Neoconcreto: a teoria não produz uma obra de arte

1233017610_ferreira_30.jpgpor Ferreira Gullar

Todas as pessoas, informadas nesse terreno, sabem que fui eu quem inventou o nome "neoconcreto", propus que criássemos um movimento com esse nome e escrevi o Manifesto Neoconcreto e a teoria do não objeto.

É verdade, também, como tenho dito, que nada disso teria sido possível nem teria consequências efetivas se se tratasse apenas de sacações minhas: de fato, não fiz mais do que formular o que já estava sendo criado pelos pintores, escultores e poetas que constituíam, àquela época, o grupo de concretistas do Rio de Janeiro.

E só por isso aquele movimento deu certo, marcando um momento de nossa história artística. Certamente, a tomada de consciência do processo de criação que o nosso grupo realizava foi um fator decisivo para o desdobramento que teria, pois era necessário que alguém formulasse teoricamente aquilo.

Coube a mim fazê-lo por ser eu, além de membro do grupo como poeta, também teórico e crítico de arte.

Sabemos todos, porém, que não é a teoria que produz as obras de arte, muito embora o processo criador exija a consciência crítica.

Desse equívoco estão cheios os manifestos dos diferentes movimentos de vanguarda do século 20, que, a exemplo dos manifestos políticos, prometem coisas que jamais serão realizadas.

Já o Manifesto Neoconcreto caracterizou-se por não fazer promessa nenhuma. Trata-se de um texto nascido da constatação do que estava sendo realizado: nos trabalhos de Lygia Clark, Amilcar de Castro, Franz Weissmann, Hélio Oiticica, Aluisio Carvão, Lygia Pape e dos poetas do grupo, algo surgira que diferia da concepção concretista herdada de Max Bill e dos conceitos da Escola de Ulm.

O fator principal dessa diferença era, no caso dos cariocas, o predomínio da busca intuitiva, ainda que sem romper com o rigor construtivo que caracterizava a arte concreta. A teoria do não objeto, por exemplo, surgiu como consequência de um trabalho de Lygia Clark que ela não sabia como classificar. Não era escultura, não era pintura, não era relevo. Entendi que era um objeto, mas um objeto sem função: só significação. Daí chamá-lo de "não objeto".

Disse, certa vez, que o primeiro "Bicho", de Lygia Clark, se inspirara no meu livro-poema "fruta". Mas observei, nesse mesmo texto, que era uma característica do nosso grupo a troca permanente de ideias e experiências, uma vez que estávamos frequentemente juntos a mostrar uns aos outros o que realizávamos.

A experiência neoconcreta foi muito rica, porque, particularmente no terreno das artes plásticas, levou às últimas consequências uma linha de experiência estética que começou no cubismo.

Esse processo de vanguarda terminou por desintegrar a linguagem artística. Resumindo: um dos objetivos surgidos dessa busca - a criação de uma arte não figurativa - conduziu Casemir Malévitch a pintar o quadro "Branco sobre Branco", que, a meu ver, estava a um passo do fim da pintura: a tela em branco. A saída que encontrou, então, foi abandonar a tela e partir para construções no espaço tridimensional, que chamou de "Construções Suprematistas".

Pois bem, Lygia, por outros caminhos, também chegou à tela em branco e - embora ignorando o que fizera o artista russo - partiu também para as construções no espaço tridimensional, que são os "Bichos".

Mas Lygia, antes de dar esse passo, desistira de pintar e passara a agir materialmente sobre o quadro, criando o que chamaria de "Casulos". Foi então que fiz os livros-poema, também para superar um impasse com que me defrontara ao escrever o poema "verde relva".

Ao ver que o leitor, diante da repetição da palavra verde, não lia o poema palavra por palavra, como eu pretendia, decidi escrevê-lo no verso das páginas, para obrigá-lo a isso. Intitulei-o de livro-poema porque ali poema e livro eram uma coisa só. O livro-poema "fruta" já não era um livro, embora feito em papel: o leitor o abria como se abrisse uma fruta, gomo por gomo.

Ao vê-lo, Lygia percebeu nele a solução para o impasse a que chegara e criou os seus "Bichos". No livro-poema, o manuseio não era invenção, já que livro é manuseável; nos "Bichos", sim.

Por isso mesmo o defini como "um ser novo no universo da arte". Era fascinante esse diálogo da poesia com as artes plásticas.
 


Rio de Janeiro - Bonde descarrilado

Um total de 53 pessoas ficaram feridas e outras cinco morreram após o descarrilamento de um bonde, ontem, no bairro Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Dentre os feridos, oito eram cearenses. Destes, 2 ficaram feridos gravemente.

O Igor Bonfim, que é mestrando da UFC, teve que passar por uma cirurgia de traumatismo craniano,  E Daniele Soschetti também está internada.

