Homem quando ama, ama mesmo


Pode até te fazer chorar uma vez, até porque ninguém é perfeito, mas com certeza vai se arrepender verdadeiramente, se desculpar verdadeiramente e não cometer mais este erro que te machucou.

Homem quando ama, assume doa o que doer ou à quem doer.

Larga tudo, mas tudo mesmo.

Não tem amiguinha gostosa, não tem peguetes instigantes, não tem mãe que não goste, não tem amigos contra, não tem festa, não tem nada.

Se ele ama, ele vai correr atrás de ficar com você.

Homem quando ama, ama mesmo, sem jogos, sem disse me disse, sem ioiô, sem milhões de feridas.

Quando ele ama, quer curar tuas marcas passadas, fazer você esquecer todos aqueles amores que não deram certo e ser o diferente, o que vale a pena.

Homem quando ama, não é perfeito,mas não é cafajeste, ele muda.

Tô falando de homem. Não de moleque. Não de galinhas!

Magaly Kistian
Black Wolf

Humor

Essa aconteceu em Iguatu no centro-sul do Ceará.

Policial chega numa residência, chama o morador e diz:

- Os vizinhos denunciaram que o cachorro do senhor corre atrás das pessoas de moto. Resposta do dono do cão:

- Ave Maria, que vizinhos mentirosos. Meu cachorro, nem moto tem.

- Teja preso, seu engraçadinho. E, tome sola.




“Se algum dia vocês forem surpreendidos pela injustiça ou pela ingratidão, não deixem de crer na vida, de engrandecê-la pela decência, de construí-la pelo trabalho.” (Edson Queiroz)

O terrorismo e seus cúmplices

O terror, o Ocidente, e a semeadura do caos

Mauro Santayana - Jornal do Brasil

Há alguns dias, terroristas franceses, ligados, aparentemente, à Al Qaeda, atacaram a redação do jornal satírico parisiense Charlie Hebdo, em represália pela publicação de caricaturas sobre o profeta Maomé.

Doze pessoas foram assassinadas, entre elas alguns dos mais famosos cartunistas e intelectuais do país, e dois cidadãos de origem árabe, um deles, estrangeiro, que trabalhava há pouco tempo na publicação, e um membro das forças de segurança que estava nas imediações.

Logo em seguida, houve, também, outro ataque, a um supermercado kosher na periferia de Paris, em que 4 judeus franceses e estrangeiros morreram.

Dias depois, milhões de pessoas, e personalidades de vários países do mundo, se reuniram nas ruas da capital francesa, para protestar contra o atentado, e se manifestar contra o terrorismo e pela liberdade de expressão.

Na mesma primeira quinzena de janeiro, explodiram carros-bomba, e homens-bomba, também ligados a grupos radicais islâmicos, no Líbano (Beirute), na Síria (Aleppo), na Líbia (Benghazi), e no Iraque (Al-Anbar), com dezenas de mortos, em sua maioria civis.

Mas, como sempre, não seria normal esperar que algum destes fatos tivesse a mesma repercussão do atentado em Paris, capital de um país europeu, ou que a alguém ocorresse produzir cartazes e neles escrever Je suis Ahmed, ou Je suis Ali, ou Je suis Malak, Malak Zahwe, a garota brasileira, paranaense, de 17 anos, que morreu na explosão  de um carro-bomba, junto com mais 4 pessoas (20 ficaram feridas), no dia 2 de janeiro, em Beirute.

No entanto, os homens, mulheres e crianças, mortos, todos os dias, no Oriente Médio e no Norte da África, são tão frágeis e preciosos, em sua fugaz condição humana,  quanto os que morreram na França,  e vítimas dos mesmos criminosos, criados pela onda de radicalização e rápida expansão do fundamentalismo islâmico, nos últimos anos.

Raivosas, autoritárias, intempestivas, numerosas vozes se alçaram, em vários países, incluído o Brasil, para gritar – em raciocínio tão ignorante quanto irascível – que o terrorismo não tem que ser “compreendido” e, sim, “combatido”.

