A entrevista com o falso Felipão entra na crônica do jornalismo brasileiro como uma das maiores besteiras já cometidas.
A pergunta que emerge para o autor, Mario Sergio Conti, é a seguinte: em que planeta ele vive?
Mas é algo no terreno da anedota.
Conti tem razão quando diz que ninguém morreu por conta do erro, e nem a bolsa se movimentou, ou coisas do gênero.
Conti, é verdade, vai passar para a história como aquele jornalista do Felipão.
Mas seu real pecado, na carreira, é algo muito mais sério.
Conti, como diretor de redação da Veja, comandou uma das coberturas mais abjetas e mais canalhas do jornalismo nacional:
Spotify, Deezer e Rdio: streaming de música avança no Brasil
Demorou um pouco, mas, agora também aqui no Brasil temos à disposição vários serviços de streaming de áudio. Nós, do Olhar Digital, achamos que a tecnologia pode mudar a indústria da música novamente. Afinal, teoricamente, quem adere ao streaming nunca mais compra arquivos de música em mp3. Em vez da compra, a ideia é um tipo de locação. Você paga uma mensalidade e ouve o que quiser, onde quiser. Tem também versões gratuitas, mas aí você tem propagandas inseridas e algumas limitações.
Nas últimas semanas, experimentamos os 3 principais serviços disponíveis no Brasil. O Spotify é o maior em nível mundial e acaba de estrear por aqui. O Rdio foi dos primeiros a desembarcar no país. O Deezer também já está por aqui há algum tempo. Basicamente, os 3 oferecem a mesma coisa: música via streaming. Mas, há algumas diferenças. Confira!
Preço:
A primeira delas é o preço. Deezer e Rdio praticam o mesmo preço para seu pacote mais completo: 14,90 por mês. O Spotify chegou cobrando um pouco menos: seis dólares. O que dá mais ou menos uns 13 reais.
Acervo:
Se os preços são próximos, o acervo de cada serviço tem diferenças. O Spotify anuncia ter 40 milhões de músicas em seu acervo. O Deezer afirma contar com 30 milhões. O Rdio armazena 25 milhões. Com números como esses, é praticamente impossível que você não encontre a música que quer.
Qualidade do áudio:
Os mais exigentes dificilmente vão se satisfazer com a qualidade de áudio dos serviços de streaming. Mas, para os ouvintes, digamos, comuns, ela é bastante boa. Na nossa opinião, quem oferece a melhor solução nessa história é o Spotify. No aplicativo do serviço, você pode escolher se quer ouvir no módulo Extreme ou no modo Normal. No Extreme, o áudio é transmitido com uma taxa de 320 Kbps. Essa é a mesma qualidade de um CD comum. No modo normal, o arquivo é transmitido em 128 Kbps. Ou seja, quando você tem uma rede rápida, dá para ter qualidade de CD no streaming. Se não, você pode baixar a qualidade, para evitar que o arquivo “buferize”. O Rdio também oferece opção de escolher a qualidade do áudio. Mas, a interface é mais simples. No aplicativo do Deezer não há essa opção.
Aliás, por falar em rede à disposição, todo mundo sabe que esse é um problema no Brasil, com nosso 3G capenga. Mas, os 3 serviços oferecem a possibilidade de você armazenar arquivos off line, para poder ouvir mesmo que não haja conexão. Basicamente, os 3 funcionam do mesmo jeito: você pode montar playlists e pode escolher que essas playlists fiquem disponíveis off-line. Os aplicativos baixam as músicas no seu aparelho – é claro que você precisa ter espaço suficiente no smartphone ou no tablete... Nos nossos testes, os 3 serviços funcionaram muito bem, baixando as músicas rapidamente. De novo, tudo depende da conexão que você tem à disposição.
Interface:
A interface é bem diferente entre os 3 serviços. Do ponto de vista de facilidade de uso, o Deezer e o Spotify nos agradaram mais. O Rdio tem uma interface mais simples e menos intuitiva. Gosto não se discute, mas achamos a do Spotify a mais bonita, seguida pelo Deezer e pelo Rdio. Do ponto de vista de recursos, ele são mais ou menos os mesmos. Em todos, você pode procurar por uma música específica, ou por um artista, ou ainda por um álbum. As faixas são acompanhadas pela imagem do álbum de que fazem parte e, nos 3 casos, é super fácil passear pelas músicas do mesmo álbum ou do mesmo artista.
