As especulações sobre o Brasil pós-eleições

As ultimas prévias da campanha de Dilma Rousseff indicam sua vitória sobre Marina Silva no segundo turno por 45 a 40. No primeiro turno, Dilma poderia chegar a 47% dos votos válidos.
Há que se ressalvar o fato das pesquisas diárias - o chamado tracking - serem realizadas com um público restrito, servindo mais para identificar tendências do que resultados finais. E 5 pontos de diferença, antes de terminar o primeiro, não configura vitória.
De qualquer modo, as últimas tendências registradas nos diversos institutos reabriram uma discussão que andava embargada: o que poderá ser um segundo governo Dilma.
A colunista política do Estadão Dora Kramer já trabalha com a hipótese de vitória de Dilma e com a constatação de que, mesmo vencendo, o PT sairá menor. Está certa. O filósofo Renato Janine dá conta de que as eleições atuais marcam o final de um modelo e que as eleições fundamentais serão as de 2018, quando estiveram mais maduros os desdobramentos das manifestações de junho do ano passado.
De minha parte, acredito que as eleições atuais são as mais relevantes pós-redemocratização justamente por abrir uma discussão conceitual ausente das últimas eleições. Mais do que isso, por  explicitar um conjunto de mudanças na sociedade que a classe política demorou a entender.
Do lado da Dilma, finalmente abandonou o discurso monotemático de PAC, macroeconomia e juros para focar no modelo de desenvolvimento que representa, com seus diversos desdobramentos lógicos na educação, no sistema de inovação, nos mecanismos de crédito.
É um modelo afetado por erros de implementação - mas que, com bom senso da presidente, poderão ser corrigidos.
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O desafio maior será conviver com a radicalização da democracia.
Em junho passado, por exemplo, o fenômeno das redes sociais só foi compreendido por Marina. Nem Dilma, nem Aécio, nem Campos se deram conta da nova realidade, da emergência de novos grupos sociais. Aliás, contra várias avaliações depreciativas sobre Marina, fontes do Palácio ressaltaram sua inteligência política de ter percebido os novos tempos antes dos demais.
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A adaptação aos novos tempos será um desafio gigantesco para as atuais estruturas institucionais - governo, partidos políticos, demais poderes.
Não existe democracia interna nos partidos. Os partidos acostumaram-se a falar apenas através de seus caciques. Governos e partidos terão que abrir canais de participação e sair da zona de conforto de falar para plateias domesticadas.
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Partido de maior tradição popular, no poder o PT perdeu a vocação do ônibus que abrigava os novos movimentos que surgiam. Levou um susto com as manifestações de junho, mas até agora não reagiu à altura.
Já o PSDB perdeu a alma quando entregou as formulações a economistas de mercado e à mídia. Mesmo vencendo as eleições em São Paulo, o governo Alckmin terminará antes de começar, assim que explodir a crise hídrica ou ficar claro o desmonte que produziu nas instituições estaduais.
Marina foi a primeira a perceber os novos movimentos, sua plataforma política incorporou as demandas de diversos novos grupos sociais. Tem intuição, mas, a rigor, não tem nem partido nem condição de montar partido. Continuará sendo um símbolo à espera de um estadista que dê forma ao seu agrupamento.
por Luis Nassif

Paulo Moreira Leite: Cadê a denúncia?


Na triste coleção de denúncias sem base real, destinadas a criar fatos políticos capazes de prejudicar o governo Dilma na reta final do primeiro turno, será difícil encontrar um caso mais notável do que a distribuição pelos Correios de 4,8 milhões de panfletos no interior de São Paulo.
É o caso clássico da anedota do sujeito que se chamava João e morava em Niterói — até que se viu ele não se chamava João nem morava em Niterói.
Não se questiona o pagamentos pelo serviço, no montante de R$ R$ 786 000, ou 16 centavos por panfleto, conforme a empresa já divulgou oficialmente. Também não se aponta para nenhuma irregularidade, desvio, ou abuso.
A tese é dizer que os Correios teriam “aberto uma exceção” em suas normas de funcionamento para ajudar Dilma a pedir votos em São Paulo sem cumprir uma formalidade — a chancela dos panfletos, que comprova que houve a postagem oficial do material distribuído aos eleitores do mais populoso estado brasileiro. A falta da chancela seria, é claro, uma prova de “uso da máquina” para ajudar a presidente na reeleição. Ridículo. 

