A meca dos Quadrinhos em Fortaleza

Quando era menino, o pequeno Silvyo tinha um passatempo estranho aos amigos dos mesmos seis anos de idade. Ao voltar da escola ou em qualquer outro período livre, ele se dirigia à fábrica de sapatos perto de casa.
O dono destacava as páginas coloridas da revista O Cruzeiro, justamente na seção da charge "O Amigo da Onça", e as colava nas paredes. O mais velho emprestava uma escada ou um cavalete ao mais novo, para que pudesse escalar e, assim, se deliciar na leitura fácil e divertida.
Dali para os quadrinhos foi uma gradativa evolução. Aos dez anos, a coleção de gibis já ultrapassava dois mil números. Ainda garoto, fez loucuras para aumentá-la, como sumir uma tarde inteira no Centro de Fortaleza e só voltar para casa à noite, na companhia de um homem bem mais velho e desconhecido, em um carro antigo e abarrotado de revistas infantis que o outro lhe vendera. Quando adulto e já pai de família, chegou a vender um terreno de herança para comprar uma valiosa e extensa coleção que um amigo queria se desfazer.
"A loja foi uma maneira que eu achei de ficar perto das minhas revistas, do meu hobby", revela Silvyo Amarante, dono da Comic Shop Revistas e Cia, um verdadeiro paraíso aos amantes de quadrinhos. Nos fundos da loja e em outros quatro depósitos, ele guarda um catálogo de cerca de um milhão de revistas à venda. "Eu só tenho esse acervo porque eu sou colecionador", justifica.
Nesse gigantesco universo povoado por títulos atuais e antigos, japoneses, americanos e de outras nacionalidades a perder de vista, é difícil encontrar um exemplar mal preservado.
"A loja não é um primor em termos de conforto, mas eu priorizei a qualidade do material. Eu faço o que eu queria que tivessem feito para mim quando eu era garoto. Infelizmente a maioria das bancas não tem esse mesmo cuidado.", explica.
Experiência
Garimpar no Centro de Fortaleza por novas revistas, imerso em um verdadeiro mercado persa, quando ainda era um menino, garantiu um certo conhecimento de causa e experiência de compra e venda a Silvyo, antes mesmo de abrir sua gibiteria em 1995. É essa imersão no meio dos quadrinhos que o permite, por exemplo, especular se as novas aquisições vão vender ou vão encalhar nas prateleiras.
Os anos também ensinaram que, em termos de lançamentos e edições recentes, a prioridade das editoras e distribuidoras está nas livrarias de grande rede. "Como as grandes redes também não querem estocar, eu ataco onde elas não têm. Nas raras! Não adianta você ir na Siciliano, você não vai encontrar o Sandman número um. Você só vai encontrar comigo", garante Silvyo.
Esse mesmo jogo de cintura é o que garante a sobrevivência da gibiteria Fanzine, há 14 anos no mesmo ponto do Centro, embora seu dono, Alzir Fernandes, já esteja no ramo desde 1991. "Se alguém se interessa, eu baixo o preço para ter capital de giro. Outros não. Se esgota e fica difícil, a gente aumenta um pouquinho, mas não muita coisa, uns 40%", exemplifica. Quando começou a trabalhar com quadrinhos, somente em uma banca de esquina, já trabalhava com um cartão fidelidade: a cada dez compradas, uma era gratuita.
No acervo de quinze mil títulos somente de quadrinhos, fora os livros que também vende, Alzir ostenta algumas raridades no material disponível. Algumas remontam à década de 50; outras são mais icônicas, como a número um de Jornada nas Estrelas, datada de 1971. "Tem muita gente percebendo o quadrinho como fonte de renda. Eu tenho uns três, quatro clientes que compram para revender no Mercado Livre. Tem colecionador que sabe o valor do que tem. A Tex nº1 custa R$ 1 mil. Tem Ken Park que chega de R$ 500 a R$ 1 mil", detalha.
Lojas especializadas
Fanzine
Rua Pedro I, 583 - Centro
Fone: (85) 3252 3660

Revistas & Cia 
Avenida Pontes Vieira, 1843 - Dionísio Torres
Fone: (85) 3257-1057

Reportagem do Diário do Nordeste

Parafraseando Millôr

Democracia é quando alguém critica o PT, autoritarismo é quando o PT critica alguém.
A frase acima tem tudo a ver com o texto abaixo, do jornalista (?) Recardo Simlat. 

