por Carlos Chagas

[...] querem cria o "parazinho"

De vez em quando a gente pensa estar em outro mundo. Quem sabe até no Mundo da Lua. A Câmara já aprovou, faltando o Senado pronunciar-se sobre a realização de um plebiscito no Pará, para saber se sua população quer dividir o estado em três. Pela projeto, seriam criados o estado do Tapajós, ocupando a metade do  território paraense atual,  e o estado de Carajás, menor porém de longe o mais rico, pelas reservas minerais. Sobraria o Pará de verdade, só que reduzido a um quarto do que é hoje, pequenininho e pobre. O “parazinho”.

Numa época de contenção, cortes orçamentários em políticas públicas e sob a sombra da inflação, teriam que ser encontrados recursos para mais duas Assembléias Legislativas, dois Tribunais de Justiça, dois Tribunais de Contas e dois Poderes Executivos, com duas novas capitais. Sem falar em mais seis senadores.

Quantos bilhões precisariam ser gastos para atender a ambição de políticos de terceiro time, ávidos de galgar posições e atender a favores e nomeações aos montes? Muitos bilhões, que acabariam saindo dos cofres federais. No plebiscito, votariam contra apenas os eleitores do “parazinho” que vai sobrar. Os habitantes das regiões onde se assentarão os novos estados certamente vão aprovar, iludidos pelas promessas dos políticos. E o pior é que a moda pode pegar, pois tem gente querendo dividir o Amazonas, o Maranhão, o Piauí e até a Bahia...

por Alon Feuerwerker

[...] posfácio sem boniteza

Políticos, gente do poder, têm dificuldade para admitir erros, responsabilidade nos contratempos, ou que uma mudança de rota resultou de opção inadequada.

O poder tem horror a sinais de fraqueza. Na luta titânica pelo mando, menos força é sinônimo de mais problemas. Também porque o aliado e amigo do governante forte costuma disputar simultaneamente um lugar na fila para destroná-lo.

Os últimos dias vêm assistindo a uma dança digna do sapo de Guimarães Rosa.

O governo Dilma Rousseff opera uma guinada de 180 graus na maneira como olha a inflação. Posa de ter estado certo lá atrás e de estar certo também agora. Mas e só fachada.

O sapo da política econômica não pula por boniteza, pula por precisão.

Vamos recapitular. Na largada, a nova administração definiu o controle inflacionário como variável não decisiva. Deveria estar subordinada a um patamar de crescimento.

O Brasil deixava na prática de ter uma meta de inflação (o disfarce era mirar no topo, e não mais no centro). Passava a ter uma de crescimento.

E de câmbio, como se notou no esforço da Fazenda e do Banco Central para evitar que o real subisse além de certo limite em relação ao dólar.

Inclusive porque segurar a subida do real ajuda as exportações, e portanto o crescimento e o emprego.

Tinha lógica. O país poderia suportar perfeitamente a inflação algo maior, para não sacrificar postos de trabalho.

Também porque parte da aceleração dos preços tem origem externa, e portanto precisaria haver um sacrifício ainda maior da demanda interna para compensar.

Além de lógica, a linha tinha tudo a ver com o dilmismo econômico, pois a hoje presidente nunca escondeu, desde quando ministra, as reservas à ortodoxia que costuma fluir do Banco Central.

O governo Dilma começou, por isso, com um inédito alinhamento entre Fazenda e BC, na comparação com o antecessor. Era a vitória do desenvolvimentismo sobre o antiinflacionismo ortodoxo.

Finalmente o PT poderia reinvindicar -e reivindicou- ter feito sua ruptura com a receita econômica que herdara.

Adotadas medidas macroprudenciais, de algum aperto no crédito, a inflação convergiria suavemente para a meta de 4,5%, atracaria nela em algum momento do ano que vem. Não seria necessário apertar demais nos juros.

O que deu errado? Duas coisas. A primeira é que as pessoas e as empresas acreditaram na previsão para este ano, de que a meta não seria respeitada, mas não compraram o vaticínio para o vindouro.

E as opiniões de mercado recolhidas semanalmente pelo BC começaram a mostrar inflação forte também em 2012.

A segunda -e tem a ver com a primeira- é que o Brasil possui certa característica peculiar. É um país ainda fortemente indexado. Especialmente nos setores privados que operam sob proteção estatal, como os concessionários de serviços públicos.

