A propaganda eleitoral dos 2 candidatos veiculada hoje na televisão foi focada nos polêmicos confrontos entre militantes do PT e do PSDB, ocorridos na quarta-feira passada.
Segundo imagens captadas no local, durante uma passeata no Rio de Janeiro, Serra foi atingido na cabeça primeiro por uma bolinha de papel e depois por outro objeto que, de acordo com um médico que atendeu o candidato pouco depois, causou uma ligeira lesão e o obrigou a ficar em repouso.
Tanto a equipe de campanha de Dilma como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificaram o incidente de "farsa" montada pelo adversário com fins eleitoreiros, enquanto o PSDB considerou o episódio uma "agressão ao processo democrático" e condenou o discurso de Lula.
Os principais jornais do país ecoaram a indignação de Serra. Em editoriais e colunas políticas, "O Globo", "O Estado de S. Paulo" e "Folha de S. Paulo" criticaram hoje o papel de Lula na campanha, que consideraram "incompatível" com a figura do chefe de Estado.
No programa televisivo de Dilma, um locutor disse hoje que "o PT é contra a violência, mas também contra a manipulação" e acrescentou que "Serra se aproveitou de um conflito entre militantes para simular uma agressão que não ocorreu". "Esse teatro não combina com um candidato à Presidência", sentenciou.
No espaço do PSDB foi o próprio Serra quem assumiu as críticas sobre o episódio e afirmou que o Governo e o PT "chegaram ao cúmulo, pois à agressão na rua se somam agora as agressões do próprio presidente e de sua candidata".
O candidato se referiu desta forma a uma forte declaração de Lula que, em um ato público na véspera, disse que o dia em que ocorreu o confronto "devia ser declarado ''dia da mentira''" e que Serra "deveria pedir desculpas ao povo brasileiro".
Segundo Serra, "o presidente pode apoiar quem quiser, mas não atropelar as leis nem confundir campanha com Governo".
O candidato do PSDB insistiu que Dilma também pretende "confundir o eleitor" com "mentiras" sobre sua suposta intenção de promover um forte processo de privatização de empresas estatais, como houve no Governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), de quem Serra foi ministro do Planejamento e da Saúde.
"É uma mentira atrás da outra, só para tentar manter o poder", acusou o candidato, que assegurou que o ciclo das privatizações no Brasil foi "bem-sucedido" e "já terminou".
Na propaganda de Dilma, esse assunto foi abordado hoje outra vez pelo próprio Lula, que abriu o programa com uma advertência: "É preciso ficar com os olhos bem abertos, porque querem privatizar o pré-sal", declarou o presidente.
Neste momento em que a campanha esquenta, foi divulgada hoje uma nova pesquisa de intenções de voto, cujos resultados confirmaram a condição de favorita de Dilma, que no dia 31 pode se transformar na primeira mulher a presidir o Brasil.
Divulgada pelo Datafolha, a pesquisa atribuiu à candidata do PT 50% das intenções de voto, contra 40% de Serra.
Esse resultado coincidiu com o de outra pesquisa realizada pelo Ibope e divulgada na quarta-feira passada, segundo a qual Dilma teria o apoio de 51% do eleitorado, contra 40% de Serra.
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