Outro recurso que é muito bacana, e está presente nas 3 plataformas, é a possibilidade de montar estações de rádio em torno de uma música. Você escolhe a música, e avisa ao aplicativo que você quer ouvir outras canções que têm a ver com ela. Pronto. A partir daí, os serviços exibem outras músicas que tenham a ver com a escolhida. É bem legal para trilha sonora de encontros sociais e festas que pedem som ambiente, por exemplo. Também funciona super bem para uma viagem de carro, em que você não quer ficar escolhendo músicas.
Ainda nessa mesma linha, os próprios serviços oferecem estações de rádio temáticas. E tem para todo os gostos: por estilo de música, por década e até por atividade, como essa para relaxar, por exemplo.
Como você deve ter notado, falamos desse serviços basicamente usando os aplicativos para smartphones ou tablets. Também dá para usá-los no computador convencional. Mas, nós achamos que eles fazem a diferença mesmo é nos móveis – especialmente nos smartphones porque fica fácil colocar música no seu carro, por exemplo, desde que seu rádio tenha Bluetooth ou alguma outra entrada em que você possa conectar o celular. Também já são comuns caixas de som bluetooth ou dock stations em que você pode encaixar o celular para ouvir as músicas distribuídas pelos serviços. Enfim, as possibilidades de uso são várias. E você? Já experimentou algum desses serviços? Tem opiniões, dicas, críticas, elogios? Compartilhe seus conhecimentos ou suas dúvidas com a nossa galera nos comentários ou no Fórum do Olhar Digital. Participe!
Conselho da Vovó Briguilina
Livre-se do stress e da responsabilidade de ser perfeito. Faça o seu melhor. Viva em paz. Tenha a consciência tranquila.
Paulo Moreira Leite
BARROSO SOB PRESSÃO
Sem ruborizar, vozes que pediam "celeridade"na AP 470 criticam novo relator, que prometeu uma decisão rápida aos réus
A pressão sobre o ministro Luiz Roberto Barroso, novo relator da AP 470, obedece a uma finalidade óbvia: eternizar o ambiente de perseguição política que Joaquim Barbosa construiu em torno de José Dirceu, José Genoíno e demais condenados pelo STF. Sentindo-se em posição de orfandade, agora que se forma uma nova maioria no tribunal, aliados de Joaquim procuram chantagear o novo relator.
Critica-se Barroso por ter lembrado que quem está preso tem pressa – quando essa afirmação merece elogios, não só pelo aspecto humanitário, mas também por revelar uma compreensão adequada da natureza do Direito. No caso da AP 470, a crítica expressa uma incoerência de envergonhar. As mesmas vozes que passaram meses cobrando “celeridade” da Justiça, aceitando atropelos diversos em direitos e prerrogativas dos réus -- inclusive a manutenção do sigilo sobre o inquérito 2474 com o argumento que ele poderia contribuir para atrasar a decisão -- agora têm coragem de criticar Barroso porque ele prometeu rapidez aos condenados.
Discursos festivos à parte, é preciso cultivar um desprezo profundo pelo direito de homens e mulheres a viver em liberdade para não enxergar o caráter inaceitável de manter uma pessoa presa por 24 horas – ou mesmo uma hora, ou 15 minutos – de forma injusta ou arbitrária.
O que se quer, é claro, não é defender a liberdade nem o direito das pessoas. A caminho da mais disputada eleição presidencial desde 2002, pretende-se manter o ambiente de espetáculo e castigo, com a convicção de que será util nas urnas. O que se quer é impedir que críticas cada vez mais amplas sobre o julgamento, envolvendo vozes insuspeitas do judiciário e dos meios acadêmicos, despertem a curiosidade e a dúvida de cidadãos e eleitores.
Em qualquer caso, não custa lembrar que, do ponto de vista da Justiça, a decisão já virá com atraso.
Condenado ao regime semi aberto, José Dirceu já completou sete meses em regime fechado, situação que contraria uma jurisprudência de mais de quinze anos da Justiça brasileira. José Genoíno só retornou a Papuda depois que sucessivas juntas médicas foram convocadass a produzir laudos e mais laudos até que se chegasse a um documento cuja finalidade real não tem a ver só com a medicina, mas com a polícia -- um atestado médico de grande utilidade para evitar denúncias de responsabilidade caso venha a ocorrer um acidente ou mesmo tragédia durante sua permanência na prisão. Não por acaso, o procurador-geral, Rodrigo Janot, já se manifestou a favor de Genoíno.
Outros presos da AP 470 foram liberados e aprisionados de novo ao sabor de conveniencias de momento, a partir de denuncias absurdas de privilégios e regalias que jamais foram comprovadas.