O liberalismo e o privatismo no Brasil são assim. Nossos liberais implantaram a correção monetária. Também privatizaram as estatais, mas garantiram aos felizes compradores contratos que se corrigem pela inflação passada.

Diante da pressão das expectativas, o governo piscou. Com apenas quatro meses de vida, engatou a ré.

Por uma razão eminentemente política. Como me disse na sexta-feira um prócer governista: “Seria um erro a gente ajudar a reunificar a oposição em torno de uma bandeira nacional e de caráter fortemente popular, como a luta contra a inflação.”

Fortíssimo em teoria no Congresso (onde tem ampla maioria) e na opinião pública (onde recebe uma simpatia não oferecida ao antecessor), o Planalto preferiu recuar a enfrentar riscos e sustentar convicções.

Subir juros é fácil. Difícil é desindexar os preços dos oligopólios, atacar os exorbitantes custos financeiros lançados sobre o Estado, as pessoas e as empresas, enfrentar coerentemente os gargalos de infraestrutura e tributação.

O governo Dilma precisa se cuidar para não iniciar prematuramente um longo e arrastado posfácio.

Drogas

[...] Quer acabar com o tráfico em São Paulo, feche o Denarc

Corrupção policial motivou ataques do PCC, diz estudo
Episódio que apavorou paulistas completa cinco anos nesta semana
Dados produzidos por pesquisadores da ONG Justiça Global e por faculdade de Harvard serão lançados hoje
ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
Cinco anos após a onda de ataques da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) que parou São Paulo, o maior estudo sobre o tema realizado desde então aponta três motivos para as ações.
São eles: corrupção policial contra membros do grupo, falta de integração dos aparatos repressivos e a transferência que uniu 765 chefes do PCC, às vésperas do Dia das Mães de 2006, numa prisão do interior paulista.
Os dados são do estudo "São Paulo Sob Achaque", contundente raio-x feito durante quatro anos e oito meses que será divulgado hoje.
O estudo é uma parceira da ONG Justiça Global e da Clínica Internacional de Direitos Humanos da Faculdade de Direito de Harvard, uma das mais importantes dos EUA.
Os autores consultaram centenas de documentos, muitos sigilosos, processos sobre as mortes ocorridas em maio de 2006 e entrevistaram as autoridades envolvidas.
A extorsão de R$ 300 mil que, diz o Ministério Público, foi praticada em março de 2005 pelos policiais civis Augusto Peña e José Roberto de Araújo contra Rodrigo Olivatto de Morais, enteado de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como chefe do PCC, é um dos casos de corrupção policial citados.
Os dois policiais chegaram a ser presos. Hoje estão soltos. Eles negam as acusações.
O estudo reforça que, dois dias após os primeiros atentados, o Estado enviou uma comissão a um presídio para negociar o fim dos ataques, fato negado pelo governo.
"O maio de 2006 não foi puramente uma manifestação da violência", diz Sandra Carvalho, da Justiça Global.
Ao esmiuçar os 493 homicídios ocorridos no Estado de 12 a 20 de maio de 2006, o estudo viu "indícios da participação de policiais em 122 execuções", além de discrepância na elucidação desses casos em relação aos que vitimaram 43 agentes públicos.
"Falta boa vontade para mostrar que, na suposta reação policial, inocentes foram mortos", diz Débora Maria da Silva, da ONG Mães de Maio, criada por familiares de mortos por policiais em 2006.
Na quinta, será lançado "Mães de Maio - Do Luto à Luta", livro com a visão da ONG sobre o os eventos da época.

