Cronologia dos escândalos

Por Jorge Lima


Maio/2007: O Secretário de Segurança Enio Bacci acusa a existência de corrupção na Polícia Civil, que se daria através de recebimento de dinheiro dos exploradores de máquinas caça-níquel. Após um bate-boca público com um delegado, em um programa de rádio ao vivo, Bacci é demitido. Em entrevista declara que a bandidagem venceu e denuncia a existência de problemas no Detran e na própria SSP. O blog http://www.videversus.com.br publica uma longa matéria apontando diversos ilícitos e a existência do “homem da mala preta” que distribuía dinheiro aos integrantes do governo. Assume a SSP o Delegado de Polícia Federal José Francisco Mallmann.

Meados de 2007: O vice-governador Paulo Feijó vai à Comissão de Serviços Públicos da Assembléia denunciar má gestão e outros problemas no Banrisul. Segundo o blog Direto da Fonte, do portal http://www.clicrbs.com.br, um dia antes da ida de Paulo Feijó à Comissão, acontece uma reunião entre ele, o Secretário da Casa Civil Luiz Fernando Záchia, o Procurador Geral de Justiça Mauro Renner e o presidente do Tribunal de Justiça Marco Antônio Barbosa, na qual os três tentam convencer Feijó a desistir das denúncias.

Outubro 2007: Operação Rodin prende dois presidentes do Detran e diversas outras figuras ligadas aos governos Rigotto e Yeda. Entre os presos está Lair Ferst, apontado como um dos principais nomes da coordenação de campanha de Yeda. O Secretário Mallmann começa a ser fritado públicamente através de notas publicadas na coluna e no blog de Rosane de Oliveira, comentarista política do jornal Zero Hora. A razão da fritura é o descontentamento da cúpula do governo por Mallmann não ter alertado sobre as investigações da PF. Mallmann é demitido em 2008.

2008: CPI do Detran. O governo tem maioria e barra a maior parte das iniciativas. Os acusados negam todas as acusações, mesmo depois de a comissão ter acesso ao material produzido pela investigação da PF. Um depoente afirma que a casa que a governadora comprou logo após ser eleita, e antes de tomar posse, foi paga com dinheiro de sobras de campanha. O Secretário Ariosto Culau é flagrado tomando chopp com Lair Ferst em um shopping de Porto Alegre.

Maio 2008: O vice-governador Paulo Feijó grava conversa com César Busatto, chefe da Casa Civil, na qual este diz que é normal que os partidos se utilizem de recursos de estatais e autarquias para se financiarem. Busatto diz que o Banrisul é do PMDB e o Detran é do PP e que, no passado, o DAER era utilizado para financiar os partidos. Busatto se demite e Feijó é ameaçado de expulsão do DEM e atacado pela RBS, que insinua que ele é desequilibrado.

Outros fatos de 2008: Depois do caso do Detran é criada uma Secretaria de Transparência, que fica cozinhando em banho-maria pois o decreto de criação nunca sai do papel. A secretária nomeada se demite, dizendo que o governo é leniente com a corrupção e que sai antes que estoure outro escândalo. O MPE “investiga” a compra da casa da governadora e diz que o negócio foi lícito e que se “restaure a honra de Yeda”. O TCE diz que a compra da casa ocorreu antes da posse, portanto não tem competência para investigar. Operação Solidária investiga desvio de recursos na prefeitura de Canoas. A lista de investigados é quase uma cópia da lista da Operação Rodin. Descobre-se que o comandante da Brigada Militar, polícia militar gaúcha, solicitou ajuda a Chico Fraga, secretário de governo de Canoas, indiciado nas duas operações e apontado como um dos mentores das fraudes, para assumir o comando da corporação. A conversa foi registrada em interceptação feita pela Polícia Federal.

