A atual eleição entrará para a história do país como aquela em que, da maneira mais acintosa, procurou-se difundir e impor à população movimentos artificiais de campanha, logicamente, sempre interessados em um determinado candidato.
Da falsa ideia de que a democracia e a liberdade de imprensa estariam em risco à divulgação de pesquisas eleitorais indicando tendências que não se verificaram, buscou-se por diversas vezes, por parte dos grandes veículos de comunicação e da campanha oposicionista, projetar uma imagem irreal com o objetivo de criar ondas eleitorais.
A mais recente tentativa de propagar uma onda se deu a partir da pesquisa Datafolha publicada no início da semana que deu combustível para o uso de páginas e páginas de jornal, seguidos comentários de analistas e correntes na Internet, todos a avaliar e entender o fenômeno da “onda verde”. A base desse movimento foi uma ilusória transferência de votos de Dilma Rousseff para Marina Silva.
Ocorre que as pesquisas CNI/Ibope e CNT/Sensus simplesmente desmistificaram o pilar dessa “onda verde”: ambas as pesquisas fortalecem a tendência de que Dilma saia das urnas no domingo (3/10) como a próxima presidente do Brasil. Tudo porque a soma de todos os demais candidatos é menor do que o índice de Dilma —9 pontos de acordo com o Ibope e 9,3 no Sensus. O Datafolha divulgou, nesta quinta (30/9), nova pesquisa que mostra que a distância entre Dilma e a soma dos adversários é maior do que a apontada na primeira pesquisa do instituto, mas não muda o tom de sua “análise”.
Ora, se há divergências nas pesquisas e em todas Marina está a mais de dez pontos atrás de José Serra, por que se falou tanto na tal da “onda verde”? Porque as pesquisas Datafolha buscam introduzir na cobertura eleitoral a perspectiva de que haverá segundo turno, ou seja, em última análise a “onda verde” é, na verdade, algo favorável a Serra. A tal “onda verde” se revela, assim, um contra-senso.
Nesse sentido, a pesquisa Ibope é esclarecedora, porque revela que:
1) O crescimento de Marina é lento;
2) Não se dá sobre os votos de Dilma, portanto, tem baixo potencial de mudar os rumos das eleições; e,
3) Não se espalha entre seus aliados. Em outras palavras, a tese da “onda verde” pró-Marina não se sustenta, tendo sido uma bem criada estratégia de comunicação que encontrou entusiasmado respaldo em setores da grande mídia.
O jornal “O Estado de S.Paulo”, que declarou voto em Serra, publica um mapa do Brasil que mostra a distribuição do voto com base em 27 pesquisas estaduais do Ibope, feitas em setembro. O critério usado é indicar com uma dada cor (vermelha para Dilma, azul para Serra e amarela para empate) os locais em que há liderança de mais de cinco pontos percentuais em favor de um dos candidatos. O mapa permite visualizar algumas poucas manchas azuis, outras amarelas e o restante todo vermelho. Não há nenhuma mancha verde, a cor que se imagina que seria de Marina.
A conclusão é que, na verdade, a onda existente nestas eleições é vermelha, pró-Dilma. A imagem dá a dimensão exata da força que o PT, sua candidata a presidente e os aliados têm em todo o país. Dilma tem vantagem superior a 5% sobre Serra em todos os Estados, à exceção de pequenas áreas (algumas, capitais) do Acre, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os empates acontecem em regiões do Acre, Pará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Mas é interessante notar que há empate ou Serra está na frente justamente nas porções mais ricas do país. É um indicador claro de que o Governo Lula, representado por Dilma nestas eleições, de fato, trabalhou por oito anos para diminuir as desigualdades sociais e regionais, privilegiando as pessoas mais pobres. É por essa razão, inclusive, que a maioria dos candidatos a governador pró-Dilma lidera, muitos podendo vencer no primeiro turno.
A onda vermelha se projeta também sobre as bancadas para a Câmara dos Deputados e para o Senado, cujo indicativo é de que a maioria seja aliada a Dilma. O fato de que, segundo o Ibope, o PT é disparado, com 27%, o partido preferido dos brasileiros só reforça esse movimento pró-Dilma. Por isso, o chamado da candidata para que a militância petista e aliada ganhe as ruas e assegure a vitória no primeiro turno.
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