PSDB não quer voto de marmiteiro


Os comentários estão rolando desde ontem, mas só hoje tive tempo de buscar o vídeo no Youtube da “cobertura” da jornalista Eliane Catanhede, a porta-voz oficiosa do Ministro Nélson Jobim, do lançamento da candidatura de José Serra. Está aí em cima. Dona Catenhede diz que “até parece que o PSDB está virando um partido de massas, mas uma massa cheirosa. Inevitável a comparação com o sincero General João Figueiredo que, no final dos anos 70,  disse preferir o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo.
Os tucanos deviam tomar cuidado com esse cheirinho bom, até pelos precedentes. O Brigadeiro Eduardo Gomes – “é bonito e é solteiro” – se acabou quando um deputado do PTB paulista. Hugo Borghi,  acrescentou ao slogan: “e não quer voto de marmiteiro”.

Ele não é nada

O Serra não vai ser contra o Lula.
Não vai ser contra a Dilma.
Não vai ser contra o Fernando Henrique.
Não vai ser contra o passado.
Não vai ser a favor da luta de classe (ou seja, chegamos ao comunismo, com o fim das classes sociais).
Não vai ser contra o Estado.
Não vai ser contra a privatização (especialmente da Vale, por que lutou tanto, segundo o FHC).
Não vai ser contra o Nordeste.
(Especialmente os nordestinos alagados na periferia de São Paulo.)
Não vai ser a favor das “falanges de ódio “ ( o Lacerda gostava muito dessa expressão).
Não vai ser do “nós contra eles” (como se ele pudesse determinar isso).
Ele é a favor de quê ?
Do “Brasil não tem dono”.
(Como assim ? Quem é dono do Brasil ? Quem pensa que é ? Só se for o Gilmar Dantas (*) )
Ele é a favor do “Brasil pode mais”.
Ou seja, o que tem de novo é do Obama.
Até o hino da campanha é um plagio do hino do Santos como diz amigo navegante Fernando (**).
Não fosse a Ana Hickman, aquele seria um jantar de confraternização dos 50 anos de formados na escolinha dos tucanos, na Sociologia da USP.
Os tucanos de São Paulo gastaram o arsenal.
Eles não têm nada a declarar.
E quando abrem a boca são incapazes de uma frase bem construída, um slogan inteligente.
Os tucanos não conhecem a metáfora (deveriam ler Borges).
Daquela toca não sai mais coelho.
O Fernando Henrique dilapidou toda a munição do CEBRAP (financiado, o CEBRAP, pela CIA, diga-se de passagem).
Serra vai ser candidato com as armas que sempre usou.
A arma mais poderosa é o PiG (***), especialmente a Globo (e, por extensão, o Globope), a quem prestou recentemente serviço inestimável: agasalhar um terreno invadido há onze anos.
Clique aqui para ir à coluna “Rosa dos Ventos”, na Carta Capital desta semana, em que Mauricio Dias mostra como o PiG(***) assumiu o papel de líder da oposição no Brasil.
Ou seja, Serra, no palanque faz o papel de santinho do pau oco, e o PiG  (***), pelas costas, apunhala o Lula.
(Com a ajuda do traíra Nelson Jobim – clique aqui para ler)
Outra arma (mais poderosa, antes da internet) é o jogo sujo, desleal, como foi a destruição da candidatura da Roseana Sarney, em 2002.
Ou, como diz o Ciro Gomes, Serra numa campanha é garantia de baixaria; ou, se for preciso, o Serra, que não escrúpulo, passa com um trator por cima da mãe.
Prevalece hoje e sempre aquela pergunta do filosofo Paulo Arantes, numa sabatina na Folha (****): o que pensa esse (o Serra) rapaz ?
A resposta é: nada.

O passado não passa!


 José Cruz/ABr"O que ele foi? Ele não pode dizer que a biografia dele não passa pelo governo FHC...”

“...A minha biografia é o governo Lula. Eu carreguei o piano nesses cinco anos [na Casa Civil], eles não podem me tirar isso".

