por Marcos Coimbra

O Que Fica e o Que Passa

O que é realmente importante na informação que recebemos todo dia sobre o sistema político? E o que é secundário, referindo-se a coisas que não duram muito e apenas parecem ter maiores consequências?
Neste momento, por exemplo, o noticiário sobre a crise causada pelos problemas de Antonio Palocci domina os meios de comunicação. Ela é importante?
Certamente que sim, pois qualquer dificuldade que afete um ministro central no governo é relevante. Ainda mais se for alguém como ele, que foi, nos primeiros meses, quase um primeiro ministro.
Embora a crise seja, de fato, significativa, ela está longe de ser tudo que acontece no governo. E nem é tão original assim. Ministros em apuros são mais a regra que a exceção em nossa experiência recente.
Se alguém se desse ao trabalho de calcular quantos dias passamos, nos últimos 20 anos, sem que pelo menos um estivesse complicado, veríamos que não foram muitos.
O próprio Palocci já viveu essa história. No final do primeiro governo Lula, quando aconteceu o caso Francenildo, ele não era tão menos que agora. Como o ministro da Fazenda que contava com apoio unânime do empresariado e da mídia, e depois que vários de seus colegas tinham tombado vítimas do mensalão, achava-se que Lula dependia dele para sobreviver.
Pois bem, Palocci saiu, Lula ganhou a eleição e foi adiante para se confirmar como a maior liderança de nossa história (goste-se ou não dele).
Palocci pode estar vivendo, de novo, um inferno astral, mas isso não é fundamental. No médio e, especialmente, no longo prazo, sua permanência ou saída são secundárias. Como foram as de antecessores seus em governos passados.
Ministros são parecidos a outras pessoas insubstituíveis, das quais, como diz o ditado, os cemitérios estão cheios. 
As coisas que realmente importam são outras. Como o lançamento do programa Brasil Sem Miséria, que aconteceu enquanto olhávamos para a “crise”.

Se medirmos a centimetragem a ele dedicada pelos nossos maiores veículos ou o tempo nos telejornais de maior audiência, ficaríamos com a impressão que é um assunto quase insignificante. Pelo espaço e a atenção que recebeu, que o novo programa é apenas mais um na rotina da burocracia.
Na verdade, um pouco pior que isso. O tom da cobertura foi claramente negativo, com insinuações de que era uma manobra para desviar a atenção da opinião pública do que seria realmente importante, a “crise”.
Como se fosse sequer possível inventar um programa da complexidade do Brasil Sem Miséria na última hora. Como se não tivesse exigido meses de estudos e formulações preliminares. Como se seu lançamento não estivesse anunciado há muito tempo e não ocorresse no prazo estipulado antes da eclosão da “crise do Palocci”.
O programa passou a ser visto como uma pirotecnia algo ingênua. Foi reduzido a uma manobra, no fundo, inútil, pois incapaz de produzir suas “verdadeiras intenções”.
Tudo nele passou a ser enxergado a partir desse prisma. Até a cerimônia inicial. O número de convidados, a solenidade, os discursos, cada detalhe foi interpretado como parte de um “estratagema” diversionista.
O que pensavam? Que Dilma lançaria um programa desse porte às escondidas? Que ele não era suficientemente importante para justificar o evento?
É possível que nossa imprensa ache que faz “bom jornalismo” quando ignora, coloca sob suspeita ou trata como irrelevante um programa como o Brasil Sem Miséria. Que o certo é deixar tudo de lado e manter-se focada na “crise do Palocci”.
O curioso é que, ao comentá-lo, não se afirmou que era inviável, fantasioso ou irrelevante. Ninguém argumentou contra suas propostas concretas. Não foram questionadas suas metas ou estratégias.
Parece, portanto, que ela não discorda do programa. E não vê razões para duvidar que o governo tenha capacidade de executá-lo.
Apenas acha que é pouco importante, pelo menos em comparação com a “crise”. Será que é? Será que um programa destinado a solucionar, em quatro anos, o mais grave problema do Brasil pode mesmo ser considerado irrelevante? Para os 16 milhões de beneficiários, pode ser tudo, menos desimportante.
 Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

Redes Sociais

Os setes diferenciais do by You

1) Ambiente único com duas visões integradas e independentes: rede de relacionamento (pessoal) e rede de propósito (corporativo).
2) Identificação pessoal: certificação que cada indivíduo é o próprio indivíduo, rígido controle de entrada no perfil pessoal e controle de acesso sob medida no perfil corporativo.

