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O capitão-do-mato

Um péssimo exemplo para os brasileiros
X é um querido amigo meu. Mesma profissão, mesma geração, mesma redação durante muitos anos.

X é uma pessoa boa, solidária, leal, atributos que me fizeram querer mantê-lo entre meus amigos no correr dos longos dias.
X é, também, uma prova do efeito deletério que Joaquim Barbosa vem exercendo sobre a índole bondosa, pacífica e cordial dos brasileiros.
O caráter dos brasileiros está sendo corrompido por JB, e poucas pessoas parecem se dar conta dessa potencial tragédia brasileira.
Dias atrás, X escreveu que Genoíno, “o mensaleiro”, estava querendo “moleza”.
Moleza, no caso, era simplesmente ficar em sua casa simples no Butantã, em São Paulo, o período provisório de prisão domiciliar. Hoje, “o mensaleiro” – meu amigo X não citou o nome – está numa casa de familiares em Brasília.
Esta é a “moleza”.
Vamos lembrar que estamos na época de Natal, propícia a atos de concórdia, perdão e tolerância. Com tudo isso, X se comportou com ódio e com absoluta distância do espírito natalino.
X vibrou com a decisão mesquinha, desnecessária e inclemente de JB de não permitir a transferência de Genoino.
Ele não se comoveu sequer com a luta épica que a filha de Genoino, Miruna, trava pelo pai. Você pode não gostar do pai. Mas desprezar o desespero de uma filha impotente é coisa para poucos.
X é uma vítima de JB, como tantos outros brasileiros que se fanatizaram na luta contra os “mensaleiros”.
Compare os sentimentos que o papa Francisco inspira sobre as pessoas. Jorram de Francisco amor, piedade, compaixão, solidariedade, tolerância.
De JB emana o oposto.
Não gosto de simplificar as coisas, mas Francisco encarna as virtudes mais elevadas da humanidade e JB os defeitos mais abomináveis.
Se o mundo seguir Francisco, a humanidade ficará melhor. Se o Brasil seguir JB, ficaremos todos piores.
No mesmo dia em que X ficou feliz com a mesquinharia de JB, Miruna mandou uma mensagem a alguns jornalistas, entre os quais eu. Ela acabara de saber da decisão de JB.
O título da mensagem é autoexplicativo: “Revolta!”
O manifesto de Miruna:
“Palavras textuais do presidente do STF sobre a situação do meu pai:
“Por fim, considerada a provisoriedade da prisão domiciliar na qual o condenado vem atualmente cumprindo sua pena, e a forte probabilidade do seu retorno ao regime semi-aberto ao fim do prazo solicitado pela Procuradoria-Geral da República, considero que a transferência ora requerida fere o interesse público.
Por todo o exposto, indefiro o pedido de cumprimento da pena em regime domiciliar em São Paulo.”
Eu sei que não posso falar tudo o que penso sobre o presidente da suprema corte de justiça de meu país. Mas também que adjetivo é possível usar para alguém que proíbe um condenado CARDÍACO de cumprir sua pena DOMICILIAR em seu DOMICÍLIO e ainda ameaça que em fevereiro vai colocá-lo de volta na prisão?
O próprio laudo feito pelos médicos escolhidos a dedo por Barbosa fala: “Desta feita, o tratamento anti-hipertensivo de longo prazo deve incluir (… cita a dieta, exercícios e tal) A RESTRIÇÃO DA INFLUÊNCIA DE FATORES PSICOLÓGICOS ESTRESSANTES”.
Que tal isso ser considerado a começar pelo presidente do Supremo? O que vocês acham que se pode dizer de alguém que já ameaça e anuncia, no dia 28 de dezembro, uma época realmente propícia para ameaças, que a pessoa vai voltar para a cadeia em dois meses????????????”
Assim termina a mensagem de Miruna, numa série de interrogações para as quais ela não encontra respostas.
Pelo efeito deletério que vem tendo sobre o caráter dos brasileiros, e particularmente pelo mal que ele vem fazendo à alma de meu amigo X, Joaquim Barbosa é o Pior Brasileiro do Ano.
por Paulo Nogueira no Centro do Mundo

Acima da lei

O presidente do Senado viaja às custas do Estado em viagem particular, a mídia cai em cima e ele ressarce o erário público. 

Muito bom.

O presidente do STF viaja às custas do Estado em viagem particular, a mídia nem aí. Ele não ressarce o erário público e fica por isso mesmo.

Mal, muito mal.

Onde isso vai parar?

Lutamos para derrotar as baionetas, muitos à custa da própria vida. Vamos agora aceitar a ditadura da caneta, da toga?

De jeito nenhum!

Derrotaremos esses FHCs - Farsantes, Hipócritas, Cínicos - togados que julgam-se acima das leis, que acham ser a Constituição o que eles desejam que ela seja.

Quem me representa legitimamente é o Legislativo.

Juiz quer ser representante popular? 

Que se candidate e seja eleito. 

Assim terá legitimidade.

Fora disso é ditadura.

E ditadura não aceitamos nunca mais.

