Quem não tem respeito, não pode ser desrespeitado

A toga do 1%

por Paulo Nogueira no Diário do Cento do Mundo

Eu não seria cínico o suficiente para dizer que não gostei do braço erguido do deputado petista André Vargas diante de Joaquim Barbosa no Congresso.
Foi infantilidade? Foi. Foi desabafo? Foi. Foi desrespeito? Não. Por que não? Porque JB mereceu.
Não é desrespeitado quem merece ser desrespeitado.
Mesmo para um não petista como eu, ele simboliza o que existe de mais atrasado e retrógrado no Brasil. É a toga do 1%. Se eu me sinto assim, imagine o que sentem militantes e simpatizantes do PT, como Vargas.
O gesto de Vargas não feriu ninguém. Mas as ações de JB ferem.
Agora mesmo: faz sentido ele revogar uma decisão de Lewandowski apenas para punir Dirceu e impedi-lo de trabalhar quanto antes?
Ah, mas Lewandowski desautorizou Barbosa antes.
Mas entre as duas desautorizações vai uma distância formidável.
JB colocou Dirceu na geladeira por causa de uma nota – isto, uma nota – da Folha de S. Paulo.
Conhecemos todos a precisão da Folha. No obituário do jornalista Renato Pompeu, na segunda feira, a homenagem foi para Renato Pompeu de Toledo.
A nota falava de um telefonema que Dirceu trocara com um secretário do governo da Bahia. Dirceu negou, o secretário negou, o presídio – depois de uma investigação – negou.
Mas JB permaneceu acreditando na veracidade da nota, como uma velhinha de Taubaté ao contrário.
Isto – a fé cega numa mídia cujos interesses são conhecidos — mostra muita coisa. Grande parte das alegadas evidências do Mensalão derivou de “denúncias” da mídia.
Num voto louvado por colunistas no Mensalão, um juiz se declarou indignado porque todo dia, ao abrir os jornais, via um escândalo.
Não passava pela cabeça do ministro, aparentemente, que as denúncias pudessem ser, simplesmente, infundadas. Ele tomava as coisas que lia como verdade inquestionáveis, como um muçulmano diante do Alcorão.

Que esse capitão-do-mato aproveite seus 15 minutos de fama

Triste é macular o STF dessa maneira 
Recomendo a leitura: Justiça do Absurdo

A lei só vale para os outros

por Neno Cavalcante na Coluna É no Diário do Nordeste
Por vezes comentei que não adianta ficarmos apenas demonizando os condenados do "mensalão do PT" e acusados do "mensalão tucano" e os que usaram dinheiro público para comprar deputados e senadores na aprovação da reeleição de Fernando Henrique Cardoso se, do lado de cá, não cumprimos o nosso dever de cidadãos. A lista de descumprimentos das normas mínimas de honestidade e decência é vasta e começa com a ocupação de vagas de estacionamento destinadas a idosos e portadores de deficiência.

Redes sociais

Twitter testa novo design inspirado no G+1 e Facebook
do Olhar Digital
Alguns usuários do Twitter receberam uma surpresa quando abriram seu perfil na rede social e descobriram que a página havia sido completamente redesenhada, com inspiração clara no modelo de perfil dos rivais Facebook e o Google+.

A empresa está realizando alguns testes, com poucos usuários, para avaliar a aceitação da nova interface. Um dos selecionados foi Matt Petronzio, editor do Mashable, que divulgou o novo layout em seu site.
Reprodução

É possível notar a diferença claramente, com uma imagem de capa bem grande e a foto de capa e bio do perfil deslocadas para a esquerda. Abaixo da foto de capa, agora há uma nova categoria de contagem de fotos e vídeos. Aliás, as imagens parecem ter ganhado um peso maior no feed.

Segundo o Mashable, aqueles que receberam o novo perfil também podem visualizar as páginas de outras pessoas com o novo desenho, também, mesmo que elas não tenham sido selecionadas para o teste.

Médicos brasileiros são maioria esmagadora dos que abandonaram o programa Mais Médicos

Mas, lendo as notícias no GAFE - Globo, Abril, Folha, Estadão - a gente tem certeza que 4 médicos cubanos valem por 80 brasileiros e demais nacionalidades
O ministério da Saúde divulgou nesta terça-feira que 89 profissionais inscritos no programa Mais Médicos não estão comparecendo ao trabalho. Por isso, serão publicados no Diário Oficial desta quarta-feira os nomes desses médicos para que eles se apresentem, em até 48 horas, e justifiquem a ausência. Do contrário, serão cortados do programa.

A notícia do cubano Ortelio Guerra, que deixou o país neste domingo e foi para os Estados Unidos, logo depois que sua compatriota Ramona Rodriguez pediu refúgio no Brasil, fez com que os olhos se voltassem para a evasão dos cubanos do programa.
Porém, os números mostram que a maioria dos profissionais que abandonam o projeto são brasileiros. Dos 89 profissionais "sumidos", 80 são nascidos no Brasil, quatro são de diferentes países, uma é brasileira que tirou o diploma fora do Brasil e outros quatro são cubanos. Além de Guerra e Rodriguez, mais outros dois cubanos deixaram o programa nesta terça-feira.
Até agora, desde que o programa começou, em novembro do ano passado, dos 5.400 cubanos que vieram ao Brasil pelo Mais Médicos, 22 deixaram o programa oficialmente, e voltaram para Cuba.