Os estudantes participavam XXVI Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE). "Todos nós estamos muito abalados, foi um choque. Estávamos em um congresso e fomos passear em Santa Teresa", comenta a jovem.

Nacional

De acordo com a Secretaria municipal de Saúde do Rio de Janeiro, 28 pessoas deram entrada no Hospital Souza Aguiar, no Centro. A secretaria informou que há feridos com necessidade de cirurgia, mas não há informações sobre a quantidade de casos. Ainda segundo a secretaria, duas das cinco vítimas que morreram chegaram a ser levadas para hospitais, mas não resistiram aos ferimentos.

A assessoria de imprensa do órgão, acrescentou que a maior parte dos feridos foram para o hospital Souza Aguiar, no Centro, e os demais para os hospitais Miguel Couto, na Gávea, Salgado Filho, no Meier, e Andaraí.

O secretário de Transportes, Julio Lopes, esteve em Santa Teresa à noite e lamentou o acidente, que, segundo ele, representa uma tragédia para o turismo na cidade. Lopes disse que o serviço de bondes no bairro ficará suspenso até que sejam apuradas as causas.

Lopes foi vaiado ao chegar no local do acidente, admitiu que o bonde passava por reformas, mas informou que os reparos ainda não tinham sido concluídos. Segundo ele, há informações de que o bonde estaria super lotado.

"A questão da superlotação e do uso inadequado é algo que nos preocupa muito e temos informações preliminares de que o bonde estava muito cheio. Foi uma fatalidade, uma tragédia", comentou o secretário.


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Frase do dia

Impossível não morrer. Tudo o mais é possível, até eu te amar mais ainda Lú!!
 Joel Neto 


A bela


Procuro por ela
A mulher bela
Que ontem eu vi.
Só deixou um olhar
E um andar
Que não mais esqueci.

É o emprego panaca!

A PED  - pesquisa mensal de emprego e desemprego -  , do IBGE  constatou a combinação de desemprego recorde e renda real em alta.

A taxa de desemprego do mês passado é a menor taxa para o mês de julho desde o início da série, em março de 2002. Comparando com julho do ano passado, o recuo foi de 0,9 ponto percentual. 

E os  panacas da oposição continuam com nemhemhem do "bolsa esmola", "aparelhamento dos Estado", " mar de lama" e outras baboseiras iguais.

Que continuem assim, tão incompetentes na oposição quanto [des]governaram o Brasil.

O PT Lula, Dima e o povo agradece. 

PSDB: o partido que virou suco

[aguado].

Raras vezes as oposições tem perdido tempo, espaço e oportunidades para exercer sua função e cumprir sua obrigação. O PSDB parece ter virado suco, tantas e tamanhas tem sido suas vacilações,  divisões e inação. O Alto Tucanato paulista não se entende, a  não ser para rejeitar qualquer diálogo com as demais seções do partido, em especial a mineira. A vaidade de Fernando Henrique, o provincianismo de Geraldo Alckmin e a presunção de José Serra deixam o futuro a milhas de distância da paulicéia que, a depender deles, faz mesmo jus ao título de desvairada. Uma única voz de bom senso deixou de ser ouvida em São Paulo, refugiando-se em Brasília. Pertence ao senador Aloysio Nunes Ferreira.

A próxima sucessão presidencial não parece assim tão longe, mas os tucanos estão arregimentados para perde-la, caso não se organizem logo em torno de Aécio Neves, candidato natural. O ex-governador está  consciente de que sem os paulistas unidos, nem valerá à pena concorrer. Melhor retornar ao governo de Minas.

Que proveito tirou o PSDB do festival de corrupção que assola o país? Nenhum, quando seria fácil mobilizar  a atenção nacional em torno do fato de que todos os escândalos denunciados e por denunciar devem–se ao PT, PMDB e penduricalhos da base de apoio do governo Dilma. Mais ainda: amedrontados pela presença do Lula, os tucanos nem pensam em começar a demolição da popularidade dele através da acusação de que tudo se ampliou a partir dos oito anos de governo dos companheiros.

Falta um plano, um projeto de Brasil a ser apresentado como alternativa e base para a tentativa de volta ao poder. Só que a presunção, o provincianismo e a vaidade não permitem sequer que seus principais líderes  reunam-se para esboçá-lo. Desconfiados uns dos outros, só aceitariam se os demais endossassem sua supremacia.

O resultado aí está: uma legenda em frangalhos, deixando passar a oportunidade de firmar-se como oposição.
por Carlos Chagas

A ética e moral da conveniência


[...] é a regra número 1 da tucademopiganalhada. Antiético, imoral, crime?...

Isto é coisa dos adversários. Nós podemos tudo, a nós tudo é permitido.

E, ai de quem insinuar o contrário.  Para sempre será perseguido, execrado pela nossa corja pigniana.

Vai encarar?...