A entrevista de Dilma Rousseff ao Jornal Nacional foi laboratório amplo de como o jornalismo pode utilizar estereótipos vazios em uma campanha eleitoral.
Não se vá exigir de William Bonner e Fátima Bernardes – dois ótimos apresentadores – conhecimento que vá além dos bordões das televisões. Quem detém mais conhecimento são comentaristas, especialmente os que passaram pela imprensa escrita, antes de chegarem à TV.
TV aberta não privilegia conteúdo. Trabalha sempre em cima do bordão, em geral repetitivo para poder alcançar a faixa mais ampla de público. Como tal, há um nivelamento por baixo. A arte na TV aberta consiste no apresentador falar uma banalidade em tom grave e convincente.
Mais que isso, em emissoras partidárias – como é o caso da Globo – cria-se um mundo à parte, força-se a reportagem sempre em uma mão única. E aí sucumbem vítima de um problema bastante estudado na sociologia da comunicação: acreditam que o mundo real é aquele espelhado em suas reportagens; e, como não há o contraditório interno, acredita-se na eficácia de bordões que, na verdade, só são eficientes quando não existe alguém do outro lado para rebater.
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