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Das inquietações de uma solidão antiga, por Dalfen Bach

hoje as horas possuem uma aspereza maior que as de costume. um vazio franco e ensurdecedor acorda a memória para as coisas que naufragaram entre as marés que não obedeciam aos ciclos da lua. 

meus velhos vícios surgiram como uma tábua de salvação e eu os quero de volta. 

os mistérios escondidos nas frestas tornaram-se, ainda mais, indecifráveis. um caminho repleto de maltratos e esquecimentos se apresenta como uma corda que espera o condenado...
talvez apenas falte o suspiro, 
talvez apenas falte a dose ínfima e poderosa que arraste, de vez, o esquecimento para o esquecimento. 

(penso em Deus e na condição falha de ser feliz). 

as pessoas seguem caminhando. 
alguém passa em silêncio e fico a meditar na pequenez das pessoas que, apenas, caminham, 
na pequenez humana e nada compreensível. 

se existisse algo mais, se o tempo fosse um pouco mais sensível... 

não quero nada hoje, talvez amanhã. 
tenho certeza que amanhã a realidade a de me bater à porta. essa realidade que não é minha, essa realidade que, seguindo por caminhos oblíquos, se formou a minha volta. Ah, eu não a quero, mas onde estão as escolhas... o que de teu, de fato, é teu? 

apenas o sonho... 
a mecânica de existir precisa de magia. 
das sensações do pão quente de manhã, da toalha felpuda e cheirosa, do café fresco... do secreto mundo das orações, do sentido da psicologia e das respostas filosóficas que passeiam pela terapia. nisso tudo, sem os sonhos, só estupidez e fraqueza, ignorância e medo. 

para aqueles não sabedores de que destino seguir, alheio a própria condição de sentidores e de pensantes do que lhe pulsa em cada artéria, dá-lhes trabalho. o trabalho é uma válvula para cansar o corpo e torná-lo surdo aos questionamentos da alma, é o mais perfeito adestramento. por certo não tenho nada com o capitalismo, por certo não tenho nada com as doutrinas ou as tendências das grifes e cozinhas. 

construo o meu universo longe das conjecturas. apenas nas sensações daquilo que realmente me importa. há alguns caminhos cegos, mas deixo para que os cegos sigam. o mundo é uma grande massa de cegos... talvez seja eu o mais cego, mas ainda vislumbro, algo maior que a rotina pasmacenta. ainda gozo do meu entender, mesmo profano, enquanto outros seguem instintivamente, como raposas e coelhos, a construírem ninhos e a caçar alimentos para dormirem o descanso. 

desperto, busco o sonho e a magia que existe em algum lugar de mim.

[Daufen Bach]

Poesia acústica, por Leonia Teixeira

Saudade
Hoje lembrei de ontem com uma saudade daquelas
Saudade que dói no peito, que nada cura, que não tem jeito.
Saudade do que não disse, não falei
Saudade do que poderia ter dito, mais calei.
Saudade não sei de que, saudade do que não sei.

Leonia Teixeira 

Embriaguem_se, por Bardelaure

Postagem de Luís Flávio.                           Lembrei-me desse maravilhoso poema de Baudelaire: 
Embriaguem-se
“É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.
Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.
E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso! Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.”

é assim

A vida continua sendo vir
Ir
E voltar.
Uma das essências da vida é :
Comecar de novo.
Vida que segue.

Crônica do dia, por Orlando Souza

DOR E CURA 
 
Aqui não é o inferno, eu sei.
Nem me interessa saber onde é.
Eu não faço a menor ideia de onde fica tal lugar até porque não tenho nem um “tico assim” de vontade de ir pra lá.
 
Mas uma coisa eu sei: nós precisamos acreditar que existe cura na dor.
E descobrir que a cura vai sarar o lado de dentro da gente, porque é ali que se encontra o amor.
 
Isso aqui não passa de uma monumental passagem. Viver é uma transcendência que nos conectará ao Paraíso. Enquanto isso, nos cabe insistir no desejo, na questão da essencialidade da vida. É preciso dar grande valor aos valores pequenos. A pureza, a vitalidade das crianças, a atitude dos animais, as vozes e o silêncio da natureza.
É imperativo a vontade de viver e é intransferível o desejo pela defesa da vida.
 
