Ao contrário do que afirmam texto e título de sua coluna hoje, não entrei pelas portas dos fundos, ainda que imagens e simbolismo sejam tudo nos dias de hoje. O fato é que entrei na sua crônica política, sobre o resultado do 1º turno e sua interpretação sobre os votos da Marina, como Pilatos no Credo. Nunca me escondi no país. Primeiro porque não renunciei ao meu mandato de deputado. Enfrentei as acusações e o julgamento sem provas de meus pares que me cassaram naquela noite - já chamada da noite da injustiça.
Durante estes cinco anos que nos separam da crise do chamado mensalão, atuei abertamente no PT e no país. Tenho viajado por todos os estados e, como a própria imprensa registrou, fiz campanha este ano. Nessas últimas semanas visitei oito estados e dezenas de cidades do Paraná fazendo campanha.
O que aconteceu no dia da votação, a essa altura já não interessa, porque nada apagará a imagem que você retrata. Mas, aos fatos: entrei pela porta lateral porque, em 2006 e 2008, militantes tucanos provocaram tumulto com a militância petista, impedindo a entrada do local o que atrasou a votação. Por isso, decidi no domingo do 1º turno evitar tumultos dentro da seção eleitoral. Fiquei na fila, conversei com eleitores, fui cumprimentado por muitos e alguns me lançaram olhares de clara oposição. Votei e naturalmente desci as escadas para novamente sair pela lateral.
Errei. Assumo. Dei pretexto para reportagens na mídia afirmando que estava acompanhado de seguranças; que não entrei na fila; e que não tomei chuva como os demais eleitores. Tudo falso. Eu estava acompanhado de militantes do PT. A porta lateral da universidade pela qual entrei e deixei o local sai dentro da faculdade, a 3 metros da entrada principal. E para chegar a ela e ao local de votação todos tomaram chuva. Mas as imagens que ficaram - de novo as imagens! - são estas que você agora tão bem explora para me caracterizar como tendo votado pela porta dos fundos enquanto FHC votou entrando pela porta da frente.
Já que você estabeleceu comparações, faço-as também, lembrando que o ex-presidente foi escondido por José Serra em todo o período da disputa presidencial. Já eu, desde 2009, e sempre pela porta da frente percorria o país fazendo campanha, dando entrevistas, visitando governadores, organizando os palanques e as alianças para contribuir com o meu partido.
Isto sem falar que José Serra me expôs na TV todos os dias como Chefe de Quadrilha e Corrupto, criando um clima de animosidade no país contra mim. Como, aliás, vem acontecendo desde 2005. Não preciso recordar a você, experiente jornalista e cronista de nossa história recente, que ainda não fui julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e que fui absolvido em todas as outras investigações - inclusive pela Receita Federal - nos processos e inquéritos a que me submeteram.
Sou inocente e vou prová-lo no STF. Antes, no dia a dia, não posso fazê-lo, já que não tenho o sagrado direito de presunção da inocência. Para concluir, caro Elio, duas observações: na noite da vitória em 2002 eu estava no pódio como você chama. Basta ver as fotos e imagens da época; sobre o 2º turno, não cante vitória.
Nosso governo e o PT, ao contrário de sua avaliação e análise, têm todas as credenciais para vencer estas eleições. Merece vencê-las por tudo que o presidente Lula e seu governo fizeram pelo Brasil, por sua juventude, seu povo pobre e esquecido - só lembrado em época de eleição - por ter devolvido a autoestima e o orgulho para milhões de brasileiros, e ter tornado o Brasil respeitado mundialmente.
José Dirceu
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