Fevereiro 2009: Dez entidades sindicais deflagram uma campanha publicitária prometendo revelar a face da corrupção e do autoritarismo no RS. No dia 12/02, é revelado que a face é a da governadora. O governo aciona o MP para suspender a campanha. O MP diz que a campanha, feita através de outdoors espalhados pelo estado, pode configurar crime e os responsáveis processados. No dia 17/02 é encontrado o corpo de Marcelo Cavalcante “embaixador” do RS em Brasília. No dia 19/02 integrantes do PSOL convocam entrevista coletiva e apresentam as denúncias já referidas por outros comentaristas. Informam que a entrevista seria convocada para o dia 05/03, após Marcelo Cavalcante prestar depoimento ao MPF, pois teria feito acordo de delação premiada. A antecipação da entrevista se deu em função da morte de Marcelo e da intenção de evitar o desaparecimento de outras testemunhas. Os integrantes do PSOL garantiram ter tido acesso às provas mencionadas e que tal acesso não se dera através do MPF e sim de outras fontes que não seriam reveladas. Apenas o ex-secretário Aod Cunha, citado nas denúncias, tomou medida judicial, interpelando os denunciantes para que apresentem as provas das denúncias. Yeda, em entrevista ao jornal Zero Hora, disse que sua mãe a ensinou a não responder provocações de “bêbados de porta de bar”.

Todas as informações referidas foram obtidas através do jornal Zero Hora e dos blogs RSUrgente, Diário Gauche, Videversus, Blog da Rosane de Oliveira, Direto da Fonte, Agente 65, Blogoleone e Dialógico.

Cronologia dos escândalos

Por Jorge Lima


Maio/2007: O Secretário de Segurança Enio Bacci acusa a existência de corrupção na Polícia Civil, que se daria através de recebimento de dinheiro dos exploradores de máquinas caça-níquel. Após um bate-boca público com um delegado, em um programa de rádio ao vivo, Bacci é demitido. Em entrevista declara que a bandidagem venceu e denuncia a existência de problemas no Detran e na própria SSP. O blog http://www.videversus.com.br publica uma longa matéria apontando diversos ilícitos e a existência do “homem da mala preta” que distribuía dinheiro aos integrantes do governo. Assume a SSP o Delegado de Polícia Federal José Francisco Mallmann.

Meados de 2007: O vice-governador Paulo Feijó vai à Comissão de Serviços Públicos da Assembléia denunciar má gestão e outros problemas no Banrisul. Segundo o blog Direto da Fonte, do portal http://www.clicrbs.com.br, um dia antes da ida de Paulo Feijó à Comissão, acontece uma reunião entre ele, o Secretário da Casa Civil Luiz Fernando Záchia, o Procurador Geral de Justiça Mauro Renner e o presidente do Tribunal de Justiça Marco Antônio Barbosa, na qual os três tentam convencer Feijó a desistir das denúncias.

Outubro 2007: Operação Rodin prende dois presidentes do Detran e diversas outras figuras ligadas aos governos Rigotto e Yeda. Entre os presos está Lair Ferst, apontado como um dos principais nomes da coordenação de campanha de Yeda. O Secretário Mallmann começa a ser fritado públicamente através de notas publicadas na coluna e no blog de Rosane de Oliveira, comentarista política do jornal Zero Hora. A razão da fritura é o descontentamento da cúpula do governo por Mallmann não ter alertado sobre as investigações da PF. Mallmann é demitido em 2008.

2008: CPI do Detran. O governo tem maioria e barra a maior parte das iniciativas. Os acusados negam todas as acusações, mesmo depois de a comissão ter acesso ao material produzido pela investigação da PF. Um depoente afirma que a casa que a governadora comprou logo após ser eleita, e antes de tomar posse, foi paga com dinheiro de sobras de campanha. O Secretário Ariosto Culau é flagrado tomando chopp com Lair Ferst em um shopping de Porto Alegre.

Maio 2008: O vice-governador Paulo Feijó grava conversa com César Busatto, chefe da Casa Civil, na qual este diz que é normal que os partidos se utilizem de recursos de estatais e autarquias para se financiarem. Busatto diz que o Banrisul é do PMDB e o Detran é do PP e que, no passado, o DAER era utilizado para financiar os partidos. Busatto se demite e Feijó é ameaçado de expulsão do DEM e atacado pela RBS, que insinua que ele é desequilibrado.

Outros fatos de 2008: Depois do caso do Detran é criada uma Secretaria de Transparência, que fica cozinhando em banho-maria pois o decreto de criação nunca sai do papel. A secretária nomeada se demite, dizendo que o governo é leniente com a corrupção e que sai antes que estoure outro escândalo. O MPE “investiga” a compra da casa da governadora e diz que o negócio foi lícito e que se “restaure a honra de Yeda”. O TCE diz que a compra da casa ocorreu antes da posse, portanto não tem competência para investigar. Operação Solidária investiga desvio de recursos na prefeitura de Canoas. A lista de investigados é quase uma cópia da lista da Operação Rodin. Descobre-se que o comandante da Brigada Militar, polícia militar gaúcha, solicitou ajuda a Chico Fraga, secretário de governo de Canoas, indiciado nas duas operações e apontado como um dos mentores das fraudes, para assumir o comando da corporação. A conversa foi registrada em interceptação feita pela Polícia Federal.