Ao longo de todo julgamento a defesa optou por uma atuação de caráter técnico, de quem acreditava que a AP 470 seria um processo igual a todos os outros, com a preservação dos direitos e garantias assegurados aos milhares de brasileiros que, todos os dias, com motivos justificaveis ou não, são levados a prestar contas a Juistiça. Os advogados cobraram fatos e provas robustas e, na medida em que eles nunca foram apresentados, apostavam na absolvição da maioria de seus clientes. Não estavam aptos para enfrentar uma ofensiva de conjunto contra os réus. Não imaginaram que iram enfrentar uma força que pretendia arrancar condenações de qualquer maneira.
Num dos momentos culminantes da fase final do espetáculo, quando o recém-chegado Barroso lembrou a denuncia de que as penas haviam sido agravadas artificialmente para permitir condenações em regime fechado, o próprio Barbosa confirmou ao vivo e a cores que havia sido assim mesmo – e ninguém interrompeu o debate, nem pediu maiores explicações, nem achou que era muito estranho nem cobrou nada.
Derrotado nos embargos infringentes, a atuação recente de Joaquim Barbosa não passou de uma tentativa de revogar, na prática, os benefícios a que os réus teriam direito depois que o plenário do STF retirou a condenação por quadrilha. Mais uma forma de “agir politicamente.”
É neste ambiente que Luiz Roberto Barroso terá a responsabilidade de fazer Justiça.
Crônica dominical de A. Capibaribe Neto
O fantasma das vaias guardadas
Reis cruzaram o Atlântico em suas caravelas aladas, trazendo suas comidas especiais e fazendo suas exigências exóticas. Esnobaram as paisagens, torceram o nariz para a periferia e posaram de superiores.
Estufaram o peito, cheios de orgulho com o tocar de seus hinos cheios de lanças, guerras, guerreiros, batalhas, vitórias, etc. Até aqui, diga-se de passagem. Times da Copa do Mundo. No dia em que escrevo esta crônica, quarta-feira, um rei laranja sofreu esfalfado para vencer um time canguru. Logo a seguir, os toureiros, cheios de bossa selvagem ainda lambiam suas feridas profundas; cinco, mais precisamente, quando entraram na arena luxuosa e contestada pelos protestos inócuos de meia dúzia de oportunistas arruaceiros, que abriram espaço para marginais, ladrões de galinha e bandidos de periferia darem o ar da graça do lado de fora.
Não "adentraram ao gramado", com a costumeira empáfia, mas ainda eram elegantes e esperavam furar as costas dos índios andinos para arrancar os "olés" de seus iguais. Não deu. Pelo contrário, eles é que ficaram na outra ponta do "olé" em desenvolvimento. Mais duas feridas profundas e como foram letais moralmente, eles agora eram o touro avacalhado, com o rabo entre as pernas, voltando para o hotel para o derradeiro check in e tomar o rumo de casa, sem espaço para desculpas esfarrapadas porque agora a terra selvagem pode se mostrar, via satélite, em tempo real, que o rei estava nu e era feio, magro, só fez um gol.
Neste capítulo, encerra-se uma guerra particular. E nem existe mais um Dom Quixote para enfrentar os moinhos de vento que sopraram um verdadeiro furacão sobre eles. "Que pasó?" Perguntavam entre si. Talvez culpem Diego Costa, porque é brasileiro. É, talvez façam isso, mas quem vai engolir, se nem mesmo a sua famosa paella agora é palatável.
O time do Brasil está cheio de europeus tupiniquins que deixaram suas origens humildes nos bairros pobres de lugares que preferem esquecer. David Luis, até agora, é uma grata exceção. Talvez porque teve berço e deve ter lido alguma coisa sobre humildade. Tirante ele e o Tiago Silva, fica difícil encontrar outro exemplo que não exagere nas plumas do pavão.
Hoje mesmo, quarta-feira, o time deve estar roendo as unhas para ver o que vai acontecer entre Camarões e Croácia. Tristes expectativas para um time de milionários empavonados sobre cujas costas começam a pesar os fantasmas de sonoras vaias se não souberem o significado de EQUIPE! Fred já foi motivo de gozação. Fez nada! Neymar ainda chorou, mas não conseguiu ser mais agressivo que o goleiro que pareceu jogar com um sombrero enorme.
Se pudéssemos viajar no tempo já saberíamos quem ganhou a Copa 2014, mas como isso é impossível, o negócio é contar com uma mãe de santo, preparar uma galinha preta e outras mandingas e torcer muito para que os fantasmas das vaias não atormentem suas cabeças coloridas e acabem com a esperança de milhões de fanáticos, com a reeleição da presidenta e encham a bola, por enquanto murcha, de meia dúzia de mascarados que continuam protestando sem bandeira definida e fazendo molecagens sem sentido pelas ruas, onde os esperam muitas balas de borracha, spray de pimenta e muita truculência orientada. Por enquanto.
