Revista Veja é criminosa


O principal cenário da “denúncia” da Veja desse final desse final de semana é o Hotel Naoum, em Brasília. Nele, segundo a revista, José Dirceu tem um “gabinete” instalado, onde “o ex-ministro recebe autoridades da República para, entre outras atividades, conspirar contra o governo Dilma.”
A matéria traz uma sequência de dez fotos tiradas do andar em que fica o apartamento de José Dirceu. Numa delas, aparece o próprio. Nas demais, ministros, deputados, senadores que lá estiveram. Por isso, entrevistei há pouco Rogério Tonatto, gerente geral do hotel.
Viomundo — No seu ramo de negócio, privacidade é vital. A do Naoum, porém, foi quebrada com a reportagem da Veja. O senhor não teme que, por isso, clientes deixem de se hospedar no seu hotel?

Rogério Tonatto — Eu não acredito, não, porque todo mundo conhece a nossa respeitabilidade. O hotel tem 22 anos, é considerado o melhor da cidade. É o hotel que mais recebeu comitivas oficiais em todo o país, da Princesa Diana a  Fidel Castro.  São mais de 150 comitivas oficiais.
O que foi feito aqui é uma coisa criminosa, que a gente repudia. Nós estamos realmente chocados, pois temos uma história muito forte com a cidade.  Não vamos deixar que episódio isolado como esse abale o nome do hotel.

Viomundo – Acha mesmo que não vai ter repercussão na sua clientela? As fotos exibidas na Veja demonstram que a privacidade do seu cliente está em risco.
Rogério Tonatto – A privacidade de clientes está sob risco em qualquer lugar do mundo.  O que fizeram no hotel é um crime. Aliás, muitos clientes têm-nos ligado para prestar solidariedade, dizendo que o hotel não merece isso.
Viomundo – O senhor sabe como foram feitas as imagens?
Rogério Tonatto — A gente não sabe ainda com certeza, pois a questão está sob investigação.  A nossa suspeita é de que essa câmera foi plantada. Achamos que não saíram do circuito interno  do hotel.
Viomundo — Não saíram mesmo do circuito interno?

Rogério Tonatto — Nós estamos investigando.  Mas tudo indica que não. Até porque a maioria dos nossos funcionários tem muito tempo de casa, são pessoas comprometidas  com o hotel. Eu sinceramente não acredito que possa ter saído de forma inconseqüente do hotel. Nisso, a gente está bem tranqüilo.
Já falamos com todos os funcionários, a começar pelo pessoal de segurança. Está todo mundo muito chateado, muito perplexo.  São pessoas que têm um carinho muito grande pelo empreendimento. Você não tem noção do que a gente realmente está passando…
Viomundo – É possível dizer com 100% de certeza que as fotos não foram tiradas do seu sistema de segurança?
Rogério Tonatto – Neste instante, não tenho condições de precisar 100%.  A principal hipótese é a de que uma câmera tenha sido plantada no hotel.  A gente trabalha mais com essa hipótese.
Viomundo – A sua equipe tem condições de avaliar se as imagens saíram ou não do circuito interno, não tem?
Rogério Tonatto – Tem, sim, e já detectaram algumas diferenças em relação às fotos publicadas. Por exemplo, são horas diferenciadas em relação às presenças das pessoas citadas.  Mas isso a Polícia Civil de Brasília e a Polícia Federal estão apurando. Agora, é precipitado eu falar mais coisas. Não quero atrapalhar a investigação. O que eu posso dizer é que vamos apurar todo esse delito até o final.
Viomundo — Tem ideia de quem teria filmado o andar do apartamento do ex-ministro José Dirceu?
Rogério Tonatto — Não temos a menor ideia.  Sabemos que um repórter esteve lá, que tentou invadir um dos apartamentos. Prontamente nosso staff não deixou. É um staff bem preparado, conseguiu detectar a tentativa de invasão. Demos queixa na polícia. Enfim, tomamos todas as medidas que medidas que tem de ser adotadas nessas circunstâncias.
Esse é um caso que tem de ser apurado pela polícia especializada, porque a gente não compartilha com esse tipo de conduta, independentemente de quem seja o cliente.
Viomundo – O senhor disse que a Polícia Federal está apurando o caso…
Rogério Tonatto —  A Polícia Federal foi acionada, está tomando providências, já está  no caso, assim como a Polícia Civil. Elas já estão no encalço de quem cometeu esse crime. Nós estamos trabalhando em todas as frentes para que ele  seja solucionado o mais rapidamente possível.
Viomundo — Que medidas o hotel vai tomar em relação à Veja?
Rogério Tonatto – Amanhã às 9 horas da manhã já temos uma reunião agendada com os nossos advogados. Neste momento, não tenho condições de dizer se a gente a vai processar a Veja.  Não sou competente na área, preciso de orientação jurídica sobre as medidas a serem tomadas.
Viomundo – Quem vai pagar os prejuízos do hotel, já que a imagem dele foi  manchada?
Rogério Tonatto — Nós estamos realmente indignados e preocupados com tudo isso. Mas uma coisa garanto: alguém vai pagar. Não sei lhe precisar quem neste momento, mas alguém vai pagar.  Vamos tomar todas as medidas para que esse episódio não fique impune. Nós estamos muito seguros da nossa importância. E o hotel não merece um espetáculo criminoso como este.
Conceição Lemes

