O legado da Copa, por Edmar Lima Melo

Nenhum legado é da Copa
Diz Dilma em inauguração
Pois nesse caso o legado
É só da população
Não se faz aeroportos
Arena, transporte e portos
Do tipo FIFA padrão.

Aqui no meu Ceará
Está tudo preparado
Com obras da nossa arena
Bem abaixo do orçado
A mobilidade urbana
Tá uma coisa bacana
Pra jogos com feriado.

Vamos rumo a esse hexa
Mostrar que o trauma acabou
Que da Copa de cinquenta
Tudo de ruim passou
Somos o penta do mundo
E o sentimento no fundo
É que a gente já ganhou.

Complexo de vira lata
Nossa Seleção não tem
E nessa Copa do Mundo
Não vai ter para ninguém
Vamos ganhar da Espanha
Da Itália e da Alemanha
E da Argentina também.

Nesta Copa vamos ter
O Messi contra o Neymar
Nessa luta de gigantes
Vamos ver quem vai brilhar
Mas vendo por outro lado
Tem Cristiano Ronaldo
Que pode os dois superar.

Só que Neymar tem a Bruna
Como se diz “É o amor”
E isso em Copa do Mundo
É melhor que torcedor
Qualquer um apaixonado
Com sua amada de lado
Vira um goleador.

Chumbo trocado não doí?

Antidepressivo feminino

Mensagem da hora

Caçando duas raposas

Um estudante de artes marciais dirige-se ao seu mestre:

- Quero muito ser um grande lutador de aikidô. Mas, penso que devia também me dedicar ao judô, kung fu, taekwondo, karatê...de modo a conhecer muitos estilos de luta. Apenas assim serei o melhor de todos, o número 1.

- Se um homem vai para o campo e começa a correr atrás de duas raposas ao mesmo tempo, chegará um instante em que cada uma correrá para um lado, e ele ficará indeciso sobre qual delas de continuar a perseguição. Enquanto decide, as duas já estarão longe. e ele terá perdido seu tempo e sua energia. Quem deseja ser um mestre, que escolher apenas uma coisa para aperfeiçoar-se. O mais é filosofia barata.

Coluna dominical de Paulo Coelho

O vaso de porcelana e a rosa

O Grande Mestre e o Guardião dividiam a administração de um mosteiro zen. Certo dia, o Guardião morreu e foi preciso substituí-lo.
O Grande Mestre reuniu todos os discípulos para escolher quem teria a honra de trabalhar diretamente ao seu lado.
- Vou apresentar um problema - disse o Grande Mestre. - E aquele que o resolver primeiro, será o novo Guardião do templo.
Terminado o seu curtíssimo discurso, colocou um banquinho no centro da sala. Em cima estava um vaso de porcelana caríssimo, com uma rosa vermelha a enfeitá-lo.
- Eis o problema - disse o Grande Mestre.
Os discípulos contemplavam, perplexos, o que viam: os desenhos sofisticados e raros da porcelana, a frescura e a elegância da flor. O que representava aquilo? O que fazer? Qual seria o enigma?
Depois de alguns minutos, um dos discípulos levantou-se, olhou o mestre e os alunos a sua volta. Depois, caminhou resolutamente até o vaso, e atirou-o no chão, destruindo-o.
- Você é o novo Guardião - disse o Grande Mestre para o aluno.
Assim que ele voltou ao seu lugar, explicou:
- Eu fui bem claro: disse que vocês estavam diante de um problema. Não importa quão belo e fascinante seja, um problema tem que ser eliminado.
"Um problema é um problema; pode ser um vaso de porcelana muito raro, um lindo amor que já não faz mais sentido, um caminho que precisa ser abandonado - mas que insistimos em percorrê-lo porque nos traz conforto".
"Só existe uma maneira de lidar com um problema: atacando-o de frente. Nessas horas, não se pode ter piedade, nem ser tentado pelo lado fascinante que qualquer conflito carrega consigo".
Uma linda estória enviada por Alessandra Marin via e-mail

Humor


Após a aposentadoria no STF, Joaquim Barbosa vai se dedicar à stand-up comedy
PRAÇA DOS TRÊS PODERES – Para dar exemplo aos condenados do mensalão, o ministro Joaquim Barbosa decidiu impedir a si próprio de trabalhar e deixou a presidência do STF. “Com a jurisprudência criada por esse ato de moralidade, agora Dirceu e Delúbio não têm mais desculpa para ficar inventando empregos fictícios só para passar os dias fora da Papuda”, afirmou o magistrado, tirando os sapatos e esticando uma rede na Praça dos Três Poderes, onde de pronto se deitou com um exemplar anotado de O Ócio Criativo.

