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Crônica dominical de Luis Fernando Veríssimo

Pós Fukuyama

Francis Fukuyama (lembra dele?) decretou o fim da História com a vitória definitiva das forças do mercado contra o dirigismo econômico. A sua foi uma das frases mais bem-sucedidas do século passado.

O Muro de Berlim caíra em cima do que restava das ilusões socialistas, a frase não tinha resposta e o capitalismo desregulado não tinha mais inimigos. Dominaria o planeta e nossas vidas pelos próximos milênios.

Como o próprio Fukuyama reconheceu mais tarde numa revisão da sua sentença, a História reagiu. O capital financeiro predatório mantém seu poder de ditar a moral e os costumes da época, mas não não tem mais a certeza de um futuro só dele nem a bênção da filosofia sintética e incontestável do Confúcio da direita.

Se pela História tornada irrelevante Fukuyama queria dizer contradição e conflito, tudo o que aconteceu no mundo depois da publicação do seu livro desmentiu sua premissa. Mostrou que a História está viva, forte e irritadíssima. Nenhuma senhora, ainda mais com sua biografia, gosta de ser declarada inválida antes do tempo.

A crise provocada pelo capital financeiro fora de controle levou protestantes para as ruas na Europa e nos Estados Unidos e transformou “austeridade”, a solução receitada para as vitimas da crise, em palavrão.

Ninguém quer pagar, com o sacrifício de gastos sociais, por uma porcaria que não fez. E cresce a busca por alternativas para os dogmas neoliberais e pelo fim do monólogo dos donos do dinheiro.

E o papel da esquerda na História pós-Fukuyama? O socialismo está numa crise de identidade. Como é difícil, hoje, recuperar o sentido antigo, sem qualificativos, de uma opção pelo socialismo, as pessoas se entregam à autorotulagem para se definirem exatamente, (sou dois quartos de esquerda-esquerda, um quarto de centro-esquerda e o outro quarto deve ser gases), o que só atrasa as discussões que interessam.




Quais são os limites da coerência ideológica e do pragmatismo? O que ainda pode ser resgatado das ilusões perdidas? Por que não se declarar logo um neo-neoliberal e ser feliz?

Num livro recém-publicado, a ex-mulher de François Hollande revela que ele tem horror a pobre. Se pode sobreviver a Francis Fukuyama, a François Hollande e a partidos políticos brasileiros que se chamam de “socialistas” com uma certa imprecisão semântica, o socialismo ainda tem um futuro, mesmo que seja apenas um apelido conveniente para o que se quer.

A escolha continua sendo entre socialismo e barbárie. Pode-se não saber mais o que é socialismo, mas para saber o que é barbárie basta abrir os olhos.

Ilimar Franco: para onde vai o Psdb?

O PSDB está mergulhando numa profunda crise. As previsões dos especialistas são as de que os tucanos vão encolher na Câmara, no Senado e nos governos estaduais. Além disso, o partido não terá mais expectativa de poder.
(…)



Uma derrota em Minas deixará o partido ainda mais paulista.
(…)



Avalizado pelo ex-presidente Fernando Henrique, o presidente do PSDB, Aécio Neves, está à procura de uma boia para não afundar. Seguindo nesse ritmo, ele não só perderá em Minas, como terá de pagar a conta de deixar seu partido fora da luta pela Presidência pela primeira vez em 20 anos.
O Globo

Ladislau Dowbor: Voto Dilma, uma questão de bom senso

Achei importante me posicionar relativamente às eleições presidenciais. Os que acompanham o meu trabalho sabem a centralidade que têm, na minha visão, a redução das desigualdades e o resgate da sustentabilidade ambiental. A própria economia, neste sentido, tem de responder a estes objetivos: o que queremos é viver melhor, este é o fim, o resto são meios.