Manchete de economia

Bancos inflam calote para sonegar, afirma receita.

Tradução: Bancos mentem sobre calote para roubar, afirmo

por Luis Nassif

 A falácia dos países sem moeda própria

Mesmo depois do desastre de Domingo Cavallo, na Argentina, há defensores da moeda única entre países.

A ideia por trás disso é que alguns países não conseguem ter disciplina fiscal. Passam então a emitir moeda de forma descontrolada. A maneira de "discipliná-los" é tirar-lhes esse direito, amarrando a moeda local a uma mais forte – o dólar ou, no caso da União Europeia, ao euro.

Ignora-se o papel central do câmbio na definição estratégica dos países.

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Tome-se o caso da Inglaterra no século 18, quando se preparava para se tornar a maior potência do mundo.

Portugal recebia muito ouro do Brasil. Por conta disso, tinha uma moeda muito valorizada. A Inglaterra ansiava por espalhar suas manufaturas pelo mundo. Sua estratégia consistia em comprar produtos primários e vender produtos acabados. Por sua vez, a Índia tinha uma indústria têxtil mais forte que a inglesa.

Aproveitando a diferença cambial com Portugal, a Inglaterra montou um acordo pelo qual os vinhos portugueses poderiam ser importados com isenção, tornando-os mais competitivos que os concorrentes franceses. Em troca, Portugal abriu seu mercado. As manufaturas inglesas invadiram o país, liquidaram com as fábricas portuguesas e conseguiram em pagamento grande parte do ouro extraído do Brasil.

Com esse ouro, a Inglaterra comprou produtos têxteis da Índia, mas não para consumo próprio – pois destruiria sua própria indústria. Revendeu-os para outros países, e com a receita adquiria matérias primas.

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Não é o único caso em que o câmbio marcou a diferença. Em 1944 o Tratado de Bretton Woods visou disciplinar as relações entre as moedas. O Brasil aderiu ao Tratado definindo a paridade da sua moeda em relação às demais. Só que este levou quatro anos para ser implementado. Nesse intervalo, houve inflação no Brasil que não foi levada em consideração. Consequência: até meados dos anos 60, o país viveu infindáveis crises cambiais que atrasaram o desenvolvimento industrial brasileiro.

No pós-guerra, a recuperação das economias da Itália, Alemanha e Japão foi impulsionada por câmbio desvalorizado. Assim como o grande milagre coreano: o que o precedeu foi uma moeda desvalorizada. Tanto assim que grandes economistas conservadores dos anos 50, como Eugenio Gudin e Roberto Campos, defenderam medida dessas para o Brasil.

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No caso argentino, Cavallo amarrou o austral ao dólar. O câmbio apreciado liquidou com a indústria local, empobreceu a população, derrubou a arrecadação fiscal. Mesmo assim, as províncias emitiam dívida até para pagar salário. Liquidou-se com a economia argentina sem disciplinar o gasto fiscal.

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O mesmo está ocorrendo com os países europeus imersos em crises terríveis. Se não estivessem amarrado ao euro, Grécia, Portugal, Espanha e Itália desvalorizariam suas moedas, ganhariam competitividade e teriam mais condições de enfrentar a crise atual. Sem o manejo do câmbio, afundam.

Pior que uma moeda sem flexibilidade é ter a flexibilidade e permitir que o câmbio destrua a indústria brasileira – como está ocorrendo agora.