Os filósofos e estrategistas chineses ensinam, há séculos, que sem conhecê-los, não é possível vencer os eventuais adversários, nem mudar o mundo.

Além disso, não podemos, por aqui, por mais que muitos queiram emular os países “ocidentais”, em seu ardoroso “norte-americanismo” e “eurocentrismo”, esquecer que existem diferenças históricas, e de política externa, entre o Brasil, os EUA, e países da OTAN como a França. 

Podemos dizer que Somos Charlie, porque defendemos a liberdade e a democracia, e não aceitamos que alguém morra por fazer uma caricatura, do mesmo jeito que não podemos aceitar que uma criança pereça bombardeada pela OTAN no Afeganistão ou na Líbia, ou porque estava de passagem, no momento em que explodiu um carro-bomba, por um posto de controle em Aleppo, na Síria.   

Mas é preciso lembrar que, ao contrário da França, nunca colonizamos países árabes e africanos, não temos o costume de fazer charges sobre deuses alheios em nossos jornais, não jogamos bombas sobre países como a Líbia, não temos bases militares fora do nosso território, não colaboramos com os EUA em sua política de expansão e manutenção de uma certa “ordem” ocidental e imperial, e, talvez, por isso mesmo – graças a sábia e responsável política de Estado, que inclui o princípio constitucional de não intervenção em assuntos de outros países – não sejamos atacados por terroristas em nosso território.

As raízes dos atentados de Paris, e do mergulho do Oriente Médio na maior, e, com certeza, mais profunda  tragédia de sua história, não está no Al Corão ou nas charges contra o Profeta Maomé, embora estas últimas possam ter servido de pretexto para ataques como o que ocorreu em Paris.

Elas começaram a se tornar mais fortes, nos últimos anos,  quando o “ocidente”, mais especificamente alguns países da Europa e os EUA, tomaram a iniciativa de apoiar e insuflar, usando também as redes sociais, o “conto do vigário” da Primavera Árabe em diversos países, com a intenção de derrubar regimes nacionalistas  que, com todos os seus defeitos, tinham conquistado certo grau de paz, desenvolvimento e estabilidade para seus países nas últimas décadas.

Inicialmente promovida, em 2011, como “libertária”, “revolucionária”, a Primavera Árabe iria,  no curto espaço de três anos, desestabilizar totalmente a região, provocar massacres, guerras civis, golpes de Estado, e alcançar, por meio da intervenção militar direta e indireta da OTAN e dos EUA em vários países, a meta de tirar do poder,  a qualquer custo, regimes que lutavam para manter um mínimo de independência e soberania em suas relações com os países mais ricos.

Quando os EUA, com suas “primaveras” – que não dão flores, mas são fecundas em crimes e cadáveres – não conseguem colocar no poder um governo alinhado com seus interesses, como na Ucrânia e no Egito, jogam irmão contra irmão e equipam com armas, explosivos, munições, terroristas, bandidos e assassinos para derrubar quem estiver no comando do país.

O objetivo é destruir a unidade nacional, a identidade local, o Estado e as instituições, para que essas nações não possam, pelo menos durante longo período, voltar a organizar-se, a ponto de tentar desafiar, mesmo que em pequena escala, os interesses norte-americanos.

Foi assim que ocorreu com a intervenção dos EUA  e de aliados europeus como a Itália e a França – contra a recomendação de Brasil, Rússia, Índia e China, no Conselho de Segurança da ONU -  no Iraque, na Líbia e na Síria. 

Durante décadas, esses países – com quem o Brasil tinha, desde os anos 1970, boas relações – viveram sob relativa estabilidade, com a  economia funcionando, crianças indo para a escola, e diferentes etnias, religiões e culturas, dividindo, com eventuais disputas, o mesmo território.

Estradas, rodovias, sistemas de irrigação, foram construídos – também com a ajuda de técnicos, operários  e engenheiros brasileiros – com os recursos do petróleo, e países como o Iraque chegavam a importar automóveis, como no caso de milhares de Volkswagens Passat fabricados no Brasil, para vender aos seus cidadãos de forma subsidiada. 