Lula manchou a própria biografia

Você tem que fazer muita maldade para que alguém beba quando você morrer. Você tem que despertar muito ódio.
Margaret Thatcher, por exemplo.
Fui a Trafalgar Square, no centro de Londres, cobrir, como jornalista, a festa que fizeram quando ela morreu.
Fazia mais de vinte anos que ela deixara Downing Street, a sede do governo britânico, e ainda assim Thatcher era lembrada com uma raiva que fazia você pensar que ela ainda era primeira ministra.
Me lembro claramente da imagem de um um velho sindicalista que abriu uma garrafa de uísque e disse, antes de tomar a primeira dose: “Esperei vinte anos por esse momento.”
Thatcher massacrou os sindicalistas, e acabou promovendo uma brutal concentração de renda no Reino Unido, uma coisa comparável à era vitoriana, tão bem retratada nos miseráveis de Dickens.
Em minha vida adulta, vi no Brasil apenas um personagem capaz de provocar um sentimento tão ruim.
É ele, Joaquim Barbosa.
Nunca houve alguém tão antibrasileiro quanto Joaquim Barbosa: mesquinho, vingativo, cruel, recalcado.
O que ele está fazendo com Genoino e família tem um nome: terrorismo. Terrorismo moral, terrorismo sádico.
Qual o sentido em deixá-los em suspenso às vésperas do Natal, uma época de concórdia, sem saber se Genoino será devolvido ou não à cadeia?
É vingança. A mesma coisa que levou Barbosa a tentar demitir do STF a mulher do jornalista que revelou que ele gastou 90 000 reais do dinheiro público para reformar os banheiros de seu apartamento funcional.
Barbosa debitou, na conta de Genoino, as críticas que recebeu, na semana passada, de petistas reunidos em um congresso.
Bandeira de Mello, o jurista, disse que, se fosse o PT, tentaria o impeachment de Joaquim Barbosa.
Digo também: se eu fosse o PT, faria o mesmo.
Joaquim Barbosa está ajudando a construir um país da discórdia. Ele não une: é um desagregador.
Como Lula não percebeu os seus imensos defeitos ao escolhê-lo?
A biografia de Lula estará sempre manchada por haver indicado para a mais alta corte do país uma pessoa tão má quanto Barbosa.
Não há desculpa para este erro monumental de Lula.
Os brasileiros estão tendo agora que arcar com a infeliz, negligente, descuidada indicação de Lula.
Entre os brasileiros, ninguém está enfrentando mais as consequências disso que Genoino e família.
Miruna, a filha mais velha de Genoino, uma guerreira na defesa do pai, mais uma vez ergueu sua voz diante do terrorismo barbosiano.
Ela está desesperada. Ela não finge, ela não mente: é uma filha que está vendo o pai ser massacrado impiedosamente – e injustamente.
Ninguém vai fazer nada? Esta a pergunta central, doída de Miruna.
Pelo visto, a resposta é não.
A prioridade do PT é a campanha de Dilma, e Genoino está no fim da fila. Uma palavra aqui, outra ali, e não mais que isso.
Mas o futuro haverá de trazer uma resposta para a questão de Miruna.
Muitos brasileiros, e não necessariamente apenas petistas, haverão de fazer exatamente o que o sindicalista inglês fez quando recebeu a notícia da morte de Thatcher.
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

A quem FHC pensa que engana com sua conversa de virgem num lupanar?

Apoiar a brutalidade de Joaquim Barbosa  –primeiro verbalmente, agora num artigo — foi uma das coisas mais baixas que FHC fez em sua vida política.
Octogenário, vivido, inteligente, FHC não tem o direito de achar que alguém possa acreditar, como ele disse, que a Constituição foi defendida com as prisões.
Ora, FHC comprou a Constituição em 1997 para poder se reeleger. Como contou à Folha na época um certo “Senhor X” – que até os mortos do cemitério de Brasília sabiam tratar-se do deputado Narciso Mendes, do Acre – sacolas com 200 mil reais (530 mil, em dinheiro de hoje) foram distribuídas a parlamentares para que a Constituição fosse alterada.
Os detalhes oscilam entre a comédia e a tragédia, como contou Mendes. Os parlamentarem tinham recebido um cheque, como garantia. Comprovado o voto, os cheques foram rasgados e trocados por sacolas cheias de dinheiro, como numa cena de Breaking Bad, a grande série em que um professor de química com os dias contados vira um traficante de metanfetamina para garantir o futuro da família.
E sendo isso de conhecimento amplo, geral e irrestrito FHC defende, aspas, a Constituição que ele comprou há 16 anos?
FHC, no fim de sua jornada, lamentavelmente vai se tornando parecido com o sinistro Carlos Lacerda, o homem – ou o Corvo, como era conhecido —  que esteve por trás da morte de Getúlio e da deposição de Jango.
FHC, em nome sabe-se lá do que, se presta hoje a fazer o jogo de uma direita predadora que, à míngua histórica de votos, faz uso indecente de “campanhas contra a corrupção” para derrubar administrações populares.
É, numa palavra, o antipovo.
Sêneca, numa de suas passagens mais inspiradas, disse o seguinte: “Quando lembro de certas coisas que disse, tenho inveja dos mudos”.
É uma passagem que se aplica perfeitamente a FHC.
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira, baseado em Londres, é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.