Para os que amam Nova Yorque...
E detestam o Brasil
Se a nossa elite mentalmente colonizada tivesse um pingo de lucidez e um grama de compaixão (ou apenas um dos dois) olharia para o Brasil com um sentimento de paz e esperança, em meio a um mundo que regride à miséria das primeiras décadas do século passado.
Mas teimam em ver o exterior como um mundo ideal, onde tudo é limpo, lindo e tecnológico.
O mundo, em todas as partes, é simplesmente feito de pessoas.
Quando elas vivem reduzidas à condição de bichos, nem a cosmopolita Nova York é civilizada.
Leiam o trecho que reproduzo desta matéria de hoje em O Globo.
E a foto que copio acima, de Ryan e Shelley, um casal de moradores de rua.
Um ex-casal, aliás, porque Ryan, agora, está morto.
É bom para lembrar o que esquecemos depois que passamos a achar Charlie Chaplin apenas um comediante antigo, não um intérprete de gente sem cuidado e sem esperança.
E que o drama humano é só existencial e não também pela sobrevivência.
Talvez com isso os que praguejam contra as nossas alegrias e desprezam os nossos progressos possam entender o quanto caminhamos.
E, por isso, o quanto acreditamos que temos de continuar a caminhar.
Mas sempre assobiando, alegres, como Carlitos.
A Nova York dos excluídos
Isabel Deluca
O número de sem-teto em Nova York atingiu, este ano, o maior nível desde a Grande Depressão nos anos 1930. Segundo as últimas estatísticas federais, a população sem moradia aumentou 13% em comparação com o ano passado, apesar da suposta recuperação da economia — e enquanto a média nacional só faz diminuir. A tendência cresce sobretudo entre famílias e virou um dos maiores desafios do prefeito Bill de Blasio, que fez da habitação acessível um dos pontos centrais do seu discurso de campanha, para comandar uma cidade onde os aluguéis não param de subir.
Os nova-iorquinos que passam a noite em abrigos ou nas ruas chegaram a 64.060, de acordo com o relatório anual do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano (HUD, na sigla em inglês), que compila dados de três mil cidades americanas.
Só Los Angeles teve aumento maior: lá, os desabrigados cresceram 27%, embora o total ainda seja menor que o de Nova York. No resto do país, o número caiu 4% desde 2012: hoje são 610.042.
— A maior parte dos EUA mudou a tática de reagir ao problema, e está funcionando — explica o professor de Políticas Sociais da Universidade da Pensilvânia Dennis P. Culhane, autor do relatório do HUD. — O foco tem sido no realojamento imediato, muitas vezes na forma de mediação de conflitos, mas também com ajuda financeira. O modelo de botar num abrigo e esperar até que se consiga encontrar uma moradia, ou que o cidadão consiga juntar dinheiro para sair, não é o novo modelo que emerge no país. Mas é o de Nova York.
Na cidade mais rica do mundo, a crise é resultado sobretudo do aumento no número de famílias que já não podem pagar aluguel. O último censo registrou um declínio no número de apartamentos acessíveis em Nova York, enquanto a renda da classe média baixa só faz cair. Para Culhane, parte do problema ainda pode ser creditado à crise econômica:
— Há desemprego excessivo, afetando a capacidade de pagar o aluguel. Há mais jovens adultos e suas famílias com pais ou avós. Isso cria um ambiente estressante que pode levar ao despejo. É o que acontece em dois terços dos casos. A razão mais comum que os novos sem-teto reportam é conflito familiar na casa superlotada.
Em Nova York, as famílias já representam 75% da população dos abrigos. Há menos sem-teto nas ruas do que há uma década, mas a lotação nos dormitórios é recorde — 52 mil, sendo 22 mil crianças. Relatório divulgado em maio pela ONG Coalizão para os Desabrigados aponta outro recorde: o tempo médio que uma família permanece num abrigo atingiu 14,5 meses.
O Departamento de Serviços para Desabrigados disponibiliza diariamente dados sobre os abrigos. Na última quarta-feira, eram 30.540 adultos e 23.227 crianças. O número de sem-teto que pernoitam em refúgios municipais é, hoje, 73% maior do que em janeiro de 2002, quando o ex-prefeito Michael Bloomberg tomou posse. Ele tentou driblar a questão com uma série de políticas, mas o resultado foi a superlotação dos dormitórios públicos.
— Prefiro dormir na rua do que num abrigo — relata Elliot, um sem-teto de 52 anos que costuma passar as tardes na esquina da Rua 72 com a Broadway. — A comida é pavorosa. Os banheiros são imundos. Há ratos e baratas por todo canto.
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