A eleição, por Roberto Jefferson

O ex-deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, é um arguto analista político. Jefferson também é dono de uma invejável retórica, um vocabulário rico, que proporcionaram discursos e depoimentos memoráveis na época em que denunciou o mensalão. Somadas essas habilidades, Jefferson consegue traduzir a situação eleitoral com comparações precisas e divertidas. Mesmo afastado dos cargos públicos desde que foi cassado, em 2005, Jefferson participa da política partidária. Foi ele que levou o PTB a apoiar a candidatura presidencial de José Serra (PSDB), apesar de não ser muito simpático a Serra.
A partir de uma conversa mantida esta semana, ÉPOCA elaborou um resumo das situações de vários candidatos a partir dos comentários de Jefferson.

Sobre a situação de César Maia (DEM), terceiro colocado na disputa pelo Senado pelo Rio de Janeiro
“Ninguém gosta de ouvir canto à capela (sem acompanhamento de instrumentos). No máximo, ouve uma ‘Ave Maria’. As pessoas querem ouvir a banda, pó ró, ró ró, aquelas moças bonitas dançando. Banda sem backing (vocals) não existe. Nem a Ivete Sangalo, que é linda, pode cantar sem banda. O César está fazendo canto à capela, isolado, enquanto o (Marcelo) Crivella (candidato pelo PR) e o Jorge Picciani (candidato do PMDB) têm banda”

Sobre o isolamento de José Serra (PSDB)
“Não foram os candidatos a governador do PSDB, como o Aécio Neves (Minas) e o Beto Richa (Paraná), que deixaram o Serra de fora da campanha deles. Foi o Serra que não deixou eles entrarem na campanha dele”

Sobre Dilma Rousseff
“Quando eu vi madame dando entrevista ‘in front of the garden’ (em frente ao jardim, em inglês), como presidente americano, com banca de quem já é presidente, eu vi a chance da derrota. É o clima de ‘já ganhou’ que se instalou na campanha do PT. Isso é perigosíssimo”

Sobre FHC
“Não se pode colocar um homem como FHC no armário, esconder uma estrela como ele da campanha. É um crime o PSDB fazer isso. No governo FHC havia recato. FHC não me deu nada no segundo mandato, mas me dava prestígio. Quando ele voltou da posse do (presidente dos Estados Unidos, George W.) Bush, eu liguei logo cedo e ele me recebeu no Alvorada à tarde. Eu saí de lá maior”

Sobre uma eventual derrota de Serra e do PSDB
“O PSDB tem de buscar uma identidade. O PSDB não tem base, não tem aquele cara de botina e macacão, que fala errado, que é vereador e prefeito no interior do Brasil. O PSDB só tem aqueles engravatados – deputados, senadores e governadores. Não permeia a sociedade.”

Sobre um eventual governo Dilma
“Se ganhar, a Dilma não vai ter lua-de-mel. O pau vai quebrar na primeira semana. Ela não terá aqueles 100 dias de trégua que todo presidente tem. Afinal, ela é a mãe do PAC, ela já estava nesse governo, é a continuidade. O pau vai quebrar dentro do PT, esse fogo amigo que já está aí”

Sobre a vida de Lula pós-governo
“Na minha opinião, o Lula deve assumir a presidência do PT. Ele não pode deixar a Dilma sozinha, porque ela não segura os rottweillers do PT. Ele vai ter de meter um freio no PT. Se não fizer isso, o pau vai quebrar, a Dilma será engolida pelo PT e pelo PMDB. O Lula vai ter de ser um tutor do governo da Dilma. Sem o Lula, o governo Lula desanda com disputas de ódio. Se o Lula não meter o freio, vira Pitta-Maluf, meu irmão!”

Sobre Dilma presidente
“Eu quero ver como a Dilma se comportará como presidente, se ela será a menina do Lula. Quando bota a caneta na mão…”


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