Babaquices de complexados

Há esperança, mas não para nós – Fátima Bernardes, Miguel Falabella, Carlinos Brown e as negas

1. Naquela oportunidade da entrevista com a patricinha fanática por seu clube não havia nenhum negro para participar do debate sobre o episódio de racismo contra Aranha, já no programa em questão, além do percussionista baiano, a plateia estava cheia de outras “negas lindas” assentindo com movimentos de cabeça a todas as bobagens ditas pelos presentes.
2. Fátima, meio entusiasmada, a certa altura afirma: “elas [as negas] conquistaram isso porque se capacitaram”; alusão à meritocracia, isto é, se os negros quiserem e se dedicarem eles conquistarão seu espaço, simples assim. O preconceito estrutural não causaria nenhum óbice aos negros, deve ser isso o que pensa a apresentadora impensante.
3. As atrizes-cantoras negras se afirmam por meio dos seus cabelos, por sua alegria de viver, apesar das pessoas do mal, desde o alto de seus tamancos que pisam o chão da Cidade Alta carioca. Todas elas sustentaram até o término do programa matutino um sorriso largo e obediente.
4. O Falabella tem uma camareira negra que o inspirou a criar uma personagem da série: isso é amor.
5. Carlinhos Brown, ao menos no que diz respeito a uma abordagem estapafúrdia do problema racial no Brasil, é o substituto imediato do Edson Arantes do Nascimento.
6. Parece não haver saída.
QUEM MANDOU GOSTAR DOS POEMAS DA ELISA LUCINDA

Paulo Moreira Leite: Cadê a denúncia?

Na triste coleção de denúncias sem base real, destinadas a criar fatos políticos capazes de prejudicar o governo Dilma na reta final do primeiro turno, será difícil encontrar um caso mais notável do que a distribuição pelos Correios de 4,8 milhões de panfletos no interior de São Paulo.
É o caso clássico da anedota do sujeito que se chamava João e morava em Niterói — até que se viu ele não se chamava João nem morava em Niterói.
Não se questiona o pagamentos pelo serviço, no montante de R$ R$ 786 000, ou 16 centavos por panfleto, conforme a empresa já divulgou oficialmente. Também não se aponta para nenhuma irregularidade, desvio, ou abuso.
A tese é dizer que os Correios teriam “aberto uma exceção” em suas normas de funcionamento para ajudar Dilma a pedir votos em São Paulo sem cumprir uma formalidade — a chancela dos panfletos, que comprova que houve a postagem oficial do material distribuído aos eleitores do mais populoso estado brasileiro. A falta da chancela seria, é claro, uma prova de “uso da máquina” para ajudar a presidente na reeleição. Ridículo.

