Forever Marilyn Monroe


Que vestido fabuloso

Para lembrar

O jornalista Zuenir Ventura escreveu o artigo: Para não esquecer criticando a censura imposta pelo AI 5 - Ato Institucional nº 5 - e como sempre, para não perder o costume...

Criticar o PT.

Ele não esquece que o ato foi um atentado contra a liberdade de expressão e os direitos humanos.

Pois é, ele não esquece...muito bom!

Mas, também é bom lembrar:

O condenado continua tendo direito a liberdade de expressão e aos direitos humanos.

Acontece que sobre José Genoino - textualmente -, José Dirceu e Delúbio Soares serem censurados e terem seus direitos humanos violados, ele não escreve uma vírgula...

Faz sentido!

São petistas...

Ah, quanto a frase:

"Às favas todos os escrúpulos éticos"...é perfeita para quem apoiou os Ditadores de 64 e hoje apoiam os togados que condenam sem provas. Além claro, os paladinos da moral e ética seletiva.




Zuenir Ventura - para não esquecer

Chamado de golpe dentro do golpe, o Ato Institucional nº 5, cuja promulgação completou 45 anos ontem, foi um dos maiores atentados cometidos contra a liberdade de expressão e os direitos humanos. Vale a pena lembrar.
Em uma década de vigência, esse decreto institucionalizando a ditadura militar fechou o Congresso, cancelou o habeas corpus e puniu mais de mil cidadãos, cassando ou suspendendo seus direitos, além de promover a censura de cerca de 500 filmes, 450 peças de teatro, 200 livros, dezenas de programas de rádio, cem revistas, mais de 200 letras de música e uma dúzia de capítulos e sinopses de telenovelas. Só o falecido Plínio Marcos teve 18 peças vetadas.
O índex ia de Chico Buarque, um dos mais perseguidos, à comediante Dercy Gonçalves. Já na madrugada de 13 de dezembro, vários jornais foram censurados ou impedidos de circular, e centenas de políticos, intelectuais, jornalistas, artistas foram presos num tipo de operação que mais tarde seria consagrada pelos bandidos: o “arrastão”.
O AI-5 foi assinado por 22 dos 23 membros do Conselho de Segurança Nacional, composto pelos ministros civis e militares reunidos pelo então chefe do governo, marechal Costa e Silva, o segundo ditador a mandar no Brasil no período de 1964 a 1985.
A sessão que aprovou o Ato constituiu um espetáculo semelhante a uma peça do tropicalismo, então na moda, dirigida por José Celso Martinez Correa. Os ministros-atores funcionaram como encarnações alegóricas da hipocrisia e da pusilanimidade.
O único a se portar com dignidade naquela sexta-feira, 13, foi o vice-presidente da República, Pedro Aleixo, que se recusou a apoiar um documento que, como todos leram, instaurava no país o reino do arbítrio, da tortura e do terror. Basta dizer que um preso acusado de delito político ficaria incomunicável por dez dias — cinco a mais do que o Alvará de 1705, usado para arrancar confissão dos inconfidentes mineiros.
Consta que, cheio de dúvidas e quase arrependido, Costa e Silva teria desabafado: “Peço a Deus que não me venha convencer amanhã de que Pedro Aleixo é que estava certo.” Diz-se que o velho ditador tinha esperança de que o AI-5 acabasse logo. Ele acabou antes.
Pelo menos dois remanescentes daquele conselho continuam por aí sem esboçar qualquer revisão crítica do passado: Jarbas Passarinho, ex-ministro do Trabalho e da Previdência, e Delfim Netto, pai do “milagre econômico”.
O primeiro é autor da famosa frase que pronunciou ao emitir seu voto a favor do AI-5: “Às favas todos os escrúpulos de consciência”. O segundo tornou-se muito respeitado pelos antigos adversários que agora estão no poder e dos quais tem funcionado como conselheiro ou guru. Tão respeitado que eles parecem ter atualizado a imprecação de Passarinho, mudando-a para:

 “Às favas todos os escrúpulos éticos”.