Na Líbia de Muammar Kadafi, segundo o próprio World Factbook da CIA, 95% da população era alfabetizada, a expectativa de vida chegava, para os homens, segundo dados da ONU, a 73 anos, e a renda per capita e o IDH estavam entre os maiores do Terceiro Mundo, mas esses dados nunca foram divulgados normalmente pela imprensa “ocidental”. 

Pode-se perguntar a milhares de brasileiros que estiveram no Iraque, que hoje têm entre 50 e 70 anos de idade, se, naquela época, sunitas e xiitas se matavam aos tiros pelas ruas, bombas explodiam em Basra e Bagdá todos os dias, como explodem hoje, a qualquer momento, também em em Trípoli ou Damasco,  ou milhares de órfãos tentavam atravessar montanhas e rios sozinhos, pisando nos restos de outras crianças, mortas em conflitos incentivados por “potências” estrangeiras, ou tentavam sobreviver caçando, a pedradas, ratos por entre escombros das casas e hospitais em que nasceram.  

São, curdos, xiitas, sunitas, drusos, armênios,  cristãos maronitas, inimigos?

Antes, trabalhavam nos mesmos escritórios, viviam nas mesmas ruas, seus filhos frequentavam as mesmas salas de aula, mesmo que eles não tivessem escolhido, no início, viver como vizinhos.

Assim como no caso de hutus e tutsis em Ruanda, e em inúmeras ex-colônias asiáticas e africanas, as  fronteiras dos países do Oriente Médio foram desenhadas, na ponta do lápis, ao sabor da vontade do Ocidente, quando da partilha do continente africano por europeus, obedecendo não apenas ao resultado de Conferências como a de Berlim, em 1884, mas também à máxima de que sempre se deve “dividir para comandar”, mantendo, de preferência,  etnias de religiões e idiomas diferentes dentro de um mesmo território ocupado pelo colonizador.

Eram Saddam Hussein e Muammar Kadafi, ditadores? É Bashar Al Assad, é um déspota sanguinário?

Quando eles estavam no poder, não havia atentados terroristas em seus países. 

E qual é a diferença deles e de seus regimes, para os líderes e regimes fundamentalistas islâmicos comandados por xeques e emires, na mesma região, em que as mulheres – ao contrário dos governos seculares de Saddam, Kadafi e Assad – são obrigadas a usar a burka, não podem sair de casa sem a companhia do irmão ou do marido,  se arriscam a ser apedrejadas até a morte ou chicoteadas em caso de adultério, e não há eleições, a não ser o fato de que esses regimes são dóceis aliados do “ocidente” e dos EUA?

Se os líderes ocidentais viam Kadafi como inimigo, bandido, estuprador e assassino, por que ele recebeu a visita do primeiro-ministro britânico Tony Blair, em 2004; do Presidente francês Nicolas Sarkozy – a quem, ao que tudo indica, emprestou 50 milhões de euros para sua campanha de reeleição – em 2007; da Secretária de Estado dos EUA, Condoleeza Rice, em 2008; e do primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi em 2009?  

Por que, apenas dois anos  depois, em março de 2011 – depois de Kadafi anunciar sua intenção de nacionalizar as companhias estrangeiras de petróleo que operavam, ou estavam se preparando para entrar  na Líbia (Shell, ConocoPhillips, ExxonMobil, Marathon Oil Corporation, Hess Company)  esses mesmos países e os EUA, atacaram, com a desculpa de criar uma Zona de Exclusão Aérea sobre o país, com 110 mísseis de cruzeiro, apenas nas primeiras horas, Trípoli, a capital líbia, e instalações do governo, e armaram milhares de bandidos – praticamente qualquer um que declarasse ser adversário de Kadafi – para que o derrubassem, o capturassem e finalmente o espancassem, a murros e pontapés, até a morte?

