Sobre o amor

No cearencês

Num fique inrolandu e arrudiandu prá xegá juntu di quem ocê gosta. Tomi rumo, avie, si avexe.
Dê um discontu prá peste daquela cabrita qui só bate fofo com ocê. Aperrei ela. Vai qui dá certo e um bruguelim réi amarelu.
Ocê é uma corralinda. Se inda num tem ninguém, num pegue quarquer marmota. Iscoia uma corralinda irguá ocê.
As cabritas num deve si aguniá. O certu é pastorá inté incontrar alguém pai-dé-guá. Num deve se atracá cum cabra peba, malamanhadu e fuleragi. U segredu é pelêjá e num desisti nunca. Num peça pinicu e dexe quem quisé mangá. Um dia aparece um maxuréi da tua bitola. 


Nudez masculina

O mal-estar
Uma das principais características do homem contemporâneo é que ele se sente extremamente desconfortável diante do corpo do homem contemporâneo.
Não, não como as mulheres que, expostas a séculos de padrões de beleza irreais e uma sociedade que cobra padrões estéticos um tanto quanto opressivos, acabam questionando a própria beleza e se cobrando de maneiras absolutamente injustas. Não, o homem contemporâneo não se sente tão desconfortável diante do próprio corpo – ainda que eu, com essa barriga, provavelmente devesse me sentir.
Na verdade, o homem, quando se sente desconfortável em relação ao corpo do homem, está quase sempre desconfortável com outro homem, não com ele.
Perceba. No banheiro, temos regras implícitas para o uso do mictório – você nunca deve usar aquele ao lado de um que já esteja sendo utilizado se puder usar outro. Temos momentos de desconforto em vestiários, porque um desvio de olhar num momento inadequado – “queria só ver onde tinha deixado minhas meias” – pode gerar momentos constrangedores.
Beijamos no rosto apenas pais e avôs, damos abraços apenas em amigos de longuíssima data, cumprimentando amigos normais com abraços tímidos, colegas com apertos de mão e conhecidos com acenos de cabeça que, quando usados em demasia, parecem um tic nervoso.
Ficamos desconfortáveis ante a visão de caras de sunga branca na praia, damos risadinhas babacas quando os caras do vôlei dão tapinhas uns nas bundas dos outros, tachamos de gay quem usa regatinha.
Isso acontece pelos mais diversos motivos, claro. Vivemos em uma cultura que, por muito tempo, viu demonstrações de afeto e de sentimentos como algo feminino. Homem não chora, homem não abraça e, se abraçar, não coloca a cabeça no ombro do amigo. Isso seria esquisito.
Claro, também vivemos numa sociedade que frequentemente ainda vê a homossexualidade como uma doença que pode ser contraída se você fizer contato visual com um pênis, ficar encarando um tórax ou assistir aquela cena de Crazy Stupid Love em que o Ryan Gosling tira a camisa, não como uma manifestação do desejo sexual do outro.