Luis Fernando Veríssimo - embrutecimento

Sabe qual foi a primeira coisa que eu pensei vendo aqueles animais trocando socos e pontapés no estádio, chutando a cabeça de “inimigos” caídos e só não se matando por falta de armas, salvo pedaços de pau? As lutas de “ultimate fighting” na TV. Nada a ver, eu sei.
Uma coisa é um espasmo coletivo de irracionalidade, a outra o enfrentamento de dois lutadores preparados, com força equivalente e regras estabelecidas. O que aproxima as duas coisas é a estupidez.
A mesma estupidez que parece dominar essa assustadora arena de insultos e ameaças que é a internet e que, cada vez mais, no Brasil, também domina o debate político e jornalístico, em que termos como “idiota” são muitas vezes os mais suaves que se ouve ou que se lê. O clima é de embrutecimento generalizado. Chutes na cabeça, reais ou figurados, são legitimados pelo clima.
Falemos, pois, das amenidades restantes. Da Fernanda Lima no sorteio das chaves para a Copa, por exemplo. Da sua simpatia, da sua competência, do seu inglês perfeito, do seu decote. 
Não sei se já nasceu o movimento “Fernanda Lima 2014”,

Luis Nassif - o pessimismo militante da velha mídia

Dia desses conversava com o executivo de um grande grupo europeu, que  não se conformava com o clima de pessimismo que via em meios empresariais brasileiros, como resultado da cobertura da velha mídia do eixo Rio-São Paulo. Comparava com Portugal e Espanha, desmanchando-se, com a União Europeia, estagnada, com os desastres na Irlanda e na Grécia. Aí, voltava-se para o Brasil com o mercado de consumo aquecido, o desemprego em níveis mínimos históricos, o investimento privado direcionando-se para os leilões de concessão. E me dizia que o Brasil era um país muito louco.
Há muitas críticas à condução da política econômica e vulnerabilidades que precisarão ser enfrentadas – especialmente o desequilíbrio nas contas externas. Mas nada que nem de longe se pareça com o quadro pintado nos grandes veículos. Aumentos de meio ponto percentual ao ano nos índices inflacionários são tratados como prenúncio de hiperinflação; acomodamento das vendas do varejo, em níveis elevados, como prenúncio de recessão.
No fundo desse pessimismo renitente há uma guerra política inaugurada em 2005 que, quase nove anos depois, continua sacrificando a notícia no altar das disputas partidárias.
É significativa a cobertura, em um jornal econômico relativamente equilibrado, do discurso de Dilma Rousseff em um evento da CNI.

Papo de homem - a literatura fantástica no Brasil

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Quando falamos de literatura fantástica, os primeiros nomes que vêm à nossa mente são C. S. Lewis (1898-1963) J. R. R. Tolkien (1892-1973) e George R. R. Martin (1948-).
Correto?
Porém, embora seus nomes estejam sob pedestais nos cânones divinos do estilo, para muitos brasileiros, eles não são os únicos a receber os louros. E uma produção incessante, feita nos mais diversos rincões do Brasil, vem abastecendo leitores há algum tempo.
Mas se dentre os estrangeiros, os três citados podem ser considerados como a “trindade fantástica”, aqui no Brasil a realidade está tomando um rumo bem diferente, e novas trindades genuinamente brasileiras surgem a cada instante.

Com cenários suficientemente fantásticos e mitológicos, não é de se estranhar que o Brasil consiga ser palco de fascinantes livros ambientados dentro de seu território e muito além dele. Desde o extremo norte até os pampas sulistas, muitas histórias antigas são relatadas a partir de referenciais indígenas, negros e europeus. Essa mistura faz com que ricos temas possam ser abordados por autores nacionais, cujos trabalhos, nos últimos anos, vêm ganhando destaque e espaço nas prateleiras das livrarias e nos criados-mudos dos leitores.
Esse cenário é bastante promissor, porque gera oportunidade para aqueles que já estão no batente há mais tempo e que estão limpando o terreno para novos autores. E quem formaria a “ trindade fantástica brasileira”? Mesmo correndo o risco de ser injusto com outros autores de grande destaque, não é tão absurdo dizer que eles seriam André ViancoRaphael Draccon e Eduardo Spohr.

Josias de Souza foi ao divã no Congresso do PT, mas não teve cura

O 5º Congresso do PT, encerrado neste sábado (14), foi uma espécie de terapia grupal para tratar o partido de suas loucuras. Durante três dias, o petismo fez sua descida ao universo esquizofrênico da regressão total. Num frenesi autoanalítico, a legenda foi da ditadura à Papuda. Encerrado o transe, o PT não se deu alta.

No divã, o PT revelou-se um paciente complexo. Combina sintomas de esquizofrenia (perda de contato com a realidade) e paranoia (conceito exagerado de si mesmo e mania de perseguição). Governa como um favor que faz ao país. E dá a reeleição como favas contadas porque não vê sentido em impor limites à felicidade.

