Veja: Livro sobre Jose Dirceu eh uma piografia

Biografia de Dirceu é caso para o Procon | Conversa Afiada

José Dirceu: é grave a crise da mídia

Na Folha de S.Paulo no fim de semana (ontem), a ombusdman Suzana Singer, criticou seu jornal por ter eliminado mais cadernos (agora, o Equilíbrio) ou tê-los encaixado em editorias que sobreviveram e demitido dezenas de jornalistas. Mas ela reconhece que também os grupos Estado e Abril (este iniciou as degolas na 6ª feira pp.), mais o jornal Valor Econômico, seguem o mesmo caminho. O Valor, por sinal, é uma sociedade dos grupos Folha e Globo.


É a crise e a tentativa de conciliar a mídia impressa com o avanço da internet gratuíta. Suzana lembra que este caminho do enxugamento foi seguido lá fora, por jornais norte-americanos. Assim, embora fale en passant sobre Abril, Valor e mídia lá fora, ela termina fazendo uma radiografia da crise que vive a imprensa. A Secretaria de Redação da Folha justifica a Suzana as demissões com o fato de a receita publicitária estar crescendo menos que a inflação.

Na verdade, em toda a imprensa escrita - além do fracasso da maioria das publicações da Abril - o arrocho no Estadão, Valor, Folha, emissoras de TV e rádios, indica que o problema é estrutural e que não há saídas fáceis. Por enquanto nossos jornalões/mídia em geral estão seguindo a receita burra de cortar despesas, despedir, diminuir o tamanho dos jornais e o espaço das noticias, tratando os leitores com pouco respeito, comprometidos com seus próprios interesses e linhas editoriais.

Brasil 247 Para a revista Veja, a prisão de José Dirceu, assim como seu aniquilamento e a destruição completa de sua biografia, é uma questão de honra

Não fosse assim, a revista não teria recorrido aos serviços do bicheiro Carlos Cachoeira para tentar seguir – ilegalmente – todos os seus passos no Hotel Naoum, em Brasília. Da mesma forma, a revista não teria feito uma capa com fogos de artifício, quando o Supremo Tribunal Federal definiu as penas dos réus da Ação Penal 470.

Dirceu é um alvo especial para a revista porque ocupa um papel simbólico na história da esquerda brasileira. Transformá-lo em bandido, em personagem inescrupuloso ou numa espécie de monstruosidade moral é uma maneira, também, de criminalizar a própria esquerda.

É nesse contexto que se insere a biografia não autorizada "Dirceu", escrita pelo jornalista Otávio Cabral, editor de Veja. Até algumas semanas atrás, divulgava-se que o livro não seria mais lançado, diante dos receios da editora LeYa. Agora, "de surpresa", o livro chega às livrarias pela Record e também à capa de Veja desta semana, cuja imagem é simbólica: o "monstro" pragmático Dirceu tira a máscara do "herói" sonhador, que ele usara na juventude. Abaixo disso, chamadas impactantes como num thriller policial: "Uma biografia não autorizada conta a transformação do jovem militante em um exímio manipulador político, homem de negócios e condenado que SEQUESTROU - TEVE MÚLTIPLAS IDENTIDADES - CHANTAGEOU LULA.


Sobre o livro em si, poucas revelações bombásticas, a julgar pelo que está contido na reportagem de Veja. Uma das revelações é a de que, enquanto viveu no Paraná com Clara Becker e assumiu a identidade do empresário "Carlos Henrique", Dirceu não mantinha apenas uma vida dupla, que ocultava da própria mulher. Ele também teria tido uma amante em São Paulo, onde comprava roupas para sua loja, e, portanto, tinha uma "vida tripla", segundo Veja.

Amor Maior

Não existe amor maior...
Que o meu, que não sossega sem a mulher amada,
E quando se sente só, fica triste

E se vê descontente, clama por você.

E que só fica em paz quando te têm

Meu coração apaixonado, que se contenta

Com um simples sorriso teu,

Que dê um simples olhar, se faz escravo.

Meu amor é louco, que quando te toca, te sente

E quando te sente vibra, mas prefere

Te amar e te querer do que viver a esmo

É fiel ao momento,

Apaixonante, doido, delirante

Numa entrega de tudo e de si mesmo.