Ora, são esses mesmos bandidos, que, depois de transformar, com armas e veículos fornecidos por estrangeiros, a Líbia em terra de ninguém, invadiram o Iraque e, agora, a Síria, e se uniram para formar o Estado Islâmico, que pretende erigir uma grande nação terrorista juntando o território desses três países, não por acaso os que foram mais devastados e destruídos pela política de intervenção do “ocidente” na região, nos últimos anos. 

Foram os EUA e a Europa que geraram e engordaram a cobra que ameaça agora devorar a metade do Oriente Médio, e seus filhotes, que  também armam rápidos botes no velho continente. Serpentes que, por incompetência e imprevisibilidade, depois da intervenção na Líbia,  a OTAN e os EUA não conseguiram manter sob controle.   

Os Estados Unidos podem, pelo arbítrio da força a eles concedida por suas armas e as de  aliados – quando não são impedidos pelos BRICS ou pela comunidade internacional – se empenhar em destruir e inviabilizar pequenas nações – que ainda há menos de cem anos lutavam desesperadamente por sua independência – para tentar estabelecer seu controle sobre elas, seu povo e seus recursos, objetivo que, mesmo assim, nunca conseguiram alcançar militarmente.

Mas não podem cometer esses crimes e esses equívocos, diplomáticos e de inteligência, e dizer, cinicamente, que o estão fazendo em nome da defesa da Liberdade e da Democracia. 

Assim como não deveriam armar bandidos sanguinários e assassinos para combater governos que querem derrubar, e depois dizer que são contra o terrorismo que eles mesmos ajudaram a fomentar, quando esses mesmos terroristas, além de explodir bombas e matar pessoas em Bagdá, Damasco ou Trípoli, todos os dias, passam a fazer o mesmo nas ruas das cidades da Europa ou dos próprios Estados Unidos.

O “terrorismo” islâmico não nasceu agora. 

Mas antes da balela mortífera da Primavera Árabe,  e da Guerra do Iraque, que levou à destruição do país, com a mentirosa desculpa da posse, por Saddam Hussein, de armas de destruição em massa que nunca foram encontradas – tão falsa quanto o pretexto  do envolvimento de Bagdá no ataque às Torres Gêmeas, executado por cidadãos sauditas, e não líbios, sírios ou iraquianos – não havia bandos armados à solta, sequestrando, matando e explodindo bombas nesses 3 países.

Hoje, como resultado da desastrada e criminosa intervenção ocidental, o terror  do Estado Islâmico, o ISIS, controla boa parte dos territórios e da sofrida população síria, iraquiana e líbia, e, a partir deles, está unindo suas conquistas em torno da construção de uma nação maior, mais poderosa, e extremamente mais radical do ponto de vista da violência e do fundamentalismo, do que  qualquer um desses países jamais o foi no passado.

O ataque terrorista à redação e instalações do semanário francês Charlie Hebdo, e do Mercado Kosher, em Vincennes, Paris, foram crimes brutais e estúpidos. 

Mas não menos brutais, e estúpidos, do que os atentados cometidos, todos os dias, contra civis  inocentes, entre muitos outros lugares, como a Síria, o Iraque, a Líbia, o Afeganistão.

Quem quiser encontrar as sementes do caos que também atingiram, em forma de balas, os corpos dos mortos do Charlie Hebdo poderá procurá-las no racismo  de um continente que acostumou-se a pensar que é o centro do mundo, e que discrimina, persegue e despreza, historicamente, o estrangeiro, seja ele árabe, africano ou latino-americano; e no fundamentalismo branco, cristão e rançoso da direita e da extrema direita norte-americanas, cujos membros acreditam piamente que o Deus vingador da Bíblia deu à “América” do Norte o “Destino Manifesto” de dirigir o mundo.

Em nome dessa ilusão, contaminada pela vaidade e a loucura, países que se opuserem a isso, e milhões de seres humanos, devem ser destruídos, mesmo que não haja nada para colocar em seu lugar, a não ser mais caos e mais violência, em uma  espiral de destruição e de morte, que ameaça a sobrevivência da própria espécie e explode em ódio, estupidez e  sangue, como agora, em Paris, neste começo de ano.