Batman e a musiquinha da Globo num estranho baile de máscaras carioca

por Rodrigo Vianna (via @brsamba – Bruno Ribeiro)
A dica chegou pelo twitter. Ao ver as imagens, fiquei na dúvida se devia rir ou chorar.
No vídeo, aparece aquele mesmo Batman que foi destroçado pelo cineasta numa rua da zona sul carioca. E aparece um monte de manifestante sorridente, cantando a musiquinha de fim de ano da Globo: “hoje é um novo dia, de um novo tempo…” Lá pelas tantas, vem a sacada genial dos manifestantes de butique: “hoje a rua é sua, hoje a rua é nossa…”
Rua no lugar de festa. A “festa” das ruas. Sacaram?
É um simulacro de protesto. E tudo muito bem produzido e coreografado: um “vídeo institucional” dos manifestantes – alguns mascarados, anônimos.
Freud talvez explique: para se sentir importante, o manifestante canta a música que vê na TV. Alguns até carregam cartazes (“Globo é o caralho”), mas na verdade não há qualquer afronta ao verdadeiro poder. Há a vontade de ser não ator de mudanças, mas “artista” de uma rua transformada em palco.
Simulacro de rua. Simulacro de protesto.
Será que estou sendo muito duro? Quem sou eu pra “julgar” o protesto dos outros. De fato. Vamos nessa. Vale tudo.
Mas me permito observar que o “poder” a ser combatido, na cabeça de tantos que vejo e ouço por aí, é apenas o “governo”. O poder não é o capital, a mídia. As relações de dominação viram um simulacro. Basta protestar contra o “governo”. 
Desde 2009, 2010, muita gente dizia que a despolitização do lulismo cobraria um preço. Esse é o preço. Batman e “um novo tempo, um novo dia”. Ou não.
Santa ingenuidade.
Impressionantes também são os comentários no vídeo postado no Youtube:
- “Emocionante!!!É de arrepiar.Acompanhei a gravação ,não imaginei que ficaria essa belezura.O Presidente de Penélope Charmosa…
- Parabéns a todos !!!Que Deus os abençoe, proteja e ilumine hoje e sempre!!!”
-  “ESSE É FOI O MELHOR SHOW DE TODOS OS TEMPOS.”
De fato. É show!!!
E mais: acabam de me avisar que a tal Sininho (amiga do Freixo e que teria ligado pro primo da tia do estagiário do advogado do black block) aparece no vídeo.
Ou seja: falta só o Capitão Gancho…
Leia outros textos de Palavra Minha

STF: metade canalha, metade covarde

Lewamdovski feito sanduíche
 por Paulo Moreira Leite na Istoé
Decisão de Barbosa é tão absurda que impede o réu José Dirceu cumprir sua pena na forma da lei
No dia 24 de janeiro, o ministro Ricardo Lewandovski deu parecer favorável ao pedido de José Dirceu, que pretende exercer o direito legal de trabalhar fora da Papuda, para onde foi encaminhado no cinematográfico voo de 15 de novembro. Embora fosse uma decisão de um ministro do STF, o juiz Bruno Ribeiro, da Vara de Execuções Penais, não deu encaminhamento imediato, permitindo que Dirceu ficasse preso, em regime fechado, num prazo absurdo que completará 90 dias na semana que vem.

Ontem, de volta aos trabalhos,  Joaquim Barbosa revogou a decisão de Lewandosvski.

O direito de Dirceu trabalhar é legalmente indiscutível. Foi questionado depois que surgiu a versão, nascida numa conversa ouvida por um repórter na mesa ao lado de um restaurante de Salvador, de que um secretario de Jacques Wagner, governador da Bahia, havia conseguido falar com o ex-ministro através de um aparelho celular.

Comprovou-se, em investigação oficial no presídio, que a história era uma pura cascata do secretário — conhecido entre colegas de governo por um comportamento falastrão – que foi divulgada sem o devido cuidado. No dia em que isso teria acontecido, sequer houve visitas na Papuda. O próprio Dirceu nem saiu da cela. Embora a investigação já tivesse se encerrado, tão banal que foi possível terminar antes do prazo, o juiz Bruno Ribeiro não deu curso a liminar de Lewandovski, alegando que havia tempo para novas apurações. Essa decisão permitiu que Barbosa retornasse do recesso e revogasse a liminar. Detalhe: Barbosa fez isso contrariando parecer da procuradora da República Márcia Milhomens Corrêa se manifestou favoravelmente ao pedido de trabalho de José Dirceu. Sexta-feira passada Milhomem deu parecer favorável.

A decisão criou uma situação nova no STF. Não se compreende por que razão o juiz Bruno descumpriu a decisão de Lewandovski, que falava em nome da mais alta corte do país.

Também não se compreende por que Joaquim Barbosa não deixou que o plenário do STF tomasse a decisão, como é recomendável em situações desse tipo. Embora já tenham ocorrido antecedentes, existe a interpretação de que o regimento interno do STF diz que só o juiz que prolatou a decisão tem direito de revogá-la.

A única forma de compreender a situação criada pela decisão do presidente do STF é política, traço principal do julgamento da AP 470, concluído com penas fortes para provas fracas.

Para ouvir uma opinião fundamentada a respeito, entrevistei o professor de Direito Luiz Moreira, doutor em direito pela UFMG, membro do Conselho Nacional do Ministério Público e um dos principais críticos da
“judicialização,” aquele processo em que os tribunais ocupavam espaços que os regimes democráticos reservam a luta política.