por Elio Gaspari

 

A sinofobia prejudica o Brasil

<br /><b>Crédito: </b> arte de cláudia rodrigues

Crédito: arte de cláudia rodrigues

Alguns empresários e bolsões do governo brasileiro estão namorando uma irracional sinofobia. Se um produto ou serviço vem da China, cuidado com ele, pode destruir a economia nacional. No lance mais recente, setores do governo mostram-se preocupados com a expansão dos chineses no setor de distribuição de energia. Eles são sócios de três grandes concessionárias, donos de 6 mil quilômetros de linhas e acabaram de comprar, por US$ 3,5 bilhões, um pedaço da estatal portuguesa EDP, que opera em oito estados brasileiros. A Eletrobras tentou ficar com o negócio, mas não teve bala.

Quem vendeu o patrimônio elétrico da Viúva foi o governo brasileiro. Se a Eletrobras não teve bala para competir, bala não teve. Os chineses não compram distribuidoras de energia para fazer um "gato", ligando as turbinas de Itaipu a Pequim. Como todos os outros, querem fornecer equipamentos, e os seus são mais baratos.

Quando se vendem empresas para europeus e americanos, é o jogo jogado. Quando é o chinês quem compra, há algo de estranho nisso. Esse raciocínio embute um preconceito. Em agosto passado, o governo anunciou uma barreira para dificultar a importação de uniformes militares fabricados na China. Uma voz do Comando da Amazônia disse que o "Made in China" das etiquetas dos fardamentos causava "desconforto psicológico". Se fossem "Made in USA", causariam conforto? (O maior fornecedor das fardas era uma empresa brasileira com uma ramificação em Xangai.)

A China é o maior parceiro comercial do Brasil, e em 2011 Pindorama vendeu para Pequim US$ 5 bilhões a mais do que comprou. Com os Estados Unidos ocorre o contrário, um déficit de US$ 7,9 bilhões.

A pressão protecionista do empresariado brasileiro vai em cima de produtos chineses tornados acessíveis para a patuleia: roupas, calçados, brinquedos e eletrodomésticos. Se a indústria brasileira quer proteção, precisa oferecer desempenho e metas. Quanto tempo será necessário para fabricar camisetas mais competitivas? O ramo dos brinquedos pode sobreviver sem barreiras? Industrial que troca eficiência por trânsito político para cavar barreiras tarifárias faz bons negócios para si. A Federação das Indústrias de Minas Gerais, por exemplo, contratou Fernando Pimentel para um consultoria de nove meses por R$ 1 milhão. O Império do Meio trabalha com outra agenda. Há poucos meses, o Ministério do Desenvolvimento, ocupado por Pimentel, comprou 400 aparelhos de ar-refrigerado e pôs dois deles no gabinete do doutor. Todos chineses, sem consultorias.

Eremildo, o idiota

Eremildo é um idiota e vai procurar o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, doutor Ivan Sartori, para pedir-lhe que ampare sua reivindicação pessoal de férias de 60 dias.

O idiota leu que o desembargador defendeu as férias de dois meses para os magistrados porque elas preservam a "sanidade mental do juiz".

Eremildo lê o que pode sobre cretinismo e sabe que uma corrente de psiquiatras associa a idiotice à insanidade mental. Ele acha que, com a ajuda do doutor Sartori e férias de dois meses, deixará de ser idiota.

A moda pegou

Sabia-se que o governo chinês paga a militantes do Partido Comunista para batalhar na Internet, defendendo o regime em blogs. As "Brigadas dos 50 Centavos" faturam o equivalente a um Big Mac por 30 posts.

Parecia coisa de ditadura. Agora sabe-se que a União Nacional dos Estudantes de Israel oferece bolsas de US$ 2 mil para seus associados, que divulgarem o ponto de vista de seu país na Internet durante 240 horas, com expedientes de cinco horas semanais.

Os advogados precisam ter vez no STF

Neste ano abrem-se duas vagas no Supremo Tribunal Federal, e a doutora Dilma terá uma oportunidade para reequilibrar a composição da Corte. Atualmente, ela é toda formada por pessoas vindas da magistratura ou da advocacia do Estado.

Desde a aposentadoria do ministro Eros Grau, em 2010, não há um só ministro que, antes de ser nomeado para o Supremo, fosse advogado militante, daqueles que tratam bem a secretária do cartório porque um dia poderão precisar dela.