Mulher se sente assim

Aconteceu ontem. Saio do aeroporto. Em uma caminhada de dez metros, só vejo homens. Taxistas do lado de fora dos carros conversando. Funcionários com camisetas “posso ajudar?”. Um homem engravatado com sua malinha e celular na mão. Homens diversos, espalhados por dez metros de caminho. Ao andar esses dez metros, me sinto como uma gazela passeando por entre leões. Sou olhada por todos. Medida. Analisada. Meu corpo, minha bunda, meus peitos, meu cabelo, meu sapato, minha barriga. Estão todos olhando.
Aconteceu quando eu tinha treze anos. Praticava um esporte quase todos os dias. Saía do centro de treinamento e andava cerca de duas quadras para o ponto de ônibus, às seis da tarde. Andava pela calçada quase vazia ao lado de uma grande rodovia. Dessas caminhadas, me recordo dos primeiros momentos memoráveis desta violência urbana. Carros que passavam mais devagar do meu lado e, lá de dentro, eu só ouvia uma voz masculina: “gostosa!”. Homens sozinhos que cruzavam a calçada, olhavam para trás e suspiravam: “que delícia.” Eu tinha treze anos. Usava calça comprida, tênis e camiseta.
Agora, multiplique isso por todos os dias da minha vida.
Sei que para homens é difícil entender como isso pode ser violência. Nós mesmas, mulheres, nos acostumamos e deixamos pra lá. Nós nos acostumamos para conseguir viver o dia a dia.
Esses dias, estava sentada na praia vendo o mar, e dele saiu uma moça. Passou por um rapaz que disse algo. Ela só saiu de perto e veio na minha direção. Dei boa noite, ela falou que a água estava uma delícia, e conversamos um pouco. Perguntei se o cara havia lhe falado alguma besteira. Ela disse, “falou, mas a gente tá tão acostumada, né?, começa a ignorar automaticamente”.
O privilégio é invisível. Para o homem, só é possível ver o privilégio se houver empatia. Tente imaginar um mundo onde, por cinco mil anos, todos os homens foram subjugados, violentados, assassinados, podados, controlados. Tente imaginar um mundo onde, por cinco mil anos, só mulheres foram cientistas, físicas, chefes de polícia, matemáticas, astronautas, médicas, advogadas, atrizes, generais. Tente imaginar um mundo onde, por cinco mil anos, nenhum representante do seu gênero esteve em destaque, na televisão, no teatro, no cinema, nas artes. Na escola, você aprende sobre a história feita pelas mulheres, a ciência feita pelas mulheres, o mundo feito pelas mulheres.
No seu texto “Um teto todo seu”, Virgínia Woolf descreve por que seria impossível para uma hipotética irmã de Shakespeare escrever de forma genial como ele. Woolf diz:
“quando lemos sobre uma bruxa sendo queimada, uma mulher possuída por demônios, uma mulher sábia vendendo ervas… acho que estamos olhando para uma escritora perdida, uma poeta anulada.”

Como se sente uma muié

Aconteceu ontem. Saio do aeroporto. Em uma caminhada de dez metros, só vejo homens. Taxistas do lado de fora dos carros conversando. Funcionários com camisetas "posso ajudar?". Um homem engravatado com sua malinha e celular na mão. Homens diversos, espalhados por dez metros de caminho. Ao andar esses dez metros, me sinto como uma gazela passeando por entre leões. Sou olhada por todos. Medida. Analisada. Meu corpo, minha bunda, meus peitos, meu cabelo, meu sapato, minha barriga. Estão todos olhando.

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Aconteceu quando eu tinha treze anos. Praticava um esporte quase todos os dias. Saía do centro de treinamento e andava cerca de duas quadras para o ponto de ônibus, às seis da tarde. Andava pela calçada quase vazia ao lado de uma grande rodovia. Dessas caminhadas, me recordo dos primeiros momentos memoráveis desta violência urbana. Carros que passavam mais devagar do meu lado e, lá de dentro, eu só ouvia uma voz masculina: "gostosa!". Homens sozinhos que cruzavam a calçada, olhavam para trás e suspiravam: "que delícia." Eu tinha treze anos. Usava calça comprida, tênis e camiseta.

Agora, multiplique isso por todos os dias da minha vida.

Sei que para homens é difícil entender como isso pode ser violência. Nós mesmas, mulheres, nos acostumamos e deixamos pra lá. Nós nos acostumamos para conseguir viver o dia a dia.

Esses dias, estava sentada na praia vendo o mar, e dele saiu uma moça. Passou por um rapaz que disse algo. Ela só saiu de perto e veio na minha direção. Dei boa noite, ela falou que a água estava uma delícia, e conversamos um pouco. Perguntei se o cara havia lhe falado alguma besteira. Ela disse, "falou, mas a gente tá tão acostumada, né?, começa a ignorar automaticamente".