Roberto Ferrari - direitos reservados

Mensagem do dia

Veja: Dirceu chantageou Lula

Biografia de Dirceu feita pela Veja? Nem li
Por: Fernando Brito
Francamente, gastar 10 reais e a manhã de sábado lendo a biografia de José Dirceu escrita pela Veja, nem eu mereço.
Esperei até agora para ver se algum herói se aventurava a comentar – disse herói, não Reinaldo Azevedo ou Augusto Nunes, que se esmeram em agradar as “matérias da casa” contra o Governo.
Olhei só a capa e as páginas de abertura da matéria. Nojentas.
A capa está aí e dispensa comentários.
A abertura tem uma montagem das fotos de Dirceu, dos 10 aos 60 e poucos anos que deve ter hoje. As mudanças faciais seriam óbvias, mas a exposição ainda fica mais conspiratória quando se recorda que ele teve de mudar o rosto, com uma plástica para voltar, clandestinamente, ao seu país, do qual havia sido banido pela ditadura e seria morto se encontrado.
Agora, o simpático Esmael de Moraes, do Paraná, faz o sacrifício.
Seus comentários, acrescidos dos meus:
1 – A capa é igual daqueles jornais sensacionalistas, dos que um programa de rádio antigo dizia que, torcidos, saíam sangue: “Uma biografia não autorizada conta a transformação do jovem militante em um exímio manipulador político, homem de negócios e condenado que SEQUESTROU – TEVE MÚLTIPLAS IDENTIDADES – CHANTAGEOU LULA.”;
2 - A maior “bomba”: a informação de que, quando era casado com Clara Becker, no interior do Paraná, tinha uma namorada em São Paulo. Puxa! Que coisa! Ainda se fosse em Paris, com um filho escondido por quase 20 anos, vá lá;
3 - Depois, Esmael descreve a suposta chantagem: “o livro conta que Dirceu obteve a presidência do PT depois de uma conversa tensa – e sem testemunhas – com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dirceu teria ameaçado abandonar o PT e revelar esquemas de caixa dois do PT com empreiteiras, caso Lula não o apoiasse” . E pergunta, se a conversa foi sem testemunhas, quem a contou: Dirceu ou Lula? Ou seriam câmeras clandestinas daqueles moldes de que se serviu a revista para espionar o hotel onde Dirceu se hospedava? Não sei como o Obama não contrata a redação de Veja no lugar do FBI, não ia passar por todo este desgaste com os grampos telefônicos do FBI. Será porque teria de levar junto o Policarpo e o Cachoeira?
4 - Mas aí é que vem o ponto: descaradamente, a revista pede – com o jeitinho com que Veja sabe pedir – que os novos ministros do STF – Teori Zavascki  e Luiz Roberto Barroso não livrem os réus (do “mensalão”) da cadeia. Pressão “na veia”.
É verdade que Otávio Cabral tem um texto melhor que o do seu antecessor Merval Pereira na “pressão literária” sobre o STF para não exercer sua soberania no julgamento dos recursos. E que teve mais trabalho do que copiar e colar as colunas de jornal com que Merval conquistou um tamborete na Academia Brasileira de Letras.
Quem sabe vai pra lá também, com aquele fardão engalanado, fazer companhia a Merval?

Pig: de costas para o Brasil

O colapso da mídia conservadora chegou antes da falência do país, vaticinada há mais de uma década pelo seu jornalismo. Estadão, Abril, Folha, Valor lideram a deriva de uma frota experiente na arte de sentenciar vereditos inapeláveis sobre o rumo da Nação, enquanto o seu próprio vai à pique. As corporações que fazem água nesse momento não são entes genéricos; não praticam qualquer  jornalismo; não reportam qualquer país, tampouco adernam num ambiente atemporal. Uma singularidade precisa ser reposta: o jornalismo dominante virou as costas ao país. Se a tecnologia envelheceu o suporte, o conservadorismo esférico mumificou a pauta. A saturação da narrativa antecedeu o esgotamento do meio. Ao ocupar diariamente suas páginas com a  reprodução da mesma matéria -- o 'fracasso do Brasil --, as corporações contraíram um  vírus fatal ao seu negócio: o bacilo da previsibilidade. Há quanto tempo as manchetes, colunas e reportagens disparadas do bunker dos Frias deixaram de surpreender o leitor? Existe algum motivo para ler amanhã um jornal que hoje tem a frase seguinte antecipada na anterior? E na anterior da anterior e assim sucessivamente? O golpe de misericórdia tecnológico,no caso brasileiro, talvez seja apenas isso. Uma gota d'água adicional em um galeão perfurado de morte pelos próprios artefatos. O naufrágio serve também de alerta à comunicação progressista.