Retratos do autoritarismo, por Ricardo Noblat

O que tem a ver o caso da analista do banco Santander demitida na semana passada por exercer direito o seu ofício, com o caso do correspondente do The New York Times ameaçado de expulsão do Brasil em maio de 2004?
Os dois aconteceram no começo e no que poderá ser o fim do período de 12 anos de governos do PT. Foram protagonizados por Lula. E são casos exemplares da prepotência dele e de sua turma.
De volta ao futuro... Na época, pensei: o cara pirou. Só pode ser. Ou está de porre. Compreensível que tenha se sentido ofendido pela reportagem do The New York Times sobre seu gosto por bebidas alcoólicas.
Mas daí a determinar a expulsão do país de Larry Rother, correspondente do jornal mais importante do mundo? Sinto muito, era um flagrante exagero. Uma escandalosa arbitrariedade.
Foi isso o que Lula ouviu dos poucos assessores com coragem para confrontá-lo.
Um deles, durante reunião no gabinete presidencial do terceiro andar do Palácio do Planalto, sacara de um exemplar da Constituição e apontara o artigo que garantia ao jornalista o direito de permanecer no Brasil.
Então Lula cometeu a frase que postei em meu blog às 15h16 do dia 12 de maio de 2004, poucas horas depois de ela ter sido pronunciada.
Ele disse: “Fod.... a Constituição”.
Foi mais ou menos isso que você leu. Um ministro que ouvira a frase reproduziu-a para um assessor. E o assessor, que trabalhara comigo durante vários anos, me telefonou contando.
Esperei durante o resto do dia o desmentido que não veio. Ainda espero. Prevaleceu a opinião sensata de Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça, que desaconselhou a expulsão por ilegal.
Impedido de consumar sua vontade, Lula tentou tirar proveito político do episódio se comportando como vítima. A presidência da República fora ultrajada por um irresponsável jornalista estrangeiro.
Mas, generoso e obediente à lei, o presidente desculpara o malfeitor depois que ele divulgou uma nota dizendo que não tivera a intenção de ofendê-lo. Quanto ao jornal... Recusou-se a desmentir o que publicara.
A coragem que sobrou à direção do jornal faltou à direção do Santander.
Em discurso para sindicalistas em São Paulo, Lula cobrou do banco a demissão imediata da analista, autora do boletim enviado para clientes de alta renda relacionando a queda de Dilma nas pesquisas de intenção de voto com a eventual melhoria do câmbio e valorização de ações de grandes companhias.
E a cabeça da analista foi oferecida de presente a Lula.
Um ato de subserviência. Que nem de longe parece ter envergonhado Emílio Botín, presidente mundial do Santander, amigo de Lula e admirador declarado de Dilma.
“O que aconteceu é proibido, pois não se pode fazer manifestações que interfiram na decisão de voto”, cobrou Rui Falcão, presidente do PT. Botín aquiesceu: “O boletim não representa a posição do banco”.
E se o boletim tivesse afirmado o contrário?
Se tivesse dito que a Bolsa de Valores subiria com o crescimento de Dilma nas pesquisas? Lula pediria a demissão do seu autor? Falcão recriminaria o banco por favorecer o voto em Dilma?
Lula e o PT aproveitaram a ocasião para fazer Dilma de coitadinha! De alvo preferencial dos poderosos. Perseguida como o fora durante a Copa do Mundo por uma elite preconceituosa que não respeita nem mesmo uma mulher. Imagine!
Esse tipo de jogada falsamente esperta e que aposta na ignorância coletiva, se repetirá à exaustão até que o país conheça em outubro seu futuro presidente.
Fiquem atentos para desmoralizá-la logo de saída.