O privilégio é invisível. Para o homem, só é possível ver o privilégio se houver empatia. Tente imaginar um mundo onde, por cinco mil anos, todos os homens foram subjugados, violentados, assassinados, podados, controlados. Tente imaginar um mundo onde, por cinco mil anos, só mulheres foram cientistas, físicas, chefes de polícia, matemáticas, astronautas, médicas, advogadas, atrizes, generais. Tente imaginar um mundo onde, por cinco mil anos, nenhum representante do seu gênero esteve em destaque, na televisão, no teatro, no cinema, nas artes. Na escola, você aprende sobre a história feita pelas mulheres, a ciência feita pelas mulheres, o mundo feito pelas mulheres.

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No seu texto "Um teto todo seu", Virgínia Woolf descreve por que seria impossível para uma hipotética irmã de Shakespeare escrever de forma genial como ele. Woolf diz:

"quando lemos sobre uma bruxa sendo queimada, uma mulher possuída por demônios, uma mulher sábia vendendo ervas… acho que estamos olhando para uma escritora perdida, uma poeta anulada."

Desde o início do patriarcado, há cinco mil anos, as mulheres não tiveram liberdade suficiente para serem cientistas ou artistas. Woolf explica:

"liberdade intelectual depende de coisas materiais. … E mulheres foram sempre pobres, não por duzentos anos, somente, mas desde o início dos tempos."

Esse argumento não serve somente para mulheres: negros, pobres e outras minorias não poderiam ser geniais poetas pois, para isso, é necessário liberdade material.

(Para uma análise mais completa, recomendo: "Um teto todo seu" de Virgínia Woolf: A produção intelectual e as condições materiais das mulheres.)

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Embora o mundo esteja em processo de mudança, ainda existem menores oportunidades e reconhecimento para mulheres e minorias exercerem qualquer ocupação intelectual. Leitores de uma página do facebook sobre ciências ainda supõem que o autor seja homem e comentaristas de televisão não consideram manifestações culturais que vêm da favela como cultura de verdade.

É verdade: hoje, a vida é muito melhor, principalmente para a mulher ocidental como eu. Mas, mesmo sendo uma mulher livre e bem-sucedida vivendo em uma metrópole ocidental, ainda sinto na pele as consequências destes cinco mil anos de opressão. E, se você quiser ver essa opressão, não precisa ir nos livros de história. É só ligar a televisão:

Rio de Janeiro, 2013. Um casal é sequestrado em uma van. As sequestradoras colocaram um strap-on sujo, fedido de merda e mofo, e estupraram o rapaz. Todas elas, uma a uma, enfiavam aquela pica enorme no cu do moço, sem camisinha e sem lubrificante. A namorada, coitada, tentou fazer algo mas foi presa e levou chutes e socos.

Ao ver esta notícia, você se coloca no lugar da vítima (que sofreu uma das piores violências físicas e psicológicas existentes) ou no lugar de quem assistiu? Naturalmente troquei os gêneros: a violência real aconteceu com uma mulher.

Quantas violências eu sofro só por ser mulher?