O encontro se converteu em centro terapêutico já no ato inaugural, transmitido ao vivo pela internet. Abriu-se na plateia uma faixa pedindo a anulação do julgamento do mensalão. Ouviu-se um coro: "Lula, guerreiro, defende os companheiros". O brado soou uma, duas, três, quatro, cinco, seis vezes… O 'gerreiro' sorriu amarelo.

"Eu tenho dito para a imprensa que não falarei da ação penal 470 enquanto não terminar a última votação. Acho prudente. E acho que nós temos coisas para discutir para a frente", escorregou Lula. Entre parênteses: chamar o mensalão de ação 470 faz parte do tratamento. Mas fala baixo, para não irritar o paciente.

Se Lula não fosse Lula teria tomado uma vaia. Minutos antes, o sublíder Rui Falcão fora aclamado ao mencionar o "tsunami de manipulação que foi o processo político e judicial da ação penal 470". Os companheiros "foram condenados sem provas", ele repisara. Tudo sob intensa pressão da "mídia conservadora".

A militância perguntou para os seus botões, que não responderam porque não falam com qualquer um: por que diabos Lula, o grande líder, não endossou as palavras de Rui Falcão, o sublíder? A turba partidária demora a perceber que há método na loucura coletiva do PT.

O mal dos outros partidos é a mistura do excesso de cabeças com a carência de miolos. No PT, a carência é a mesma. Mas, enquanto Lula for vivo, o hospício terá uma cabeça só. Dá mais trabalho. Mas evita que a legenda rasgue dinheiro.

Exímino animador de auditórios, Lula deu um jeito de reacender os ânimos dos correligionários. "Se for comparar o emprego do Zé Dirceu num hotel com a quantidade de cocaína no helicóptero, a gente percebe que houve uma desproporcionalidade na divulgação do assunto."

A audiência do esquizocongresso ferveu numa frase ensaiada: "Sou brasileiro e não me engano, a cocaína financia o tucano." Dois dias antes, a Polícia Federal do governo do PT isentara de culpa os donos do helicóptero, aliados do tucano. Mas a demência não tem compromisso com a evidência.

A certa altura, a regressão psíquica do PT estacionou na década de 80. "O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo", puseram-se a gritar os pacientes. "A verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura." Num mergulho ainda mais profundo, Lula recuou à década de 70.

Voltando-se para Dilma, o cérebro solitário do PT divagou: "Um dia, eles pegaram uma jovem de 20 anos de idade, prenderam, torturaram e depois soltaram. Disseram assim: 'bom, a lição está dada, ela aprendeu, nunca mais vai se meter em política'.''

"Alguns anos depois, quando ninguém esperava, essa jovem rebelde vira presidenta da República nesse país'', prosseguiu Lula. "Isso não é uma coisa fácil de eles aceitarem. A gente tá dando certo naquilo que eles não deram. Então, começa a incomodar…"

Súbito, numa evidência de que a loucura tem razões que a sensatez desconhece, Lula calou o neurocongresso petista. Fez uma enfática defesa da promiscuidade partidária, também conhecida como política de alianças. "É importante que a gente construa as alianças políticas. Ao ganhar as eleições, a companheira Dilma tem que ter condições de governar."

Suprema maluquice: depois de gritar palavras de ordem contra a ditadura, a militância do PT foi convidada pelo ídolo a continuar experimentando a aventura das relações plurais. A ex-castidade condenou-se às posições ideológicas exóticas. Já não se constrange em abraçar Sarneys e Malufs, egressos da ditadura.

No encerramento do Congresso, a psicoterapia do PT desandou. A corrente Construindo um Novo Brasil, agrupamento integrado pelo presidiário Dirceu, sufocou uma articulação pró-mensaleiros urdida pela corrente Trabalho, pedaço mais radical do hospícipo.

Em vez incluir em sua resolução uma defesa da anulação do julgamento do mensalão, como queriam os radicais, os supostos correligionários de Dirceu, Genoino e Delúbio anotaram que o PT apoiará eventuais "iniciativas da militância e movimentos sociais em favor da reparação das injustiças e ilegalidades cometidas contra os companheiros condenados''.

Santa demência! De maníaco, o PT passou a depressivo. No início da terapia grupal, o partido brincava de tiro ao alvo. No final, entregou-se ao esconde-esconde. O que atrapalha a cura do PT é o eleitorado. Segundo o Datafolha, 86% dos eleitores apoiaram a decisão de Joaquim Barbosa de mandar prender os mensaleiros. Mas isso não vai ficar assim. Vai piorar.