A grande novela das oito

[...] concessão dos aeroportos

Venho defendendo, nesse site, que, apesar de ser a favor das concessões de uma maneira geral, a opção de resolver os problemas de curto prazo dos aeroportos mediante concessões desenhadas no desespero é um caminho errado. As concessões não se destinam a oferecer soluções rápidas e baratas, e sim de qualidade. Esses processos, incluindo aí as parcerias público-privadas, são tortuosos e repletos de custos transacionais.
A essas alturas, o governo tem de definir e elaborar os projetos de obras, com ajuda de consultoras internacionais e de olho com as tecnologias mais modernas e rápidas de construção, contratar sua construção e, paralelamente, desenvolver sua política e seu modelo de concessão, que deve ser independente da realização da Copa.
Essa política deve nos render aeroportos melhor concebidos e administrados, tanto nas principais capitais quanto no interior. A elaboração da política e do modelo será necessariamente um processo longo e negociado, e não pode ser apressado demais, porque então as soluções serão péssimas para a sociedade e para o usuário (ver exemplo das nossas concessões rodoviárias (era FHC), ferroviárias e de trilhos urbanos!).
Concessão é processo rápido somente quando o governo abre todas as pernas para as exigências das construtoras e do mercado financeiro, evitando disputas em torno do interesse público! Mas, depois, os tribunais e ministérios públicos podem reverter o contrato, com prejuizo para todas as partes; isso quando o oportunismo político não rasga os contratos (ver Paraná).
As últimas cenas e capitulos estão demonstrando a validade dessa minha tese. Vamos lá:
1 - Site O Destak
Leilões de aeroportos de SP e Brasília ficam para 2012
O leilão dos aeroportos de Brasília (DF), Campinas e Guarulhos (SP) só deve sair em 2012, o que os deixa em um prazo muito próximo da realização da Copa do Mundo de 2014.
É o que prevê um estudo da Infraero (estatal que administra os terminais aéreos no país) e a SAC (Secretaria de Aviação Civil), segundo O Estado de S. Paulo.
Os aeroportos do Galeão (RJ) e de Confins (MG) não devem entrar no pacote de concessões à iniciativa privada, apesar de serem prioritários para a Copa.
Outro ponto do documento é o que prevê apenas novos terminais de aeroportos no leilão. Estruturas já existentes permanecem com a Infraero. Segundo o estudo, o leilão, em maio de 2012, inviabiliza os terminais para a Copa.
2- Estadão
Mais atraso nos aeroportos
Há dias, o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, anunciou um programa de privatização dos principais aeroportos brasileiros, iniciativa inovadora em um governo do PT, e informou que, em duas semanas, seriam lançados os editais de concessão dos aeroportos de Guarulhos e de Brasília, que estão entre os mais congestionados do País. Ainda em maio, disse o ministro, se seguiria o edital de Viracopos e, no máximo até julho, seriam publicados os dos aeroportos de Confins e do Galeão.
O anúncio, que mostrava uma nova visão do governo do PT sobre a privatização, mereceu elogios, pois deu à população a esperança de que, afinal, os sérios gargalos do sistema aeroportuário começariam a ser eliminados, o que reduziria os riscos de novas e mais graves crises no setor. Mas, como é comum na administração petista, agora se sabe que nada ocorrerá no prazo anunciado, pois nada está decidido nisso que até agora não passa de intenção do governo de transferir para a iniciativa privada a expansão, modernização e operação parcial ou total dos principais aeroportos do País.
O que o governo fez até agora, além de criar a Secretaria de Aviação Civil, foi anunciar às pressas o plano de privatização. Tratou-se, ao que tudo indica, de uma tentativa de aplacar as críticas, no País e no exterior, ao atraso das obras necessárias para dar um mínimo de eficiência ao sistema e de conforto aos passageiros e para dotar o País da infraestrutura indispensável à realização de grandes competições esportivas internacionais.
O governo não tem nem mesmo ideia precisa do modelo que adotará. Depois da primeira reunião para discutir o projeto de concessão dos aeroportos com diretores da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e executivos das companhias aéreas que operam linhas regulares no País, o presidente da Infraero, Gustavo do Vale, disse que ainda estão sendo realizados os primeiros estudos de viabilidade econômica.