O magistrado pode achar que é Deus. O procurador acha que advoga em nome do Padre Eterno. Já o advogado militante rala e, às vezes, é confundido com o demônio. Alguns grandes ministros do Supremo vieram desse ramo da profissão. Nelson Hungria, por exemplo, ou Evandro Lins e Silva, e Vitor Nunes Leal, que tiveram breves passagens por cargos políticos.

Para que não se diga que não há nomes, há três na praça:

1) O carioca Luís Roberto Barroso;

2) O paranaense Luiz Fachin;

3) O paulista Arnaldo Malheiros.

Qualquer advogado militante que seja nomeado para o STF perderá dinheiro, e muito.

Anvisa do B

A doutora Dilma precisa mandar uma mensagem ao Congresso propondo a criação de uma Agência de Vigilância para vigiar a Anvisa.

Na última semana de 2011, com o triunfalismo dos burocratas, o doutor Dirceu Barbano, presidente da Anvisa, disse que no Brasil não houve caso de reação adversa ao uso de próteses de silicone PIP em mulheres que fizeram cirurgias de mama.

Beleza, registraram-se problemas na Europa e nos Estados Unidos, mas nunca na história deste país algo deu tão certo como os milhares de implantes de PIP feitos aqui. Um triunfo da brigada das clínicas e dos cirurgiões plásticos.

A repórter Fernanda Bassette identificou nominalmente duas mulheres que sofreram complicações e denunciaram o fato à Anvisa. Não tiveram sequer resposta. (Havia 94 queixas na Anvisa.)

Procurada, a Agência deu a seguinte explicação: "Aguarde a reunião que será realizada no dia 11." O que isso quer dizer, ninguém sabe.

Barbano implantou na Anvisa uma prótese de MIP: mistificação, inépcia e prepotência.

Lá e cá

Não é só o Supremo que está enroscado na discussão de conflitos de interesses e rendimentos de juízes. Na Corte Suprema dos Estados Unidos, o presidente John Roberts viu-se obrigado a defender dois de seus colegas no relatório anual das atividades do tribunal. Os juízes Clarence Thomas e Sonia Sottomayor estão debaixo do chumbo de organizações que querem vê-los fora do julgamento da constitucionalidade da reforma do sistema de saúde promovida pelo governo Obama.

A direita quer que Sottomayor se declare impedida porque ocupou o cargo equivalente ao de advogado-geral da União no início do atual governo.

A esquerda quer que Clarence Thomas não participe do julgamento porque se esqueceu de comunicar à Corte que, entre 2003 e 2007, sua mulher ganhou US$ 680 mil da Heritage Foundation.

Nas cortes americanas, não só os juízes são obrigados a informar suas fontes de renda como devem mostrar também o que suas mulheres ganharam.

Elio Gaspari



Poesia da noite

Para ver coisas novas não precisamos enlouquecer.
Joel Neto

Prá desopilar

Pintaram um ovo de verde...
Por isso o galo matou o papagaio da vizinha.

