Nos seus últimos dias à frente do comando do País, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi a grande estrela do site Porradão de 20, de Celso Athayde, um dos fundadores da Central Única das Favelas (Cufa), presente hoje em 26 estados brasileiros, além do Distrito Federal, e coautor dos best-sellers Falcão - Mulheres e o tráfico, Falcão - Meninos do Tráfico e Cabeça de Porco.
Em entrevista exclusiva, classificada pelo autor do site como muito especial, "pois trata-se da despedida do Porradão em 2010 e também da despedida do metalúrgico que se tornou o político, e porque não dizer, o homem mais importante da história desse país", Lula atacou duramente o DEM, dizendo que este é um partido que tem a ditadura no seu DNA, fala do mensalão, de sua gestão e diz que o maior desafio de sua sucessora, Dilma Rousseff (PT), é "fazer mais e melhor do que o que já foi feito".
Ao falar das críticas que já dirigiu ao DEM, como por exemplo a de que essa legenda deveria ser extirpada da política brasileira, o presidente fez um mea-culpa, argumentando que estava referindo-se às urnas, no jogo democrático de uma eleição. Entretanto, voltou a criticar duramente a legenda, destacando: "Esse partido, ou melhor, seu antecessor, o PFL, que não consegue se viabilizar nas urnas, em 2005 tentou o tapetão, o que é natural porque é um partido que tem a ditadura no seu DNA. É sempre assim - partido que não tem apoio do eleitorado, apela. Um de seus dirigentes chegou a dizer que iria se ver livre dessa 'raça do PT' por pelo menos 30 anos." Além disso, ironizou a mudança de nome da legenda, salientando que não adiantou o partido mudar de nome (já foi Arena, PDS e PFL) porque eles não enganam mais ninguém.
Sucessão
Ao falar de sua sucessora e afilhada política, Lula frisou que Dilma participou de todos os principais programas de sua gestão e, pelos cargos que ocupou, tem um conhecimento profundo da máquina pública federal. "Eu creio que, diante de tudo isso, o principal desafio que ela vai encontrar é fazer mais e melhor do que o que já foi feito. E eu estou convencido e tenho fé de que ela vai conseguir. Sua capacidade de trabalho, sua dedicação e sua energia já foram testadas nesses oito anos e ela foi aprovada com méritos. Realizar mais e melhor é um desafio e ao mesmo tempo uma necessidade, diante de tudo o que falta fazer para termos um país realmente próspero e igualitário."
Mensalão
Questionado sobre o mensalão, o presidente voltou a dizer que essa é uma das muitas histórias que ainda não estão devidamente esclarecidas e explicadas. "Quando estiver fora do governo, eu vou me dedicar a estudar o caso até entender o que realmente aconteceu", prometeu. E comparou o caso com o da Escola Base: "Esse caso me lembra o linchamento de inocentes. Muita gente entra na onda, fica cega e surda para qualquer argumento contrário. Comparo também com o caso da Escola Base, de São Paulo, em que os donos foram acusados de molestarem sexualmente as crianças. Eram absolutamente inocentes, mas começaram a ser bombardeados e a ser conhecidos em praticamente todos os veículos de comunicação como "os monstros da Escola Base". Diante da execração pública pela imprensa, houve saque e depredação do prédio da escola."
Injustiças
Além de reclamar desse fato, Lula diz que houve outros casos - classificados por ele de injustiça, como o do acidente com o avião da TAM. "Enquanto a aeronave e o prédio ainda estavam em chamas, portanto muito tempo antes de se abrir a caixa preta, apresentadores de televisão diziam que o governo havia matado 200 pessoas. Outros diziam que era mais um crime do governo Lula. Fui julgado e condenado sumariamente, sem direito de defesa, por quem não tem poderes para isso. E muita gente embarcou nessas acusações. Hoje já se sabe que a razão do acidente foi um dos manetes estar em posição errada, de aceleração, por erro humano ou por falha técnica. " Na entrevista ao Porradão de 20, Lula criticou mais uma vez a mídia, dizendo que "boa parte da imprensa, em determinados momentos não investiga nada, e só dá ouvidos a quem diga o que ela quer ouvir".
Elizabeth Lopes, da Agência Estado
Leia a íntegra da entrevista Aqui
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