Fevereiro 2009: Dez entidades sindicais deflagram uma campanha publicitária prometendo revelar a face da corrupção e do autoritarismo no RS. No dia 12/02, é revelado que a face é a da governadora. O governo aciona o MP para suspender a campanha. O MP diz que a campanha, feita através de outdoors espalhados pelo estado, pode configurar crime e os responsáveis processados. No dia 17/02 é encontrado o corpo de Marcelo Cavalcante “embaixador” do RS em Brasília. No dia 19/02 integrantes do PSOL convocam entrevista coletiva e apresentam as denúncias já referidas por outros comentaristas. Informam que a entrevista seria convocada para o dia 05/03, após Marcelo Cavalcante prestar depoimento ao MPF, pois teria feito acordo de delação premiada. A antecipação da entrevista se deu em função da morte de Marcelo e da intenção de evitar o desaparecimento de outras testemunhas. Os integrantes do PSOL garantiram ter tido acesso às provas mencionadas e que tal acesso não se dera através do MPF e sim de outras fontes que não seriam reveladas. Apenas o ex-secretário Aod Cunha, citado nas denúncias, tomou medida judicial, interpelando os denunciantes para que apresentem as provas das denúncias. Yeda, em entrevista ao jornal Zero Hora, disse que sua mãe a ensinou a não responder provocações de “bêbados de porta de bar”.

Todas as informações referidas foram obtidas através do jornal Zero Hora e dos blogs RSUrgente, Diário Gauche, Videversus, Blog da Rosane de Oliveira, Direto da Fonte, Agente 65, Blogoleone e Dialógico.

O que o Psol diz que existe

Por Ary da Silva Martini


Na entrevista coletiva de hoje, o PSOL afirma que existe o que segue abaixo:

- Áudio e vídeo mostrando representante da Mak Engenharia entregando 500 mil para a campanha de Yeda na presença de Chico Fraga, Aod Cunha, Rubens Bordini, Delson Martini, Lair Ferst e Marcelo Cavalcante;

- Áudio e vídeo de representantes de empresas fumageiras entregando 200 mil para Aod Cunha e Lair – na conversa, Lair diz que não poderia dar recibo a pedido de Yeda

- Lair Ferst relata conversa que seria sobre a repartição do dinheiro do Detran entre ele, Yeda, Vaz Netto e Maciel. Lair oferece 100 mil por mês para Yeda para manter o esquema e ela responde: por 100 mil eu não me levanto da cadeira.

- Áudio e vídeo de José Otávio Germano entregando 400 mil em espécie, do dinheiro do Detran, para caixa 2 do segundo turno da campanha de Yeda. José Otávio diz que aquela era uma ajuda para obter crédito político. Presentes: Lair, Yeda e Marcelo Cavalcante.

- Longo vídeo de conversa de Lair com o corretor Albert sobre a formatação da compra da casa de Yeda. Bem detalhado. Lair entrega 400 mil em dinheiro vivo para o corretor. Dinheiro este além dos 750 mil pagos formalmente. Neste vídeo são citados nomes de 20 pessoas, entre eles o marido Crusius e vários secretários;

- Áudio e vídeo de distribuição de pacotinhos de dinheiro para várias pessoas cujos nomes não são conhecidos. Quem aparece distribuindo (e inclusive a expressão “mensalinho” é dita por alguém) é Valna Villarins (assessora de Yeda) e Delson Martini. Testemunham o fato: Lair e Marcelo.

- Áudio e vídeo de Humberto Busnello entregando 200 mil para o caixa dois da campanha de Yeda para Aod Cunha. Lair testemunha.

- Áudio e vídeo de uma longa explanação de pagamentos de contas particulares da governadora, supermercado inclusive. Alguma coisa envolvendo empresas de publicidade – DCS entre elas. Presentes: Lair e Marcelo.

- Diálogo sobre reforma da casa de Yeda feita pela Magna Engenharia. Lair é que está negociando. Mais >>

Os melhores advogados


Levantamento aponta o alto número de processos que filhos de ministros e de ex-ministros da cúpula do Judiciário têm, como advogados, no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça.