Só na campanha de 2014, os Correios distribuiram 134 000 panfletos eleitorais sem chancela — em Minas Gerais. O cliente foi o PSDB. Os 134 000 panfletos tucanos estão lá, nos registros da entidade. Claro que isso não impediu que, com inocência angelical e indignação teatral, tucanos de alta plumagem já se dediquem a denunciar o caso.
Também foram distribuídos, semanas atrás, 380 000 panfletos (sem chancela) em nome do PMDB de Rondonia. Edinho Araujo, do PMDB paulista, distribuiu 50 000 panfletos nas mesmas condições. Outro deputado paulista, o tucano Mauro Bragato, fez duas distribuições (s/c) assim. Gilson de Souza, do DEM paulista, também realizou serviços, nas mesmas condições (s/c),para distribuir 120 000 panfletos.
Isso acontece porque a entrega de material sem postagem nada tem de irregular e muito menos ilegal. Já frequenta a lista de práticas de atendimentos usuais nos Correios há bastante tempo — quem sabe há duas décadas, calculam funcionários graduados da empresa — e envolve clientes de todo tipo. Para conservar sua posição no mercado,a entrega s/c é aceita sem maiores dificuldade. A formalidade, que foi cumprida com os panfletos de Dilma, é garantir que um funcionário de nível executivo autorize a operação.
Os mesmos registros que mostram a entrega para Dilma, para o PMDB de Rondonia, para tucanos mineiros e paulistas, também apontam para serviços prestados a estelecimentos comerciais comuns. Na lista de sem postagens recentes é possível encontrar a Pet Rações, para quem os Correios distribuíram 5000 panfletos (s/c) em Salto, no interior de São Paulo. O Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí, para quem o Correio o fez 3870 entregas (s/c) em sua cidade. Em Junqueirópolis, a Regina Modas enviou material s/c para 990 possíveis clientes. Os dados estão lá, oficiais.
O sem-chancela se explica por um calculo econômico banal. Em luta permanente para manter receitas capazes de compensar, ao menos em parte, as perdas imensas provocadas pela internet, os Correios não acham razoável abrir mão de clientes que acabariam batendo às portas da concorrência de empresas privadas que fazem o mesmo serviço.

Mais complicado do que entender o que ocorre nos Correios é explicar por que uma notícia dessa natureza foi publicada sem a devida checagem. Não podemos generalizar, é verdade.
O Jornal da Cidade, de Bauru, recebeu a mesma notícia no início de setembro — 16 dias antes dela sair nos jornais nacionais — e cumpriu sua obrigação. Ouviu o outro lado e avaliou que a entrega sem chancela sequer poderia ser considerada ilegal — esclarecendo o fato para seus leitores, em notas internas, sem procurar um escândalo onde não havia.

Não disputo vaga de ombudsman mas cabe reconhecer que este episódio não é um caso isolado. Faz parte da prática cotidiana de boa parte dos meios de comunicação desde a AP 470, o processo de provas fracas e penas fortes que criou o mito do maior escândalo do século — sem que ninguém tivesse acesso à íntegra das investigações, nem a documentos oficiais que desmentem desvios e abusos, sem a necessária separação entre interesse político-eleitoral e aplicação da Justiça.
De lá para cá boa parte de nossos veículos assumiram-se como organismos políticos. Não separam os fatos das opiniões e retratam a realidade conforme aquilo que interessa a sua visão de mundo e aos políticos de sua preferência.




Vivemos uma era de impunidade — na mídia meus amigos.
Em breve, em função de sua própria inconsistência, o factóide dos Correios será esquecido, suas contradições serão ignoradas, e um episódio que só entre aspas poderia ser chamado de denúncia será colocado embaixo do tapete. Não se quer esclarecer, nem explicar. O que se busca é o efeito eleitoral, enfraquecendo uma candidatura a que a mídia se opõe através da dúvida, da negatividde, porque não consegue combater no terreno das ideias, propostas e realizações ocorridas no país de 2003 para cá.
Aprendi, desde meus tempos de centro acadêmico, que eleição é debate de propostas.
A busca permanente do escândalo é um sintoma claro de fraqueza política, acima de tudo.Em vez de debater ideias de um panfleto, o que faz parte do processo democrático, o máximo que os adversários do governo conseguem no momento é tentar usar a mídia para questionar como ele foi distribuído. Fraco, né?

Dilma deu um show

Devo me desculpar pelo que disse anteriormente sobre a inabilidade da Presidenta Dilma Roussef em matéria de comunicação de massa: ela deu um show de competência televisiva no Bom Dia Brasil da Globo, nesta segunda-feira, revertendo sobre a cabeça dos entrevistadores o verdadeiro massacre que estava preparado pela emissora para desqualificá-la politicamente. O circo armado com Ana Paula Araújo e Chico Pinheiro, reforçado pelas baterias de Miriam Leitão, caiu sob a própria lona numa capitulação forçada e sem graça.

