Pátria sem chuteiras

Ontem morreu o Brasil naif, aquele em que uma bola rolando desmanchava qualquer desdita. Perder faz parte. Perder de sete encerra o mito. Não somos mais diferenciados pela própria natureza, principalmente, não temos mais a patente de melhor futebol do mundo. A pátria tirou as chuteiras. Entramos de pés descalços na descrença e no azedume deste século – que, na verdade, começou no final do século passado, quando foi-se a União Soviética e o muro de Berlim. O 11 de setembro de 2001 zerou também o grande mito da América protegida por um sistema de defesa imbatível. Edward Snowden apagou a luz. Heróis e mitos vão morrendo na overdose da vida online. Ninguém resiste ao tapete levantado. Com todo respeito e deferência aos milhares de mortos, nosso 11 de setembro foi o 8 de julho. Não pela dimensão da tragédia, mas pelo significado de fim do mito. O futebol que nasceu bretão perdeu ontem a cidadania brasileira. Junto vão-se também as crenças no jeitinho que da jeito pra tudo, na ginga capaz de driblar até vudu. Não só no futebol. Os tempos são outros. O mundo é menor, mais feio e mais chato. Não há mais (muitas) crenças. A desconfiança é geral e irrestrita. Nós brasileiros que, mesmo ressabiados, por alguns dias, esquecemos desditas, deixamos a bola rolar e surfamos na alegria da Copa, caímos na real. Não dá mais pra ser naif. Nem aqui, nem na China. Acabou o feriadão. Drummond ajuda? “E agora, José? A festa acabou, A luz apagou, o povo sumiu (...) e agora, José? e agora, você? ...” Tânia Fusco - jornalista. Leia Também: Argentina x Alemanha

Argentina x Alemanha

Por força do meu destino Prefiro um tango argentino A um canto germany Leia Também: Cinismo do pig fez gol de placa

Eu gosto de ler a coluna de Reinaldo Azevedo

O porta-voz da covardia da direita

Não, não se surpreendam: gosto de conhecer, dito com sinceridade, o pensamento hidrófobo que domina a mente brasileira e que é amenizado e envolvido em palavras bem mais gentis ou, se quiserem, aparentemente mais civilizado.
Reinaldo, não: é a expressão crua e babujante do ódio, própria daquela espécie com que ele foi comparado até por colunistas conservadores.
Ontem e hoje, talvez não haja um brasileiro, inclusive este blogueiro,  que não tenha criticado – e com toda a dureza  natural da nossa frustração – que  a seleção brasileira e, sobretudo, o seu comando técnico.
Acabei de fazê-lo, no post anterior e há erros a serem cobrados e corrigidos.
E coisas inexplicáveis, como não “parar” o jogo no meio daquele vendaval alemão, com uma comissão técnica que tem décadas no mundo manhoso do futebol.
Eu mesmo escrevi aqui que o “politicamente correto” – e Felipão sempre foi dócil a ele, ao contrário do massacrado Dunga, por desastre muito menor – tinha grande parcela de culpa no desastre.
Não é incomum, desde as antigas mesas-redondas de futebol, que estas cobranças sejam duras e as críticas, ácidas.
Mas “a voz sincera do PSDB” revela com toda a crueza e animalidade a imensa satisfação com que eles receberam o desastre do  time brasileiro, porque destila veneno e mal disfarça a alegria com algo que doeu muito fundo em quase 200 milhões de brasileiros.
Ele se espalha na mais sórdida agressividade e desrespeito pessoal.
Pouco falta para chamar Luís Felipe Scolari de “agente de Dilma Rousseff” e do petismo.
O sucesso ou insucesso de uma seleção de futebol no país do futebol pertence a todos.
Mas Reinaldo reage com um “bem-feito”, um “eu disse” , “eu já sabia”  que não lhe escondem o prazer em, para alcançar uma improvável sucesso eleitoral, comemorar a tristeza dos brasileiros.
E desenha, à vista de todos, o que é a direita brasileira.
by Fernando Brito

Amor entre almas

Não se procura, não se pede, não se exige...
Simplesmente... acontece...
Quando menos se espera....
Amor entre Almas...