O Pig segue a produzir seus estrondosos silêncios

Só mesmo no Brazilzilzilzil

Pergunto aos meus intrigados botões por que a mídia nativa praticamente ignorou as denúncias do livro de Amaury Ribeiro Jr., A Privataria Tucana, divulgadas na reportagem de capa da edição passada de -CartaCapital em primeira mão. Pergunto também se o mesmo se daria em países democráticos e civilizados em circunstâncias análogas. Como se fosse possível, digamos, que episódios da recente história dos Estados Unidos, como os casos Watergate ou Pentagon Papers, uma vez trazidos à tona por um órgão de imprensa, não fossem repercutidos pelos demais. Lacônicos os botões respondem: aqui, no Brazil-zil-zil, a aposta se dá na ignorância, na parvoíce, na credulidade da plateia.
Michelangelo. Século XVI. Afresco
Ou, por outra: a mídia nativa empenha-se até o ridículo pela felicidade da minoria, e com isso não hesita em lançar uma sombra de primarismo troglodita, de primeva indigência mental, sobre a nação em peso. Não sei até que ponto os barões midiáticos e seus sabujos percebem as mudanças pelas quais o País passa, ou se fingem não perceber, na esperança até ontem certeza de que nada acontece se não for noticiado por seus jornalões, revistonas, canais de tevê, ondas radiofônicas.
Mudanças, contudo, se dão, e estão longe de serem superficiais. Para ficar neste específico episódio gerado pelo Escândalo Serra, o novo rumo, e nem tão novo, se exprime nas reações dos blogueiros mais respeitáveis e de milhões de navegantes da internet, na venda extraordinária de um livro que já é best seller e na demanda de milhares de leitores a pressionarem as livrarias onde a obra esgotou. A editora cuida febrilmente da reimpressão. Este é um fato, e se houver um Vale de Josaphat para o jornalismo (?) brasileiro barões e sabujos terão de explicar também por que não o registraram, até para contestá-lo.
Quero ir um pouco além da resposta dos botões, e de pronto tropeço em -duas razões para o costumeiro silêncio ensurdecedor da mídia nativa. A primeira é tradição desse pseudojornalismo arcaico: não se repercutem informações publicadas pela concorrência mesmo que se trate do assassínio do arquiduque, príncipe herdeiro. Tanto mais quando saem nas páginas impressas por quem não fala a língua dos vetustos donos do poder e até ousa remar contracorrente. A segunda razão é o próprio José Serra e o tucanato em peso. Ali, ai de quem mexe, é a reserva moral do País.
Estranho percurso o do ex-governador e candidato derrotado duas vezes em eleições presidenciais, assim como é o de outra ave misteriosa, Fernando Henrique Cardoso, representativos um e outro de um típico esquerdismo à moda. Impávidos, descambaram para a pior direita, esta também à moda, ou seja, talhada sob medida -para um país- que não passou pela Revolução Francesa. Donde, de alguns pontos de -vista, atado à Idade Média. O movimento de leste para oeste é oportunista, cevado na falta de crença.
Não cabe mais o pasmo, Serra e FHC tornaram-se heróis do reacionarismo verde-amarelo, São Paulo na vanguarda. Estive recentemente em Salvador para participar de um evento ao qual compareceram Jaques Wagner, Eduardo Campos e Cid Gomes, governadores em um Nordeste hoje em nítido progresso. Enxergo-o como o ex-fundão redimido por uma leva crescente de cidadãos cada vez mais conscientes das -suas possibilidades e do acerto de suas escolhas eleitorais. Disse eu por lá que São Paulo é o estado mais reacionário da Federação, choveram sobre mim os insultos de inúmeros navegantes paulistas.
Haverá motivos para definir mais claramente o conservadorismo retrógado de marca paulista? E de onde saem Folha e Estadão, e Veja e IstoÉ, fontes do besteirol burguesote, sempre inclinados à omissão da verdade factual, embora tão dedicados à defesa do que chamam de liberdade de imprensa? Quanto às Organizações Globo e seus órgãos de comunicação, apresso-me a lhes conferir a cidadania honorária de São Paulo, totalmente merecida.

BBB é cultura

Eu vivo minha própria vida.
frase de um participante 

Poesia pura

O Rio de Janeiro e seus rios de janeiro...
por Joaquim Leite

EUA: Os inimigos são selvagens

O pensamento hegemônico do EUA é exatamente o que este pobre coitado externou no livro American Sniper. Leia com atenção as frases destacadas

Para entender: Ele diz ter matado 255 pessoas no Iraque e garante que não se arrepende.

"Adorei o que fiz. Ainda adoro. Se as circunstâncias fossem diferentes - se minha família não precisasse de mim - eu voltaria em um piscar de olhos", escreve o atirador. "Não estou mentindo nem exagerando quando digo que foi divertido".

"Meus tiros salvaram vários americanos cujas vidas claramente valiam mais que o daquela mulher de alma distorcida."

"Posso me colocar diante de Deus com uma consciência limpa em relação ao meu trabalho".

 "Mal selvagem, desprezível. É isso que estávamos combatendo no Iraque. É por isso que muitas pessoas, incluindo eu, chamavam os inimigos de 'selvagens'."

"O número não é importante para mim. Apenas queria ter matado mais gente. Não para poder me gabar, mas porque acho que o mundo é um lugar melhor sem selvagens à solta tirando vidas americanas."

Como podem ver eles se acham, julgam-se mais e melhores que os demais simples mortais. 

A Alemanha também pensava (?) desta maneira e pariu um Hitlher.

O pior é que eles estão desesperados, sabem que na verdade tem os pés de lama e basta a China insinuar que pretende receber seus $$$ que os Yanques lhes deve para colocar esta nação covarde no seu devido lugar.