Dilma falou aos repórteres Valdo Cruz e Maria Cristina Frias. Duas horas de conversa. Tratou-se sobretudo de economia.

Vão abaixo os principais trechos, disponível na Folha.

O signatário do blog contrapôs as ideias de Dilma às de Serra, já explicitadas em discursos e entrevistas.


- Política Econômica: Atenta às dúvidas que o mercado levanta sobre suas posições, Dilma diz que manterá o tripé que combina metas de inflação, câmbio flutuante e rigor fiscal. "É mais do que compromisso", ela declara. "Por que eu iria abandonar? O que eu ganharia com isso? Vou manter as bases da nossa estabilidade". O rival dela, José Serra, também declara que vai manter o tripé. Mas diz que o modo como o governo gere a coisa toda não é o mais adequado. Sugere que fará diferente.

- Juros altos: Dilma diz que ambiciona a redução dos juros. Mas avisa que não se deve esperar dela nenhuma tentativa de "dar um golpe de forma artificial nos juros". Por quê? “Você não pode sair por aí reduzindo os juros feito maluco". Uma estocada em Serra, crítico feroz da política monetária gerida pelo presidente do BC, o ex-tucano Henrique Meirelles. Noutros tempos, Dilma também torcia o nariz para a estratégia de Meirelles. Agora, diz que a redução, se for “artificial”, "não é sustentável".

- Autonomia do BC: Dilma diz que, eleita, não planeja alterar o modelo de autonomia informal adotado no governo Lula. "Acho que a lei que existe hoje é muito boa. Não pretendo passar nenhuma lei [sobre autonomia do BC], não vejo por quê. A que existe hoje é perfeita". Nesse ponto, Serra ostenta posição idêntica.

- Pós-Meirelles: Perguntou-se à candidata quem será o substituto de Henrique Meirelles num eventual governo Dilma. E ela: "Isso, de ficar sentando na cadeira antes, ficar escolhendo nomes antes, não dá sorte".

- Câmbio: Dilma informa que, ainda sob Lula, serão trazidas à luz novidades nessa área. Serão ajustes destinados a reduzir o custo da produção de manufaturados. "Mesmo sabendo que o que puxa a economia brasileira é o mercado interno, nós vamos ter de dar uma força imensa na ampliação das exportações, dar prioridade para os manufaturados". Para Serra, o câmbio é, hoje, um dos grandes problemas da gestão econômica. Ele acha que o Real está sobrevalorizado.

- Estímulo às fusões: Dilma sai em defesa da política adotada sob Lula, que permite ao BNDES injetar verbas públicas em operações de fusão de grandes empresas nacionais. Coisa ocorrida, por exemplo, na compra da Brasil Telecom pela Oi. "Não inventamos ninguém, fundiram-se aqueles que tinham envergadura para isso", ela declara. “Se você me pergunta se foi bom, eu digo que, na área de petroquímica, ou ganhamos escala ou não competimos internacionalmente". Discorre sobre outros setores: "Em celulose, tem de ter escala. No de carnes, é bom que tenha escala. Na telefonia, também". Nessa matéria, Serra pensa, de novo, de maneira diversa. Não se opõe às fusões que resultam na formação de grandes empresas nacionais. Mas discorda que o BNDES entre com dinheiro.

- Serra pode fazer melhor? Dilma responde à interrogação, tônica do discurso do tucanato, com um repto: "Vou dizer o seguinte: convence. Convence os empresários, os prefeitos. Sabe qual a diferença? Nós fizemos, eles [empresários] sabem que nós fizemos, e sabem das dificuldades que enfrentamos".

- Reforma tributária: Dilma informa que pretende tratar do tema na campanha. Mas não parece levar fé. Pondera: Os "empresários sabem da dificuldade de se fazer reforma tributária no Brasil por conta da questão federativa". E quanto à desoneração da folha de pagamentos. Após alguma hesitação, ela soa peremptória: “É fundamental, temos de caminhar para isso, temos de buscar a desoneração, é uma distorção que temos. Agora não é coisa simples de fazer. É o bom senso". Serra tangenciou o tema no discurso de lançamento de sua candidatura, no sábado (10). Não desceu a detalhes. Mas insinuou que não há espaço para aumento de tributos.