Halloween - uma das festas mais antigas do mundo

O Dia das Bruxas é comemorado atualmente em vários países do mundo. Os States não é uma exceção, onde a cada ano mais pessoas e mais pessoas permite que "forças ocultas", aproveitem de uma única noite.
Sobre este feriado mundial escrito muitos livros, alguns filmes e musicais. Todos os anos, milhões de brinquedos fabricados, máscaras engraçadas e "desastrosas" fantasias de carnaval. Mesmo concursos realizados para a melhor abóbora lanterna (Jack-o-lanternas), os vencedores das quais é todo um mundo de arte. Então, o que fascina Bruxa Halloween pessoas modernas estão muito longe dos preconceitos densas? Claro, nem todos os milhões de pessoas celebram hoje esta antiga férias, acredite em nosso tempo na história dos mortos, espíritos e fantasmas. Muitos podem conquista incomum e entretenimento Halloween. Outros são apenas feliz por sentar-se sobre a mesa festiva, boa bebida, boa mordida e sinceramente divertido. Mas talvez o mais preciso é o pressuposto de que este, noite festiva misteriosa em adultos é uma rara oportunidade de brincar com as crianças em espíritos, bruxas e vampiros, a sentir-se como se, em sua infância, e voltar lá pelo menos por um tempo. Durante os longos anos de sua história Halloween ganhou em todo o mundo várias tradições interessantes, preservando as suas características distintivas antigos, mas absorvendo o sabor nacional local. Sobre como celebrar em diferentes países, descrever brevemente nesta seção. 

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Charge do dia


Aécio e o Rio: um caso de amor não correspondido

Por Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo.

Ao ver os números do Ibope em alguns estados, me ocorreu o seguinte: parece haver, no Rio, um caso de amor não correspondido.

Me refiro a Aécio.

Segundo o Ibope, no Rio ele tem 15% das intenções de voto contra 35% de Dilma.

Poucos políticos, na história moderna nacional, e talvez mesmo antiga, demonstraram tanto amor quanto Aécio pelo Rio.

É possível que Aécio tenha mais horas passadas no Rio do que em sua terra natal, Minas.

É no Rio que ele se diverte. É no Rio que ele goza a vida. É no Rio que Aécio é Aécio, seja aparecendo em fotos festivas, seja sendo capturado por uma câmara de vídeo alta madrugada, dando gorjeta de 100 reais numa padaria [Tijolaço: não foi padaria, foi o bar Cervantes].

Foi no Rio que ele casou, numa cerimônia em seu apartamento no Leblon.

Se fôssemos fazer uma imagem amorosa, teríamos o seguinte. Minas é a esposa de Aécio, tediosa e fiel, diante da qual ele cumpre obrigações e segue protocolos.

O Rio é a amante, aquela que faz seu coração disparar e os olhos arregalarem.

Mas tamanha paixão não encontra correspondência, sugere o Ibope.

Observemos um paralelo. Brizola era maluco pelo Rio, como Aécio. E um estrangeiro lá, como Aécio.

Um gaúcho no Cristo Redentor.

Só que Brizola era amado. Foi eleito governador duas vezes mesmo com Roberto Marinho fazendo tudo para derrotá-lo.

Por que essa diferença?

Uma boa hipótese, seguindo na imagem amorosa, é que os cariocas acham que Aécio é o amante que quer apenas se divertir, e nada mais.

Brizola não. Era um marido extraordinariamente dedicado. Trabalhou quanto pôde, contra toda a força do conservadorismo, por um Rio melhor e mais justo.

Não era personagem de colunas sociais. Não era visto e fotografado nas celebrações da granfinagem.

E subia o morro.

Aécio não é Brizola, embora coincidam na devoção ao Rio.

E é uma pena que não seja: Brizola faz falta, com sua coragem intrépida no combate à iniquidade.

Aécio, repito, não é Brizola, infelizmente.

Não sendo Brizola, não pode aspirar aos votos do Rio – como sugere o Ibope que lhe dá apenas 15% das intenções de voto.

O carioca gosta de praia e de futebol – mas gosta ainda mais de quem trabalha duro pelo bem de sua cidade maravilhosa.

Silêncio


É tão vasto o silêncio da noite na montanha. É tão despovoado. Tenta-se em vão trabalhar para não ouvi-lo, pensar depressa para disfarçá-lo. Ou inventar um programa, frágil ponto que mal nos liga ao subitamente improvável dia de amanhã. Como ultrapassar essa paz que nos espreita. Silêncio tão grande que o desespero tem pudor. Montanhas tão altas que o desespero tem pudor. Os ouvidos se afiam, a cabeça se inclina, o corpo todo escuta: nenhum rumor. Nenhum galo. Como estar ao alcance dessa profunda meditação do silêncio. Desse silêncio sem lembranças de palavras. Se és morte, como te alcançar. 