O destaque vai para Marcos Meira, filho do ministro do STJ Castro Meira. No STF, ele tem 1.099 processos em tramitação. 

No tribunal de seu pai, tem outros 882 processos. O levantamento inclui ações, recursos e outros tipos de demandas aos tribunais. Continua >> 

"É possível que haja tráfico de influência, mas a gente não pode generalizar"

Vazamentos seletivos

Indiciado em 2006 pela Polícia Federal sob suspeita de ter encomendado a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (PT-SP) alegou ao STF (Supremo Tribunal Federal), em defesa preliminar no inquérito que tramita em sigilo no tribunal, que não há provas de que deu a ordem para a quebra. Continua >>

Amigos, sabe o que eu acho engraçado nesta matéria e da imprensa em geral? É a seletividade dos "vazamentos".

 Este inquérito tramita em "sigilo no tribunal" kkkkkkk.

Por que ainda não vazou na GMC a lista dos jorna-listas que receberam e continuam recebendo do DvD?

E depois veem falar em corporativismo de outras classes...

Aff...


Filhos de juízes advogam

Levantamento feito pelo GLOBO aponta o alto número de processos que filhos de ministros e de ex-ministros da cúpula do Judiciário têm, como advogados, no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O destaque vai para Marcos Meira, filho do ministro do STJ Castro Meira. No STF, ele tem 1.099 processos em tramitação. No tribunal de seu pai, tem outros 882 processos. O levantamento inclui ações, recursos e outros tipos de demandas aos tribunais. O pai não vê problemas éticos e faz questão de não participar dos julgamentos das causas de seu herdeiro. 

- Não sei informar sobre a atuação dele, porque faço questão de guardar distância absoluta dos processos nos quais ele atua. E jamais pedi preferência a qualquer dos ministros. Quando Marcos está envolvido, eu me afasto. Eu não posso porém impedir que ele seja advogado, o que ele fazia antes de eu chegar ao STJ e provavelmente continuará fazendo depois que eu sair - diz Castro Meira.

Marcelo Lavocat Galvão é filho do ex-ministro do STF Ilmar Galvão. No tribunal onde o pai atuou, Marcelo tem 88 ações em curso. No STJ, assina outras 1.098.

Não há nenhuma diferença no tratamento. Basta ver os resultados dos julgamentos

- Meu pai já se aposentou há seis anos. Não há nenhuma diferença no tratamento dos advogados por ser filho de ex-ministro. Basta ver os resultados dos julgamentos. Como qualquer outro advogado, os filhos às vezes ganham e às vezes perdem. Seria menosprezar a responsabilidade, a competência e a ética dos ministros imaginar que eles mudariam algum resultado por que o advogado é filho de um colega - pondera o advogado.

Carlos Mário Velloso Filho, herdeiro do ex-ministro do STJ e do STF Carlos Velloso, acumula 658 ações no STJ e 200 no STF.

- Nunca vi nenhum problema nele atuar no Supremo. Meu filho tem mais de 20 anos de advocacia, com um comportamento ético esplêndido, muito acentuado, graças a Deus - argumenta o ex-ministro.

O próprio Carlos Velloso, hoje advogado no mesmo escritório do filho, tem cinco ações no STJ. No Supremo, ele ainda não atuou em respeito à quarentena. Em janeiro, completaram três anos de sua aposentadoria. Agora, ele avisa que começará a defender causas no STF.

- Fui ministro do STJ 19 anos atrás. Já não existe praticamente nenhum ministro do meu tempo. Não tenho tratamento privilegiado. Os ministros são pessoas éticas, corretas - diz Velloso.

A versão dos outros advogados, filhos de pessoas comuns, é outra. Eles costumam reclamar que os sobrenomes pomposos dos concorrentes costumam contar na hora de escolher um profissional. Nem sempre isso funciona na prática. E há queixas de privilégio no atendimento pelos ministros.

Conheço vários filhos que se utilizam do parentesco na hora de atuar, mas cansei de ver os pleitos indeferidos também

- Conheço vários filhos que se utilizam do parentesco na hora de atuar, mas cansei de ver os pleitos indeferidos também. Tem julgadores que, para fazer questão de manter certa independência, votam contra. É um tiro que pode sair pela culatra - conta um advogado que atua em tribunais superiores e preferiu não se identificar.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) não vêem problemas na prática:

É possível que haja tráfico de influência, mas a gente não pode generalizar

- Como a atuação profissional de ex-ministros e de parentes tem autorização legal, a OAB não pode entender esses atos como falta disciplinar - afirma o presidente da ordem, Cezar Britto.