Blog do Charles Bakalarczyk: A quadratura da Terra

Blog do Charles Bakalarczyk: A quadratura da Terra: Na Idade Média, pelas mãos da Igreja Católica, acreditava-se que a Terra era quadrada (ou plana) e, além disso, o nosso planeta era o cen...

Declaração de amor para meu amado Joel (Vida)


Queria ser uma folha de papel em branco, para que você pudesse escrever tudo o que o seu coração quer dizer. Assim você poderia expressar em mim, todos os seus sentimentos de amor.

Meu amor, minha vida, grito ao mundo o verdadeiro motivo que me faz viver feliz. Você é o motivo de tanta satisfação e realização no meu dia a dia.


Quero você ao meu lado por toda a eternidade. Estou entregue totalmente nesse relacionamento maravilhoso, e por um amor sincero de dois seres que sabem o que querem.

Querido, eu te amo hoje e sempre

por Marcos Coimbra

 

Xadrez Nacional

Existe alguma cidade, em especial, em que a eleição municipal de 2012 precisará ser acompanhada de perto por quem se interessa pela presidencial de 2014? Onde tudo que vai acontecer, no ano que vem, poderá ser relevante, desde as movimentações preliminares aos resultados finais?

Talvez seja cedo para responder, mas parece que sim. Muitas cidades passarão por eleições que poderão ter impacto na política nacional, reforçando ou enfraquecendo lideranças, aproximando partidos ou provocando rupturas entre eles. Em uma, no entanto, o significado deverá ser maior.

É em Belo Horizonte que os primeiros lances da próxima eleição presidencial serão jogados para valer. Por uma razão: o principal candidato das oposições, o senador Aécio Neves, é um ator decisivo na sucessão da capital mineira.

O que Aécio vai fazer (ou deixar de fazer) em Belo Horizonte, em outubro de 2012, tem consequência direta na montagem do tabuleiro da eleição de 2014. Esse é o motivo da escolha do próximo prefeito da cidade ser especialmente significativa.

A afirmativa pode soar estranha para quem está acostumado a achar que a eleição do prefeito de São Paulo é sempre a mais importante. Por ser a maior cidade, a capital do estado mais rico, aquela com o maior orçamento, muita gente supõe que a escolha de seu prefeito tem impacto decisivo nas eleições presidenciais.

Não precisamos ir muito longe para verificar que a hipótese não se sustenta. Ganhar ou perder em São Paulo, na eleição de prefeito, não quer dizer nada (ou quase nada) para a eleição presidencial subsequente.

Assim foi em todos os casos desde a redemocratização, seja nas vitórias tucanas ou nas petistas (os candidatos a prefeito do PSDB foram derrotados em 1992 e 1996, e Fernando Henrique venceu em 1994 e 1998; os do PT perderam em duas -2004 e 2008- das três que antecederam as vitórias de Lula e Dilma).

Quem também pode estranhar o raciocínio são os que apostam que Serra será o candidato tucano em 2014. Para essas pessoas, é perda de tempo prestar atenção naquilo que Aécio faz.

Na capital de seu estado, ele se defrontará com uma situação até certo ponto parecida com a que estava à frente de Serra em 2008: lançar candidato próprio, egresso do PSDB (ou de qualquer um dos diversos partidos a ele ligados na política estadual) ou apoiar a reeleição de Marcio Lacerda, o atual prefeito.

Serra havia começado a fazer seu jogo na eleição de 2004, quando compôs chapa com Gilberto Kassab, então um jovem quadro pefelista. Seu objetivo era tranquilizar os setores conservadores e de direita, que o viam (naquela época) como excessivamente estatista e anti-liberal. Pensava, é claro, em aliar-se a eles em alguma eleição presidencial, seja na de 2006 (da qual acabou desistindo) ou de 2010.

Quando Kassab resolveu disputar a reeleição (o que era previsível), ele o apoiou, apesar de seu partido ter candidato. Em um gesto que deixou indignada a mídia serrista, Alckmin cometeu um crime de lesa-Serra e contrariou os planos do governador. Perdeu, Kassab ganhou e Serra ficou como o grande arquiteto da vitória, consolidando suas pontes em direção à direita. Acabou com o Índio.

Na eleição de 2008 em Belo Horizonte, Aécio fez diferente. Moveu-se para a esquerda, aliando-se ao prefeito Fernando Pimentel, do PT. Juntos, apresentaram um mesmo candidato, Marcio Lacerda, filiado ao PSB (por orientação de Aécio). Seu companheiro de chapa foi indicado pelo PT.