Concluídos esses estudos preliminares, acrescentou Vale, o governo poderá ter uma visão mais precisa do processo de concessão e, então, poderá contratar empresas especializadas que montarão o modelo a ser adotado em cada um dos terminais cuja ampliação e operação serão oferecidas a investidores privados. A eventual contratação, sem licitação, da Estruturadora Brasileira de Projetos, empresa formada por bancos estatais e privados, pode reduzir o prazo da etapa inicial do processo, mas é difícil imaginar que um trabalho sério de montagem de modelos específicos para cada aeroporto fique pronto em prazo inferior a seis ou oito meses.
É com base nesses modelos que serão elaborados os editais para a concessão. Como admite agora o próprio governo, na melhor das hipóteses, o primeiro edital poderá ser publicado até o fim do ano. Só então será possível aferir o interesse de empresas particulares - companhias aéreas, construtoras e outras - na concessão. Se houver interessados, será feito o processo de habilitação de candidatos, escolha do vencedor, assinatura de contrato e, finalmente, o início das obras. Enquanto isso, os problemas continuarão se agravando.
A única experiência brasileira de concessão de terminais de passageiros de aeroportos, a do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, em Natal, foi anunciada há quase três anos. Os estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental demoraram, os critérios básicos foram submetidos ao exame do Tribunal de Contas da União, que impôs algumas alterações, e, até agora, o edital não foi lançado.
A montagem do modelo para a concessão do aeroporto de Guarulhos provavelmente será mais complexa, e poderá suscitar muitos questionamentos, o que tende a retardar o processo. Nesse caso, a intenção do governo é de que a concessionária construa o terceiro terminal de passageiros, comprometa-se a mantê-lo e explore as áreas comerciais para remunerar seus investimentos. O prazo de concessão pode ser de 30 anos. Dependendo dos parâmetros definidos pelo governo na concessão, pode não haver interessados.
3- Site Olhar Direto
Acordo entre governo do Estado e Infraero pode ser modelo para o país De Brasília - Vinícius TavaresEnquanto a presidente Dilma Rousseff anuncia a privatização dos aeroportos de Brasília, Guarulhos e Viracopos (SP) e o adiamento da concessão à iniciativa privada dos terminais de Confins (MG) e do Galeão (RJ), o Estado de Mato Grosso colhe os frutos de um acordo firmado com a Infraero para garantir a execução das obras de reforma e ampliação dentro do prazo e sem necessidade de intervenção privada nas obras.
Na prática, ainda não existe nenhum equipamento trabalhando no canteiro de obras, mas o cronograma estabelecido entre governo e Infraero para realizar o projeto e licitar empresas e está sendo cumprido. Tranquilo e seguro com o acordo firmado, o secretário de acompanhamento da logística modal de transportes, Francisco Vuolo, diz que Mato Grosso tem uma condição privilegiada em relação a outros Estados que sediarão a Copa do Mundo de 2014.
“A diferença é que o governo do Estado chamou pra si a responsabilidade de realizar a licitação para agilizar o trabalho da Infraero, que já está sobrecarregada por uma série de demandas que estão em andamento nos aeroportos. Os recursos continuam sendo da Infraero, mas o governo está dando agilidade a todo o processo”, enfatizou.
Para o secretário, este modelo de parceria poderia ser adotado por outros estados que enfrentam dúvidas e muita desconfiança por parte da população no que se refere ao cumprimento de prazos para as obras de ampliação e reforma de aeroportos.
“Fomos o único Estado a firmar um acordo para que pudéssemos licitar a obra. Antes não tínhamos nenhum termo de compromisso, nenhum documento que nos garantisse o andamento da obra. Agora podemos fiscalizar e passar informações fidedignas sobre os compromissos assumidos pela Infraero, estratégia que poderia ser adotada por outros governos estaduais. Que têm o desafio de sediar a Copa”, concluiu.