Aéciodependente

Adesivo

Entrevista com o playboizinho


O que o senhor achou do discurso de lançamento de José Serra?
Foi um discurso conceitual. Ele precisava abordar vários temas, fez críticas objetivas à ação do governo - jamais pessoais, o que achei muito positivo. Eu procurei falar antes dele, para superar constrangimentos de setores do PSDB que se atemorizam com a proposta do debate FHC x Lula.
Há razão para temer comparação? Ao contrário. Vamos para o embate. O PT comete o equívoco de restringir sua existência aos oito anos de governo Lula. Vamos reconstruir as nossas trajetórias e ver quem contribuiu mais para que chegássemos aonde estamos hoje. Não tenho dúvida de que nós do PSDB sempre tivemos muito mais generosidade para com o País do que o PT. Busquei despersonalizar a disputa, refazer o passado. A partir daí vamos discutir o presente.
Seu discurso de oposição, no lançamento, foi em tom acima do habitual.
Oposição ao PT, porque acho importante que o Brasil saiba qual é e qual foi a postura do PT nos momentos mais graves até aqui. O que me incomoda é ver o PT tentando vender aos brasileiros a ideia de que o Brasil das virtudes e do desenvolvimento foi construído por eles, quando, em vários momentos cruciais, eles preferiram priorizar o projeto partidário ao nacional. Negaram voto a Tancredo, apoio a Itamar Franco, porque Lula já aparecia em posição boa nas pesquisas para presidente, e na construção da estabilidade, no governo FHC.
Seu discurso no lançamento foi para conclamar a militância à luta eleitoral?
Falei com o objetivo de dar coragem aos nossos companheiros para enfrentar este debate no campo que o PT quiser. No campo ético, vamos lá. Se querem falar de privatização, quem pode ser contra a privatização da telefonia ou da siderurgia? Quanto a futuro e propostas para o Brasil, estamos muito mais preparados. E vamos discutir também o presente e o passado.
Mas o senhor não citou o nome da candidata adversária, Dilma Rousseff.
Eu tenho respeito pessoal pela Dilma e acho que esta campanha não pode ser personalizada. Se formos por este caminho, ela perde a essência, se amesquinha. Quero dizer o que o PT no governo representa. Principalmente o PT sem o pragmatismo e a autoridade de Lula, que o enquadrou na manutenção da política econômica atual.
Dilma não terá essa autoridade?
Esta é a grande incógnita. Ela terá que demonstrar durante a campanha como será a relação com o PT, como virá o PT ideológico do Estado máximo e que presença o PT dos problemas éticos terá no governo. Foram todos absolvidos e, no lançamento da candidatura dela, estavam muito sorridentes.
A disputa entre seus aliados em Minas já é sinal de que faltará comando?
Não é demérito. É natural que ela não tenha sobre o PT a liderança que o presidente Lula tem, por sua história, seu carisma e sua alta popularidade. A Dilma terá dificuldades e esta é uma preocupação que permeará a campanha.
Alguns tucanos, especialmente os paulistas, se queixaram da falta de empenho de Minas na última eleição.
Isso é falso. Está na cabeça de um ou outro áulico que não conhece Minas. Recebi um telefonema do governador Alckmin na quinta-feira, para dizer que não se lembra de ninguém que tenha se empenhado tanto na eleição dele como eu. O resultado da eleição você não define. O empenho sim, e este Serra terá. Alckmin e Serra, em 2002, tiveram. Só que disputavam com Lula, que era muito popular. Será que Alckmin teria os 40 e muitos por cento que teve em Minas não fosse o empenho muito grande nosso?
Com o Lula fora da eleição fica mais fácil dar vitória para Serra em Minas?
Lula é um adversário muito mais difícil. Agora, não prometo vitórias. Prometo o empenho, que será de todos nós. Ninguém fez mais gestos em favor da unidade do partido e demonstrou mais desprendimento do que eu. E não fiz isto com má vontade, contrariado. Apostei em uma proposta, apresentei ao País. Quando vi que o PSDB caminhava em outra direção e que insistir poderia provocar um cisma no PSDB, privilegiei o projeto de País porque acho extremamente importante que este ciclo que está aí se encerre.
