Hoje foi o dia de dois fatos positivos para a economia: uma inflação mensal pela terceira vez consecutiva próxima do zero e uma ata do Copom que aponta claramente para o fim do período de aperto monetário (alta dos juros).
O IPCA, medidor mais importante do custo de vida no Brasil, fechou o mês de agosto com um avanço de apenas 0,04% (havia sido de 0,00% em junho e de 0,01% em julho). E o principal resultado é a convergência da inflação para o centro da meta, de 4,5% não só neste ano, mas também para um período de 12 meses.
Entre os principais fatores que concorrem para a queda da inflação estão a normalização da oferta de alimentos (foco de alta nos primeiros meses do ano), o dólar cada vez mais barato (que está derrubando os preços dos produtos importados) e a conjuntura internacional (que aponta para inflação mais próxima de 1% nos países de alta renda, como Estados Unidos, zona do euro e Japão).
Desta vez, a ata do Copom foi especialmente enfática ao argumentar que o tombo da inflação interna tem muito a ver com a ação da política monetária. Ou seja, o Banco Central lembra que foi também depois do aumento de dois pontos porcentuais no tamanho dos juros básicos a partir de abril que a inflação passou a ser controlada.
O ponto principal da nova argumentação do Banco Central é o de que aumentou a eficácia da política de juros. Isso significa que não é mais preciso, como no passado, usar bombardeio aéreo pesado para controlar os preços. Basta agora um rápido tiroteio com armas leves. Ou seja, o ciclo de alta dos juros não precisa ir tão longe. Isso está acontecendo porque a política ganhou credibilidade (as metas vêm sendo cumpridas); a economia está mais previsível e já permite o esticamento dos prazos dos contratos; o câmbio não está tão volátil, como há alguns anos; e os prêmios de risco da economia estão caindo.
É um arrazoado novo na densa literatura do Banco Central e na condução da política de formação das expectativas. Ocupa o parágrafo 19 da ata e aparentemente se deve, em boa parte, à atuação do novo diretor de Política Econômica, o cearense (de Sobral) Carlos Hamilton Vasconcellos de Araújo.
Os especialistas têm agora farta matéria-prima para novos debates. Primeiramente, vão testar até que ponto o Banco Central está certo em apontar essas novidades. Depois, vão avaliar se essa nova convicção vai definir a futura trajetória dos juros, que, lá na frente, já aponta para baixo.
Essas questões estão longe de ser puramente teóricas. No meio delas, escorrem muitos dólares. Os contratos futuros do mercado financeiro ou quaisquer contratos de longo prazo (pode ser a construção de uma hidrelétrica ou um empréstimo hipotecário) que levam juros prefixados têm de considerar o rumo dos juros básicos. Prever corretamente o que vai acontecer pode economizar muito dinheiro.
Em todo caso, falta conhecer uma variável decisiva. Falta saber o que será a linha do Copom, num Banco Central sob a nova administração que tomará posse em janeiro.
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