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Rui Daher - porque Diretas Já!

Por ser o melhor mote para a resistência. Porque na História o golpe de Estado ficará registrado como rápido arranhão na democracia. Porque a maioria dos que apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff não quer os que agora aí estão, e quem os quer participou do conluio e está sujo diante de qualquer Verdade. Somente uma imediata eleição presidencial, seguida de reforma política, restabelecerá nossa credibilidade diante do planeta.

Então, senhores, nas ruas pelo movimento Diretas-Já! Se o golpe repetiu a tragédia de 1964 como farsa, seu antídoto não será visto assim.    

Desde o início achei que bobeávamos. Fazíamos tudo parecer fácil, sem reconhecer experiências antipopulares históricas, as raposas políticas de conluios tantos, a ameaça constante frente aos interesses externos hegemônicos.

Nem seria preciso ter lido tanto ou militado muito. Bastava a experiência de 50 anos como empregado da Casa-Grande, teto de uma burguesia pouco instruída, imodesta, arrogante, e quando não, conservadora, paroquial, vazia na percepção do outro e que admite o Estado apenas como protetor de seus interesses privados. Contrariados, culpam-no e achacam seu patrimônio.

No caminho, perguntava-me por que tantos acordos de governabilidade? Dava-se aval, carta de fiança, reconhecia-se firmas de camarilhas históricas, responsáveis por todo o nosso atraso.

O Estado Novo nada nos havia ensinado? O golpe civil-militar de 1964 também não? Os anos de resistência a projetos políticos populares, mesmo quando atestados nas urnas, não reificava o predomínio da acumulação de renda e patrimônio em detrimento ao trabalho?

E bobeávamos, bobeávamos, bobeávamos. As primeiras críticas aos “hábitos ABCD” da família Da Silva, permitiam prever o ninho de cobras em desajeito. Mas, leves, preferimos considera-las folclóricas ao invés de as repelir de forma autoritária. Tempo de aprender a chutar canelas tivemos. Às insinuações de pouca academia na vanguarda, nos gabávamos de estar na retaguarda. A intelligentsia previa, finalmente, um País melhor.

A cada dia, a cada pesquisa, isso se confirmava. Sucesso dos programas de inclusão, 6ª economia do planeta, “queridinhos”, “o cara”, o Redentor Astronauta, as sandálias, sede da Copa do Mundo de Futebol, Olimpíadas, enfim 40 milhões de pessoas fora da linha de pobreza.

Claro que muitas mazelas permaneciam, mas pedras rolavam em menos caminhos. Erros de pilotagem na economia? Muitos. Mas quem não os houvera feito. Quem deles não participou do estrume seco a que havíamos chegado? Ou alguma esquerda, mesmo que meia-boca como a derrubada, esteve no Poder até 2003?

Descansamos no 7º dia. Nos distraíamos (jurei nunca mais usar mesóclises) discutindo o que eles fariam? Engoliriam ou cuspiriam o esperma proletário? E bobeávamos, bobeávamos, bobeávamos. Quando vimos Dilma reeleita e com aprovação ainda maior do que a de Lula, o relaxo foi total.

Em junho de 2013, alguns de nós, tão inebriados, juravam serem nossas aquelas “ruas e bandeiras”. Hoje sabemos que não. Em Brasília, no Lago Paranoá, nas fontes curitibanas, no rio-esgoto que corre defronte à Redação de “Veja”, se desenvolviam girinos que viriam a formar aquilo que alguém aqui bem chamou de “República dos Canalhas”.

As esquerdas precisam se unir em torno de um só anseio: DIRETAS-JÁ! Pavio a acender e estendê-lo ao País. Sem isso, estaremos suicidando a nação, como um dia fizeram com Vladimir Herzog e ainda muitos teriam a fazer. 

