O candidato José Serra vem enfrentando grande dificuldade de fazer campanha pelo país, pois fora de São Paulo o tucano é um estrangeiro e não entende os diferentes acentos e maneirismos do povo brasileiro. Serra só entende mesmo o “paulistês”, principalmente aquele falado pelos empresários, que soa como música a seus ouvidos.
Serra não entende o português falado em Goiás, Pernambuco e Minas Gerais, como conta a repórter Juliana Cipriani, doEstado de Minas, uma das vítimas do elitismo do candidato tucano. Cipriani se dirigiu por três vezes a José Serra lhe perguntando sobre uma declaração de Lula, na entrevista do presidente a Isto É, na qual disse que o tucano deu azar ao ser candidato contra ele, em 2002, e contra Dilma, agora.
É lógico que Serra não gostou da pergunta, mas para não respondê-la usou um recurso que vem se repetindo em vários estados. “Essa fala mineira de vocês eu não entendo. Eu tenho que prestar atenção”, disse Serra, deixando o local sem responder à repórter, como relata o blog da Bertha, da jornalista dos Diários Associados, Bertha Maakaroun.
Juliana Cipriani conta que Serra já tinha escapado de uma pergunta em Goiânia, quando um repórter local o indagou sobre propostas para o estado. “Temos três problemas: estou longe (da imprensa), não estou te ouvindo direito e não estou entendendo o seu sotaque”, disse Serra para evitar a resposta, que neste caso nem lhe seria embaraçosa.
Antes ainda, em Pernambuco, numa pergunta que lhe era favorável, já que é crítico do projeto, Serra não respondeu ao editor de um jornal regional que queria saber se ele considerava o trem-bala um “tiro de festim”. “Dá para repetir? Não entendi, foi muito sotaque daqui”, replicou Serra, numa expressão que revela todo o seu preconceito, principalmente pelos nordestinos, que para ele é aquela gente que invade São Paulo e para a qual ele até paga para que retornem a seu lugar de origem.
Tiro de festim não é nenhuma expressão nordestina e qualquer pessoa é capaz de entender. O que Serra revela mesmo é desprezo pelo povo brasileiro e suas diferentes falas, que fazem nossa riqueza cultural. Revela também ser avesso à imprensa, principalmente aquela que não lhe bajula e está disposta a praticar jornalismo de verdade.
Vamos ver se não vai entender William Bonner e Fátima Bernardes quando for entrevistado amanhã, no Jornal Nacional, onde se espera que seja inquirido com a mesma severidade destinada à Dilma Rousseff.
do Tijolaço
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