além do mais, por quem? Álvaro Dias responderia com um palavrão, rejeitando uma segunda humilhação. Aécio Neves fugiria para Ipanema. Os Democratas até que se curvariam a essa necessidade tão absoluta quanto inviável, conscientes que estão da bobagem feita. O fato é que 48 horas depois da sagração do candidato a vice na chapa de José Serra, não há quem não se arrependa.
Só o indigitado Índio da Costa ainda não acordou do sonho, mas breve perguntará qual o seu papel no processo sucessório, além de haver contribuído para que José Serra venha a dispor de mais três minutos de tempo de rádio e televisão, na propaganda eleitoral gratuita. Votos, não traz para a chapa oposicionista. Prestígio, muito menos, claro que fora da tribo dos Maias, não o Agripino, mas o César e o Rodrigo. Experiência, zero. Credibilidade, nenhuma.
Apesar das cortinas-de-fumaça sustentando a unidade do bloco de oposição, a verdade é que o PSDB entrou na avenida do desencanto, onde não há limite de velocidade. Como ganhar a eleição com um peso morto a tiracolo, guardado o respeito devido ao jovem deputado?
Fica difícil imaginar o candidato inscrevendo-se na galeria onde pontificam José Alencar, Marco Maciel, Itamar Franco, José Sarney, Aureliano Chaves, Pedro Aleixo, José Maria Alckmin e outros. É cedo para prognósticos, mas a escolha de Índio da Costa parece indicar que o futuro inquilino do palácio do Jaburu chama-se Michel Temer...
por Carlos Chagas
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