É Amor doação, amor sincero, amor fiel...
É dedicação, ternura, prazer, emoção...
Não importando a distância...
Amor entre Almas...

É um resgate de vidas que chega ao fim...
no sublime ato do reencontro...

Tão amada ontem, tão reverenciada,
tão vivenciada hoje...
Amor entre Almas...

Não é só desejo e sexo...
É querer sentir a presença do ser amado...
Dentro do coração...
É ligação de pensamentos...
é amor...
É precisar um do outro como a abelha
e a borboleta precisam da flor...
Amor entre Almas...

É tão intenso e tão sentido por nós, nem o tempo...
consegue apagar de nossas vidas...

Paraná - Eleição 2014

Requião bagunça o coreto

Poucos políticos no Brasil têm força atualmente para romper a polarização entre o PT e o PSDB. Um deles é o senador Roberto Requião, do PMDB. Embora um aliado crítico dos petistas, Requião decidiu bagunçar o cenário da eleição no Paraná, que caminhava para uma disputa entre o tucano Beto Richa, atual governador, e a ex-ministra petista Gleisi Hoffmann. “Tenho quatro anos e meio de mandato no Senado. Estou muito satisfeito em Brasília, mas quando vi a bagunça que esses meninos inexperientes e irresponsáveis fizeram com o meu estado, senti a obrigação de colocar meu nome à disposição do partido”, afirma.

Frase da Copa

"...Eu só queria poder dar uma alegria ao meu povo. Para minha gente que sofre tanto com tantas coisas. Não conseguimos, infelizmente. Desculpa a todos, a todos os brasileiros. Só queria ver meu povo sorrindo. Todo mundo sabe o quanto era importante para eu ver o Brasil inteiro feliz pelo menos por causa do futebol..."  David Luiz Moreira Marinho - zagueiro da seleção brasileira -

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Política e Economia

De onde vem a Desigualdade?
Não precisa ser muito perspicaz para sacar que o Brasil é um país extremamente desigual.
Quando falamos do impacto do Bolsa Família, por exemplo, estamos dizendo na verdade que para uma parcela da nossa população, R$70 por mês faz a diferença entre passar fome e poder usar uma lan-house uma hora por semana com internet a rádio na zona rural do Amapá.
Outros dados, mais drásticos, nos mostram que a desigualdade extrapola a classe social e o consumo: o Brasil tinha, em 2011, apenas 8% de seus jovens negros matriculados no ensino superior; somos um dos países que mais mata sua população LGBT no mundo; as mulheres representam apenas 8,6% dos cargos legislativos.
Saber que a desigualdade existe – e enxergá-la –, porém, não nos diz como ela funciona nem de onde vem.
No senso comum há muitos discursos que tentam explicar esse quadro. Você certamente já ouviu alguém dizer que há pessoas pobres porque elas não se esforçam para arrumar empregos; ou que negros são mais frequentemente alvo da polícia porque estatisticamente cometem mais crimes; ou ainda que as mulheres não ocupam espaços de poder porque preferem cuidar da casa e da família.
Será que essas explicações se sustentam quando olhamos de perto as desigualdades e como elas operam?
Desigualdade ou Diferença?
Muitas vezes, quando confrontadas com a ideia de “desigualdade”, as pessoas logo se assustam, pensando que um mundo menos desigual significa um mundo mais padronizado.
Segundo esse raciocínio, se fôssemos todos e todas “iguais”, eliminaríamos as diferenças individuais. Quem diz esse tipo de coisa provavelmente não se atentou para o fato de que “diferença” e “desigualdade” são duas coisas distintas.
Dá pra resumir mais ou menos assim: a desigualdade é quando as diferenças implicam em vantagens para uns e desvantagens para outros, em termos de acesso a recursos simbólicos, materiais, financeiros, serviços, direitos etc. Ou seja, um contexto de “igualdade” seria aquele em que, mesmo com as diferenças entre indivíduos, todos teriam o mesmo acesso a esses bens na sociedade.