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Na infância, fui impedida de ser escoteira pois isso não era coisa de menina. Fui estuprada aos oito anos. (Eu e pelo menos dois terços das mulheres que conheço e que você conhece sofreram um estupro e provavelmente não contaram para ninguém.) Sofri a pré-adolescência inteira por não me comportar como moça. Por não ter peitos. Por não ter cabelos longos e lisos. Desde sempre tive minha sexualidade reprimida pela família, pela sociedade, pela mídia. Qualquer coisa que eu pisasse na bola seria motivo para ser chamada de vadia. Num dos primeiros empregos, escutei que mulheres não trabalham tão bem porque são muito emocionais e têm TPM. Em um outro emprego, minha chefe disse que meu cabelo estava feio e pagou salão para eu ir fazer escova e ficar mais apresentável pros clientes. Decidi que não quero ser escrava da depilação e sou olhada diariamente com nojo quando ando de shorts ou blusinha sem mangas. Já usei muita maquiagem, só porque a televisão e os outdoors mostram mulheres maquiadas, e portanto é muito comum nos sentirmos feias de cara limpa. Você, homem, sabe o que é maquiagem? Tem um produto para deixar a pele homogêna, um pra disfarçar olheiras, outro para disfarçar manchas, outro para deixar a bochecha corada, outro para destacar a sobrancelha, outro para destacar os cílios, outro para colorir as pálpebras, outro para colorir os lábios. Quantas vezes você passou tantos produtos na sua cara só porque seu chefe ou seu primeiro encontro vai te achar feio de cara limpa? Quando estou no metrô preciso procurar um cantinho seguro para evitar que alguém fique se roçando em mim. Você faz isso? Quando vou em reuniões de família, me perguntam por que estou tão magra, e o que fiz com o cabelo e quem estou namorando. Para o meu primo, perguntam o que ele está estudando e no que está trabalhando. Na televisão, 90% das propagandas me denigrem. Quase nenhum filme me representa ou passa no teste de Bechdel. Todas as mulheres são mostradas com roupas sexy, mesmo as super heroínas que deveriam estar usando uma roupa confortável para a batalha. As revistas me ensinam que o meu objetivo na cama é agradar o meu homem. Enquanto você, menino, comparava o seu pau com o dos amiguinhos, eu, menina, era ensinada que se masturbar é muito feio e que se eu usar uma saia curta não estou me dando o respeito. Quanto tempo demorei para me desfazer da repressão sexual e virar uma mulher que adora transar? Quanto tempo demorei para me soltar na cama e conseguir gozar, enquanto várias das minhas colegas continuam se preocupando se o parceiro está vendo a celulite ou a dobrinha da cintura e, por isso, não conseguem chegar ao gozo? Quanto tempo demorei para conseguir olhar para um pau e transar de luz acesa? Quantas vezes escutei, no trânsito, um "tinha que ser mulher"? Quantas vezes você fechou alguém e escutou "tinha que ser homem"? Tudo isso para, no fim do dia, ir jantar no restaurante e não receber a conta quando ela foi pedida pois há cinco mil anos sou considerada incapaz. E tudo isso, porra, para escutar que estou exagerando e que não existe mais machismo.

Isso é um resumo muito pequeno do que eu sofro ou corro o risco de sofrer todo dia. Eu, mulher branca, hetero, classe média. A negra sofre mais que eu. A pobre sofre mais que eu. A oriental sofre mais que eu. Mas todas nós sofremos do mesmo mal: nenhum país do mundo trata suas mulheres tão bem quanto seus homens. Nenhum. Nem a Suécia, nem a Holanda, nem a Islândia! Em todo o mundo "civilizado" sofremos violência, temos menos acesso à educação, ao trabalho ou à política.

Em todo o mundo, somos ainda as irmãs de Shakespeare.

* * *

E você, leitor homem? Quando é abordado de forma hostil por um estranho na rua, pensa "por favor, não leve meu celular" ou "por favor, não me estupre"?

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Fotos: autorretratos por Claudia Regina.

***

Nota editorial: esse texto foi fechado para comentários, após ter mais de 3200 deles publicados. Além de sobrecarregar o servidor, a qualidade dos diálogos começou a se perder. Faremos agora um pente fino e os comentários ofensivos serão apagados. Em caso de dúvidas sobre a política de comentários, recomendo o recente artigo "Sobre dinâmicas saudáveis e atritos em nossa comunidade". Estamos fazendo nosso melhor para cultivar o espaço, mas somos poucos, humanos e falhos. Contamos com o apoio de vocês.

Gostaria de agradecer a postura bastante saudável e de bom senso da maioria da comunidade, que mostrou-se capaz de caminhar rumo a auto-regulação, votando positivamente as discussões mais construtivas e negativamente as que apenas geravam ruído. Por fim, compartilho a melhor notícia. Esse artigo já foi lido por mais de 600.000 pessoas, em menos de dois dias. Tivemos recorde histórico de visitas no PdH, com uma tema de grande relevância. Agradeço a Claudia pela imensa confiança em publicar seu relato conosco.

Abraços, Guilherme.

Claudia Regina

Largadora por vocação. Largou carreira, largou faculdade, largou Curitiba. Hoje mora no Rio mas quica pelo mundo, fotografando, tomando sopa e cochilando. Autora do blog Dicas de Fotografiafotógrafa e viajante.