Marcio faz uma gestão aprovada pela grande maioria da cidade e é um natural candidato à reeleição.

Qual vai ser o comportamento de Aécio? Na eleição mais visível do estado onde está sua base eleitoral, voltará a apoiar um candidato do PSB? Insistirá em uma aliança à esquerda, consolidando seus vínculos com lideranças como Eduardo Campos e Cid Gomes? Ou vai conduzir o PSDB para uma candidatura própria e buscar uma composição mais ao centro ou à direita?

Se apoiar Marcio, como será a convivência com o PT mineiro? E que consequência terá uma vitória do atual prefeito na sucessão estadual em 2014, quando Anastasia não poderá concorrer e Aécio, muito provavelmente, disputará a Presidência da República pelo PSDB?

Quem dividiria o palanque com ele, como candidato ao governo do estado?

É esperar para ver. Pelo que tudo indica, em Belo Horizonte, um capítulo importante de 2014 começará a ser escrito dois anos antes.



Drogados crônicos: internação compulsória já

Há um debate no governo sobre a atitude diante dos usuários de drogas crônicos que moram nas ruas, ou ali permanecem a maior parte do tempo. A discussão é deixá-los onde estão ou interná-los, mesmo contra a vontade.
 
Não é polêmica nova. Ela já existe nos níveis municipal e estadual. Pois a  encrenca costuma estourar mesmo é na mão de prefeitos e governadores.
 
Mas cai bem que a coisa venha para o plano federal. A droga está longe de ser problema localizado.
 
Fará certo a presidente Dilma Rousseff se resolver incluir a internação compulsória na política nacional para o tema. A droga nesse nível de consumo e degradação é doença grave e precisa de tratamento.
 
Manter na rua alguém afetado em tal grau é foco de disseminação do problema, e precisa portanto ser atacado.
 
E seria um passo vital para desglamurizar o consumo.
 
O debate sobre a droga entre nós recebe atenção e espaços crescentes. O problema avança e anda de mão dadas com a violência e a criminalidade. Já foi ao arquivo a ideia ingênua de que o crime é função principalmente da pobreza.
 
Qualquer mapa da pobreza mostra não ser assim. As áreas mais pobres não são as de maior número proporcional de crimes, ao contrário.
 
Os rankings são liderados pelas regiões de mais crescimento econômico, e portanto com dinâmicas superiores na oferta de oportunidades e renda.
 
No governo Luiz Inácio Lula da Silva as regiões urbanas do Nordeste lideraram em dois quesitos: crescimento “chinês” da economia e explosão dos índices de criminalidade.
 
Se o crime decorre principalmente da pobreza e da falta de oportunidades, como explicar que onde mais cresce a economia é também onde mais acelera o banditismo?
 
Não vale dizer que a causa está no aprofundamento da desigualdade, pois este governo reivindica ter feito o contrário, ter promovido crescimento com desconcentração de riqueza.
 
O crime é, estatisticamente, fruto do cruzamento entre a oportunidade de delinquir e uma menor probabilidade de punição. Encontra ambiente favorável onde sobe a disponibilidade de dinheiro e onde decresce o risco de ser punido pela infração.
 
E quando as duas coisas andam juntas, então...
 
O consumo cria o mercado para o tráfico de drogas, que produz em paralelo o mercado para o tráfico de armas. E não haverá como combater um elo da cadeia sem enfrentar os demais.
 
A leniência diante do consumo das drogas frequenta o noticiário e os debates intelectuais. Tem sido em tempos recentes passaporte seguro para políticos desejosos de uma recauchutagem “progressista”.
 
É tática confortável, pois não precisam nesse tema enfrentar banqueiros, latifundiários ou potências neocoloniais para desfilar como portadores de teorias supostamente avançadas.
 
Já para o país, importa mais é proteger nossos jovens da contaminação, combater a criminalidade, cuidar das fronteiras por onde passam as drogas e as armas. Coisas assim.
 
E não haverá como fazê-lo sem atacar o consumo.
 
Sobre o México, por exemplo, uma ideia errada culpa a repressão por explodir a violência na guerra contra o narcotráfico. Mas até este governo americano, o mais liberal (na acepção deles) da História, já admitiu: o gigantesco mercado ao norte do Rio Grande é quem abastece a guerra civil ao sul.