É evidente que a presença de Miriam, supostamente competente em números, era para estraçalhar a Presidenta no meio de um cipoal de estatísticas enviesadas. Acostumada a manipular informações em artigos de jornal, sem o incômodo do contraditório, ela esbarrou numa serena exposição de fatos que a deixou simplesmente desarticulada. Quis passar ao telespectador a opinião absurda de que o Brasil se encontra em pior posição em matéria de crescimento econômico do que os países da Europa. Dilma fulminou seus argumentos.

É interessante notar que a Presidenta, em seu horário eleitoral, se torna às vezes cansativa quando desfila um grande número de estatísticas e dados numéricos. É da natureza dela, trazida de seu tempo quando devia comportar-se sobretudo como gerente. Na entrevista da Globo, contudo, quem colocou números na mesa foi a entrevistadora. Isso gerou uma controvérsia. E, como se sabe desde Platão, a dialética é esclarecedora. Confrontada com números falsos ou capciosos Dilma respondeu na ponta da língua com seus próprios dados, e a coisa toda funcionou a seu favor.




A Presidenta está muito bem informada sobre o que acontece na economia mundial. Rechaçou com números as alegações de que o crescimento do Brasil está num nível inferior ao da Alemanha. Ela tem razão. O crescimento da Alemanha no segundo trimestre foi de 0,8%, na mesma faixa do Brasil. Isso, contudo, não é o mais importante. O significativo é que o crescimento econômico em toda a Zona do Euro foi de 0% no segundo trimestre, bem abaixo do Brasil. E, nos países individualmente, o ritmo nos últimos 12 trimestres tem sido o de contração em oito deles, e crescimento perto de zero em apenas quatro. No Brasil, até o momento, não houve contração trimestral.

A acusação de Miriam relativa ao emprego de jovens é outra tentativa de afirmação capciosa: ela não comparou as taxas de desemprego de jovens no Brasil ao desemprego nessa faixa etária de outros países, sobretudo na Europa. Jogou um número, 13,7%. Se tivesse acrescentado que o desemprego de jovens em países como a Espanha e Grécia chega a mais de 60% seria fácil concluir que a situação no Brasil é ainda tolerável. De fato, a situação mais grave de desemprego é quando atinge os adultos, os chefes de família. E, nessa faixa, a ocupação no Brasil tem batido recordes, com uma taxa de desemprego das mais baixas do mundo.




A boa performance de Dilma coloca em xeque um tipo de jornalismo tendencioso e agressivo que, sendo ele próprio um fenômeno de manipulação, tenta conduzir a campanha presidencial segundo suas próprias preferências. Isso está disseminado na mídia eletrônica, que opera sob concessão pública e portanto deveria ser mais discreta em manifestar preferências. É o jornalista que quer aparecer, quer brilhar e, no caso, servir aos gostos políticos do patrão sob o pretexto de informar ao eleitor.

Ninguém quer um jornalismo subalterno nem absolutamente imparcial. Mas é essencial, para a democracia, um jornalismo honesto. Tenho suficientes décadas de jornalismo para aconselhar os mais jovens a seguir o exemplo dos entrevistadores da revista alemã “Der Spiegel”, para mim os mais competentes do mundo, que conseguem extrair tudo do entrevistado, com absoluto rigor profissional, sem, entretanto, pretender desqualificá-lo e agredi-lo. Infelizmente, nossos entrevistadores de televisão estão seguindo por escrito o caminho dos paparazzi italianos!

J. Carlos de Assis - Economista, doutor pela Coppe/UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB.

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participação de chefes de Estado e de governo de todo o planeta. O tema
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que traga resultados concretos na [...]

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