Eleição 2011 na Argentina

O fato dominante da campanha eleitoral tem sido, até aqui, a espetacular redução do número de candidatos de oposição. Dos três pré-candidatos da UCR -união cívica radical- restou apenas um: Ricardo Alfonsin. Dos quatro pré-candidatos federais, só restam dois: Alberto Rodríguez Sá e Eduardo Duhalde. Dois dos três pré-candidatos nem "radicais" nem federais, Macri e Solanas, desistiram e disputarão a prefeitura da capital, deixando só a Elisa Carrió nesse grupo.  Dos onze apresentados na pré-campanha, apenas sobrevivem, por enquanto, quatro.

Dinheiro Vivo

As novas mídias e o jogo político

Na sexta-feira passada participei da sessão de encerramento do IV Congresso Latino Americano de Opinião Pública da Wapor, um encontro que reuniu especialistas em pesquisas de opinião do continente, tanto da área acadêmica quanto dos institutos de pesquisa.

As novas mídias entraram definitivamente na agenda do setor, por sua capacidade de interferir em eleições. Esse processo ficou claro nas eleições de Obama. De seu lado, foi auxiliado por uma multidão de blogueiros e voluntários. Na outra ponta, alvo de uma campanha de baixíssimo nível, valendo-se de redes sociais e blogs, apontando-o como terrorista, muçulmano etc.

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Alguns pensadores defendem a tese de que a blogosfera é por demais caótica para conseguir interferir no jogo político. Em geral se aferram a um retrato atual do setor, incapazes de entender o processo futuro.

A blogosfera é como uma imensa assembleia pública dos primórdios da democracia grega, uma imensa sala onde todos se manifestam.

Desde o advento da indústria da comunicação, o jogo da opinião pública ficou restrita à opinião que passava pelos grandes jornais centrais de cada país. Ficavam de fora desse jogo as cidades e cidadãos do interior, setores da economia, movimentos sociais, pequenas empresas etc.

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A blogosfera é um caos – que em determinado momento encontrará várias formas de organização. A diferença é que todas as manifestações, ruídos, militâncias se dão na mesma plataforma tecnológica. Essa é a diferença fundamental.

Sem Internet, a opinião pública é captada ou através de pesquisas de opinião estáticas, ou através do filtro do jornal.

Com a Internet, o jogo é outro. Todas as opiniões são bites na rede. Todas as informações estão disponíveis para modernas ferramentas de gestão do conhecimento, seja RSS (sistema que permite receber automaticamente notícias de um site ou blog), cokpits (formas aprimoradas de organizar informações).

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O primeiro bloqueio à informação – sua publicização – é removido. Cada vez mais será possível buscar informações dos locais mais distantes, dos setores mais esquecidos.

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Espalhadas pela rede, as informações assumem inicialmente um aspecto caótico. Gradativamente surgirão os hubs, os agregadores, que buscarão informações e darão tratamento jornalístico às notícias.

Haverá implicações em todas as áreas.

Por exemplo, na política econômica, atualmente o único setor ouvido é o dos economistas de mercado, com fácil acesso às editorias econômicas dos grandes jornais de São Paulo e Rio.

Gradativamente setores da indústria, de serviços, sindicatos, cidades do interior, disponibilizarão dados na rede, acessíveis a analistas, pesquisadores, veículos de informação, autoridades econômicas etc.

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As eleições do ano passado, além disso, mostraram a importância do contraponto permitido pela Internet, especialmente em períodos em que não há contraponto na grande mídia.

Mesmo em fase incipiente, o espaço proporcionado pela Internet já modificou a história da mídia.

IPCA avança para 0,77% em abril

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,77% no mês de abril, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mês anterior, a taxa tinha ficado em 0,79% e em abril de 2010, em 0,57%. Entre janeiro e abril, a inflação oficial acumula alta de 3,23%. A taxa apresentada pelo grupo Alimentação chegou a 0,58%, abaixo dos 0,75% de março, enquanto o agrupamento dos não alimentícios passou de uma taxa de 0,80% em março para 0,83% em abril.

Gasolina e etanol ficarão mais baratos este mês, diz Mantega

Os combustíveis, considerados os principais vilões da inflação medida pelo IPCA em abril, já estão em queda, afirma o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Começou a safra, o preço do etanol ao produtor já caiu bastante e logo mais chegará à bomba de gasolina. Teremos uma queda da gasolina e do etanol a partir de maio". Mantega ressaltou a queda recente dos preços das commodities, em especial o petróleo - "um dos itens que mais inflacionam o índice de commodities mundial", afirmou o ministro.

Penetração da banda larga é maior do que de serviços de infraestrutura

A penetração da banda larga cresceu mais rápido do que a de outros serviços de infraestrutura, segundo estudo da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil). Ao final do ano passado, o serviço alcançou a marca de 17,4 milhões de usuários, alcançando um aumento de penetração na ordem de 80 vezes, durante os últimos dez anos. O número de novos lares que receberam banda larga entre o ano 2000 e 2010 também supera os que passaram a ter acesso à coleta de lixo (14,2 milhões).

Produção de veículos no país registra queda de 4,9% em abril

A produção de veículos no país caiu 4,9% em abril deste ano em comparação com março. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foram produzidas 280,1 mil unidades em abril, ante 294,4 mil no mês anterior. Na comparação com abril de 2010, quando foram produzidos 274.830 automóveis, houve crescimento de 1,9%. De acordo com o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, a queda foi puxada pelas medidas macroprudenciais adotadas pelo governo.