Eu quero a cura com o querer de Eros.  Eu desejo a cura com o desejo de Eros.
 
É certo que eu deseje o bem porque assim este também desejará a mim.
Ainda que seja uma expiação, a vida terrena não precisava ser o “inferno” que tem sido.
Morrer é das coisas absolutamente indispensáveis.
Para quem almeja desde agora as delícias do céu lá pela frente.
Porém, não propaga nem uma invenção quem afirmar nada existir que nos proíba fazer as preliminares aqui dos seus gozos.
 
Ocorre que o mundo fez a sua opção pelas sombras.
E sombra é o tipo de lugar onde as bandeiras não tremulam, nem os galhos balançam, nem as flores tomam forma e cor.
 
Vive na sombra ou à sombra quem se permitiu ausentar-se da esperança, equidistante do brilho dos faróis.
É das sobras que se projetam os ódios, a violência, o autoritarismo e os medos.
É nas sombra que mora a dor. 

Uma lúgubre e pavorosa sombra se pôs sobre os povos.
As nações foram acometidas de uma dor gigantesca e desalentadora.
 
No entanto, é chegada a hora – e esta é agora – de nos sobrepormos à “pandemia da estupidez” e do obscurantismo.
A cura só veio graças ao desejo da maioria das pessoas de que ela viesse e não pela vontade aterradora de quem despreza e minimiza a ciência e a medicina.
 
Eros tem prevalecido!
 
O desejo pela cura e pela vida está projetando raios de sol nas sombras do mundo.
 
Somos das raças a mais privilegiada, apesar de tudo, apesar de tanto.
É alentador descobrir tanto saber em tão curto espaço de tempo e ver desfraldada a bandeira da vida.

O fechamento da Crônica da Semana se dá com o poema da norte-americana Catherine O’Meara.
 
 
“E as pessoas ficaram em casa
E leram livros e ouviram música
E descansaram e fizeram exercícios
E fizeram arte e jogaram
E aprenderam novas maneiras de ser
E pararam
E ouviram mais fundo
Alguém meditou
Alguém rezava
Alguém dançava
Alguém conheceu a sua própria sombra
E as pessoas começaram a pensar de forma diferente.
E as pessoas curaram.
E na ausência de gente que vivia
De maneiras ignorantes
Perigosos, perigosos.
Sem sentido e sem coração,
Até a terra começou a curar
E quando o perigo acabou
E as pessoas se encontraram
Eles ficaram tristes pelos mortos.
E fizeram novas escolhas
E sonharam com novas visões
E criaram novas maneiras de viver
E curaram completamente a terra
Assim como eles estavam curados”.
 
Não há definição para a felicidade que esta certeza nos faz sentir:
 
“Para todo mal, a cura”.

Orlando de Souza

Sei o que fiz no inverno passado

Por amor
Por paixão
Com alma e coração
Me doei

Hoje percebi
Não valeu nada
Tudo bem
Há mais além

Além de tu
Além de eu
Além de nós
Há o estamos sós (Estou)

Mas...
Começar de novo é comigo mesmo
Quando fico a esmo é que me encontro
Sou o centro do ponto, jamais a vírgula

E quem dúvida
Não me conheceu
Não  me conhece
Nem jamais conhecerá

Eu sou o passado presente
Sou o presente passado
E o futuro que nunca virá

É assim que sou
Puro amor
Corpo e alma
Nada me acalma, nem a mais intensa dor

É o amor!

Joel Neto

Mantenha distância


Mantenha distância
Dos meus erros, defeitos e manias
Continuo sendo o mesmo que você conheceu a tempos atrás
E continuarei sendo
Mudei a aparência, a essência permanece igual

Mantenha distância
Do meu jeito, problemas, dilemas etecetera e tal
Pra você já fui o Príncipe Encantado hoje sou o Lobo Mau
Mantenha distância

E caso a gente venha a se cruzar pelas estradas da vida
Tenha certeza sequer anotarei a placa do teu caminhão
E se me ultrapassares nem lerei a frase do teu para-lamas

Mantenha distância

Joel Neto

As crianças que não morreram por mim

Mas que incrível
Não matei nenhum ser humano
Será porque não visto farda [ covardes]

Nunca vi um policial atirar a esmo onde a família dele mora
Que coincidência

Só atira na casa dos outros inocentes

isso é covardia!
Joel Neto

Encontro com Ághata


Inda bem bem ela morreu
É uma ladrona
É uma traficante a menos
Quem nasce
Quem morra numa favela
É traficante ou ladrão
Simples assim.