É um silêncio que não dorme: é insone: imóvel mas insone; e sem fantasmas. É terrível - sem nenhum fantasma. Inútil querer povoá-lo com a possibilidade de uma porta que se abra rangendo, de uma cortina que se abra e diga alguma coisa. Ele é vazio e sem promessa. Se ao menos houvesse o vento. Vento é ira, ira é a vida. Ou neve. Que é muda mas deixa rastro - tudo embranquece, as crianças riem, os passos rangem e marcam. Há uma continuidade que é a vida. Mas este silêncio não deixa provas. Não se pode falar do silêncio como se fala da neve. Não se pode dizer a ninguém como se diria da neve: sentiu o silêncio desta noite? Quem ouviu não diz. 

A noite desce com suas pequenas alegrias de quem acende lâmpadas com o cansaço que tanto justifica o dia. As crianças de Berna adormecem, fecham-se as últimas portas. As ruas brilham nas pedras do chão e brilham já vazias. E afinal apagam-se as luzes as mais distantes. 

Mas este primeiro silêncio ainda não é o silêncio. Que se espere, pois as folhas das árvores ainda se ajeitarão melhor, algum passo tardio talvez se ouça com esperança pelas escadas. 

Mas há um momento em que do corpo descansado se ergue o espírito atento, e da terra a lua alta. Então ele, o silêncio, aparece. 

O coração bate ao reconhecê-lo. 

Pode-se depressa pensar no dia que passou. Ou nos amigos que passaram e para sempre se perderam. Mas é inútil esquivar-se: há o silêncio. Mesmo o sofrimento pior, o da amizade perdida, é apenas fuga. Pois se no começo o silêncio parece aguardar uma resposta - como ardemos por ser chamados a responder - cedo se descobre que de ti ele nada exige, talvez apenas o teu silêncio. Quantas horas se perdem na escuridão supondo que o silêncio te julga - como esperamos em vão por ser julgados pelo Deus. Surgem as justificações, trágicas justificações forjadas, humildes desculpas até a indignidade. Tão suave é para o ser humano enfim mostrar sua indignidade e ser perdoado com a justificativa de que se é um ser humano humilhado de nascença. 

Até que se descobre - nem a sua indignidade ele quer. Ele é o silêncio. 

Pode-se tentar enganá-lo também. Deixa-se como por acaso o livro de cabeceira cair no chão. Mas, horror - o livro cai dentro do silêncio e se perde na muda e parada voragem deste. E se um pássaro enlouquecido cantasse? Esperança inútil. O canto apenas atravessaria como uma leve flauta o silêncio. 

Então, se há coragem, não se luta mais. Entra-se nele, vai-se com ele, nós os únicos fantasmas de uma noite em Berna. Que se entre. Que não se espere o resto da escuridão diante dele, só ele próprio. Será como se estivéssemos num navio tão descomunalmente enorme que ignorássemos estar num navio. E este singrasse tão largamente que ignorássemos estar indo. Mais do que isso um homem não pode. Viver na orla da morte e das estrelas é vibração mais tensa do que as veias podem suportar. Não há sequer um filho de astro e de mulher como intermediário piedoso. O coração tem que se apresentar diante do nada sozinho e sozinho bater alto nas trevas. Só se sente nos ouvidos o próprio coração. Quando este se apresenta todo nu, nem é comunicação, é submissão. Pois nós não fomos feitos senão para o pequeno silêncio. 

Se não há coragem, que não se entre. Que se espere o resto da escuridão diante do silêncio, só os pés molhados pela espuma de algo que se espraia de dentro de nós. Que se espere. Um insolúvel pelo outro. Um ao lado do outro, duas coisas que não se vêem na escuridão. Que se espere. Não o fim do silêncio mas o auxílio bendito de um terceiro elemento, a luz da aurora. 

Depois nunca mais se esquece. Inútil até fugir para outra cidade. Pois quando menos se espera pode-se reconhecê-lo - de repente. Ao atravessar a rua no meio das buzinas dos carros. Entre uma gargalhada fantasmagórica e outra. Depois de uma palavra dita. Às vezes no próprio coração da palavra. Os ouvidos se assombram, o olhar se esgazeia - ei-lo. E dessa vez ele é fantasma.


by Clarice Lispector

Frase do dia

"Se você quer que seja promovida demissões em massa, arrocho nas politicas sociais, investimentos que beneficiam os que tudo têm, política cultural decidida na casa de Luciano Hulk e Angélica, seu candidato definitivamente é Aecim."

Andrea Mm