30 anos das Diretas Já



Nós precisamos aprender a valorizar a democracia",

O orgulho e o encanto de ter minha vida e minha história misturadas com a de nossa São Paulo

Publicado em 25 de janeiro de 2013
Recordo-me como se fosse hoje meu 1º dia em São Paulo. Com 14 anos peguei uma carona e vim viver na cidade grande, nesta São Paulo capital de todos os brasileiros. Da minha pequena Passa-Quatro na fronteira dos mineiros com os paulistas, e onde lutamos em 1930 e 1932, para a maior cidade do Brasil. Eram tempos de sonhos e esperanças. Fui estudar no Colégio Paulistano da Rua Taguá, no bairro da Liberdade e trabalhar de office-boy na  praça da República.

Assim começou minha relação de amor e desamor com a pauliceia desvairada. Aqui aprendi a disciplina do trabalho e o profissionalismo, mas vi que muitas vezes o mérito era preterido em favor da origem social ou do poder. Vivendo em pensões, ganhando salário mínimo, muitas vezes sem dinheiro para qualquer diversão ou lazer, caminhava feliz pela cidade, que me atraía e eu admirava.
Aqui vi o presidente Jânio Quadros renunciar à Presidência da República em 25 de agosto de 1961, sete meses após havê-la assumido. E aqui vi o golpe militar de 1964. Aqui terminei o curso científico, fiz vestibular e estudei direito na PUC. Como a Justiça e o Direito só existiam nas salas de aula, comecei minha luta contra a ditadura.
Aqui comecei e sustentei minha luta contra a ditadura.
Fui preso e daqui saí em 1968 para o Forte Itaipu – depois São Vicente – do Exército. Voltei em seguida para São Paulo, para Osasco, para finalmente ser trocado pelo embaixador americano sequestrado Charles Burk Elbrick e sair do Brasil via Galeão, quando, em mais um dos seus tantos atos de exceção, a ditadura me baniu de meu país e cassou minha nacionalidade.
Vivi aqueles anos com paixão e alegria, sentindo-me privilegiado. Participei da  revolução cultural e política que começou aqui em São Paulo e foi violentamente abortada pela ditadura. Voltei, ainda em 1971, para minha São Paulo. Aqui vivi clandestino. Sai do país em 1972 para retornar, de novo clandestino, em 1974, quando vivi no Paraná, novamente na clandestinidade até 1979. Eu tinha uma alfaiataria, uma loja e uma fabrica de confecções e voltava todo mês a São Paulo para fazer compras.
A cada volta… a mesma alegria de 1961, da chegada… A cidade, que eu amava escondido, continuava a me fascinar. Depois da anistia em 1979 voltei a viver aqui, a trabalhar e a estudar. Terminei meu curso de Direito, tornei-me advogado, elegi-me deputado estadual, depois federal, fui candidato a governador em 1994 e só deixei a cidade para ser ministro do governo Lula.
A cidade deflagrou as Diretas Já e aqui o PT nasceu
Foram São Paulo e seu povo que deram início às Diretas Já – a maior campanha cívica popular da história do país – e foi aqui que o PT nasceu. Nestes últimos oito duros anos de injustiças vivi em Vinhedo, mas trabalhei aqui. A cidade continua a mesma, fascinante, desigual, acolhedora, violenta, sujeita à vontade dos que nela habitam. Mas continua fascinante e com as mesmas força, garra e esperança dos milhões de brasileiros e brasileiras, de homens e mulheres de todos continentes que aqui lutam e sonham por uma vida digna e feliz.
Não fui nem fiz diferente. Hoje, quando a nossa São Paulo comemora 459 anos, desejo boa sorte ao nosso prefeito, Fernando Haddad, o 3º que o PT elege, e que também faz aniversário com a cidade, neste 25 de janeiro. Muita paz e saúde prefeito Haddad, para o senhor e para todos os paulistanos. Agora praticamente chegou a hora, está muito perto (2014) de passarmos a governar não só a maior cidade do Brasil mas, também, o maior Estado, São Paulo.