O ciclo do PT não foi positivo?
Reconheço virtudes no presidente Lula, mas acho que o PSDB está muito mais preparado hoje para acabar com esse aparelhamento absurdo da máquina pública. E a ministra Dilma, com os méritos que tem, terá que entrar no debate de forma muito clara sobre o espaço desse PT ideológico, estatizante, que aparelha o Estado em razão da filiação partidária, o coloca a serviço de seus interesse, e muitas vezes insinua ações de restrição à liberdade de imprensa e às conquistas democráticas.
E o debate Serra x Dilma?
Esse é bom para nós também porque os nossos modelos de gestão vão estar em debate. Vamos demonstrar que a meritocracia é o antídoto ao messianismo, porque ela te permite dados objetivos de avaliação dos resultados na vida das pessoas. Os que apostam no messianismo, nos discursos e na autoproclamação da própria bondade temem essa comparação. Vamos contrapor esses dois modelos e acho que temos grandes vantagens. Lula será sempre reconhecido pelo Brasil como um presidente extremamente importante em um momento da nossa história. A perpetuação do PT no poder não é boa para o País.
Que vantagem tem o PSDB no embate de perfis Serra x Dilma?
São duas pessoas dignas, com histórias de vida respeitáveis e nós temos que partir deste pressuposto. O Serra resgata a eficiência na gestão pública como instrumento dos avanços sociais e representa uma política externa muito mais afim aos interesses do Brasil, inclusive os comerciais e pragmáticos, e não uma aliança meramente ideológica. Não há hipótese de interromper programas que estão dando certo, mas podemos aprimorá-los.
E a ministra Dilma ?
O grande senão que se coloca em relação a ela - e aí é um preço que ela paga exatamente por não ter tido a experiência de comando no Executivo, nem mandato eletivo - é qual será a presença desses setores ideológicos do PT e dos aloprados no seu eventual futuro governo. Ela terá que dizer aos brasileiros exatamente o que pensa de modelo de Estado, das instituições democráticas, da liberdade de imprensa, do aparelhamento do Estado e desse inchaço da máquina pública.
O senhor não promete vitória. Dá para vencer sem derrotar Dilma em Minas? O PSDB nacional diz que não.
Eu disse que não prometo resultado. Felizmente, cada eleitor brasileiro vale um voto, esteja ele no Nordeste, no Sul ou em São João Del Rei. Isto já é um avanço, porque antigamente os líderes indicavam seus sucessores. Eu, acima de qualquer projeto pessoal que possa ter tido, estarei absolutamente engajado na campanha do Serra por duas razões: vejo nele todas as condições de fazer um belo governo e acho fundamental encerrar este ciclo, porque o enraizamento desses setores que estão no governo pode ser muito perverso para o País.
Qual é o significado do convite a Serra para abrir o roteiro de viagens da pré-campanha em Minas Gerais?
É um gesto simbólico, para demonstrar de forma clara que estaremos juntos independentemente da minha posição e da candidatura que eu venha a disputar.
O senhor se refere a dúvidas quanto a seu engajamento na campanha?
Na verdade, esta dúvida está na cabeça de meia dúzia de pessoas que desconhecem a realidade de Minas e não acompanharam a campanha. Serra e o governador Geraldo Alckmin agradeceram o empenho e a forma como atuamos, frente ao adversário Lula, que era muito forte em Minas. A ida de Serra a Minas, no início de sua caminhada, tem o simbolismo de demonstrar a proximidade pessoal nossa, e de Minas e São Paulo, nesta eleição. Mas ninguém induz o voto do eleitor. O eleitor é livre para fazer suas escolhas. Eu vou tentar demonstrar que, para Minas Gerais e para o Brasil, a eleição de Serra é muito melhor.