“Se algum dia vocês forem surpreendidos pela injustiça ou pela ingratidão, não deixem de crer na vida, de engrandecê-la pela decência, de construí-la pelo trabalho.” Edson Queiroz

Papagaio come milho e periquito leva a fama

Exemplo atualissímo:
As empreiteira roubam a Petrobras e o pig e a oposição condena a estatal.




“Se algum dia vocês forem surpreendidos pela injustiça ou pela ingratidão, não deixem de crer na vida, de engrandecê-la pela decência, de construí-la pelo trabalho.” (Edson Queiroz)

Política

Marta Suplicy, um pote de mágoas e calcúlos 

por Rodrigo Martins - CartaCapital

Ela quer sair do PT. Mas não quer perder a bocarra de senadora 
Marta Suplicy é mais uma a confirmar uma regra da política: quando uma situação é forte e se mantém por muito tempo no poder, a nova oposição costuma nascer de suas entranhas. Isolada no PT e sem espaço para disputar cargos executivos de destaque, a senadora não esconde a disposição de trocar de legenda de olho na eleição à prefeitura de São Paulo em 2016.
E se era para escancarar de vez a ruptura com o partido, a ex-prefeita não poderia ter feito escolha mais simbólica. Em entrevista à jornalista Eliane Cantanhêde, publicada em O Estado de S. Paulo, madame Suplicy vai direto ao ponto, sem recorrer aos eufemismos da educação em família tradicional paulista. Segundo ela, Dilma Rousseff é uma governante inflexível e incapaz de corrigir os rumos da economia. O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, é um “inimigo”. Antigo aliado, Rui Falcão, presidente do Partido dos Trabalhadores, é acusado de trair o partido e seu projeto. Protagonista do movimento “Volta Lula” em 2014, também credita ao ex-presidente participação na conspiração em plena campanha eleitoral.
Verdades ou não, as declarações devem ser interpretadas menos como uma vazão de eventuais mágoas e mais como cálculo político. A senadora busca uma forma de sair do PT sem perder o mandato no Congresso e, de quebra, se cacifar ao posto de expoente da oposição nas eleições municipais do próximo ano. Um discurso anti-PT, principalmente proferido por uma política claramente identificada com o partido, já basta para abrir as portas em certos círculos do poder em São Paulo, em especial na mídia. E se ela for expulsa ou comprovar que a legenda traiu os ideais que a levaram a se filiar, o mandato no Senado fica garantido.
Então ministra da Cultura, Marta puxou o coro do “Volta Lula” no pior momento da corrida presidencial, quando Marina Silva disparava nas pesquisas de intenção de voto. Agora, assegura que o ex-presidente teria dado aval à movimentação no início de 2014, quando ela própria se dispôs a organizar um jantar com “30 PIBs paulistas” para apresentá-lo como alternativa na sucessão. Depois, o ex-presidente teria optado por evitar o confronto e abortado a iniciativa, emenda.
A campanha pró-Lula custou-lhe caro. A ministra viu as portas do Palácio do Planalto se fecharem de vez. A presidenta convocou Juca Ferreira, à época secretário de Cultura em São Paulo, para cuidar dos contatos com artistas e movimentos do setor na campanha. E o nomeou ministro. Em uma carreata na periferia paulistana, ela foi barrada ao tentar embarcar na caminhonete onde desfilavam Dilma, Lula, Fernando Haddad e Alexandre Padilha. Só voltaria a subir em um palanque na derradeira semana da eleição, em um ato com intelectuais na PUC de São Paulo.
Em novembro, demonstrou a disposição de não engolir as desfeitas a seco. Apresentou uma ruidosa carta de demissão, permeada de críticas à política econômica do governo, exatamente no momento em que a presidenta voava para uma reunião, na Austrália, dos chefes de Estado das 20 maiores economias do mundo. Depois da entrevista ao Estadão, neste início de ano, foi mais longe. Anunciou ter enviado à Controladoria-Geral da União documentos sobre supostas irregularidades em parcerias firmadas pelo Ministério da Cultura durante a gestão de Ferreira no governo Lula.
O tiro saiu pela culatra. A própria CGU esclareceu que a papelada havia sido requisitada pelo órgão de controle, após uma auditoria feita em 2011. Não fora, portanto, uma iniciativa da ex-ministra. Além disso, a controladoria observou falhas semelhantes em convênios firmados pela “denunciante”.
Marta Suplicy venceu a sua primeira disputa majoritária em 2000, quando se tornou prefeita de São Paulo. Não conseguiu, porém, a reeleição quatro anos mais tarde. Lideranças do PT paulista atribuem o fracasso à sua insistência em uma chapa puro-sangue, com Falcão como vice, e à recusa de uma aliança construída com o PMDB de Michel Temer.
Depois da derrota, ela só colecionou dissabores nas disputas internas do partido. Em 2006, disputou a indicação para o governo de São Paulo e acabou preterida por Mercadante. Quatro anos mais tarde, o agora ministro da Casa Civil seria novamente candidato ao governo, enquanto ela se resignaria à campanha pelo Senado. Em 2012, teve de aceitar a candidatura de Fernando Haddad, apadrinhado de Lula, à prefeitura. A indicação para o Ministério da Cultura foi uma espécie de compensação.
A partir de então, a petista afastou-se do seu antigo grupo político, criado no período em que foi prefeita. À frente do Ministério da Cultura, deixou de lado as relações orgânicas com a legenda e optou por uma trajetória mais autônoma, observam diversos parlamentares consultados por CartaCapital. A trilha independente, afirmam esses petistas, ganhou corpo após a ex-ministra assumir o relacionamento com Márcio Toledo, bem-sucedido homem de negócios que hoje trabalha em um grupo de investimentos, o Interbanc. Ligado ao PMDB e ex-presidente do Jockey Club, Toledo aconselha a esposa nas articulações com o meio empresarial e político.
Marta ainda não oficializou a saída do PT, mas anuncia: “Tenho portas abertas e convites de praticamente todos os partidos, exceto do PSDB e do DEM”. O peemedebista Renan Calheiros, presidente do Senado, a teria convidado, mas  tão logo o boato se espalhou, o vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer, negou o convite.
Ciente da ameaça, Haddad tratou de reforçar os laços com os peemedebistas. O deputado federal Gabriel Chalita será seu novo secretário de Educação, e está garantido como vice na chapa do prefeito em 2016. Além dele, o partido domina outras três secretarias. Com forte recall na periferia de São Paulo, por conta de sua atuação como prefeita, Marta Suplicy é, de qualquer maneira, uma forte candidata. No mínimo, a atrapalhar o projeto de reeleição de Haddad.