Dirceu, Diretas Já e São Paulo

No ano passado, em 25 de janeiro, o ex-ministro José Dirceu escreveu no blog dele algumas lembranças de sua trajetória na cidade de São Paulo. Foi uma forma de homenagem ao município, no qual construiu boa parte de sua jornada política e também pessoal.
Hoje, neste 25 de janeiro, certamente Dirceu teria mais um depoimento a dar. O 460º aniversário da cidade é ainda mais representativo para ele por causa dos 30 anos do comício em São Paulo que deflagrou a campanha das Diretas Já.
Dirceu foi um dos principais articuladores, em 1983 e 1984, da coordenação da campanha das Diretas Já no PT. (Clique aqui para ler mais sobre as Diretas Já)
Dentre tantos capítulos importantes que ajudou a escrever na história do país nestas últimas décadas, temos certeza de que Dirceu se lembra com orgulho desta.
Como Dirceu ainda não recebeu autorização para escrever – ele vem sendo mantido ilegalmente em condições de regime fechado, embora tenha sido condenado, também injustamente, ao regime semiaberto –, repetimos abaixo o post publicado no ano passado.
A equipe deste blog aproveita para felicitar todos os paulistanos e moradores da cidade pelos 460 anos da cidade.
O orgulho e o encanto de ter minha vida e minha história misturadas com a de nossa São Paulo
Publicado em 25 de janeiro de 2013
Recordo-me como se fosse hoje meu 1º dia em São Paulo. Com 14 anos peguei uma carona e vim viver na cidade grande, nesta São Paulo capital de todos os brasileiros. Da minha pequena Passa-Quatro na fronteira dos mineiros com os paulistas, e onde lutamos em 1930 e 1932, para a maior cidade do Brasil. Eram tempos de sonhos e esperanças. Fui estudar no Colégio Paulistano da Rua Taguá, no bairro da Liberdade e trabalhar de office-boy na  praça da República.

Assim começou minha relação de amor e desamor com a pauliceia desvairada. Aqui aprendi a disciplina do trabalho e o profissionalismo, mas vi que muitas vezes o mérito era preterido em favor da origem social ou do poder. Vivendo em pensões, ganhando salário mínimo, muitas vezes sem dinheiro para qualquer diversão ou lazer, caminhava feliz pela cidade, que me atraía e eu admirava.
Aqui vi o presidente Jânio Quadros renunciar à Presidência da República em 25 de agosto de 1961, sete meses após havê-la assumido. E aqui vi o golpe militar de 1964. Aqui terminei o curso científico, fiz vestibular e estudei direito na PUC. Como a Justiça e o Direito só existiam nas salas de aula, comecei minha luta contra a ditadura.
Aqui comecei e sustentei minha luta contra a ditadura.
Fui preso e daqui saí em 1968 para o Forte Itaipu – depois São Vicente – do Exército. Voltei em seguida para São Paulo, para Osasco, para finalmente ser trocado pelo embaixador americano sequestrado Charles Burk Elbrick e sair do Brasil via Galeão, quando, em mais um dos seus tantos atos de exceção, a ditadura me baniu de meu país e cassou minha nacionalidade.
Vivi aqueles anos com paixão e alegria, sentindo-me privilegiado. Participei da  revolução cultural e política que começou aqui em São Paulo e foi violentamente abortada pela ditadura. Voltei, ainda em 1971, para minha São Paulo. Aqui vivi clandestino. Sai do país em 1972 para retornar, de novo clandestino, em 1974, quando vivi no Paraná, novamente na clandestinidade até 1979. Eu tinha uma alfaiataria, uma loja e uma fabrica de confecções e voltava todo mês a São Paulo para fazer compras.
A cada volta… a mesma alegria de 1961, da chegada… A cidade, que eu amava escondido, continuava a me fascinar. Depois da anistia em 1979 voltei a viver aqui, a trabalhar e a estudar. Terminei meu curso de Direito, tornei-me advogado, elegi-me deputado estadual, depois federal, fui candidato a governador em 1994 e só deixei a cidade para ser ministro do governo Lula.
A cidade deflagrou as Diretas Já e aqui o PT nasceu
Foram São Paulo e seu povo que deram início às Diretas Já – a maior campanha cívica popular da história do país – e foi aqui que o PT nasceu. Nestes últimos oito duros anos de injustiças vivi em Vinhedo, mas trabalhei aqui. A cidade continua a mesma, fascinante, desigual, acolhedora, violenta, sujeita à vontade dos que nela habitam. Mas continua fascinante e com as mesmas força, garra e esperança dos milhões de brasileiros e brasileiras, de homens e mulheres de todos continentes que aqui lutam e sonham por uma vida digna e feliz.
Não fui nem fiz diferente. Hoje, quando a nossa São Paulo comemora 459 anos, desejo boa sorte ao nosso prefeito, Fernando Haddad, o 3º que o PT elege, e que também faz aniversário com a cidade, neste 25 de janeiro. Muita paz e saúde prefeito Haddad, para o senhor e para todos os paulistanos. Agora praticamente chegou a hora, está muito perto (2014) de passarmos a governar não só a maior cidade do Brasil mas, também, o maior Estado, São Paulo.

