Procuradores da Lava Jato devem explicações a sociedade (final, por Armando Coelho Neto e Luiz Müller
A novela da Fundação lavajatista está longe de acabar. Quando o acordo escandaloso foi revelado pelo jornalista Luís Nassif, passaram vários dias sem que a sociedade reagisse para forçar as autoridades a tomar alguma atitude. Essa aparente apatia – e isso seria compreendido na semana seguinte – decorria do sentimento de impotência a que se resignara a parcela da população que não concordava com os desmandos cometidos pelos comandantes da Força a Jato durante os últimos cinco anos. É aquele sentimento que se tem quando se está diante de algo quase intransponível: não vai acontecer nada com eles, estão há anos aplicando e fazendo lei como bem entendem e ninguém tem coragem de colocar limites, está tudo dominado.
Se havia esse sentimento de apatia e descrença na justiça por um lado, havia do outro a contrapartida que a justificava: a prepotência de quem se sente no comando da situação, mesmo quando flagrado em evidente ilegalidade. Mas algo havia mudado na percepção da sociedade. Isso lembra uma situação doméstica peculiar. Aquela peça onde vamos jogando todas as tralhas que nos incomodam para que sumam debaixo de nossos o olhos. E isso vai entulhando de tal forma que começamos a temer até entrar na peça. Que dirá arrumar energia para colocar tudo em ordem de novo!