3) Conexão soberana: O usuário é soberano na gestão de suas conexões.
4) Controle corporativo: As empresas são soberanas e independentes em suas redes de propósito com segurança, certificação e gestão dos papéis dos indivíduos. 
5) Informação pela relevância: Vetado patrocínio sob qualquer forma. 
6) Privacidade total: As informações do perfil pessoal e corporativo, navegação, compras e consultas pertencem ao indivíduo ou as empresas, não sendo objeto de comercialização em qualquer hipótese. 
7) Múltiplas certificações colaborativas: Um indivíduo pode ser certificado por mais de um certificador.

Oração

do
Rock

Ibaretama é Brasil


Encravada no sertão de Quixeramobim, a pequena Ibaretama assistiu na semana que passou à prisão por corrupção de 20 servidores públicos, nove deles vereadores – cinco da situação e quatro da oposição - que recebiam propinas mensais há dois anos.

O mensalinho do interior cearense nem chamaria atenção no país do mensalão não fosse o fato de o pagamento estar registrado em cartório, com assinatura e firma reconhecida.
Isso mesmo. A certeza da lei pró-Sarney, consagrada pelo ex-presidente Lula, de que há incomuns e menos iguais, e da consequente impunidade é tamanha que a gratificação informal foi lavrada em tabelião, com carimbo e ofício.
O caso só veio a público depois de um dos vereadores ser cassado e ver rompido o acordo para a eleição da presidência da Câmara local. Como tudo estava documentado, tudo era legal, alega o edil.
Quisera a mesma distância entre os registros legais e a lei que fez o Ministério Público do Ceará agir em Ibaretama prevalecesse em Brasília. Mas no Planalto os incomuns são ainda mais incomuns do que nos sertões.
A calma ensaiada, a informalidade medida, o semblante de injustiçado a clamar pela boa-fé dos brasileiros, exibidos na entrevista ao Jornal Nacional na última sexta-feira, podem até garantir alguma sobrevida ao ministro da Casa Civil Antonio Palocci. Mas o estrago já estava feito.
Se não mentiu, omitiu. Se omitiu, o fez em nome de algo ou alguém, ainda que dele próprio. E tardou, surrupiando de si mesmo qualquer chance de convencimento.
Pior do que prolongar a agonia do governo a que pertence, a não fornecer explicações para o seu súbito e avassalador enriquecimento, Palocci contribuiu para esgarçar, ainda mais, o fino tecido da moral que deveria nortear o comportamento de todos, quanto mais dos entes públicos.
Palocci não é o primeiro. A pendura do inexplicado se multiplicou exponencialmente nos últimos anos. Só perde mesmo para a conta da impunidade.
Nem propina filmada, como a de Waldemar dos Santos nos Correios, nem a declarada, como a confissão do ex-deputado Roberto Jefferson escancarando o esquema do mensalão, têm qualquer conseqüência. Sem contar as que o governo finge investigar, como as artimanhas da ex-ministra Erenice Guerra e, ao que tudo indica, as façanhas de Palocci.
Corrupção não é novidade. Vem de longa data. Mas ano a ano as práticas de malversação vão ganhando em requinte, velocidade e volume.
Ilícitos, bandidagem e exemplos de sucesso inexplicável continuam a vir de cima, avalizados por aqueles que deveriam combatê-los. E se proliferam Ibaretamas afora.

Mary Zaidan é jornalista, trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa, @maryzaidan

Guernica

o horror da guerra em 3D

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 ALEXANDRE BOURE - CAPISTA