4 ANOS DA MORTE DE DANTE DE OLIVEIRA

Hoje completam quatro anos da morte do ex-deputado estadual, ex-deputado federal e ex-governador Dante de Oliveira. Dante deixou o governo de Mato Grosso em abril de 2002 para concorrer ao Senado, depois de reeleito governador em 1998.
Derrotado nas eleições de 2002, Dante entrou num processo íntimo de reconstrução. Por diversas vezes conversamos a respeito. Ele escondia a decepção com sua derrota, mas não se queixava. O que mais o incomodava era a solidão política. Vinha de uma carreira vitoriosa. Derrotado para vereador em 1976, quando fazia campanha com um fusquinha e um caixote onde subia pra pregar. Era um estranho jovem engenheiro barbudo, recém-chegado do Rio de Janeiro onde estudara, e agora tentava uma carreira política.
Em 1978, elegeu-se deputado estadual na primeira leva de parlamentares eleitos para a primeira legislatura de Mato Grosso após a divisão. Foi quando o conheci. Falava alto, ria fácil e ouvia com atenção os seus interlocutores. Tivemos uma relação de altos e baixos. Foi eleito governador em 1994, para um mandato de 1995/1999. No governo, em 1997 tivemos um café da manhã em sua residência. Foi uma longa conversa sobre futuro, sobre percepções do Brasil e do mundo. Ele ouvia e questionava. Não comentava o que ouvia, mas deixava a certeza de que ouviu e compreendeu. Nossas conversas se alongaram nos anos seguintes.
Em 2002, depois de sete anos e três meses, deixou o governo para disputar uma vaga ao Senado. Parecia eleição de favas contadas. Não foi. Foi aí que ele embaralhou sua percepção política. Antigos aliados debandaram, amigos sumiram e restaram-lhe poucos e fieis companheiros antigos e amigos. Thelma, sua mulher, elegera-se deputada federal e dividia o tempo entre Cuiabá e Brasília. Críticas, muitas críticas depois da eleição perdida. No governo, ninguém dizia nada, exceto por alguns detalhes que eram do senso comum, como o isolamento em torno de algumas pessoas.
Porém, fora do poder político, Dante não foi crítico do governador Blairo Maggi, eleito em 2002. Antes eram amigos e rápida, Dante e Blairo ainda se mantinham distantes. A política estadual girava em torno do governador, de alguns deputados federais, uns poucos estaduais, e do senador Jonas Pinheiro, uma liderança do agronegócio com bom trânsito inclusive com Dante.
Em 2006, ano da eleição estadual, Blairo reelegeu-se com muito prestígio, e o quadro político do estado ficou mais estreito, tanto na Assembléia Legislativa como no Congresso e no ambiente estadual. Hoje, pode se dizer que absoluta convicção que a ausência de Dante no cenário político de Mato Grosso, tirou a possibilidade de oposição com discurso e com argumentação não individualista. Outros quadros se consolidaram na política, mas o sentido de discussões amplas sobre a política perdeu-se sem ele. Fazer oposição é uma ciência que requer experiência, conhecimento de causa, estatura política e possibilidade de criar alternativas à crítica.
Não há como negar a falta de Dante como catalisador da oposição. Opor-se é criar o contraditório. E o contraditório é mais construtivo do que o "apoiatório" freqüente.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
onofreribeiro@terra.com.br 

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