Repete-se o mesmo do mesmo, quer dizer, sucedem-se homéricos temporais, morre gente, encostas desabam, casas desaparecem, rios transbordam e as autoridades prometem que ano que vem será diferente, pois as providências estão sendo tomadas. Em paralelo, a imagem de vacas mortas de sede e de camponeses lamentando a seca não precisaria ser buscada pelas redes de televisão: em seus arquivos existem milhares delas, que o telespectador comum tomaria como atuais.
Para os cariocas, virou rotina a mortandade de peixes na lagoa Rodrigo de Freitas. Fala-se da falta de oxigênio na água, do entupimento do canal de ligação com o mar e da poluição, mas iniciativas de verdade para enfrentar essas possíveis causas, nem pensar. Que venha o mau cheiro.
No Congresso, desde 1988, renovam-se as rodadas de boas intenções para a aprovação da reforma política: financiamento público das campanhas, redução do número de partidos, voto distrital, criação do voto facultativo e fim dos suplentes de senador, entre outras necessidades, mas aprová-las, que é bom, nada feito. Deputados e senadores jamais irão estabelecer mudanças capazes de prejudicá-los.
Faz tempo que entidades e grupos ligados aos direitos humanos levantam cíclicas suposições de terem sido assassinados num espaço de poucos meses, em 1976, os três principais líderes políticos civis revelados no período anterior ao golpe de 31 de março, Juscelino Kubitschek, João Goulart e Carlos Lacerda. Seria o preço da abertura política concedida pelos militares, de forma a não sofrerem derrotas contundentes. O diabo é ficar sempre para depois a apuração profunda dos três episódios.