Ao longo dos últimos 20 anos, a política brasileira, no fundamental, foi regida pela polarização PT-PSDB. Desde 1994, todos os nossos presidentes da República saíram de um dos dois partidos.
Seria razoável imaginar que essa polaridade será rompida na próxima eleição? Parecem significativas as probabilidades de que o futuro presidente venha de outra legenda?
Quem acompanha os comentaristas e analistas da “grande imprensa” deve acreditar que sim. De tanto ouvir falar em terceiros ou quarto nomes, talvez suponha que o longo ciclo se encerrará no próximo ano.
Não há, no entanto, sustentação para a hipótese, salvo especulações despropositadas. O que quer dizer que teremos mais uma eleição que culminará com o eleitorado dividido entre os candidatos de um ou outro partido.
Isso, claro, não implica que não possamos ter várias candidaturas, vindas de outros partidos. Em 1994, foram oito. Em 1998, 12. Na primeira eleição vencida pelo PT, seis candidatos disputaram. Na segunda, oito. Em 2010, passaram a nove.
Em todas essa eleições, tivemos nomes que saíram “consagrados” das urnas, saudados como fenômenos por conseguir desempenho considerado surpreendente.
Em 1994, o fato novo foi o pitoresco Enéas Carneiro, com seus quase 7,5% dos votos válidos. Em 1998, foi Ciro Gomes que beirou os 11%. Na seguinte, Garotinho quase obtém 18%. Em 2006, Heloísa Helena chegou a 8%. Na mais recente, Marina Silva arremeteu no final e ultrapassou os 19%. Ou seja, mesmo em uma eleição tão sui generis quanto à primeira de Fernando Henrique, costuma aparecer alguém para atrapalhar a bipolaridade. No máximo, porém, como Garotinho ou Marina, se aproximam dos 20%.