A presente tomada de posição também está ligada à vontade de buscar raciocínio numa área onde com facilidade os argumentos descem do cérebro para o fígado: as pessoas perdem de vista o que realmente importa. O clima de ódio, tão fortemente insuflado em particular pela mídia comercial, realmente não ajuda. Deixem-me dizer desde já que o catastrofismo apresentado é semelhante ao da véspera da Copa, e tem a mesma falta de fundamentos. Leia mais>>>


Ladislau Dowbor: Voto Dilma, uma questão de bom senso

[...] Gostaria também de me proteger contra a imediata rejeição por parte de quem acha que tudo que vem de outra banda é contaminado. Quando Ruth Cardoso, há anos, me pediu para ajudar no Comunidade Solidária, ao lado de Gilberto Gil, Zilda Arns e outros personagens que respeito, participei, sem remuneração, por achar que poderia ser útil. O objetivo maior, para mim, é o bem-estar da população. E também aprendi muito, em particular ao constatar que não basta um pouco de política social, precisávamos de uma política integrada de Estado para reerguer a base do país. Na época me criticaram à esquerda por ajudar o Comunidade Solidária, hoje poderão me criticar por apoiar a Dilma. Deem-me ao menos o crédito de que a minha posição não parte do fígado, mas dos conhecimentos que adquiri aplicando políticas de desenvolvimento e de inclusão em vários países, no quadro das Nações Unidas, e em vários segmentos de gestão pública e privada no Brasil.

O argumento central, de longe, é que o Brasil gerou um círculo virtuoso que não pode ser interrompido. Quanto mais se aproximam as eleições, sem dúvida, mais aparecem gritos de que a economia está quebrada, de que estamos num mar de lama e argumentos semelhantes. Nenhum deles se sustenta. O PIB estar murcho quando a economia mundial está em crise e as commodities básicas perderam mais de 15% do valor no mercado internacional não é surpresa. Tampouco é surpresa aparecer muito mais corrupção quando é combatida: quando tudo funciona a contento, há um silêncio solidário entre quem paga e quem recebe. E num país de 200 milhões de habitantes, 8 milhões de funcionários públicos e 5 milhões de empresas, há muita matéria prima para denúncias. Apresentei o amplo leque de opções de desvios em pequeno livro, Os estranhos caminhos do nosso dinheiro. Recomendo, está online, eu fiz a lição de casa, abri a caixa. Acreditem, já fiz este exercício para vários países, a pedido da ONU, eu sei o que são números e o que é cosmética. Follow the money, siga o dinheiro.

E o que importa mesmo é a dinâmica estrutural e de longo prazo. Aqui os dados são avassaladores. Temos os quase 40 milhões de brasileiros que saíram do buraco negro em que se encontravam, e isto em si já é quase milagroso, num país onde se criou uma ditadura por um miserável aumento de salário mínimo e fragmento de reforma agrária. Temos também os 20 milhões de empregos formais criados, um aumento do salário mínimo real da ordem de 70% e o menor desemprego da história, da ordem de 6%, dados que apontam para um marco de transformação estrutural. Aqui não há voo de galinha. Eu, por ofício de economista, acompanho os números. A esperança de vida ao nascer, efeito de alimentação, saúde e outros direitos básicos, passou de 65 para 74 anos: ou seja, o brasileiro tem praticamente 10 anos de vida a mais para falar como era bom antigamente.

No plano ambiental, a redução de desmatamento da Amazônia de 28 para 5 mil quilômetros quadrados é um imenso avanço. E meio-ambiente é muito mais que o verde. Mais de um milhão de famílias passaram a ter moradias decentes, o financiamento do pequeno e médio agricultor passou de 2,5 bilhões para 25 atualmente, há uma batalha em curso pelo fim dos lixões, criou-se um PAC de mobilidade urbana – desastre acumulado por décadas de descaso do transporte público – tudo isto é meio ambiente. Nesta dinâmica não se deve mexer, a pretexto de eleger políticos que poderão fazer o mesmo de maneira mais eficiente. Para ampliar as políticas atuais e aprofundá-las, em termos de gestão o melhor é manter quem as criou e domina as dinâmicas, do que entrar no caos tradicional da descontinuidade administrativa.

