O Brasil passa por momento "diferente"

Em seu pronunciamento neste domingo, Dia Internacional da Mulher, a presidenta Dilma Rousseff pediu o apoio da nação brasileira às medidas que vêm tomando na seara econômica, explicou a conjuntura de crise internacional com inevitáveis reflexos no Brasil e mencionou a importância da Lei do Feminicídio que será sancionada nesta 2ª feira, daqui a pouco, no Palácio do Planalto.

"O Brasil passa por um momento diferente do que vivemos nos últimos anos. Mas nem de longe está vivendo uma crise nas dimensões que dizem alguns. Passamos por problemas conjunturais, mas nossos fundamentos continuam sólidos. Muito diferente daquelas crises do passado que quebravam e paralisavam o país", afirmou a presidenta.

Diante deste quadro e pedindo o apoio da nação brasileira, a presidenta garantiu proteção àquilo que é mais importante: "a capacidade do nosos povo de produzir, ganhar sua renda e de proteger sua família". "As dificuldades que existem – e as medidas que estamos tomando para superá-las – não irão comprometer as suas conquistas, tampouco irão fazer o Brasil parar ou comprometer nosso futuro", complementou.

A presidenta também mencionou as ações do governo no enfrentamento dos efeitos da crise internacional, apontando que o governo "usou o seu orçamento para proteger integralmente o crescimento, o emprego e a renda das pessoas". "Realizamos elevadas reduções de impostos para estimular a economia e garantir empregos. Ampliamos os investimentos públicos para dinamizar setores econômicos estratégicos, apontou.

Garantia de direitos

Mas ponderou que "não havia como prever que a crise internacional duraria tanto", tampouco a grave crise climática. "Absorvemos a carga negativa até onde podíamos e agora temos que dividir parte deste esforço com todos os setores da sociedade. É por isso que estamos fazendo correções e ajustes na economia", disse a presidenta.

Ela afirmou sobre o pacote de ajustes que "o esforço fiscal não é um fim em si mesmo, mas apenas a travessia para um tempo melhor, que vai chegar rápido e de forma ainda mais duradoura". A presidenta também garantiu que seu governo não vai trair seus compromissos com os trabalhadores e com a classe média, "nem deixar que desapareçam suas conquistas e seus direitos".

Salientou, ainda, não estar tomando "estas medidas para voltarmos a ser iguais ao que já fomos. Mas, sim, para sermos muito melhores". E concluiu dizendo que "durante o tempo que essas medidas durarem, o país não vai parar. Ao contrário, vamos continuar trabalhando, produzindo, investindo e melhorando."

Feminicídio

A presidenta aproveitou a data para falar sobre a sanção que promove nesta 2ª feira da lei que torna o feminicídio um crime hediondo no País. O termo é usado para classificar o assassinato de mulheres pela simples condição de serem mulheres.

"Com isso, este odioso crime terá penas bem mais duras. Esta medida faz parte da política de tolerância zero em relação à violência contra a mulher brasileira. É assim, com medidas concretas e corajosas, em todas as áreas, que vamos, juntos, melhorar o Brasil", afirmou.

Rede de intrigas

de Sidney Lumet, um apresentador "surtado" instiga os cidadãos a "não entenderem a depressão, não entenderem a crise do petróleo, não escrever para seus congressistas"... apenas enlouqueçam! Saiam na janela e gritem "contra tudo isso que está aí". O fenômeno se espalha pela nação. O programa dele fica em primeiro lugar na audiência. Até que a "fúria" se volta, sem querer, aos acionistas da Rede de TV, aos investidores capitalistas... aos donos "de fato" do poder. Então, o "presidente" da empresa chama o apresentador e o coloca no seu devido lugar, com apenas uma conversa. Seu "dom" de guiar as massas subitamente se esvazia e seu programa perde vertiginosamente a audiência.

Por isso que a Globo não da destaque a lista do HSBC.

A onda gourmet

O salgadinho ganhou aparência esnobe, assim como docinhos e sanduíches. Mas, essa afetação toda melhorou o sabor?.

Criaram novos pratos?
Criaram novas receitas?
Inventaram tempero melhor que a fome?

Seu amigo em boas mãos

Quando pensamos como ficarão nossos animais de estimação durante nossa ausência, o passeio perde um pouco a graça. Para deixar os donos mais tranquilos, nasceu o PetRoomie, uma comunidade de apaixonados por animais dispostos a ficar com o seu amiguinho durante esse tempo, com carinho, cuidado e atenção.

