Lula reclama negociações para a paz e critica países ricos

O presidente Lula abriu ontem o 3º Fórum Mundial de Aliança de Civilizações, promovido pela ONU, criticando o comportamento dos países desenvolvidos durante e após a crise financeira internacional que eclodiu em 2008.
    “Incapazes de assumir seus próprios erros, alguns governantes buscam transferir o ônus da crise para os mais fracos. Adotam medidas protecionistas que oneram bens e serviços e, ao mesmo tempo, se mostram lenientes com os paraísos fiscais e responsabilizam imigrantes pela crise social”, afirmou o presidente.
     Lula também defendeu a busca de uma solução negociada para a crise nuclear iraniana e afirmou que o Brasil manterá seus esforços pela paz no Oriente Médio.
    “O mundo precisa de um Oriente Médio em paz. O Brasil não está alheio a essa necessidade. Defendemos um planeta livre de armas e o cumprimento do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares”.
    Aos representantes de 104 países presentes ao Fórum, no Rio, Lula lembrou a recente visita ao Irã, onde mediou um acordo de troca de combustível nuclear com Teerã, junto com o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. O acordo não impediu que potências ocidentais, que suspeitam que o Irã busca armas atômicas, seguissem pressionando por novas sanções ao país. Lula considerou os arsenais nucleares “obsoletos e de um tempo já superado” e disse que o Brasil “é um dos poucos países que consagram o desarmamento em sua Constituição”.

EXEMPLO E SENSIBILIDADE
   O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, também lembrou a reunião com Lula em Teerã e falou de paz entre as culturas, tema desse 3º Fórum de Aliança de Civilizações. Para Erdogan, os países que criticam as armas nucleares devem seguir o exemplo da Turquia e do Brasil – que não tem arsenal nuclear – e eliminar as armas de seus próprios países.
    “Nos reunimos em Teerã para conseguir a paz mundial. Não conseguiremos isso com a proliferação de armas nucleares”, afirmou o primeiro-ministro.
    Erdogan foi aplaudido ao dizer que “Islã e terrorismo são palavras opostas e não caracterizam a essência do povo islâmico”.  Para ele, a história da humanidade não pode ser lida como sucessões de guerras e paz, mas como troca de ideias a partir da riqueza da interação entre as diferentes culturas. O primeiro-ministro da Turquia defendeu a sensibilidade como fator de principal para a paz.
    “É errado ignorar a sensibilidade dos outros. Choramos pelas crianças que estão no meio dos conflitos do Afeganistão e do Iraque, assim como pelas crianças que perderam suas famílias no terremoto do Chile. Choramos pelas vítimas das torres gêmeas em Nova Iorque, assim como pelas vítimas dos metrôs de Londres, Istambul e Madri e também ouvimos as vozes que estão na região de Gaza”, disse ele.
    O 3º Fórum Mundial de Aliança de Civilizações pretende mobilizar a opinião pública em favor da superação de preconceitos e percepções equivocadas que, muitas vezes, levam a conflitos entre Estados e comunidades heterogêneas.

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