- É possível que haja tráfico de influência, mas a gente não pode generalizar. Se houver algum indício, que se denuncie - diz o presidente da AMB, Mozart Valadares, completando: - Como há autorização legal e constitucional, não há muito o que fazer no campo ético.

Filhos de juízes advogam

Levantamento feito pelo GLOBO aponta o alto número de processos que filhos de ministros e de ex-ministros da cúpula do Judiciário têm, como advogados, no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O destaque vai para Marcos Meira, filho do ministro do STJ Castro Meira. No STF, ele tem 1.099 processos em tramitação. No tribunal de seu pai, tem outros 882 processos. O levantamento inclui ações, recursos e outros tipos de demandas aos tribunais. O pai não vê problemas éticos e faz questão de não participar dos julgamentos das causas de seu herdeiro. 

- Não sei informar sobre a atuação dele, porque faço questão de guardar distância absoluta dos processos nos quais ele atua. E jamais pedi preferência a qualquer dos ministros. Quando Marcos está envolvido, eu me afasto. Eu não posso porém impedir que ele seja advogado, o que ele fazia antes de eu chegar ao STJ e provavelmente continuará fazendo depois que eu sair - diz Castro Meira.

Marcelo Lavocat Galvão é filho do ex-ministro do STF Ilmar Galvão. No tribunal onde o pai atuou, Marcelo tem 88 ações em curso. No STJ, assina outras 1.098.

Não há nenhuma diferença no tratamento. Basta ver os resultados dos julgamentos

- Meu pai já se aposentou há seis anos. Não há nenhuma diferença no tratamento dos advogados por ser filho de ex-ministro. Basta ver os resultados dos julgamentos. Como qualquer outro advogado, os filhos às vezes ganham e às vezes perdem. Seria menosprezar a responsabilidade, a competência e a ética dos ministros imaginar que eles mudariam algum resultado por que o advogado é filho de um colega - pondera o advogado.

Carlos Mário Velloso Filho, herdeiro do ex-ministro do STJ e do STF Carlos Velloso, acumula 658 ações no STJ e 200 no STF.

- Nunca vi nenhum problema nele atuar no Supremo. Meu filho tem mais de 20 anos de advocacia, com um comportamento ético esplêndido, muito acentuado, graças a Deus - argumenta o ex-ministro.

O próprio Carlos Velloso, hoje advogado no mesmo escritório do filho, tem cinco ações no STJ. No Supremo, ele ainda não atuou em respeito à quarentena. Em janeiro, completaram três anos de sua aposentadoria. Agora, ele avisa que começará a defender causas no STF.

- Fui ministro do STJ 19 anos atrás. Já não existe praticamente nenhum ministro do meu tempo. Não tenho tratamento privilegiado. Os ministros são pessoas éticas, corretas - diz Velloso.

A versão dos outros advogados, filhos de pessoas comuns, é outra. Eles costumam reclamar que os sobrenomes pomposos dos concorrentes costumam contar na hora de escolher um profissional. Nem sempre isso funciona na prática. E há queixas de privilégio no atendimento pelos ministros.

Conheço vários filhos que se utilizam do parentesco na hora de atuar, mas cansei de ver os pleitos indeferidos também

- Conheço vários filhos que se utilizam do parentesco na hora de atuar, mas cansei de ver os pleitos indeferidos também. Tem julgadores que, para fazer questão de manter certa independência, votam contra. É um tiro que pode sair pela culatra - conta um advogado que atua em tribunais superiores e preferiu não se identificar.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) não vêem problemas na prática:

É possível que haja tráfico de influência, mas a gente não pode generalizar

- Como a atuação profissional de ex-ministros e de parentes tem autorização legal, a OAB não pode entender esses atos como falta disciplinar - afirma o presidente da ordem, Cezar Britto.

- É possível que haja tráfico de influência, mas a gente não pode generalizar. Se houver algum indício, que se denuncie - diz o presidente da AMB, Mozart Valadares, completando: - Como há autorização legal e constitucional, não há muito o que fazer no campo ético.