A imagem do Brasil nunca foi tão positiva
Brasil não combaterá especulação
Tortura e hipocrisia
Os brasileiros toleramos a tortura desde o tempo em que era ela sistematicamente aplicada aos escravos. Depois aos pobres, aos presos, às prostitutas. Somente nos espantamos, durante a ditadura militar, quando começaram a maltratar gente da classe média.
Chegaram a assassinar Rubem Paiva, engenheiro, homem de posses e Wladimir Herzog, jornalista de prestígio em S. Paulo. Aí, todo o mundo se levantou contra as atrocidades cometidas nas prisões militares daquele tempo. As de origem política. O tratamento aos pretos de classes pobres não sofreu alteração.
Apertar o preso
Recordo que, em tempos de solteiro, denunciei uma secretária doméstica que se apoderara de um restante de dólares que sobrara de viagem à Europa. Isto e mais alguma coisa. Recebi indagação de policial se devia apertar a moça para que ela "confessasse". Disse-lhe que não. Não admitia, sequer, que ele me fizesse tal consulta. Graças a Deus, não tenho, na consciência, culpa de tal crime.
Punição à tortura
Só posso bater palmas para esta ministra de Estado que cogita de propor ao Congresso a punição de torturadores que maltratam presos em cadeias e penitenciárias. Pensei que isto tinha acabado, pelo menos em Brasília.
Quando fui a uma delegacia de Polícia, aqui no Plano Piloto, registrar ocorrência policial sobre a clonagem de meus cheques, emitidos contra o Banco do Brasil, encontrei ambiente asséptico e atendimento civilizado. Aí, me disseram que todo o pessoal da Polícia Civil da Capital da República possuía diploma de curso superior e salário correspondente.
Depois, com tristeza, ouvi e vi, na televisão, relato de um cidadão pobre, preso por engano como ladrão, que no cárcere fora brutalmente maltratado, chegando a afetar definitivamente sua saúde. Aí, vi que o vício da senzala de castigar escravos continua a ser triste realidade até na Capital do País.
Oposição em crise
A oposição está em crise. É cada vez mais difícil para o PSDB fingir que não está passando por uma guerra fratricida pelo controle partidário, de olho nas eleições presidenciais: na última semana, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o senador mineiro Aécio Neves, os dois principais nomes tucanos para 2014, articularam abaixo-assinado entre os deputados federais do PSDB para que Sérgio Guerra permaneça à frente da legenda neste ano. A ação coloca em xeque José Serra, derrotado nas eleições de 2010 e que pretende manter-se vivo na disputa pela liderança da oposição –para seguir sonhando com mais uma candidatura tucana à Presidência.
Foi apenas mais um capítulo, amplamente divulgado pela mídia, de uma disputa que segue em alta temperatura desde o final do ano passado. Uma disputa que tem como aditivos as denúncias contra Paulo César Ribeiro, irmão da primeira-dama do Estado, Lu Alckmin. Ele é investigado pelo Ministério Público Estadual por favorecer um cartel de empresários beneficiados em licitações de merenda escolar, pagar propina e financiar ilegalmente campanhas eleitorais. Há fortes razões para esperar mais denúncias contra outros tucanos.
Alckmin, por seu lado, de certa forma referendou as suspeitas, também publicadas pela imprensa, de casos graves de corrupção na Secretaria Estadual de Transportes na gestão Serra ao escalar Saulo de Castro, ex-chefe de polícia, para a pasta. Ele, com a equipe de investigadores que foi nomeada para acompanhá-lo, recebeu publicamente a incumbência de rever contratos e apurar irregularidades em licitações.
Até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso está contra Serra, por declarar, para quem quiser ouvir, que acredita que o candidato do PSDB à Presidência em 2014 deverá ser Aécio. Essa será a segunda etapa da disputa interna: Alckmin também deseja testar forças contra o PT novamente em uma campanha presidencial. Para isso, terá de voltar-se contra o tucano mineiro.
A crise na oposição não se restringe apenas ao PSDB: o DEM também dá sinais graves de cisão, que pode culminar com a saída de Gilberto Kassab para o PMDB –se o prefeito de São Paulo não for contemplado na eleição da liderança do DEM na Câmara dos Deputados, essa é uma movimentação que pode acontecer antes do esperado.
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