Economia: a crise está na moda


[...]pelo menos na Europa ou em alguns de seus países. Contra ela, têm saído às ruas portugueses, gregos e espanhóis em manifestações como as de Madri e Atenas, com direito a violenta repressão policial. Dá vontade de dizer: vocês são nós ontem. Também já gritamos “abaixo o FMI” e “o povo unido jamais será vencido”.
Quem nos anos 70 acompanhou a transição da ditadura para a democracia de Portugal e Espanha, contemporânea à nossa, dando-nos lições de competência política, ensinando-nos como atingir equilíbrio econômico sem hiperinflação, sem traumas, enfim, quem sentiu inveja do renascimento português, da movida madrilhenha e de todos os sinais da outrora pujante península ibérica, não se conforma com o que está acontecendo hoje.
Se os efeitos perversos do empobrecimento já são visíveis no campo social — presença de mendigos nas ruas, delinquência — imagine no terreno da cultura. Portugal cortou até o seu ministério, sem falar nas 40 fundações fechadas ou à míngua.
É estranho ler num jornal de Lisboa a previsão de que “2013 será o pior ano de nossas vidas”, como se 2012 tivesse sido muito melhor. Ou então no “El País”: “A cultura enfrenta o ano mais difícil da história da democracia”, tendo ao lado a informação de que os museus do Prado, da Reina Sofía e o Teatro Real — três ícones culturais — já sofreram cortes de até 65%.
Várias vezes voltei de Portugal entusiasmado com a opulência e a fartura de lá. Os portugueses gastavam de dar gosto. Pois é, foram além das chinelas. O euro da União Europeia era farto, mas um dia tinha que ser devolvido — com juros.
Como sabia disso, o governo é o principal responsável, não só o de agora como o do socialista José Sócrates, que em 2011 assinou o “memorando da Troika“ (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI), declarando ser um acordo “muito bom”, porque permitia controlar o déficit público sem mexer com o 13º salário, nem com o 14º, muito menos com os empregos, nem cortes, ou seja, uma maravilha: o contrário de tudo que está ocorrendo hoje.
Enquanto isso, leio que aqui 41% dos consumidores são ou já foram inadimplentes. Conheço pessoas de baixa renda ou sem recursos suficientes, comprando carro do ano, usando dois celulares, computador de último tipo, tudo pago com cartões de crédito em prestações intermináveis.
A exemplo dos portugueses de ontem, os brasileiros estão gostando de gastar. Não entendo de economia, mas, apesar das diferenças, não sei se será essa a maneira mais sensata de manter a crise afastada de nós.

É preciso amar

É preciso amar as pessoas como todas fossem sexta-feira.

É preciso amar as pessoas como não existissem segundas-feira.

É preciso amar as pessoas apesar de todas besteiras .
É preciso amar as pessoas sabendo que sempre existirão amanhãs e depois de amanhãs.

É preciso amar!
Joel Neto

Haddad e o 2º turno

Certos que Fernando Haddad disputará o segundo turno da eleição, estrategistas da campanha do petista estão divididos.

Uns acham que devem pedir apoio formal do tucano Serra e do PSDB.

Outros acham que não.

Cautela e canja não faz mal a ninguém
A maioria no entanto convenceu que no momento o melhor é arregaçar as mangas e trabalhar. Depois da votação e apuração no dia 07/10, ainda decidem o que fazer.

Poesia da tarde

 


Fernando Moraes: O pig e o fantasma de Chatô


As agressões e infâmias dirigidas por alguns jornais, revistas, blogs e telejornais ao ex-presidente Lula e ao ex-ministro José Dirceu me fazem lembrar um episódio ocorrido em Belo Horizonte em meados do século passado.
Todas as sextas-feiras o grande cronista Rubem Braga assinava uma coluna no jornal “Estado de Minas”, o principal órgão dos Diários Associados em Minas Gerais. Irreverente e anticlerical, certa vez Braga escreveu uma crônica considerada desrespeitosa à figura de Nossa Senhora de Lourdes, padroeira de Belo Horizonte. Herege, em si, aos olhos da conservadora sociedade mineira o artigo adquiriu tons ainda mais explosivos pela casualidade de ter sido publicado numa Sexta-Feira da Paixão.
Indignado, o arcebispo metropolitano Dom Antonio dos Santos Cabral redigiu uma dura homilia recomendando aos mineiros que deixassem de assinar, comprar e sobretudo de ler o “Estado de Minas”. Dois dias depois o documento foi lido na missa de domingo de todas as quinhentas e tantas paróquias de Minas Gerais.
O míssil disparado pelo religioso jogou no chão a vendagem daquele que era, até então, o mais prestigioso jornal do Estado. E logo repercutiu no Rio de Janeiro. Mais precisamente na mesa do pequenino paraibano Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, um império com rádios e jornais espalhados por todos os cantos do Brasil.
Célebre pela fama de jamais engolir desaforos, o colérico Chateaubriand telefonou para Geraldo Teixeira da Costa, diretor do “Estado de Minas”, com uma ordem expressa, repleta de exclamações:
- Seu Gegê! Quero uma reportagem de página inteira contando que quando jovem Dom Cabral estuprou a própria irmã! O senhor tem uma semana para publicar isso!
Tamanha barbaridade não passaria pela cabeça de quem quer que conhecesse o austero Dom Cabral, cujas virtudes haviam levado o Papa Pio XI a agraciá-lo com o título de Conde. Mas ordens eram ordens.
Os dias se passavam e a reportagem não aparecia no jornal. Duas semanas depois do ultimato, um Chateaubriand possuído pelo demônio ligou de novo para Belo Horizonte:
- Seu Gegê! Seu Gegê! O senhor esqueceu quem é que manda nesta merda de jornal? O senhor esqueceu quem é que paga seu salario, seu Gegê? Cadê a reportagem sobre o estupro incestuoso cometido por Dom Cabral?
Do outro lado da linha, um pálido e tremebundo Gegê gaguejou:
- Doutor Assis, temos um problema. Descobrimos que Dom Cabral é filho único, não tem e nunca teve irmãs...
Sapateando sobre o tapete, Chateaubriand parecia tomado por um surto nervoso:
- TEMOS um problema? Seu Gegê, nós não temos problema algum! Isso é um problema de Dom Cabral! Publique a reportagem! Cabe A ELE provar que não tem irmãs, entendeu, seu Gegê? Vou repetir, seu Gegê: cabe A ELE provar que não tem irmãs!!
Passadas oito décadas, suspeito que Chatô exumou-se do Cemitério do Araçá e, de peixeira na cinta, encarnou nos blogueiros limpos e nos editores dos principais jornais e revistas brasileiros.  
Como no caso de Dom Cabral, cabe a Lula provar que não marchou com a família e com Deus, em 1964, quando tinha 18 anos, pedindo aos militares que derrubassem o governo do presidente João Goulart. Cabe a Dirceu provar que não foi o chefe do chamado mensalão.

Morreu Hebe Camargo

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Hóstia Consagrada