Caricatura - Cláudio Teixeira

As cidades do Interior cearense têm músicos, pintores, profissionais que conquistam espaço, produzem trabalhos de qualidade, sem nunca terem frequentado cursos. Falta-lhes formação acadêmica, mas sobra talento. São autodidatas. Cláudio Teixeira, caricaturista, é um desses artistas. Nunca saiu desta cidade, mas hoje recebe encomendas de todo o Brasil e até de vários países pelo mundo.

A tecnologia da informação, o computador e a Internet são ferramentas fundamentais. Reduz as distâncias, elimina barreiras geográficas e permitem que um artista plástico, que a rigor poderia estar isolado, numa pequena cidade do sertão cearense, receba encomendas da América do Norte e da Europa.






Nos últimos três anos, a vida profissional do caricaturista e retratista Cláudio Teixeira mudou totalmente. Ele abandonou a velha prancha, cavalete, pincéis e substituiu essas peças por ferramentas modernas, de tecnologia digital. Com este incremento, a clientela mais do que triplicou. Agora, os desenhos não são apenas de personagens locais, mas de gente de terras distantes.

Parece que, cada vez mais, o filósofo e teórico canadense, Marshall McLuhan, estava certo, ao afirmar que o progresso tecnológico iria reduzir o mundo a uma aldeia global. "Tenho clientes em Portugal, Espanha, Estados Unidos e em todo o Brasil", afirma Cláudio Teixeira. "Graças a Deus, as encomendas não param de chegar por e-mail".
Noivos

Cláudio Teixeira especializou-se em caricaturas e retratos. Nos últimos três anos, dedicou-se às caricaturas de noivos. São encomendas para os convites em substituição às tradicionais fotos elegantes. É comum também o uso do desenho em banners que ficam expostos durante a festa e em copos para lembrança dos convidados.

A ideia de produzir caricaturas de noivos veio da esposa, Narcelyanne Teixeira, que viu num site e descobriu que esse tipo de trabalho daria dinheiro. "Não acreditei, mas ela insistiu e deu certo", recorda. "Coloquei a proposta de trabalho na Internet e as encomendas começaram a chegar".

Hoje, Cláudio Teixeira tem contrato com uma empresa especializada em serviços para noivos no Rio de Janeiro e em Recife. Os interessados mandam fotos, um pequeno histórico, além das características pessoais e profissionais. "A partir desses dados surgem as ideias, para contextualizar a caricatura e os trajes", explica. "É um trabalho que tem de agradar os noivos e convidados".

Inicialmente, o artista envia um esboço. Se for aprovado, é feito o pagamento de 50% do orçamento. O restante deverá ser depositado após conclusão do desenho, mas antes de ser enviado pela Internet. Em média, cada trabalho custa R$ 120,00.

Além dos desenhos dos "casais de pombinhos", Cláudio Teixeira recebe encomendas para caricaturas ou retratos de profissionais liberais, empresários e da própria família do caricaturado, geralmente por ocasião de aniversário.
Tecnologia
As caricaturas de Cláudio Teixeira apresentam traços marcantes que definem com perfeição, suavidade e naturalidade características da personalidade. Os clientes encaminham em suas cidades a caricatura digital para uma gráfica que faz a impressão em suporte de papel, vidro ou plástico. O mais comum é o uso em moldura ou portarretrato.

O computador chegou à vida profissional do caricaturista Cláudio Teixeira há 10 anos. Mas, como todo começo, encontrou barreiras e dificuldades. "Fazia o desenho à mão, utilizando pincéis, lápis de cor, óleo e acrílico sobre papel", recorda. "Depois ´escaneava´ o desenho e usava o programa ´photoshop´ para as correções".