Indagação Briguilina

Eu não sei perdoar!
Eu não sei pedir perdão!

Você que sabe, me responda:

Onde nasce o perdão?

Protesto de apartamento ou carnaval de rua?

por Wagner Iglecias

O que leva um homem auto-intitulado de bem, pagador de impostos, gerente de alguma coisa em uma empresa qualquer, a sair à janela de sua casa e gritar a plenos pulmões, na presença de mulher e filhos e para todos os vizinhos ouvirem, palavras como "vaca", "p..." e "vadia", rerefindo-se à Presidente da República? E em pleno Dia Internacional da Mulher? Estaria certa em sua tese aquela outra mulher, a Professora Marilena, que tempos atrás atraiu para si duras críticas ao chamar a atenção para aquele que seria o caráter violento e reacionário da classe média brasileira?

Fato é que a Ciência Política, com suas reflexões sobre o Poder, e a Sociologia, com suas contribuições sobre as transformações na sociedade, continuam centrais mas talvez precisem ser acompanhadas de outras ferramentas para que se possa compreender-se o atual momento da vida brasileira. A Psicanálise, a Psicologia Social e as diversas teorias da comunicação têm de fazer parte da análise. Porque ao que tudo indica amplos setores da classe média tradicional estão à beira de um ataque de nervos. O sujeito não recebeu aquela promoção de cargo na firma, está com problemas no casamento ou estourou o limite do cartão de crédito na última viagem a Miami? Adivinhem em quem ou para quem ele está canalizando a culpa disso?

É patente que muita gente está farta e indignada com as tantas denúncias de corrupção que jorram na imprensa dia e noite envolvendo o PT. Ainda mais o PT, que um dia, num passado longinquo, apresentou-se como o partido da ética na política. Mas se só corrupção fosse a medida nosso bom homem de bem de classe média pagador de impostos estaria indignado com os politicos como um todo. E não está. Cala-se diante dos inúmeros escândalos de corrupção envolvendo o principal partido de oposição. E quando indigna-se com alguma denúncia que vá além do petismo é para fustigar um ou outro aliado dos petistas, como Sarney ou Renan. E só.

Se corrupção não é a causa única para a histeria da classe média tradicional neste momento, o outro motivo deve ser o medo. E não me refiro ao medo de crise econômica, pois apesar da inflação alta e do PIB próximo de zero, os shoppings, supermercados, bares, restaurantes e aeroportos continuam lotados. E o desemprego nunca esteve tão baixo. O medo, no caso, é menos conjuntural e mais profundo. Nossa classe média adora os EUA. Mas entra em pânico ao se imaginar, por exemplo, tendo de viver numa sociedade onde só os muito ricos podem ter empregados domésticos.

O ódio a Dilma, a Lula e ao PT em geral deita raízes nas denúncias de corrupção e no bombardeio diuturno sobre o assunto ao qual a classe média está submetida. Mas guarda relação também com transformações mais estruturais, que têm abalado de maneira contundente um segmento social que, se percebe que jamais vai alcançar o sonho de ficar rico, ao menos até outro dia se sentia confortável em seu infinito particular de muros e grades, carros com vidros escurecidos ou mesmo blindados e o ar condicionado dos escritórios, shoppings e condomínios.

Não é a toa que o panelaço deste domingo contra Dilma foi feito da janela das casas. E nos bairros mais abastados. O Brasil um dia inventou o samba de apartamento. Agora acaba de inventar o protesto de apartamento. Será que nos próximos dias as panelas da classe média tomarão as ruas e vão se misturar a esse ser tão distante e incompreensível aos olhos do nosso homem de bem pagador de impostos chamado povo?

Wagner Iglecias é doutor em Sociologia e professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP.

Juca Kfouri - o panelaço da barriga cheia e do ódio

Jornal GGN - "Como bem lembrou o artista plástico Fábio Tremonte: Nem todo mundo que mora em bairro rico participou do panelaço. Muitos não sabiam onde ficava a cozinha", contou o jornalista Juca Kfouri, em sua coluna "O panelaço da barriga cheia e do ódio". Ao compartilhar a publicação em sua página do Facebook, o secretário-adjunto de Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sottili, ainda convocou as pessoas a reagirem: "vamos enfrentar este debate da forma e com o tom que tem que ser enfrentado".