A solidez dos avanços de hoje encontram sem dúvida pontos de apoio fundamentais que foram a aprovação da constituição de 1988, que nos devolveu regras de jogo democráticas, e a ruptura da hiperinflação em 1994, que recuperou o sentido das contas e do cálculo financeiro. Mas também enfrentamos a perversa herança de meados dos anos 1990, que foi a da taxa Selic, com monumentais transferências de dinheiro público para os bancos: as tentativas de reduzi-la encontram a resistência feroz dos mesmos interesses que hoje estão em campanha. Outra herança pesada foi a autorização em 1997 do financiamento corporativo das campanhas eleitorais. O resultado é que temos um congresso com bancadas ruralista, das empreiteiras, dos grandes bancos, das montadoras, da grande mídia, e ficamos à procura da bancada cidadã: os interesses privados estão dentro do sistema público, com todo o desequilíbrio que isto implica. São estes mesmos grupos que dificultam as transformações que querem recuperar o poder. O tripé que realmente interessa é o resgate da representatividade dos eleitos, o controle do sistema de intermediação financeira e o equilíbrio do sistema tributário: reforma política, reforma financeira, reforma tributária.




Os imensos avanços que tivemos nos últimos anos, e que precisam continuar, se deram dentro deste quadro de restrições. De certa forma, o próprio desenvolvimento conseguido exige um marco institucional modernizado. Temos um ministro do STF que “pediu vistas” na votação sobre a inconstitucionalidade que representa o financiamento eleitoral por corporações, apesar de estarem já garantidos os 6 votos que dão a maioria à sua proibição. São mais dois anos de privilégios e de deformação política. A oposição demanda a volta do controle do Banco Central pelos bancos, na linha da chamada “independência”. A direita ostenta o “impostômetro” quando se trata não de aumentar os impostos, mas de torná-los justos. As soluções não estão na volta para trás.

De certa forma, o corpo econômico e social do país cresceu mais do que a camisa institucional que o veste, e que hoje o trava. Nesta tensão, há os que querem a volta ao passado, à restrição das políticas sociais, à redução das políticas públicas, ao travamento da subida da base da pirâmide que os assusta. E há os que querem dinamizar o processo virtuoso gerado por meio de mudanças estruturais. Nos protestos, misturam-se assim por vezes os que são indignados pelos avanços, e os que são indignados porque não se avança o suficiente. A verdade é que estamos sim enfrentando entraves institucionais poderosos – daí a importância de uma constituinte que modernize o sistema – mas para que os entraves sejam rompidos, ou atenuados, precisamos manter e expandir as políticas de desenvolvimento em curso.




Nem a situação internacional preocupante, nem muito menos a dinâmica interna permitem aventuras, voos inseguros em nome da moralidade e do liberalismo, argumentos que clamam por um voto “contra”, mas que não apresentam outra perspectiva senão o da reconstituição do sistema de privilégios de sempre. A verdade é que a máquina administrativa herdada foi feita para administrar privilégios, não para prestar serviços. E os privilegiados a querem de volta. A dinâmica de transformação em curso é preciosa demais para que a travemos com aventuras. Precisamos de mudanças sim, mas de mudanças para a frente, não de um retrocesso liberal.

Confissão

Nunca precisei de "Cotas"
Nunca precisei de "Bolsas"
Nunca precisei de "+Médicos"
Nunca precisei de "Subsídios"
Mas, sei que milhões precisaram
E que outros tantos precisam e ainda precisarão
Por isso
Meu voto é teu Dilma!


Pra desopilar

Antigamente eu ia no mercadinho com hum real, trazia:
Um menthos
Um doritos
Duas paçocas
Uma batata ruflles
Um biscoito recheado e uma coca de dois litros.
Mas agora...
Botaram câmeras...




pinçado do Face do DJ Mandrake