Outros artigos escritos por 

Vida doméstica




Adoro massas cinzentas, detesto cor-de-rosa. 
Não me considero vítima de nada. 
Sou autoritária, teimosa, impulsiva e um verdadeiro desastre na cozinha. 
Peça para eu arrumar uma cama e estrague meu dia. 
Vida doméstica é para os gatos."

Frase 2013/2014



Não pedi nada durante a passagem do Ano Velho para o Ano Novo. 
Agradeci!
Joel Neto

Utopia, política e cidadania, por Murillo de Aragão

Cultivo uma utopia: a imposição exclusiva do financiamento cidadão de campanhas. Nada de recursos públicos nem doações de empresas. Partidos e políticos deveriam ir para as ruas e para a internet lutar por doações de indivíduos. Será assim, e apenas assim, que a política retomará o curso do bem e do interesse público. Nenhuma outra fórmula funcionará.

Com o financiamento cidadão de campanhas, partidos e políticos terão de convencer o cidadão a doar dinheiro para as suas campanhas. Serão obrigados a falar e a convencer, conforme fazem os “eletro-pastores”, que vendem seus produtos e pedem doações. Partidos teriam de se expor.
Alguns, como o valorizado PCO, têm uma militância minúscula, mas nem por isso deixam de recolher anualmente quase R$ 500 mil dos cofres públicos para existir. Assim, fica fácil. Pequenos partidos, grandes negócios.
O financiamento público exclusivo vai afastar ainda mais o político das ruas. Teremos políticos e partidos pendurados nas contas públicas e favorecidos por um precário esquema de controle e fiscalização. A cada ano, como fizeram em 2013, aumentarão as dotações orçamentárias e dependerão menos de militância. Filiados só serão importantes para a criação de partidos.
No Brasil, a campanha de Dilma Rousseff recebeu menos de R$ 3 milhões de pouco mais de 1.500 doadores. Já Barack Obama recebeu mais de US$ 200 milhões em doações de mais de 4 milhões de norte-americanos. É fácil ver onde a política interessa ao povo e onde não.
Na falta de vontade e coragem de se fazer uma reforma política, nós a estamos fazendo em fatias. Em 2014, o Supremo Tribunal Federal poderá declarar ilegais as doações de pessoas jurídicas às campanhas eleitorais. A medida é boa, mas está longe de ser a mais adequada, pois jogará a conta das eleições nos cofres públicos sem a devida contrapartida de empenho e exposição.
Já que a Justiça está fazendo a reforma política que o Congresso reluta em fazer, a solução – caso o financiamento público de campanha seja a única fonte de financiamento de partidos e candidatos – é que o critério de distribuição seja uma combinação de votos recebidos com o número de filiados. Que os recursos sejam exclusivamente geridos pelos partidos políticos e que as campanhas tenham limites de gastos claros.
Os recentes avanços – como a adoção da fidelidade partidária e a instituição da Lei do Ficha Limpa – foram extraídos a fórceps de suas circunstâncias. Novas circunstâncias terão de existir para que novos avanços, mais dramáticos e urgentes, se deem. As manifestações de junho passado nas ruas foram supervalorizadas no que tange à cidadania. Só que nos faltam interesse, educação e lideranças para que possam ocorrer avanços institucionais na esfera política e partidária.
Governos populares temem o embate com políticos. Preferem trair, a longo prazo, os interesses do povo a se indispor com a politicalha. Daí Lula, o mais popular e poderoso presidente da história do Brasil, não ter tido capacidade de encaminhar o tema. Faltou coragem de encarar o establishment político.
Sem povo e sem participação da sociedade, a política continuará a envelhecer rapidamente e a se desconectar ainda mais dos interesses do povo. Com lideranças sem disposição para olhar de frente questões críticas, como as mencionadas, continuaremos sendo menos do que poderíamos ser e sonegando, aos nossos descendentes, um futuro melhor.
Murillo de Aragão é cientista político - diabéisso? rsrsrs