Por Rogério Sottili, de seu Facebook

Imperdível!!!! Vamos laá!!! Vamos enfrentar este debate da forma e com o tom que tem que ser enfrentado: firme na defesa do projeto que tem nas classes populares o seu foco. O nosso silêncio e nossa timidez devem ser superados. Nunca se roubou tão pouco; nunca se apurou tanto e se prendeu tantos corruptos; nunca se construiu tantas estruturas eficazes que possibilitam o acesso ã políticas públicas para o desenvolvimento social e de transparência; nunca se combateu tanto a miséria e a pobreza como agora; numa as classes populares tiveram tanto acesso à educação, saúde e cidadania.... Temos bandeiras, temos projetos, temos dignidade, temos o que dizer e defender... Vamos às ruas, somente assim poderemos, democraticamente fazer as críticas necessárias e justas que este governo merece para ajudar a continuar a mudar e melhorar o Brasil. Valeu Juca!!


O panelaço da barriga cheia e do ódio

Por Juca Kfouri

 

Nós, brasileiros, somos capazes de sonegar meio trilhão de reais de Imposto de Renda só no ano passado.

Como somos capazes de vender e comprar DVDs piratas, cuspir no chão, desrespeitar o sinal vermelho, andar pelo acostamento e, ainda por cima, votar no Collor, no Maluf, no Newtão Cardoso, na Roseana, no Marconi Perillo ou no Palocci.

O panelaço nas varandas gourmet de ontem não foi contra a corrupção.

Foi contra o incômodo que a elite branca sente ao disputar espaço com esta gente diferenciada que anda frequentando  aeroportos, congestionando o trânsito e disputando vaga na universidade.

Elite branca que não se assume como tal, embora seja elite e branca.

Como eu sou.

Elite branca, termo criado pelo conservador Cláudio Lembo, que dela faz parte, não nega, mas enxerga.

Como Luís Carlos Bresser Pereira, fundador do PSDB e ex-ministro de FHC, que disse:

"Um fenômeno novo na realidade brasileira é o ódio político, o espírito golpista dos ricos contra os pobres. 

O pacto nacional popular articulado pelo PT desmoronou no governo Dilma e a burguesia voltou a se unificar. 

Surgiu um fenômeno nunca visto antes no Brasil, um ódio coletivo da classe alta, dos ricos, a um partido e a um presidente. 

Não é preocupação ou medo. É ódio. 

Decorre do fato de se ter, pela primeira vez, um governo de centro-esquerda que se conservou de esquerda, que fez compromissos, mas não se entregou. 

Continuou defendendo os pobres contra os ricos. 

O governo revelou uma preferência forte e clara pelos trabalhadores e pelos pobres. 

Nos dois últimos anos da Dilma, a luta de classes voltou com força. 

Não por parte dos trabalhadores, mas por parte da burguesia insatisfeita. 

Quando os liberais e os ricos perderam a eleição não aceitaram isso e, antidemocraticamente, continuaram de armas em punho. 

E de repente, voltávamos ao udenismo e ao golpismo."

Nada diferente do que pensa o empresário também tucano Ricardo Semler, que ri quando lhe dizem que os escândalos do mensalão e da Petrobras demonstram que jamais se roubou tanto no país. 

"Santa hipocrisia", disse ele. "Já se roubou muito mais, apenas não era publicado, não ia parar nas redes sociais".

Sejamos francos: tão legítimo como protestar contra o governo é a falta de senso do ridículo de quem bate panelas de barriga cheia, mesmo sob o risco de riscar as de teflon, como bem observou o jornalista Leonardo Sakamoto.

Ou a falta de educação, ao chamar uma mulher de "vaca" em quaisquer dias do ano ou no Dia Internacional da Mulher, repetindo a cafajestagem do jogo de abertura da Copa do Mundo.

Aliás, como bem lembrou o artista plástico Fábio Tremonte: "Nem todo mundo que mora em bairro rico participou do panelaço. Muitos não sabiam onde ficava a cozinha".

Já na zona leste, em São Paulo, não houve panelaço, nem se ouviu o pronunciamento da presidenta, porque faltava luz na região, como tem faltado água, graças aos bom serviços da Eletropaulo e da Sabesp.

Dilma Rousseff, gostemos ou não, foi democraticamente eleita em outubro passado.

Que as vozes de Bresser Pereira e Semler prevaleçam sobre as dos Bolsonaros é o mínimo que se pode esperar de quem queira, verdadeiramente, um país mais justo e fraterno.

E sem corrupção, é claro!