Grécia pode deixar zona do euro

Aumenta a possibilidade de saída da Grécia da zona do euro, e a possibilidade de retomada do uso do dracma como moeda própria. Segundo fontes do mercado consultadas por agências internacionais, o país aventou a possibilidade durante conversas com membros de Estado, da Comissão Européia e ministros das Finanças da zona do euro. Contudo, um porta-voz do Eurogrupo – instituição que congrega ministros das Finanças dos países membros da zona do euro— negou que o encontro seja realizado.

Nível de emprego acelera nos EUA em abril

A economia dos Estados Unidos registrou a criação de 244 mil postos de trabalho no mês de abril, o maior resultado apurado em 11 meses, segundo levantamento do Departamento de trabalho local. Este foi o terceiro mês consecutivo de criação de empregos no país. Boa parte desse crescimento foi puxado pelas companhias do setor privado, que geraram 268 mil vagas, a maior quantia desde fevereiro de 2006. Entretanto, o setor público suprimiu 24 mil vagas, dentro de seus planos de corte orçamentário.

Blog: www.luisnassif.com.br
E-mail: luisnassif@advivo.com.br





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Os inventores

[...] por Luis Fernando Verissimo


Não há muito o que inventar no futebol. Depois que desapareceram os ponteiros e os laterais viraram alas, o futebol parou de mudar. Ficou mais corrido e mais disputado, é verdade, mas isto tem a ver com preparo físico e com o robustecimento geral da espécie, nada a ver com táticas.

Hoje um técnico de futebol interfere no jogo pela quantidade de jogadores que escolhe por setor. Três atrás, uma multidão no meio e um na frente. Quatro-quatro-dois. Etc. Sua criatividade se resume em variar os números.
Criatividade mesmo é a do bom jogador, que dentro de campo inventa muitas maneiras diferentes de jogar, e aí o mérito do treinador é o de tê-lo escalado. Mas qual foi a última vez que apareceu uma nova tática, uma quebra na ortodoxia do futebol?
Aquela seleção da Holanda em que todo o mundo jogava em todo o campo o tempo todo foi uma demência que deu certo, e nem tão certo assim, mas demência não pode ser exemplo. Quem mais?
E no entanto houve um tempo de inventores. Quando o próprio futebol primitivo se prestava à experiência e à novidade. Sabemos dos inventores por relatos nem sempre confiáveis. Nunca fica claro onde termina a memória e começa a fantasia. Aimoré Moreyra era mesmo o mago que dizem, ou sua fama de estrategista tem mais mito do que fato?
Flávio Costa, técnico da seleção na fatídica Copa de 50, tinha inventado a “diagonal”, que nunca se ficou sabendo exatamente o que era. Mas era uma experiência nova. Não havia um Martim Francisco, considerado o filósofo do futebol? O ex-jogador Tim se transformara em técnico e também conquistara a fama de grande estrategista.
Transmitia suas teorias aos jogadores e demonstrava como deveriam fazer na prática com botões em cima de uma mesa. E constantemente se queixava porque seus botões se movimentavam melhor do que seus jogadores.
Mudanças pequenas podiam ser revolucionárias, quando o futebol de hoje começava a tomar forma. O simples recurso de jogar com um ponteiro direito recuado e fechando o meio-campo, no caso o Telê, fez do Fluminense dos anos, sei lá, 50 um time diferente e vitorioso.
A tática passou a ser copiada, mas tornou-se mais comum recuar o ponteiro esquerdo, e o exemplo mais bem sucedido desse “jogador tático” foi o Zagalo, consagrados — o jogador e a tática — na Copa do Mundo de 58.
Talvez o ponteiro armador tenha sido a última invenção da era dos estrategistas, reais ou mitológicos, antes da grande revolução que acabou com os ponteiros e inaugurou a ortodoxia atual. Hoje bom treinador é um bom psicólogo, que saiba condicionar e empolgar seu time, enxergue as falhas e saiba corrigi-las e acerte na distribuição dos seus números.
Talvez ainda se usem os botões do Tim, mas não há mais nada para ser mudado.