O presidente Lula pode até ter cumprido compromisso dito obrigatório com as Nações Unidas, de aceitar sem discutir as decisões do Conselho de Segurança e apoiar sanções econômicas ao Irã. Mas deixou frustrados quantos acreditaram nos seus esforços para levar a paz ao Oriente Médio. Afinal, se o voto do Brasil foi contrário àquelas sanções, mesmo oposto à maioria dos integrantes do Conselho de Segurança, por que esse sinal de fraqueza na hora da decisão final?
Estariam em jogo outros interesses, junto à comunidade internacional? Sofremos pressões dos países ricos? Ameaças de retaliação? O Itamaraty que explique, mas fica meio ridículo ouvir do chanceler que o Lula “assinou contrariado” o respaldo às sanções econômicas. Se estava contrariado não deveria ter assinado. Não seria a primeira vez que um governo iria bater de frente com a opinião dos poderosos. Ainda mais porque as sanções atingirão de forma direta o povo iraniano, cerceando importações e exportações e prejudicando economicamente aquele país.
Faltou coragem depois de seguidas demonstrações de estarmos atrás de um acordo em condições de pacificar região. Ironicamente poderíamos ter seguido o exemplo de Israel, que inúmeras vezes dá de ombros e ignora decisões das Nações Unidas.
Seria bom não misturar as coisas. Merece repúdio universal a decisão do governo do Irã de apedrejar até a morte uma mulher acusada de cometer adultério. Mas daí a aceitar sanções econômicas contra o seu povo, a distância é imensa. Mesmo tendo o presidente brasileiro sido chamado de desinformado quando ofereceu asilo à indigitada mulher, em troca da preservação de sua vida.
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