Ainda bem que a Beatriz
Filha do Witzel, homem de "bem" e bens
Ex-juiz e atual governador do Rio de Janeiro
Vai estudar no colégio militar, que beleza
A menina branca e rica tem até nome de bailarina
Tem pai, tem mãe, irmãos, primos, tios, avós, amigos
Beatriz tem família!

Ághata não?

Meu irmão
Sinceramente
E infelizmente
Não vejo outro caminho
A não ser essa gente de "bem"
Sentir na pele a dor dos pobres, putas e negros do Brasil
Acho que somente aprenderão quando receberem o troco: Olho por olho, dente por dente!
Joel Neto

Poesia da hora, por Leônia Teixeira

Não sou chegada a esse negócio de etiqueta
Tudo certinho...
Me sinto presa
Me sufoca
Prefiro pés na areia
Olhos no mar...
Sou meio pássaro
Cigana..
Me fascina o fora do lugar.
__________♥
Leônia Teixeira

Poesia da tarde


Engraçado, não  percebemos a beleza que está  ao nosso redor
Todos os dias sento em um banquinho 
Ao lado tem uma árvore  - não tinha percebido -
Hoje senti um cheiro de jasmim
Me perguntei: 
Quem está com este perfume?
Era a plantinha  me mandando cheiros


Luana Teixeira

Uma poesia por favor, por Clarice Lispector


Toda as manhãs ela acorda
Deixa os sonhos na cama ou na rede
Põe sua roupa de viver e vai a luta do dia-a-dia...

"As vezes caio, mas me levanto e sigo em frente, nunca desisto, porque a mão que me ampara não é a do cão, é a de Cristo"
Vida que segue...

Ser avó

Ser avó é sentir felicidade
É conhecer um amor doce, profundo
É viver de carinho e ansiedade
É resumir nos netos o seu mundo.

Ser avó é voltar a ser criança
É fazer tudo pelo neto amado
É povoar a vida de esperança
É reviver todinho o seu passado.

Ser mãe é dar o coração, eu creio
Mas ser avó, que sonho abençoado
É viver de ilusão, num doce enleio
É viver no neto o amor ao filho amado.

Vida que segue

Poesia singular

- Vovó, a senhora já teve algum sonho realizado?
- Tive sim.
- E agora?
- Agora meu sonho realizado está ao meu lado fazendo perguntas.

Resultado de imagem para avô e neto sentados ao lado

Vida que segue

A muralha

Resultado de imagem para muralhas
Do cimo da muralha o vasto deserto inabitado e ancestral trouxe luzes ao meu silêncio

Abraçada às suas estátuas recordei-me dos afagos e dores de outrora [O cheiro funesto e secular inebriou-me]

No topo deste ícone imponente o vento forte desafia as alturas
Posso ver o mundo todo [meu mundo interior]

Desolei a noite em lamentos
Sentindo o vazio coletivo 
[repensei toda a minha existência]

Corredores sem vozes, cheiro de solidão [miséria humana]

Durmo acuada há muitos janeiros
deixei de sonhar [As janelas da minha fronte vêem apenas rostos sem face]

Morrerei confinada poeira destes pavimentos

Sou muralha no deserto
Refúgio de almas errantes
Lágrimas e mágoas pungentes

Terra inóspita sem nome molda-me [semblante]

Vivendo de lembranças atrozes
Perseguida pela implacável memória
Sou a sombra de um velho sorriso que insiste em atormentar-me
Todo mundo quer ser bom, mas da lua só vemos um pedaço 
Vida que segue..

Mensagem da Vovó Briguilina


Não há receita para felicidade
Cada ser humano tem a sua
Mas algumas pessoas
Por mais que tenham
Todos ingredientes
São incapazes
de serem
Felizes

Joel Neto

Todo mundo quer ser bom, mas da lua só vemos um pedaço
Vida que segue...