O antipetismo é algo complexo

Responde a uma decepção quanto aos rumos tortuosos do partido, mas é fruto, sim, da chamada conciliação conservadora das classes dominantes. Ele se localizou na região mais rica do País, sobretudo em São Paulo, e depois no Centro-Oeste, numa área do agronegócio, mais emergente, mais pujante, mais próspera. No caso de São Paulo, há o que chamo de uma “ideologia paulista” que sempre esteve mais propensa à política com certo fundamento liberal, mas altamente excludente do ponto de vista social. O antipetismo diz respeito a uma cristalização de preconceitos antipopulares que existem na sociedade brasileira.”
by Francisco Foot Hartman - Professor da Unicamp
“Se algum dia vocês forem surpreendidos pela injustiça ou pela ingratidão, não deixem de crer na vida, de engrandecê-la pela decência, de construí-la pelo trabalho.” (Edson Queiroz)

*Mensagem da Vovó Briguilina

Me alegra, os olhos que sorriem
Me emociona, os gestos que pedem desculpas
Me comove, o toques que dialóga e os silêncios que se declaram.
* parafraseando Machado de Assis



“Se algum dia vocês forem surpreendidos pela injustiça ou pela ingratidão, não deixem de crer na vida, de engrandecê-la pela decência, de construí-la pelo trabalho.” (Edson Queiroz)