Ao saberem da notícia, motoristas de ônibus, professores, taquígrafos do Senado e voluntários da Copa que estavam em greve decidiram continuar sendo gauche na vida e imediatamente puseram fim à paralisação. Foram seguidos pelos redatores deste i-piauí Herald, que haviam aproveitado a semana de greve para comer fondue, tomar Bacardi e assistir aos treinos do Brasil na serra fluminense. Não procede a informação de que os combativos repórteres desta publicação só retomaram o eito em reação ao corte do ponto e às ameaças de plantão durante a Copa feitas, de maneira algo ríspida, pelo diretor de redação Olegário Ribamar.

Ainda enferrujada por causa da greve, nossa reportagem não teve sucesso ao tentar ouvir o ministro Ricardo Lewandowsky para repercutir a saída do colega. Levandovski, que será o novo presidente do Supremo, foi visto numa casa de festas do Lago Sul comprando bandeirinhas, chapéus e línguas de sogra para a festa de bota-fora de Barbosa. “Ai, ai, ai ai/tá chegando a hora/O dia já vem raiando/Barbosa/Lewandovzky já está chegando”, cantava o ministro, de dedinho espetado no ar.

O departamento de checagem desta publicação garantiu que em menos de uma semana chegará a uma conclusão sobre a grafia correta do nome do futuro presidente do STF.
 

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Entrevista de Lula a Luiz Gonzaga Belluzzo e Mino Carta

Antes de mais nada, impressiona a paixão. Aos 68 anos, Luiz Inácio Lula da Silva não perdeu o vigor com que arengava à multidão reunida no gramado da Vila Euclides no fim dos anos 70. E nos momentos em que sustenta algo capaz de empolgá-lo, ocorrência frequente, aperta com força metalúrgica o pulso do entrevistador mais próximo, como se pretendesse transmitir-lhe fisicamente sua emoção. Assim se deu nesta longa entrevista que o ex-presidente Lula deu a CartaCapital. No caso de Mino, esta foi mais uma das inúmeras, a começar pela primeira, em janeiro de 1978.

CC: O senhor enxerga alguma relação entra a Copa do Mundo e a eleição? Se enxerga, por que e de que maneira?
Lula: Eu acho difícil imaginar que a Copa do Mundo possa ter qualquer efeito sobre a preferência por este ou aquele candidato. Por outro lado, se o Brasil perder, acho que teremos um desastre similar àquele de 1950. Temo uma frustração tremenda, e a gente não sabe com que resultado psicológico para o povo. Em 50 jogaram o fracasso nas costas do goleiro Barbosa.

CC: Em primeiro lugar o Barbosa.
Lula: O Barbosa carregou por 50 anos a responsabilidade, e morreu muito pobre, com a fama de ter sido quem derrotou o Brasil. É uma vergonha jogar a culpa num jogador. Se o Brasil ganha, a campanha passa a debater o futuro do País e o futebol vai ficar para especialistas como eu.

CC: E as chamadas manifestações?
Lula: Ainda há pouco tempo a gente não esperava que pudessem acontecer manifestações. E elas aconteceram sem qualquer radicalização inicial, porque as pessoas reivindicavam saúde padrão Fifa, educação padrão Fifa; poderiam ter reivindicado saúde padrão Interlagos, quando há corrida, ou padrão de tênis, Wimbledon, na hora do tênis. Eu acho que isso é até saudável, o povo elevou seu padrão reivindicatório. E é plenamente aceitável dentro do processo de consolidação democrático que vive o Brasil. Eu acho que, ao realizar a Copa, o governo assumiu o compromisso de garantir o bem-estar e a segurança dos brasileiros e dos torcedores estrangeiros. Quem quiser fazer passeata que faça, quem quiser levantar faixa, que levante, mas é importante saber que, assim como alguém tem o direito de protestar, o cidadão que comprou o ingresso e quer ir ver a Copa tenha a garantia de assistir aos jogos em perfeita paz.