O trabalho "escaneado" não permitia grandes ampliações por causa da baixa resolução. Veio a descoberta da mesa digital. A caricatura passou a ser feita com o uso de caneta óptica e o olhar do artista passou a ser direcionado para a tela do computador. Era o fim da folha de papel como suporte linear. "Passei uma semana para me adaptar à tecnologia", contou. "Mas hoje finalizo uma caricatura em quatro horas".
Fique por dentro 

Arte da caricatura
"Uma imagem vale mais do que mil palavras". A milenar frase oriental expressa a força da imagem que, às vezes, prevalece sobre a escrita em força emotiva e significação. É o caso da caricatura. Dentre as artes visuais, ela se destaca pela simplicidade e perfeição ao retratar um ângulo, exagerar determinados traços físicos e psicológicos, um aspecto de pura identificação do personagem caricaturado. Caricatura é uma técnica de representação fiel do imaginário coletivo. É a arte de definir um gesto, de perceber um aspecto fisionômico expressivo. A caricatura está recheada de humor, que pode ser sutil ou escrachado. Mas há, sobretudo, no traço do artista, respeito e fidelidade aos acontecimentos. Portanto, caricaturar não é a simples exposição do personagem ao ridículo. É, sobretudo, uma habilidade artística, que consegue evidenciar certas características físicas e até de personalidade. No Brasil, as representações de caricaturas políticas foram iniciadas em 1837. O primeiro nome de referência foi o ítalo-brasileiro Angelo Agostini, um dos mais importantes artistas gráficos do Segundo Reinado. Os homens públicos sempre foram o tema central para os artistas desta técnica, divulgada principalmente em jornais e revistas.
MAIS INFORMAÇÕES 
Caricaturista Cláudio Teixeira
www.caricateixeira.blogspot.com
caricateixeira@gmail.com
TALENTO

Quadrinhos são a principal referência do artista

Iguatu. Cláudio Teixeira nasceu em Iguatu, no fim de 1974, um ano de muitas chuvas e cheia do Rio Jaguaribe, que invadiu a cidade. Recebeu o dom, o talento para o desenho e a pintura. "Comecei aos nove anos, fazendo desenhos de super-heróis, que via nas revistas de quadrinhos", relembra. O preferido era o Super Homem, mas outros também ganharam as páginas do caderno escolar.

As folhas de papel ficavam cheias de rabiscos, desenhos que formavam uma sequência, uma historinha sem texto. Dividiam espaço com as anotações didáticas. Mais tarde, veio a inspiração para a caricatura e a charge observando trabalhos de cartunistas como os irmãos Caruso, Glauco (morto recentemente), e de Ique. Lembra que o desenhista ícone de inspiração é o norte-americano Will Eisner criador do "The Spirit".

Tiras de jornais, desenhos em revistas inundaram a mente do menino que não parava de fazer esboços e criar histórias em quadrinhos. Aos poucos, descobriu que levava jeito para o retrato e para a caricatura. Começou retratando o avô, Antônio Teixeira, o contador de histórias, e o pai, o músico Hélio Teixeira.

Cláudio é de uma família de artistas, que tem como principal referência o compositor Humberto Teixeira. "Somos parentes", ri. Ele também herdou o talento do pai para a música, e já tocou cavaquinho, guitarra e violão, em bandas locais. Mas o desenho aos poucos conquistou a preferência do artista.

Um dia recebeu uma proposta para fazer o retrato do então prefeito, Roberto Costa. O trabalho foi aprovado e chamou a atenção das pessoas. Vieram outras encomendas de empresários e políticos locais.

O pai, Hélio Teixeira, fez uma pequena mostra no Café Nice, um barzinho de sua propriedade, que foi fechado. A partir daí, surgiram convites para exposição em colégios por ocasião de semanas culturais, de encontros empresariais e em festivais de humor.

Começava a vida profissional de Cláudio Teixeira. As encomendas de retratos e caricaturas aumentaram. Nessa época, também surgiu a fase de pintura em óleo sobre tela com temáticas variadas, que incluíam imagens sacras, paisagens e natureza morta. "Pintei mais de 100 quadros e vendi todos", recorda. Os quadros ficaram de lado, o músico também deu um tempo, mas permaneceu a sensibilidade, o gosto pela caricatura e pelo retrato.
Honório Barbosa
Repórter